quarta-feira, 4 de junho de 2025

ENTREVISTA COM: LÉA FAGUNDES SOBRE INCLUSÃO DIGITAL - FRAGMENTO - MARCELO ALENCAR - COM GABARITO

 Entrevista com: Léa Fagundes sobre a inclusão digital – Fragmento

        Pioneira no uso da informática educacional no Brasil, Léa Fagundes cobra políticas públicas para o setor e defende a ajuda mútua entre professores e alunos

Por Marcelo Alencar

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 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1TkbsxN3SUHWtelMfkC0eKxdn8ZObzXsNZUfQHOhIeoZCdjI_YZ5vaGGEK8rrXE968ucjowb2dKEZAoYY48w8u0nWCg9UmyPbPJnAzFqZn16UYs2dikVjSefWd_nRSsdbDK5EZjPNrWMeeFA0Xf2y1Cz-EzH4ItY89FJx9CVdnPcmnavEUSrFcOv5yoc/s1600/images.jpg


        A senhora coordena programas ligados à inclusão digital em escolas públicas. Que lições tirou dessa experiência?

        Na década de 1980, descobri que o computador é um recurso "para pensar com", e que os alunos aprendem mais quando ensinam à máquina. Em escolas municipais de Novo Hamburgo, crianças programaram processadores de texto quando ainda não existiam os aplicativos do Windows, produziram textos de diferentes tipos, criaram protótipos em robótica e desenvolveram projetos gráficos.

        Hoje, encontro esses meninos em cursos de ciência da computação, mecatrônica, engenharia e outras áreas. Na Escola Parque, que atendia meninos de rua em Brasília, a informática refletiu na formação da garotada, melhorando sua auto-estima e evidenciando o desempenho de pessoas socialmente integradas. Alguns desses garotos foram contratados como professores e outros como técnicos.

        Os alunos da rede pública têm o mesmo desempenho no uso da informática que os de escolas particulares e bem equipadas?

        Sim. A tese de doutorado que defendi em 1986 me permitiu comprovar o funcionamento dos mecanismos cognitivos durante a construção de conhecimentos.

        Nos anos 1990 iniciei as experiências de conexão e confirmei uma das minhas hipóteses: as crianças pobres consideradas de pouca inteligência pelas escolas, quando se conectam e se comunicam no ciberespaço, apresentam as mesmas possibilidades de desenvolvimento que os alunos bem atendidos e saudáveis.

       
A educação brasileira pode vencer a exclusão digital?

        Há excelentes condições para que isso aconteça. No Brasil já temos mais de 20 anos de estudos e experiências sobre a introdução de novas tecnologias digitais na escola pública. Esses dados estão disponíveis. O Ministério da Educação vem criando projetos nacionais com apoio da maioria dos estados, como o Programa Nacional de Informática Educativa (Proninfe) e o Programa Nacional de Informática na Educação (Proinfo). Muitas organizações sociais e comunitárias também colaboram nesse processo.

        O que mais emperra o uso sistemático da informática nas escolas públicas?

        A falta de continuidade dos programas existentes nas sucessivas administrações. Não se pode esperar que educadores e gestores tomem a iniciativa se o estado e a administração da educação não garantem a infraestrutura nem sustentam técnica, financeira e politicamente o processo de inovação tecnológica.

        Como o computador pode contribuir para a melhoria da educação?

        Inclusão digital não é só o amplo acesso à tecnologia, mas a apropriação dela na resolução de problemas. Veja a questão dos baixos índices de alfabetização e de letramento, por exemplo. Uma solução para melhorá-los seria levar os alunos a sentir o poder de se comunicar rapidamente em grandes distâncias, ter ideias, expressá-las como autores e publicar seus escritos no mundo virtual.

        [...].

Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/politicas-publicas/planejamento-e-financiament/podemos-vencer-exclusao-digital-425469.shtml. Acesso em: 18/7/2012.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 3ª Série – Ensino Médio – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 9ª ed. – São Paulo: Saraiva Editora, 2013. p. 316-317.

Entendendo a entrevista:

01 – Qual a principal descoberta de Léa Fagundes sobre o uso do computador na educação na década de 1980?

      Léa Fagundes descobriu que o computador é um recurso "para pensar com" e que os alunos aprendem mais quando ensinam à máquina.

02 – Que exemplos a entrevistada cita para ilustrar o sucesso da informática educacional em escolas públicas?

      Ela cita que, em Novo Hamburgo, crianças programaram processadores de texto, produziram diferentes tipos de textos, criaram protótipos em robótica e desenvolveram projetos gráficos. Na Escola Parque em Brasília, a informática melhorou a autoestima dos garotos e evidenciou seu desempenho, levando-os a serem contratados como professores e técnicos.

03 – Segundo Léa Fagundes, existe diferença no desempenho de alunos da rede pública e particular no uso da informática? Qual a sua hipótese comprovada?

      Não, ela afirma que não há diferença. Sua hipótese comprovada é que crianças pobres, consideradas de pouca inteligência, quando se conectam e se comunicam no ciberespaço, apresentam as mesmas possibilidades de desenvolvimento que alunos bem atendidos e saudáveis.

04 – O que Léa Fagundes aponta como o principal obstáculo para o uso sistemático da informática nas escolas públicas brasileiras?

      O principal obstáculo é a falta de continuidade dos programas existentes nas sucessivas administrações governamentais, que não garantem a infraestrutura nem o suporte técnico, financeiro e político necessário.

05 – Qual a diferença entre "acesso à tecnologia" e "inclusão digital" na visão de Léa Fagundes?

      Para Léa Fagundes, inclusão digital não é apenas o amplo acesso à tecnologia, mas sim a apropriação dela na resolução de problemas.

06 – De que maneira o computador pode, segundo a entrevistada, contribuir para a melhoria dos índices de alfabetização e letramento?

      Ao permitir que os alunos sintam o poder de se comunicar rapidamente em grandes distâncias, ter ideias, expressá-las como autores e publicar seus escritos no mundo virtual.

07 – Quais são as condições existentes no Brasil que, para Léa Fagundes, favorecem a superação da exclusão digital?

      Ela menciona que o Brasil já possui mais de 20 anos de estudos e experiências sobre a introdução de novas tecnologias digitais na escola pública, dados disponíveis, e que o Ministério da Educação (MEC) vem criando projetos nacionais com apoio da maioria dos estados (como Proninfe e Proinfo), além da colaboração de diversas organizações sociais e comunitárias.

 

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