quarta-feira, 4 de junho de 2025

CONTO: A PALAVRA - SANTIAGO VILLELA MARQUES - COM GABARITO

 Conto: A palavra

           Santiago Villela Marques

        A mãe sobe o morro. Passo difícil para uma velha que já fez três filhos homens.

        Desafio maior, porém, é este por vir. Enfrentar o prefeito do tráfico é empreitada temerária, mesmo para quem já se acostumou à brutalidade do macho. Mesmo para fêmeas como esta, que madurou à força de porrada do marido e palavrão e afronta das crias.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMplnQGD1PZmakCmvpMeASWBtA2muO0dsBKxM7dAlpm4rGl5GZYKGxWpkONKZRtB6YBZL58CVZAXiGnP05rpv9m7HBbb7DodPqxVEZQhAGzfotoTkH2Jo-CBhnrzZ1FcvxA-5TUTaDIF7tNTVZrmSMFw-eMZ7P3l4S1R75Jik6dssFl_LDfrTGcFP0FFE/s1600/images.png

        A favela passou o dia nervosa e em preparativos. Nesta hora do crepúsculo, se agita como um animal furtivo, esperando o tempo de botar fora da toca o focinho. Escorregando no horizonte, um sol bêbado espia atrás dos barracos, o olho sangrento. As sombras que caem nas soleiras parecem multiplicar as vias e ruelas, povoadas, elas também, de olhos à espreita, os canos de revólveres e fuzis desconfiados se insinuam nas esquinas.

        Sem deter o passo, Dona Nazária percorre o labirinto de feras tocaiadas, indiferente a rosnados e dentes à mostra. Desliza morro acima, até o barraco do dono das bocas. Sobe o último degrau.

        O brutamonte armado ergue o peito na frente da porta. Ela o encara e faz entender que é capaz de tirar o chinelo e lhe dar um corretivo se quiser impedi-la:

        -- Preciso lembrar o que é que faz uma mãe?

        -- Que é isso, minha tia – respondei o outro, relaxando o corpo, mas sem sair do posto. – Minha velha já é comida de bicho faz ano.

        -- Pois eu acabo de te adotar. Então toma tento. Nazária põe a mão na cintura:

        -- Quero ver o chefe.

        -- O chefe está ocupado. Vocês já receberam ordem pra não sair de casa hoje.

        -- Pois saí e deu trabalho chegar aqui. Não volto sem palavra com ele.

        -- Não posso deixar.

        Ela procura um banco. Agora sente que os pés ardem da subida. Dobra uma perna e retira o chinelo. O porteiro recua e retesa a mão no fuzil.

        -- Vem cá, mocinho. É isso que você vai contar pra sua velha amanhã, quando acender uma vela de Dia das Mães? Que o herói salvou o chefe de uma costureira com calo no pé? A favela inteira já sabe do “salve geral”. Segredo é que nem droga, meu filho: de mão em mão corre sertão. Eu preciso falar com seu chefe é disso mesmo.

        O outro ainda desconfia um restinho. Baixa os olhos no chinelo. Por fim grita para dentro do barraco:

        -- Tem uma velha aqui pedindo palavra.

        A resposta não vem logo. Dona Nazária calça o chinelo antes de ouvir a ordem do fundo:

        -- Se não estiver armada, deixa entrar.

        O guarda pendura o fuzil no ombro e se apruma para revista-la. Ela firma os olhos e endurece o queixo. O bruto se desarma.

        -- Tá bem, entra lá, Dona Nazária.

        Outros três grandalhões vigiam a casa por dentro. O dono das bocas risca um mapa na mesa.

        -- Fala logo, mulher. Você sabe que hoje é dia de serão.

        -- Vim mandar você liberar o Rubinho.

        O traficante empurra o mapa, atira o lápis sobre a mesa.

        Os três guardas se entreolham. Tosses, pigarros, dedos nervosos. Todo o mundo sabe que é preciso zelas na palavra que se usa com traficante. Tem verbo que é propriedade de chefe. “Mandar”, por exemplo. Só dono de boca conjuga em primeira pessoa. Dona Nazária descompunha a gramática.

        -- Você já mandou pra morte meu marido e os dois filhos. Nenhum dos meus homens foi meu. Você tomou tudo, viveram pra você e morreram pra você. O caçula, não. Esse é meu. Sei que você convocou toda a favela pro confronto do comando com a polícia. Rubinho não vai. Vim exigir essa palavra. Você me promete que ele vai ficar em casa hoje e eu vou embora.

        Dona Nazária não é boba. É mãe. Sabe que é o dia da guerra, mas também é Dia das Mães, e o traficante já não tem a quem presentear. Ela aprendeu com a novela a fraqueza desses bandidos durões: cara feia e coração mole.

        -- Tudo bem. Prometo que seu filho passará o fim de semana com a senhora. Este é meu presente de Dia das Mães.

        Ela procura soltar devagar o ar sufocado, para não deixar notar o alívio. Vinha aflita, confiante na versão da novela, mas temerosa com as lições da experiência. A generosidade do dono das bocas é ambígua, oblíqua, nunca se tem certeza de se obter benevolência. É homem de oferecer a vida, mas também de retirá-la, com a lógica de uma roleta de cassino.

        Uma vez, porém, confirmada a graça, é infalível como os deuses. Por isso esta mãe fica em paz. Sabe que palavra do chefe é irrevogável. Ele tinha adquirido daí o nome respeitados de Benito-Boa-Fé.

        A palavra não é de ninguém. Palavra não tem dono, por isso tem que ser respeitada. E a lei não está no escrito, mas no pensado. É o que Benito-Boa-Fé aprendeu quando estagiou na Febem, preso na lida de avião para boca de fumo. À época ela ainda era só Benito e ainda só acreditava. Depois aprendeu. Leu a lei nas inversões de culpa dos agentes da Febem, que entendiam as normas sempre a favor deles; leu a lei nos muitos julgamentos de traficantes livrados da cadeia pela boa oratória dos advogados; leu a lei nas notícias explicando por que a prisão de figurões do colarinho branco tinha sido um mal-entendido.

        -- O curso de Direito é o pé-de-meia do malandro – pregava o pai, que ficou desgostosos quando soube que o filho, com inclinação para outros crimes, se ofereceu aos donos das bocas para cumprir o ofício de avião, moleque a levar e trazer pacote.

        Ademais, Benito-Boa-Fé já tinha notado que a figura de retórica mais eficaz é um bolo de notas nas mãos do juiz corrupto. Diante disso, ser advogado parecia bom; mas ser rico era ainda melhor.

        Na favela, a história de Benito-Boa-Fé corre como enredo de cordel. Todo o mundo já ouviu e já contou como ele subiu a cacique do tráfico. Era gerente do maior traficante da região. Um dia o grandão pediu uma promessa:

        -- Preciso que você cumpra o que eu mandar antes de saber o quê.

        Benito deu a palavra. Fosse o que fosse, já tinha aprendido a fazer pior. E conhecer o pior é o que dá coragem no homem. O chefe se tranquilizou na promessa e amargou a ordem:

        -- É minha filha. Você precisa cuidar dela pra mim.

        Benito tinha aprendido também a língua enviesada de bandido. Entendeu que “cuidar” não era dar proteção. Irritou-se de ter feito a promessa. Exigiu pelo menos saber a razão do ordenado. E era esta: a menina tinha se enrabichado com um filhinho de papai viciado em craque. O moleque já tinha sido apagado, mas o chefe não podia executar a própria filha. Daí a encomenda.

        -- Mas tem que ser do jeito que eu vou dizer – continuou o dono da boca. – E vai ser assim: prometa para mim que você vai afundar a menina no mar. É meu presente pra Iemanjá não mandar castigo.

        -- Se não quer castigo, retira a ordem. Não gosto de ser enganado. Você sabia que ia me pedir coisa errada e me exigiu a promessa. Retira a ordem.

        -- A ordem está dada. Não vou voltar atrás. Vai quebrar a palavra?

