sexta-feira, 1 de agosto de 2025

DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA: COMO, ONDE E QUANDO NASCEU A LÍNGUA PORTUGUESA? FRAGMENTO - ATALIBA T. DE CASTILHO - COM GABARITO

 Divulgação Científica: Como, onde e quando nasceu a língua portuguesa? – Fragmento

            Ataliba T. de Castilho (USP, CNPq)

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        Para saber como, onde e quando nasceu a Língua Portuguesa, precisaremos em primeiro lugar entender o que é a Europa Latina.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWH8-7IStAW0mwItCkWDRzc3wmIQsaTozyvU2rjoxJs4Y6rdCFvHPC54IK8faUp1CBIyqp3RXVB1ctcYvRPAY8Fexm5AwKt0YnNxRbfrA1Qhmnr2nmVRcZ-TEJHksjPQAFWgLEFkwnGOcG4tXdo2Ffy6vVDhA-aoxVz92Z34iSbYMz9KId-molIT4uRss/s320/maxresdefault.jpg


        [...]

        Tópico 1

        Pra começo de conversa, você sabia que existe a América Latina, mas sabia também que existe uma Europa Latina? Pois é, além de América Latina também existe uma Europa Latina. É isso mesmo, só que ao contrário. É porque existiu uma Europa Latina que temos hoje uma América Latina, onde se falam o Português, o Espanhol e o Francês, trazidos pelos colonizadores.

        A Europa Latina é a parte europeia do que sobrou do Império Romano. O Império Romano desapareceu enquanto organização política e administrativa, mas sua cultura continua viva, sendo cultivada, por exemplo, aqui no Brasil! Daí a importância em conhecer a Europa Latina.

        [...]

        Tópico 2

        Os romanos invadiram a Península Ibérica entre 197 antes de Cristo e 400 depois de Cristo. Quem diria, dois mil anos mais tarde, nós aqui no Brasil estamos falando uma língua latina! Quando os romanos conquistaram a Península Ibérica eles atiraram (lanças e flechas) no que viam (os coitados dos ibéricos) e acertaram no que não viam (os povos da América Latina).

        [...]

        Mas enfim, o que levou os romanos a invadirem a Península Ibérica foi uma razão tão simples quanto antiga: a ambição humana.

        [...]

        O sul da Península foi rapidamente submetido, mas o norte e o centro permaneceram por muito tempo na mão dos antigos donos do negócio. O norte foi particularmente resistente, graças à chefia de Viriato, chefe dos Lusitanos. Em 139 a.C. eles foram atraiçoados e eliminados pelos romanos. Um ano antes tinha sido fundada a cidade de Felicitas Julia Olisipo, atual Lisboa.

        [...]

        A Hispânia Citerior foi colonizada por militares, tendo-se ali desenvolvido uma cultura mais rural, menos desenvolvida economicamente, mais ligada a Roma, de onde era accessível por terra. Em consequência, o Castelhano ou Espanhol, ali desenvolvido, seria mais inovador, transformando mais fortemente o Latim Vulgar. O Catalão se constitui num caso à parte, com sua natureza de “língua-ponte”, assumindo propriedades linguísticas da Ibero-România e da Galo-România: Baldinger (1962).

        [...]

        Tópico 3

        Agora que ficou clara a importância do Latim Vulgar, seria o caso de ler algum texto escrito nessa língua.

        Pois é, meu caro, desta vez não vai dar! O Latim Vulgar era só falado, e falado por quem não dominava a escrita – sendo que naqueles tempos, ainda por cima, poucos indivíduos dominavam a escrita. Para piorar as coisas, os japoneses ainda não tinham inventado o gravador eletrônico portátil. O jeito então é comparar as línguas românicas entre si, pois sendo descendentes do Latim Vulgar, guardaram traços dele. É como diziam os antigos: “quem sai aos seus não degenera”. [...]

        Para ajudar na reconstituição do Latim Vulgar, também se pode buscar por aí um ou outro texto latino que tenha documentado essa variedade, como as comédias romanas, as inscrições em arcos-do-triunfo e em pedras tumulares, os grafitti em paredes que tenham sobrevivido (como em Pompéia, por exemplo), e por aí vai. Mas é preciso tomar cuidado com esses testemunhos, pois é evidente que quem os escreveu sabia Latim Culto, e pode ter misturado sem querer as duas variedades.

        [...]

        Tópico 4

        A latinização da Península Ibérica pelos romanos e a existência de povos e culturas pré e pós-romanos no território criaram as condições para o surgimento do Português. Vamos ver isso passo a passo. A expansão romana pela Europa teria como resultado o surgimento de um grande conjunto de línguas, denominadas línguas românicas, derivadas do Latim Vulgar. Entre os últimos tempos do Latim e o surgimento das línguas românicas, aproximadamente entre os anos 600 e 1000, falou-se na Europa o Romance. [...]

