quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

CRÔNICA: CADA UM POR SI - WALCYR CARRASCO - COM GABARITO

 Crônica: Cada Um por Si

                Walcyr Carrasco

QUANDO APRENDI A DIRIGIR, ouvi o conselho.

—- Fique na pista da direita, até ter segurança no volante.  Bem que tentei. Preferia dirigir devagar, sem atrapalhar o trânsito. Mas a pista da direita era, e continua sendo, uma tortura. Já perdi a conta do número de vezes que fiquei parado atrás de um ônibus ou van.

 

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglyBAOyjx5j7QZE6E25Th5XCXCWKryA14e5ZOaE4RNXSZgsW8gecLZxcKykmh9qexrOwM35GRj-ECZvWCbG9FgzSwHItmTXJzlOZJr1h7MbU5HQBmg5IRu3mHgi5SWw0rPf2mnJ1ybTj5XCj6ljfMLxMQKD-L33r91EGklNO0ZHEdoxgj07rWdtXTzDu4/s320/onibus.jpeg 

Passageiros sobem e. descem, eu espero. Às vezes, misteriosamente, o ônibus liga o pisca-alerta. Fica imóvel. Boto a seta à esquerda, pedindo passagem. Alguém deixa entrar? Respondo: jamais! Aceleram! Se boto o braço para fora implorando compaixão, corro o risco de que me levem o cotovelo! E carros que subitamente estacionam na pista da direita para alguém descer? Outro dia, em plena avenida Água Espraiada, tive de ficar esperando uns dez minutos! A mulher ainda bateu um papinho e depois desembarcou. Ao sair, me encarou! Simplesmente, eu me senti um paspalho.       

Tem mais: motos costumam cortar pela direita. E preciso tomar mais cuidado com quem está à direita do que à esquerda. Motoqueiros e motoristas agem como se fosse uma pista de ultrapassagem rápida. Cortam subitamente minha frente! Pior: quando tento ir calmamente pela direita, sempre alguém encosta e me força a ganhar velocidade. Sem falar nos carrinhos de sucata, lentíssimos, ou nas bicicletas que surgem inesperadamente na contramão. Tudo à direita! Não entendo! Quem quer ir devagar, na pista de baixa velocidade, passa por mais riscos e contratempos do que os apressadinhos!

Pedestres jamais respeitam mãos de direção. Gostam de ocupar o espaço todo. Outro dia, no shopping, eu tinha pressa para chegar a um encontro. Três pessoas andavam calmamente na minha frente, sem deixar passagem em nenhum dos lados. Se eu tentava ultrapassar, mexiam-se como ondas, cortando minha passagem. Um amigo foi passear na praça Buenos Aires. Três mulheres iam à frente, bem devagar, conversando. Tentou se esgueirar pelo muro. Só dando cotoveladas. Acabou descendo para a rua e andou no meio dos carros para ultrapassar os pedestres. Tudo bem, elas têm o direito, de passear. Mas é justo ocupar a calçada inteira?

O metrô é terrível. Muitas vezes, quem está entrando não quer deixar os outros sair. O correto é esperar todo mundo desembarcar. Nas estações mais tumultuadas, é uma guerra. Um grupo se atira sobre o outro. Engalfinham-se. É um sufoco. Já me aconteceu de não conseguir descer na estação!

Em elevador, nem se fala. Entro. Dois passageiros vêm logo atrás e ficam bem na porta. Só que vão para o último andar.

Quando chega minha vez de descer, tenho de gritar:

         — Um momento.          

Mergulho entre braços e pernas, até ser expelido para fora. Por cortesia, quem vai para os andares mais altos deveria ir para o fundo. Mas não. Como se ficando na frente chegassem mais depressa!

Sem falar em avião! Na ponte aérea para o Rio de Janeiro, que uso sempre, os lugares são marcados. Que adianta? Basta o aviso de embarque para os passageiros correrem como uma manada selvagem. Já vi gente com criança esperando para evitar atropelos. O desembarque é ainda pior. Ultimamente, faço questão de viajar na janela. Não só por conta da paisagem. Mas para não ser obrigado a me levantar e ficar parado no corredor do avião! Basta a aeronave parar.

Todo mundo se ergue, pega as malas e fica se espremendo à espera de que as portas sejam abertas!

Não seria mais fácil dar espaço, cumprir as leis do trânsito? Enfim, viver em sociedade? Por mim, continuo na pista da direita. Posso ficar atrás de ônibus. Mas sofro menos estresse.

Entendendo o texto

01. Qual é o conselho recebido pelo autor quando aprendeu a dirigir e qual a sua tentativa de segui-lo?

O autor recebeu o conselho de “ficar na pista da direita até ter segurança no volante.” Sua tentativa foi dirigir devagar na pista da direita para não atrapalhar o trânsito.

02. Quais são os desafios e contratempos enfrentados pelo autor ao permanecer na pista da direita?

      O autor enfrenta problemas como ficar parado atrás de ônibus, lidar com motos que cortam pela direita, carros que forçam maior velocidade, carrinhos de sucata lentos, bicicletas na contramão, e pedestres que ocupam todo o espaço da calçada.

03. Como o autor descreve a atitude de motos em relação à pista da direita?

O autor menciona que motos costumam cortar pela direita, agindo como se fosse uma pista de ultrapassagem rápida, e destaca a necessidade de tomar mais cuidado com quem está à direita do que à esquerda.

04. Quais são os desafios enfrentados pelo autor no metrô e como ele descreve a situação nas estações mais tumultuadas?

No metrô, o autor menciona que muitas vezes as pessoas que estão entrando não querem deixar os outros sair. Nas estações mais tumultuadas, descreve uma situação de guerra, onde grupos se atiram uns sobre os outros, tornando difícil desembarcar.

05. Como o autor descreve a situação em elevadores e qual é a sua experiência ao descer?

O autor descreve que, ao entrar no elevador, outros passageiros ficam na porta, mesmo indo para andares mais altos. Ao descer, precisa gritar para conseguir espaço e sair, sendo expelido para fora.

06. Qual é a crítica do autor em relação ao comportamento dos passageiros em aviões, especialmente na ponte aérea para o Rio de Janeiro?

O autor critica o comportamento dos passageiros que, mesmo com lugares marcados, correm como uma manada selvagem assim que é anunciado o embarque, e a situação piora no desembarque, com todos se levantando antes mesmo das portas se abrirem.

07. Por que o autor prefere permanecer na pista da direita mesmo com os desafios que enfrenta?

      O autor prefere permanecer na pista da direita para evitar maior estresse, mesmo que tenha que ficar atrás de ônibus, pois acredita que sofre menos estresse dessa maneira.

08. Como o autor descreve a atitude dos pedestres em relação às mãos de direção e qual é o exemplo dado no shopping?

      O autor menciona que pedestres não respeitam as mãos de direção e descreve um exemplo no shopping, onde três pessoas andavam lentamente na sua frente, sem deixar passagem em nenhum dos lados.

09. Qual é o motivo pelo qual o autor faz questão de viajar na janela em voos e qual é a situação no desembarque?

O autor prefere viajar na janela para evitar ter que se levantar e ficar parado no corredor do avião. No desembarque, todos se levantam, pegam as malas, e ficam se espremendo à espera de que as portas sejam abertas.

10. Qual é a crítica geral do autor em relação ao comportamento no trânsito e na convivência social?

      O autor critica a falta de cumprimento das leis de trânsito, a falta de espaço e consideração, e questiona a dificuldade de viver em sociedade, sugerindo que seria mais fácil se as pessoas dessem espaço e cumprissem as regras do convívio social.

 

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