        -- Não. Vou, ao contrário, espicha-la: prometo fazer o que me pediu e prometo voltar depois pra te matar. Dou minha palavra. Não se incomode, que vou cumprir a ordem ao pé da letra. Mas é meu último serviço. Ou penúltimo.

        A narração do povo colore a briga dos bandidos, põe susto, armas, rimas. Conta que Benito saiu e convocou os homens de confiança, explicando a cachorrada em que o chefe o metera. A quadrilha se santificou de indignação. Eram bandidos honrados, não aprovavam matar uma menina porque se perdeu de amor. Honrados e sensíveis.

        Mas também leais. Por isso aceitaram, a contragosto, acompanhar o gerente no cumprimento da promessa.

        -- Se confiam em mim, vão buscar a menina – ele mandou e foi obedecido. – Desço na praia e espero vocês.

        Acharam um penhasco no litoral sul, zona de reserva. Só os bichos e ondas por testemunhas. Amarraram a menina numa corda e atiraram o corpo ao mar.

        -- Pronto. Gritou Benito. Agora podem subir a moleca.

        Os homens não entenderam.

        -- Vamos, subam logo. Se demoram, a menina se afoga.

        Puxaram. Benito desamarrou a moça, deu-lhe dinheiro e recomendações para não voltar a São Paulo, que o pai a queria morta. Pregou nova ordem aos homens:

        -- Vamos subir a serra, macacada. A primeira promessa está cumprida: joguei a menina no mar. Falta só a outra.

        Assentado na admiração de seus homens pela esperteza e honra na manutenção da palavra, Benito voltou ao escritório do chefe, liquidou-o e tomou seu lugar. Era agora o Boa-Fé.

        -- Então posso voltar pra casa? O senhor me garante? – Dona Nazária confia.

        -- Precisa mesmo que eu repita?

        Não, ela não precisa. Por isso é tão difícil conseguir a palavra de Benito-Boa-Fé. O que é raro custa caro. O traficante faz poucas promessas porque paga todas.

        Esta, contudo, é apenas metade do trabalho de Nazária. A outra metade é convencer o filho. Para isso, conta ainda com a palavra do chefe, que nunca é desobedecida. Por isso veio ver Benito-Boa-Fé. Se pedisse apenas ao filho para ficar, certamente não seria ouvida. Homens têm seus brios.

        -- Licença, Seu Benito, mas tem mais uma coisa.

        O traficante mantém o silêncio no olho duro fixo na velha.

        -- Rubinho viveu o dia na espera do conflito. Só desiste se o chefe mandar.

        -- Dou ordem. Fica fria, minha velha. Seu filho passa a noite com a senhora. É promessa.

        Coma apalavra do homem, Dona Nazária pode tornar à casa. A alegria faz rápida a descida, o coração agora leve desliza ladeira abaixo até o barraco com a placa na porta: “Nazária Costureira”.

        “Foi fácil”, comemora. “Bom moço, esse Benito. Meu menino tá protegido”. Igual fazer vestido de noiva. No começo dá aquele medo de tratar com a freguesa, gente bacana, endinheirada de meter medo, exigente no pedido, “tem que ser igual ao da revista, nas rendas e babados”. A gente fica sem saber o que falar. Se diz muito, pode falar bobagem, se não fala nada, passa por songamonga. De qualquer jeito, arrisca perder a encomenda. Mas Dona Nazária sempre sabe a palavra certa, falar é que nem fazer costura, ir juntando tecido no tecido, seguindo firme por uma risca com a linha e agulha, alinhavando as fendas, amarrando os fios, corrigindo as sobras. Até o arremate final e aquela lindeza de discurso como um vestido de fada. Seduz até chefão do narcotráfico.

        Só o filho não lhe põe ouvido, acostumado de pequeno a desprezar ofício de mãe. Com esse funciona melhor silêncio.

        Nazária entra de gato, consegue até calar a dobradiça barulhenta da porta para não atrair a atenção do filho. Segue a passo ladino até o quartinho de costura, pega em panos e agulhas e senta na sala.

        Hoje as novelas vão menos interessantes que a vida. A luzinha da televisão pisca ao léu, que Dona Nazária está em horas de vigília, um olho na costura, outro no filho, que vê crescer em preocupação com a noite. Este olha o celular a cada punhado de minutos que a ansiedade não consegue segurar.

        -- Porra! Ele falou pra não sair antes da chamada...

        -- O que foi, filho?

        -- Nada, mãe. Tou falando comigo.

        -- Isso é mau. Você não sabe se dar conselho.

        -- Cala boca, mãe! E a senhora sabe? Desgraçado do homem que dá ouvido a palavra de mulher! Porra! Que demora!

        -- Xiu! Pelo menos controla essa língua!

        -- Vou sair...

        -- Não!

        -- Por que não? Eles me esqueceram...

        -- Não! Espera te chefe!

        Ele estranha a autoridade na voz, a recomendação, inusitada, de obediência ao patrão que ela nunca aprovou. Contrariado, senta e espera, mastigando a desconfiança.

        Já é perto da meia-noite, quando batem palmas. Rubinho atende no pulo. Imita-lhe o salto o coração de Nazária.

        Enquanto sai o filho, a mãe aperta contra o peito o trabalho de costura, sem sofrer as picadas dos alfinetes que lhe coroam o seio. De dentro, escuta que há uma discussão, mas não o que diz. Como feras rosnando, as vozes se confinam em sussurros, evitando chamar sobre si a atenção da noite. Nazária reza, sem atinar nas frases das ave-marias, tantas vezes repetidas que já nem atingem o juízo – será que atingiram o céu? “Deus não escuta o palavrório mas a aflita”, ensinou-lhe a mãe, pouco dada a novenas, e ela aprendeu direitinho e praticava todas as vezes que precisava arrancar um favor do marido ou dos filhos, chorando quando já não lhe ouviam as queixas, pena que homens não t/~em orelhas de deuses e pouco se deram para as lamúrias da velha, por isso vão agora com as orelhas para sempre surdas e entupidas de terra.

        Para ouvir melhor o que se atiram esses homens ainda bons de ouvido – queira Deus! –, Dona Nazária se ergue do sofá. Não chega à porta antes que esta irrompa e jogue casa adentro o filho de rosto convulso.

        -- Foi você velha!

        Com uma bofetada, faz a mãe cair de volta no sofá. O chefe vem atrás e lhe agarra o braço que ia descer outra vez sobre a mulher. Depois de empurrar o rapaz para o lado, o chefe do tráfico dirige-se à mãe aflita:

        -- Dona Nazária, eu tentei. Mas este teu filho é mesmo uma mula empacada.

        A mulher geme e os olhos úmidos. Busca a palavra certa, não pode desistir desse último filho. Precisa comover esse homem duro, todo homem pode ser convencido, basta lhe depositar no juízo o que não espera escutar. Encontrar a frase sem retruques, o pedido sem ambiguidades, a força incorruptível de um termo que não admita refúgios.

        Apenas a palavra certa... A palavra...

        Dona Nazária limpa a as lágrimas. Levanta o rosto sobre firmezas. A voz é serena:

        -- Por favor. O senhor me prometeu que ele ficava.

        Benito-Boa-Fé se apruma. Sente os empregados segurando seu silêncio com os olhos. Ele é, agora, o senhor dono proprietário da palavra. “A lei não está no escrito, mas no pensado”. Consulta o celular. Já passam cinco minutos da meia-noite. É Dia das Mães. Salve geral.

        Assenta os olhos no rapaz:

        -- Você não sai daqui. Dei minha palavra a sua mãe.

        E, dizendo isto, saca a pistola do cinto e dispara uma bala na testa do último filho de Dona Nazária.

MARQUES, Santiago Villela. Sósias: Contos. Cuiabá: Carlini&Caniato Editorial, 2005, p. 07-15.

Entendendo o conto:

01 – Qual o objetivo principal de Dona Nazária ao subir o morro e procurar Benito-Boa-Fé?

      Dona Nazária sobe o morro para convencer Benito-Boa-Fé, o chefe do tráfico, a liberar seu filho caçula, Rubinho, do confronto iminente entre o comando e a polícia. Ela quer garantir que ele fique em casa e não se envolva na violência.

