Poema: PAISAGENS DE INVERNO II
Camilo Pessanha
Passou o Outono já, já torna o frio...
— Outono de seu riso magoado.
Álgido Inverno! Oblíquo o sol, gelado...
— O sol, e as águas límpidas do rio.
Águas claras do rio! Águas do rio,
Fugindo sob o meu olhar cansado,
Para onde me levais meu vão cuidado?
Aonde vais, meu coração vazio?
Ficai, cabelos dela, flutuando,
E, debaixo das águas fugidias,
Os seus olhos abertos e cismando...
Onde ides a correr, melancolias?
— E, refratadas, longamente ondeando,
As suas mãos translúcidas e frias...
Camilo Pessanha.
Paisagem de inverno II. In: Clepsidra. Instituto português do livro e da
leitura. Biblioteca Ulisseia de autores portugueses, p. 45, s/d.
Fonte: Língua
portuguesa 2 – Projeto ECO – Ensino médio – Editora Positivo – 1ª edição –
Curitiba – 2010. p. 252-3.
Entendendo o poema:
01 – Qual é o tema do texto?
A passagem do
tempo e, de modo mais amplo, o envelhecimento e a morte.
02 – Quais os símbolos
centrais usados no texto para trabalhar o tema? Que interpretação é possível
dar a eles?
O inverno e o
rio, ou a água de forma ampla, são os símbolos centrais trabalhados no texto.
Por meio deles, o eu lírico discute a passagem do tempo que conduz ao
envelhecimento e à morte.
03 – Nos dois tercetos do
texto, surge uma imagem feminina. O que o poema sugere que ocorreu com ela?
Comprove sua resposta com elementos do próprio texto.
O poema sugere
que ela morreu, pois seus cabelos flutuam, seus olhos estão abertos e suas
mãos, translúcidas e frias. Parece ser a descrição de um cadáver. Por outro
lado, pode-se tomar a descrição como uma metáfora: o rio leva a lembrança da
amada, que estaria “morta” para o eu lírico em sua memória e em seu coração.
04 – Após a leitura do
texto, é possível apontar um diálogo intertextual? Por quê? Explique seu ponto
de vista.
Sim. Porque o texto trabalha a passagem
do tempo representada a partir da imagem do escoar de águas. No poema, o rio
leva a amada, morta metafórica ou literalmente.
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