        Subtópico 4.1

        Os cidadãos romanos tinham consciência das variedades de Latim que estavam usando, tal como hoje, quando distinguimos o Português Culto do Português Popular. Naquele tempo, as variedades do Latim eram reconhecidas e designadas pelas expressões latine loqui, isto é, falar Latim Culto, e romanice loqui, isto é, falar o Latim Vulgar dialetado que se espalharia pela Europa.

        O advérbio romanice, que aparece na expressão romanice loqui, mudaria foneticamente para Romance, passando a designar primeiramente a resultante europeia da dialetação do Latim Vulgar por toda a Europa Latina, e posteriormente um gênero literário – precisamente as narrativas redigidas nessa língua, intermediária entre o Latim Vulgar e as futuras línguas românicas. É no primeiro desses sentidos que se toma aqui a palavra Romance.

        O período Romance não é conhecido em detalhes. Tudo o que se sabe é que o Romance variava geograficamente, e já não podia mais ser considerado como Latim, dadas as profundas alterações operadas na gramática da língua de Roma, nem era ainda algumas das línguas românicas que hoje conhecemos. A própria duração do Romance variou no tempo: na França, ele parece ter sido extinto em 800, quando surge o primeiro documento em Francês, os Juramentos de Estrasburgo, de 838. Na Ibéria o “prazo de validade” do Romance foi mais extenso, e ele deve ter sobrevivido até 1100. Você sabe, os bons ares do lugar, o azeite, o queijo e o vinho...

        [...]

        Subtópico 4.3

        A Ibéria não era nenhum deserto humano quando os Romanos chegaram. Eles encontraram aqui os Bascos ou Iberos, aquele povo não Indoeuropeu, e ainda os Celtas, os Ambroilírios, os Fenícios ou Cartagineses (a quem derrotaram) e os Gregos.

        [...]

        Nenhum desses povos conseguiu preservar sua língua diante do avanço romano, com exceção dos Bascos. O Latim Vulgar receberia deles contribuições lexicais, tendo preservado sua morfologia e sua sintaxe. É por isso que o Galego, o Português e o Castelhano mantêm até hoje uma gramática neolatina.

        [...]

        Subtópico 4.4

        A Península Ibérica não virou um paraíso na terra só porque os romanos tinham chegado e tomado conta do pedaço.

        Estavam os descendentes dos romanos muito felizes com suas novas propriedades hispânicas, quando o lugar entrou na mira dos germanos. Logo os germanos, que tanta confusão já tinham armado no coração mesmo do Império, e que acabariam por dar-lhe fim, em 497 d.C.! Mas não apenas os germanos fizeram estripulias no lugar! Mal começada a Era Moderna, lá vieram os Árabes acabar com a graça dos descendentes dos invasores germânicos.

        [...]

        Tópico 6

        O Português Arcaico foi falado e escrito entre os sécs. XIII e XVI, mais precisamente, até o ano de 1540.

        Se há um assunto complicado é o da datação das línguas e das fases históricas pelas quais elas passaram. Pense um pouco. A história dos povos exige datas, afinal ela é uma narrativa de eventos que se dispõem na linha do tempo. Até aí tudo bem. O problema é que na história das línguas só podemos datá-las através de documentos nos quais elas apareçam escritas. Ora, quando uma dada língua chega a ser escrita, é por que já vinha sendo falada há muito tempo! Há quanto tempo? Impossível saber. De modo que vamos olhar estas datas todas com um pé atrás, entendendo que elas são aproximativas.

        Neste quadro de dificuldades, diversos autores têm trabalhado com a hipótese de que o Português surgiu quando se deixou de escrever documentos no Romance do Noroeste da Península, adotando-se a língua que decerto já vinha sendo falada há tempos. Ora, isso se deu por volta de 1200, talvez um pouco antes, isto é, entre o séc. XII e o séc. XIII. Logo, podemos dizer – até que se descubram documentos mais antigos – que o Português se formou nessa data, e que portanto já existe há 800 anos. Velhinho, hein? Pois não é não. O Francês é pouco mais de três séculos mais velho, e o Castelhano existe desde 900 e tal. Imagine então a idade das línguas da Índia, da China e do Japão!

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        Tópico 7

        Levou tempo para que se tomasse consciência do Português como uma nova língua. Tiveram importância nesse ofício duas instituições, que agiram como centros irradiadores de cultura na Idade Média: os mosteiros, onde se levavam a cabo traduções de obras latinas, francesas e espanholas (Mosteiros de Santa Cruz e Alcobaça) e a Corte, para a qual convergiam os interesses nacionais. Escreviam ali fidalgos e trovadores, aprimorando a língua literária.

