sexta-feira, 17 de junho de 2022

CRÔNICA(FRAGMENTO): A MENTIRA - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

 CRÔNICA(FRAGMENTO): A  MENTIRA

                                     Luís Fernando Veríssimo

João chegou em casa cansado e disse para sua mulher, Maria, que queria tomar um banho, jantar e ir direto para a cama. Maria lembrou a João que naquela noite eles tinham ficado de jantar na casa de Pedro e Luíza. João deu um tapa na testa [...] e declarou que, de maneira nenhuma, não iria jantar na casa de ninguém. Maria disse que o jantar estava marcado há uma semana e seria uma falta de consideração com Pedro e Luíza, que afinal eram seus amigos, deixar de ir. João reafirmou que não ia. Encarregou Maria de telefonar para Luíza e dar uma desculpa qualquer. Que marcassem o jantar para a noite seguinte.

Maria telefonou para Luíza e disse que João chegara em casa muito abatido, até com um pouco de febre, e que ela achava melhor não tirá-lo de casa aquela noite. Luíza disse que era uma pena, que tinha preparado uma Blanquette de Veau que era uma beleza, mas que tudo bem. Importante é a saúde e é bom não facilitar. Marcaram o jantar para a noite seguinte, se João estivesse melhor.

João tomou banho, jantou e foi se deitar. Maria ficou na sala vendo televisão. Ali pelas nove bateram na porta.

 Do quarto, João, que ainda não dormira, deu um gemido. Maria, que já estava de camisola, entrou no quarto para pegar seu robe de chambre. João sugeriu que ela não abrisse a porta. Naquela hora só podia ser um chato. Ele teria que sair da cama. Que deixasse bater. Maria concordou. Não abriu a porta. Meia hora depois, tocou o telefone, acordando João. Maria atendeu. Era Luíza querendo saber o que tinha acontecido.

– Por quê? – perguntou Maria.

– Nós estivemos aí há pouco, batemos, batemos, e ninguém atendeu.

 – Vocês estiveram aqui?

– Para saber como estava o João. O Pedro disse que andou sentindo a mesma coisa há alguns dias e queria dar umas dicas. O que houve? – Nem te conto – contou Maria, pensando rapidamente.

 – O João deu uma piorada. Tentei chamar um médico e não consegui. Tivemos que ir a um hospital.

– O quê? Então é grave. [...]

VERÍSSIMO. Luís Fernando. Festa de criança. São Paulo: Ática, 2000, p. 77.

 01. O que gerou os fatos narrados nesse texto?

       a) O fato de o casal desistir de sair de casa.

       b) O fato de o marido estar muito doente.

       c) O fato de o marido não querer ir ao jantar na casa dos amigos.

       d) O fato de o marido e a mulher não gostarem de Blanquette de Veau.

02. O narrador do texto é:

       a) primeira pessoa (participa da história).

       b) terceira pessoa (observa a história de fora e narra os fatos).

       c) terceira pessoa (e às vezes, permite certas intromissões narrando em primeira pessoa).

        d) segunda pessoa.

03. Qual é a possível intenção do autor?

       Fazer humor a partir de um fato do cotidiano.

04. Quais são os personagens envolvidos no texto?

       João, Maria, Pedro e Luiza.

05. Em que parágrafo o autor menciona o acontecimento que derivou esta crônica?

       No primeiro parágrafo.

06. Existe uma relação entre a situação vivida pelas personagens e a de nosso dia-a-dia? Justifique.

       Resposta pessoal.

 

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