Poema: Mahin amanhã
Miriam Alves
Ouve-se nos cantos a
conspiração
vozes baixas sussurram frases precisas
escorre nos becos a lâmina das adagas
Multidão tropeça nas pedras
Revolta
há revoada de pássaros
sussurro,
sussurro:
“é amanhã, é amanhã.
Mahin
falou, é amanhã”
A cidade toda se prepara
Malês
bantus
geges
nagôs
vestes coloridas resguardam esperanças
aguardam a luta
Arma-se a grande derrubada branca
a luta é tramada na língua dos Orixás
“é aminhã, aminhã”
Malês
bantus
geges
nagôs
“é aminhã, Luiza Mahin falô”
ALVES, Miriam. Mahin
amanhã. In: Quilombhoje (Org.). Cadernos negros: os melhores poemas.
São Paulo: Quilombhoje, 1998. p. 104.
Fonte: Livro Língua Portuguesa –
Trilhas e Tramas – Volume 1 – Leya – São Paulo – 2ª edição – 2016. p. 194.
Entendendo o poema:
01 – Registre no caderno as
alternativas que interpretam adequadamente o poema:
a) Evidencia a ideia de que fronteiras étnicas e linguísticas dificultam o intercâmbio cultural entre africanos e afrodescendentes.
b) Imagina uma possível união dos negros pertencentes a grupos étnicos culturais diferentes na luta pela defesa da cidadania.
c) Revê criticamente o registro oficial de um fato histórico, que envolve a memória dos negros no Brasil.
d) Retém imagens auditivas e visuais que recompõem o passado transfigurado por meio de uma representação linguística criativa.
e) Utiliza o verso “a luta é tramada na língua dos Orixás” (linha 18) para ressaltar que a cultura e a religiosidade africanas transitam no espaço do sagrado e do não sagrado.
f) Apresenta imagens e pensamentos inseridos numa trama épica em que os protagonistas lembram um passado de glórias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário