domingo, 1 de junho de 2025

POEMA: AS JANELAS - FRAGMENTO - GUILLAUME APOLLINAIRE - COM GABARITO

 Poema: AS JANELAS – Fragmento

            Guillaume Apollinaire

Do vermelho ao verde todo amarelo morre
Quando cantam as araras nas florestas natais
[...]
Aves chinesas de uma asa só voando em dupla
É preciso um poema sobre isso
Enviaremos mensagem telefônica

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOLFx3Lec2D_B3-MMWbKzGgF9a7BIxzeq73G4P-hMKTeqE9st46FxhInQIUSqypQP1moi6vQX0rdSCFfTMD5nWwX7f2zCFlrHz4eueJdEQMf4KeZOteRnh7emzDVvo2LRcpvgYRESTImKWeGmJZuJxLdi0HF1SbM8uHgY0nBvsQngfILdoaM9mPaTb-us/s320/JANELAS.jpg


Traumatismo gigante
Faz escorrer os olhos
Garota bonita entre jovens turinenses
O moço pobre se assoava na gravata branca
Você vai erguer a cortina
E agora veja a janela se abre
Aranhas quando as mãos teciam a luz
Beleza palidez insondáveis violetas
Tentaremos em vão ter algum descanso
Vamos começar à meia-noite
Quando se tem tempo tem-se a liberdade
Marisco Lampreia múltiplos Sóis e o Ouriço do crepúsculo
Um velho par de sapatos amarelos diante da janela
Tours

As Torres são as ruas
[...]

Ó Paris
Do vermelho ao verde todo jovem perece
Paris Vancouver Hyères Maintenon Nova York e as Antilhas
A janela se abre como uma laranja
O belo fruto da luz.

Guillaume Apollinaire. Tradução de Décio Pignatari. In: Décio Pignatari, org. 31 poetas e 214 poemas – Do Rig-Veda e Safo a Apollinaire. São Paulo: Companhia das Letras, 199. p. 109-110.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 3ª Série – Ensino Médio – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 9ª ed. – São Paulo: Saraiva Editora, 2013. p. 31.

Entendendo o poema:

01 – Qual o significado da palavra lampreia, no texto?

      É um animal marinho.

02 – Qual a imagem inicial do poema e o que a cor amarela parece simbolizar na primeira estrofe?

      A imagem inicial do poema é a transição de cores "do vermelho ao verde", culminando na morte do "todo amarelo". A cor amarela, nesse contexto, parece simbolizar transitoriedade, o fim de um ciclo ou talvez um estado de declínio entre a vitalidade (vermelho) e a esperança ou natureza (verde).

03 – Identifique duas imagens que evocam o exótico ou o distante no poema e explique brevemente seus possíveis significados.

      Duas imagens que evocam o exótico são "araras nas florestas natais" e "Aves chinesas de uma asa só voando em dupla". As araras remetem a terras tropicais e exuberantes, sugerindo um lugar distante e talvez idealizado. As aves chinesas de uma asa só, voando em dupla, criam uma imagem surreal e misteriosa, ligada a uma cultura distante e a uma necessidade de complementaridade para alcançar o movimento.

04 – Quais elementos do poema sugerem a modernidade e a quebra com a poesia tradicional?

      Vários elementos sugerem a modernidade e a quebra com a tradição: a menção a "mensagem telefônica" como forma de comunicação, a expressão abrupta "Traumatismo gigante", a justaposição de imagens díspares sem uma conexão lógica aparente ("Garota bonita entre jovens turinenses / O moço pobre se assoava na gravata branca"), e a própria fragmentação do poema. A ausência de rima e métrica regulares também contribui para essa sensação de modernidade e liberdade formal.

05 – Analise a metáfora presente na penúltima estrofe: "A janela se abre como uma laranja / O belo fruto da luz." O que essa comparação sugere?

      A metáfora compara a abertura da janela a uma laranja, descrita como o "belo fruto da luz". Essa comparação sugere uma explosão de luminosidade e vitalidade, assim como ao abrir uma janela e deixar a luz entrar. A laranja, com sua forma arredondada e cor vibrante, evoca também uma sensação de plenitude e frescor, como se a janela fosse uma fonte de energia e beleza natural.

06 – Qual a sensação geral que o fragmento do poema transmite ao leitor, considerando a variedade de imagens e a aparente falta de uma narrativa linear?

      A sensação geral que o fragmento transmite é de fragmentação, dinamismo e uma tentativa de capturar a complexidade e a simultaneidade da experiência moderna. A variedade de imagens, que vão do exótico ao cotidiano, do concreto ao abstrato, cria uma atmosfera onírica e impressionista. A ausência de uma narrativa linear força o leitor a conectar as imagens de forma intuitiva, evocando sentimentos de estranhamento, beleza, melancolia e a constante transformação do mundo ("Do vermelho ao verde todo jovem perece"). O poema parece celebrar a liberdade da linguagem e a capacidade de evocar múltiplas sensações através da justaposição de elementos diversos.

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário