terça-feira, 16 de janeiro de 2024

ENTREVISTA: UM ARTESÃO DAS PALAVRAS -(FRAGMENTO) - ROSANGELA GUERRA - COM GABARITO

 Entrevista: Um artesão das palavras – Fragmento

                  Rosangela Guerra

        Quando tinha dez anos de idade, o escritor Bartolomeu Campos de Queirós viu o mar pela primeira vez. Foi pura decepção para os olhos de quem, como ele, passava os dias em Papagaio, no interior de Minas, imaginando o mistério de águas azuis infinitas. “Longe do mar a gente inventa o oceano.” Não foi a toa que, muitos anos depois, ele escreveu esta frase, que está no seu livro Ah!, Mar... (Quinteto Editorial).

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbnN5Bz-vzyJqyYfXldel-TOUMhK7imM09C2npstNCjgoIbHVw7LGvDeYURtljt1mpAsrkWbMCA5BrBcF-JuALfobJUMcqRjByok73MSZVkotlLORj6WmwPDKxLISkC1W7sbIMvMGZF22SwpA1YgYFyeRwXSKt924ofp4ua1OnSvk4RpeZhlNnvBSki8o/s1600/O%20MAR.jpg


    Bartolomeu foi um menino silencioso, de olhar e ouvidos atentos. Morava na rua da Paciência, na casa do avô paterno. O velho Queirós passava os dias debruçado na janela ou escrevendo pequenas anotações nas paredes da casa, que eram o registro do cotidiano da família e da cidade. “As paredes pareciam bordadas de palavras”, relembra o escritor. As histórias que Bartolomeu conta de sua infância são sempre cheias de encantamentos. Ele se lembra dos doces de leite que a mãe fazia nos aniversários, cortados em losangos e tingidos de várias cores: “O doce era o mesmo, mas a gente saboreava a cor de cada um”. [...]

        [...]

        [...] Sua paixão pela palavra é tanta que dá para ficar horas conversando sobre palavras com Bartolomeu. Ele diz, por exemplo, que sombra é uma palavra deitada, e que pássaro só pode ser escrita com dois ss porque no encontro dessas duas consoantes é que está o movimento das asas. Nos últimos tempos, Bartolomeu anda pensando muito numa palavra que ouviu de um motorista de táxi: amortecedores. O mistério que ele tenta decifrar nessa palavra aparentemente sem graça é a quantidade de pequenas e belas palavras nela contidas, como amor, tecer, dor, cedo e morte.

        Há quem diga que Bartolomeu escreve livros difíceis para as crianças entenderem. Mas ele justifica com segurança: “Eu não faço diferença entre literatura infantil e adulta. Aprendi isso com a poeta mineira Henriqueta Lisboa. Ela dizia que não existe um sol para criança e outro para o adulto. A literatura deve ser igual à natureza. As crianças entendem o que escrevo dentro do nível delas. Escrevo para encantar crianças e acordar a infância dos adultos”.

Rosangela Guerra. Nova Escola, maio 1994. p. 58.

Entendendo a entrevista:

01 – Como Bartolomeu Campos de Queirós descreveu sua primeira experiência ao ver o mar aos dez anos de idade?

      Bartolomeu Campos de Queirós descreveu sua primeira experiência ao ver o mar como uma pura decepção para os olhos, pois ele imaginava o mistério de águas azuis infinitas enquanto vivia no interior de Minas.

02 – O que inspirou Bartolomeu a escrever a frase "Longe do mar a gente inventa o oceano."?

      A frase foi inspirada na experiência de Bartolomeu ao ver o mar pela primeira vez aos dez anos de idade, quando ele estava distante do mar e imaginava o oceano.

03 – Como era a infância de Bartolomeu Campos de Queirós, especialmente em relação à influência do avô paterno?

      Bartolomeu Campos de Queirós teve uma infância silenciosa, com um avô paterno que passava os dias debruçado na janela ou escrevendo anotações nas paredes da casa, registrando o cotidiano da família e da cidade.

04 – Qual é a analogia feita por Bartolomeu sobre a palavra "sombra" e a palavra "pássaro"?

      Bartolomeu afirma que "sombra" é uma palavra deitada, enquanto "pássaro" só pode ser escrita com dois "ss" porque o movimento das asas está no encontro dessas duas consoantes.

05 – De acordo com Bartolomeu Campos de Queirós, por que ele anda pensando muito na palavra "amortecedores" recentemente?

      Bartolomeu está intrigado com a palavra "amortecedores" devido à quantidade de pequenas e belas palavras contidas nela, como amor, tecer, dor, cedo e morte.

06 – Como Bartolomeu justifica a aparente dificuldade de seus livros para crianças?

      Bartolomeu justifica que não faz diferença entre literatura infantil e adulta, aprendendo com a poeta Henriqueta Lisboa, e acredita que as crianças entendem o que ele escreve dentro do nível delas, escrevendo para encantar crianças e despertar a infância dos adultos.

07 – Qual é a visão de Bartolomeu sobre a literatura infantil em comparação com a literatura adulta?

      Bartolomeu acredita que não há diferença entre literatura infantil e adulta, seguindo a perspectiva da poeta Henriqueta Lisboa, que afirmava que a literatura deve ser igual à natureza, e ele escreve para encantar crianças e despertar a infância dos adultos.

 

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