sexta-feira, 8 de julho de 2022

REPORTAGEM: A ORGANIZAÇÃO DO TEXTO E A COMPOSIÇÃO COM OUTRAS LINGUAGENS - JULIANA RAVELLI - COM GABARITO

 Reportagem: A organização do texto e a composição com outras linguagens


Juliana Ravelli – Do Diário do Grande ABC – 01/11/2009 | 07:13

        Som de gente velha e que dá sono. Em geral, esses são os adjetivos que a galera adolescente fornece à música clássica. Caso pertença ao time, se liga em um detalhe importante: quase tudo o que você conhece tem um pezinho nas composições eruditas. Prova disso é que estão superpresentes em outros estilos.

        O cantor de rock André Matos (ex-vocalista do Viper, Angra e Shaaman) que o diga; seu trabalho é completamente influenciado pelo clássico. Quem curte seu som pode não saber, mas ele tem formação erudita. Concluiu faculdade de música, especializando-se em composição e regência orquestral. No meio do curso, teve de escolher a qual estilo se dedicaria. "Achei que no rock teria mais liberdade para misturar as duas coisas", diz.

        Os roqueiros estão no topo da lista dos artistas que utilizam referências clássicas para compor suas obras (confira abaixo). É unanime a opinião entre eles de que o erudito é a base de tudo. Matheus dos Reis Jóia, 16 anos, de São Caetano, descobriu isso nas aulas de musicalização da Fundação das Artes de São Caetano. Antes, só ouvia rock. "Adoro quando entra o som de coral ou violino. Deixa ainda mais legal", garante.

        Subtítulo 1                             

        Thiago Brisolla, 18, de Santo André, é ligado em MPB e música erudita. Aos 10, começou a tocar o bandolim que herdou do avô. Dois anos depois, disse ao pai que queria aprender violino. Hoje, improvisa um som no intervalo das aulas com amigos do Ensino Médio. Ele fica no instrumento erudito e os outros, na guitarra e violão. "Tocamos Metallica, Judas Priest, Black Sabbath, Iron Maiden. Quem chega pede uma música, e a gente tenta fazer", conta.

        Tem quem diga que não gosta sem conhecê-la. Não é bicho de sete cabeças. Escutar esse tipo de música pode ajudá-lo a perceber os detalhes e sons dos instrumentos de outros estilos. A introdução de Because (1969), dos Beatles, por exemplo, foi composta a partir dos acordes de Sonata ao Luar, de Beethoven, tocados de trás para frente. Na MPB, os compassos iniciais de Samba em Prelúdio, de Baden Powell e Vinicius de Morais, são os mesmos da Bachiana nº 4 de Villa-Lobos.

        "Música (clássica) remete à concentração. Abre a janela para conhecer uma cultura diferente", explica o maestro da Orquestra Sinfônica da Fundação das Artes de São Caetano, Geraldo Olivieri. Segundo ele, as igrejas evangélicas estão ajudando a disseminá-la entre os jovens.

        Subtítulo 2

        Da terra do frevo e do maracatu vem uma jovem promessa da música brasileira: Vitor Araújo, 19 anos, pianista que coloca no liquidificador música erudita, MPB e rock para produzir um som que está conquistando espaço entre adolescentes e ouvintes exigentes. O pernambucano, que iniciou os estudos aos 9 anos, toca - com as mãos ou os pés - de Asa Branca (Luiz Gonzaga) a Paranoid Android (Radiohead). "O erudito, um dia, já foi o popular", afirma.

        A referência vem de mestres brasileiros, como Villa-Lobos, Chico Buarque, Tom Jobim, e dos compositores de jazz Miles Davis e John Coltrane. Aliás, de misturas o maestro, compositor, pianista, cantor e violonista Tom Jobim (1927-1994) entendia. Ele é um dos pais da bossa nova, que recebeu influência do erudito e do jazz, mas que tem a cara e o gingado do Brasil. Ouça “Chega de Saudade”, “Samba de uma Nota Só” e “Águas de Março”.

        Na opinião de Vitor, a gente também tem de conhecer Yamandu Costa, Dominguinhos, Naná Vasconcelos, Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal, Edino Krieger, Cláudio Santoro e Camargo Guarnieri. "Assim como nosso corpo não pode se alimentar somente de fast food, nossa alma não pode se alimentar de música sem conteúdo e sem profundidade", explica.

        Subtítulo 3

        Há tempos, cientistas querem descobrir se a música clássica ajuda no desenvolvimento da inteligência. Para se ter uma ideia, estudo feito na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, em 1997, mostrou que, entre 25 mil estudantes, aqueles que realizavam atividades ligadas à música tiraram notas mais altas nas provas.

        Subtítulo 4

        Tem gente que desde cedo deseja seguir a carreira musical. É o caso de Marcela Gerizani e Bruna Zenti, ambas de 15 anos, que tocam violoncelo e violino, respectivamente, há dois anos na Orquestra Sinfônica Jovem da Fundação das Artes de São Caetano.

        As amigas iniciaram o curso de musicalização aos 5 anos. Aos 6, começaram a aprender os primeiros acordes nos instrumentos pelos quais, hoje, são apaixonadas. "Não me imagino dentista ou engenheira. Até que poderia ser bem-sucedida, mas não seria feliz. Com a música, a gente passa a vida cuidando da alma", afirma Marcela.