02 – Como Dona Nazária consegue a permissão para entrar e falar com Benito-Boa-Fé, apesar da resistência inicial do guarda?

      Dona Nazária utiliza sua perspicácia e a "palavra" de mãe. Ela ameaça tirar o chinelo para dar um corretivo no guarda e apela para a sensibilidade dele ao mencionar o Dia das Mães, fazendo-o reconsiderar e chamar o chefe.

03 – Qual a "palavra" que Dona Nazária usa para se dirigir a Benito-Boa-Fé e qual o impacto dela sobre ele e seus subordinados?

      Dona Nazária usa o verbo "mandar" ("Vim mandar você liberar o Rubinho") e "exigir" ("Vim exigir essa palavra"). Essa escolha de palavras é um descompasse gramatical no ambiente do tráfico, onde "mandar" é prerrogativa apenas do chefe. Isso causa estranhamento e nervosismo nos guardas, mas surpreendentemente, Benito-Boa-Fé a ouve.

04 – Por que o conto enfatiza que o Dia das Mães é um fator importante na decisão de Benito-Boa-Fé?

      O conto sugere que o Dia das Mães amolece o coração do traficante. Ele já não tem a própria mãe para presentear, e a astúcia de Dona Nazária em usar essa data como "fraqueza" humana o leva a conceder o pedido como um "presente" de Dia das Mães.

05 – Qual o significado do apelido "Benito-Boa-Fé" e como ele o adquiriu?

      O apelido "Benito-Boa-Fé" se refere à sua reputação de sempre cumprir suas promessas. Ele o adquiriu ao executar a ordem de seu antigo chefe de "afundar" a filha dele no mar, mas de forma engenhosa: jogou-a no mar com uma corda e a puxou de volta, dando-lhe dinheiro e mandando-a para longe, e depois matou o chefe, assumindo seu lugar.

06 – Como Benito-Boa-Fé justifica sua interpretação particular da "lei" e da "palavra"?

      Benito-Boa-Fé aprendeu que "a lei não está no escrito, mas no pensado". Ele viu a lei ser manipulada a favor de agentes da Febem, advogados de traficantes e figurões do colarinho branco, compreendendo que a "palavra" e as regras são flexíveis e podem ser usadas para alcançar objetivos, especialmente se houver dinheiro envolvido.

07 – Qual a segunda parte do "trabalho" de Dona Nazária, além de obter a palavra de Benito-Boa-Fé?

      A segunda parte do trabalho de Dona Nazária é convencer o próprio filho, Rubinho, a obedecer à ordem de ficar em casa. Ela sabia que Rubinho não a ouviria se ela mesma pedisse, mas acataria a ordem do chefe.

08 – Como Dona Nazária reage à agressão de Rubinho quando ele descobre que ela interveio?

      Apesar da bofetada do filho, Dona Nazária não desiste. Ela limpa as lágrimas, levanta o rosto com firmeza e, com voz serena, lembra a Benito-Boa-Fé de sua promessa: "Por favor. O senhor me prometeu que ele ficava."

09 – Qual a ironia trágica no desfecho da história em relação à "palavra" de Benito-Boa-Fé?

      A ironia trágica reside no fato de que Benito-Boa-Fé cumpre sua palavra à mãe de Rubinho ("Você não sai daqui. Dei minha palavra a sua mãe.") ao matar o filho. Ele garante que Rubinho não sairá de casa, mas o faz de forma definitiva e letal, mantendo sua reputação de "Benito-Boa-Fé", que nunca quebra uma promessa, mesmo que a interpretação seja brutal.

10 – Que temas o conto "A palavra" aborda, considerando o contexto da favela e a interação entre os personagens?

      O conto aborda temas como a força e a resiliência materna, a brutalidade e as regras do tráfico, a relatividade da lei e da moralidade no ambiente da favela, o poder da "palavra" e suas múltiplas interpretações, e a ironia do destino em um mundo onde as promessas podem ter consequências devastadoras.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário