Poema: O GATO
Mário Quintana
O gato chega à porta do quarto onde escrevo...
Entrepara... hesita... avança...
Fita-me.
Fitamo-nos.
Olhos nos olhos...
Quase com terror!
Como duas criaturas incomunicáveis e solitárias
que fossem feitas cada uma por um Deus diferente.

Mario Quintana.
Preparativos de viagem. São Paulo: Globo, 1997. p. 25.
Fonte: Livro –
Português: Linguagens, 3ª Série – Ensino Médio – William Roberto Cereja,
Thereza Cochar Magalhães, 9ª ed. – São Paulo: Saraiva Editora, 2013. p. 204.
Entendendo o poema:
01 – Descreva a progressão da
chegada do gato ao quarto do eu lírico, destacando os verbos utilizados.
A chegada do gato
é descrita em etapas, com verbos que indicam cautela e hesitação:
"chega", "Entrepara", "hesita", "avança".
Essa progressão lenta e gradual cria uma atmosfera de expectativa e um certo
estranhamento no encontro.
02 – Qual a ação recíproca que
ocorre entre o eu lírico e o gato após a entrada do animal no quarto?
Após a entrada do
gato, ocorre uma troca de olhares intensa: "Fita-me. / Fitamo-nos. / Olhos
nos olhos...". Essa ação recíproca estabelece um momento de conexão visual
direta entre os dois seres.
03 – Que emoção é quase
explicitamente mencionada em relação a esse encontro visual?
A emoção quase
explicitamente mencionada em relação a esse encontro visual é o
"terror". Essa palavra forte sugere um sentimento de estranheza
profunda ou até mesmo de reconhecimento de algo desconhecido e potencialmente
perturbador no outro.
04 – Qual a comparação
utilizada pelo eu lírico para descrever a sensação de distância e incompreensão
mútua entre ele e o gato?
O eu lírico
compara a sensação de distância e incompreensão mútua à de "duas criaturas
incomunicáveis e solitárias / que fossem feitas cada uma por um Deus
diferente". Essa comparação enfatiza a ideia de origens distintas e,
consequentemente, de uma barreira fundamental na comunicação e na compreensão
entre os dois seres.
05 – Qual a principal reflexão
ou sentimento que o poema evoca sobre a natureza da comunicação e da solidão,
mesmo em um encontro aparentemente simples?
O poema evoca uma
reflexão sobre a complexidade da comunicação e a persistência da solidão, mesmo
em um encontro direto. A troca de olhares, apesar de intensa, não elimina a
sensação de estranhamento e incomunicabilidade. A comparação com criaturas
feitas por "Deus diferente" sugere uma barreira essencial que
transcende a simples interação física, revelando a potencial solidão intrínseca
a cada ser, mesmo na presença do outro.
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