        Elas sabem que o caminho da profissionalização artística não é fácil, mas garantem que é isso mesmo o que querem. "Na música, a gente sempre está em busca da perfeição", explica Marcela.

        Apesar de amarem o erudito, curtem outros estilos, principalmente jazz e música latina. "Não é porque a gente escuta música clássica, que temos de ser caretas", diz Bruna.

        Subtítulo 5

        Depois de acompanhar pela TV um incêndio na favela de Heliópolis, em São Paulo, o maestro Silvio Baccarelli decidiu colocar em prática um sonho: levar música clássica à comunidade carente. Foi então que criou o Instituto Baccarelli, organização sem fins lucrativos, que oferece ensino gratuito de canto e instrumentos eruditos a 530 crianças e adolescentes do local.

        Aline Ferreira, 15 anos, participa das aulas de coral e viola erudita (nada a ver com a viola caipira, essa é parecida com violino, mas um pouco maior). "Mudou muito a minha maneira de pensar, agir e falar. Amadureci por meio da música."

        A estudante já teve a oportunidade de se apresentar com outros jovens na Sala São Paulo e no Teatro Municipal de São Paulo, locais que recebem as orquestras mais famosas do planeta. "Foi bem emocionante. Sinto liberdade quando estou tocando", afirma Aline, que sonha em se profissionalizar na música.

        Subtítulo 6

        1965 – A banda inglesa The Beatles grava “Yesterday” (do álbum Help!), primeira música em que usam instrumentos eruditos, como violino, viola e violoncelo. EM

        1969 – A banda inglesa Deep Purple lança o álbum Concerto for Group & Orchestra (Concerto para grupo e Orquestra), gravado com a Royal Philharmonic Orchestra. EM

        1969 – O grupo britânico The Who lança o álbum de ópera rock (assim como na produção erudita, conta uma história) intitulado Tommy. Em 1975, virou filme e, em 1993, transformou-se em musical da Broadway.

        1975 – Os roqueiros ingleses da banda Queen lançam o álbum A Night at the Opera (Uma Noite na Ópera), que traz a famosa “Bohemian Rhapsody”, na qual os integrantes cantam como se fossem um coral lírico.

        1988 – A cantora lírica espanhola Montserrat Caballé grava com Freddie Mercury (vocalista do Queen) o álbum Barcelona, considerado um dos mais importantes encontros de um roqueiro com uma cantora erudita.

        1992 – A banda de rock norte-americana Guns N’Roses grava a música “November rain”, com a participação de uma orquestra. O próprio vocalista Axl Rose costumava tocar piano de cauda nos shows.

        1995 – A escola de samba Beija-flor de Nilópolis leva pela primeira vez violino e sopranos para o desfile de Carnaval. O samba-enredo homenageava Bidu Sayão, importante cantora lírica brasileira.

        1999 – A banda de rock norte-americana Metallica grava um de seus melhores álbuns, segundo os fãs, com a Orquestra Sinfônica de São Francisco.

        2000 – Os roqueiros alemães do Scorpions gravam o álbum Moment of Glory com uma das mais importantes orquestras do mundo, a Filarmônica de Berlim.

Disponível em: http://www.dgabc.com.br. Acesso em: 27 fev. 2015. Fragmento adaptado.

Fonte: Livro Língua Portuguesa – Singular & Plural – 7° ano – Laura de Figueiredo – 2ª edição. São Paulo, 2015 – Moderna. p. 104-6.

Entendendo a reportagem:

01 – Considerando que o título de uma reportagem deve oferecer uma boa dica para o leitor sobre o que será tratado no texto, que título você daria a essa reportagem?

      Resposta pessoal do aluno.

02 – Agora, você deverá fazer o mesmo com os subtítulos que foram retirados. Leia os trechos que correspondem a cada um e crie subtítulos para eles. Lembre-se de que, da mesma forma que a função do título, esses subtítulos devem dar uma dica ou chamar a atenção sobre as informações ou ideias que estão nos trechos.

      Resposta pessoal do aluno.

03 – Caso você tivesse que apresentar um subtítulo ou “olho” pra aparecer logo após o título da reportagem, como ele seria?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestões: “Diálogos de sucesso entre os dois estilos”; “Aproximando estilos”

04 – A seguir você vai ler as frases que foram retiradas do texto original e que serviram de título e subtítulos.

a)   Qual delas seria o título.

O título é a opção V: Entre o pop e o clássico.

b)   Qual o subtítulo adequado para cada trecho.

     I – Do baião ao rock nas teclas do piano.

          II: Dois em um.

     II – Dois em um.

          I: Do baião ao rock nas teclas do piano.

     III – Mistura sempre existiu.

          IV: Nota alta.

     IV – Nota alta.

          VII: Música para a vida toda.

     V – Entre o pop e o clássico.

           VI: Oportunidade para todos.

     VI – Oportunidade para todos.

           III: Mistura sempre existiu.

05 – Comparando o título e os subtítulos originais com os seus, você substituiria algum dos originais? Explique.

      Resposta pessoal do aluno.

 

 

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