Poema: Cantem outros a clara cor virente
Alphonsus de Guimaraens
Cantem outros a clara cor virente
Do bosque em flor e a luz do dia eterno...
Envoltos nos clarões fulvos do oriente,
Cantem a primavera: eu canto o inverno.
Para muitos o imoto céu clemente
É um manto de carinho suave e terno:
Cantam a vida, e nenhum deles sente
Que decantando vai o próprio inferno.
Cantem esta mansão, onde entre prantos
Cada um espera o sepulcral punhado
De úmido pó que há de abafar-lhe os cantos...
Cada um de nós é a bússola sem norte.
Sempre o presente pior do que o passado.
Cantem outros a vida: eu canto a morte...
GUIMARAENS, Alphonsus
de. Cantem outros a clara cor virente. Disponível em: http://www.camarabrasileira.com/alphonsus.htm.
Acesso em: 4 nov. 2009.
Fonte: Língua
portuguesa 2 – Projeto ECO – Ensino médio – Editora Positivo – 1ª edição –
Curitiba – 2010. p. 260.
Entendendo o poema:
01 – De acordo com o texto,
qual o significado das palavras abaixo:
·
Virente: florescente, próspera.
·
Fulvos: louros, ocres.
·
Imoto: sem movimento, imóvel.
·
Decantando: separando, isolando.
02 – Identifique no poema um
recurso expressivo usado pelo poeta para a sonoridade em seu poema.
O poeta usa a aliteração em /c/ e /p/ e a
assonância em /e/ e /o/ para criar a sonoridade em seu poema, como se vê em:
Cantem Clara Cor; Cada um esPera o sePulCral Punhado; cantEm Esta mansãO, OndE
EntrE prantOs; quE dEcantandO vai O prÓpriO infernO; entre outros.
03 – Qual o tema/assunto do
poema? Que símbolo sintetiza o tema?
O poema tem como
tema a morte, a opção do eu lírico em não tematizar a vida, como fazem outros
poetas, mas sim a morte. O símbolo que sintetiza o tema é “inverno”.
04 – O que representa no
poema o ato de “cantar”?
O ato de cantar representa discutir,
trabalhar, ter como preocupação central, tematizar.
05 – É possível estabelecer
uma relação entre os recursos expressivos usados pelo poeta e o tema geral do
poema? Justifique sua resposta.
Sim. O tema do poema é a morte e a
escolha da alternância entre sons abertos e fechados, /e/ e /o/, além do ritmo
marcado fortemente pela aliteração em /c/ e /p/, propõe uma relação de
alternância: o poeta poderia escolher entre vida e morte, mas sua opção, como
comprova a estrofe final do soneto, é pela morte, uma escolha pessimista que os
sons do poema reforçam.
Nenhum comentário:
Postar um comentário