Poema: Poema
Regina Werneck
Minha memória é um rio caudaloso
Onde, às vezes, eu me vejo submersa,
Afogada, asfixiada.
É um rio de torrentes que me arrasta
E me joga de um lado para outro,
Contra rostos, mãos, casas, esperanças,
Ideias, planos, ruas, despedidas,
Montes, mares, angústias e caminhos,
Pernas, pés, praias, solidão...
Estendo as mãos, as margens longe...
E vou me debatendo
Até que a voz do tempo
E o correr dos dias
Me salvem de mim mesma
E me coloquem outra vez
Nas margens tranquilas do esquecer.
Regina Werneck.
Poema. Disponível em: http://www.releituras.com/ne_rwerneck_poema.asp.
Acesso em: 22 jul. 2009.
Fonte: Língua
portuguesa 2 – Projeto ECO – Ensino médio – Editora Positivo – 1ª edição –
Curitiba – 2010. p. 262-3.
Entendendo o poema:
01 – Segundo Freud, os
pacientes psicanalíticos sofriam de “reminiscências”, ou seja, ficavam
recordando de forma incessante fatos traumáticos do passado. A memória, no
poema de Regina Werneck, demonstra ser geradora de lembranças positivas ou de
sofrimentos? Justifique sua resposta.
Sofrimentos. A
memória é comparada a um rio caudaloso, onde o eu lírico sente-se submerso e
asfixiado, ou seja, sofre com as memórias que não o abandonam.
02 – Interprete o sentido do
último verso do poema.
O esquecimento é visto, no poema, como
uma possibilidade de livrar o eu lírico de seu sofrimento, de ele poder viver
tranquilamente a partir do momento em que se esquecer das memórias que trazem
dor.
03 – É possível afirmar que
o poema apresenta um aproveitamento das ideias freudianas? Explique seu ponto
de vista.
Sim, pois o tema
do sofrimento gerado pela memória aparece no poema e está implícita também a
ideia de que o ser humano não controla totalmente suas lembranças: o
inconsciente também age sobre ele, por isso não basta querer esquecer, não
depende apenas da vontade consciente de alguém o ato de esquecer.
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