        Constituída essa consciência linguística, passamos ao século XVI, quando o debate hoje rotulado como “a questão da língua”, além da publicação das primeiras gramáticas e dicionários, focalizaram a importância do Português, sua expansão e sua oposição ao castelhano.

        Gramáticos portugueses dos séculos XVI e XVII proclamam as virtudes da língua pátria, capaz de veicular quaisquer tipos de sentimentos e arrazoados. Eles se opunham àqueles que julgavam as línguas românicas veículos toscos, insuficientes para as altas criações do espírito. E aqui entra Camões, com seus célebres versos.

        E na língua, na qual quando imagina

        Com pouca corrupção crê que é a Latina (Lus. I, 33)

        A ninguém passou despercebida a relação entre a expansão do Império e a Língua Portuguesa, que seria levada aos quatro cantos do mundo. Escritos evidenciam essa percepção, como se pode ler nos primeiros gramáticos, um dos quais, João de Barros, escreveu as Décadas da Ásia, em que trata igualmente do assunto.

        [...]

        Finalmente, o Romantismo vem encontrar os gramáticos atentos ao gênio da língua e ao papel do povo em sua elaboração. Já agora a questão da língua é entregue à ciência, personificada em Francisco Adolfo Coelho, fundador da Linguística Portuguesa. A história da língua passa a incorporar a língua não escrita. E nisto estamos.

        [...]

Ataliba T. de Carvalho. Como, onde e quando nasceu a língua portuguesa? Disponível em: http://www.museudalinguaportuguesa.org.br/files/mlp/texto_9.pdf. Acesso em: 3 fev. 2015. p. 01-36.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 8º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 25-28.

Entendendo a divulgação:

01 – O que é a Europa Latina e qual sua importância para a língua portuguesa?

      A Europa Latina é a parte europeia que restou do Império Romano. É importante porque, embora o Império Romano tenha desaparecido como organização política, sua cultura continuou viva, e foi dela que se originaram as línguas latinas, incluindo o português.

02 – Quando e como os romanos invadiram a Península Ibérica?

      Os romanos invadiram a Península Ibérica entre 197 a.C. e 400 d.C. O motivo principal dessa invasão foi a ambição humana, e eles gradualmente submeteram a região, enfrentando resistência no norte, como a liderada por Viriato.

03 – Qual era a diferença entre Latim Culto e Latim Vulgar?

      O Latim Culto era a variedade formal da língua, dominada pela escrita e usada por aqueles com educação. O Latim Vulgar, por sua vez, era a língua falada cotidianamente pelas pessoas que, em sua maioria, não dominavam a escrita, e foi essa variedade que se espalhou e deu origem às línguas românicas.

04 – Por que é difícil estudar o Latim Vulgar diretamente através de textos?

      É difícil estudar o Latim Vulgar diretamente porque ele era uma língua essencialmente falada e utilizada por pessoas que não dominavam a escrita. Os textos latinos que sobreviveram são geralmente em Latim Culto, e mesmo quando há vestígios do Latim Vulgar (como em comédias romanas ou grafites), é preciso cautela, pois os autores podiam misturar as variedades.

05 – O que foi o período "Romance" na formação das línguas românicas?

      O período Romance foi uma fase intermediária, aproximadamente entre os anos 600 e 1000 d.C., entre o Latim Vulgar e o surgimento das línguas românicas. Nesse período, o Latim Vulgar já havia sofrido profundas alterações gramaticais e geográficas, mas ainda não era nenhuma das línguas românicas que conhecemos hoje.

06 – Quando se estima que o português "nasceu" como uma língua distinta?

      Estima-se que o português se formou por volta de 1200 d.C., ou seja, entre os séculos XII e XIII. Essa data é aproximada, marcada pelo momento em que documentos deixaram de ser escritos no Romance do Noroeste da Península e a língua que já era falada passou a ser registrada.

07 – Quais povos habitavam a Península Ibérica antes da chegada dos romanos, e qual deles conseguiu preservar sua língua?

      Antes dos romanos, a Península Ibérica era habitada por povos como os Bascos (ou Iberos), Celtas, Ambroilírios, Fenícios (ou Cartagineses) e Gregos. Desses, apenas os Bascos conseguiram preservar sua língua diante do avanço romano.

08 – Como a invasão dos povos germânicos e árabes influenciou a Península Ibérica após a romanização?

      Após a romanização, a Península Ibérica foi invadida pelos germanos, que desestabilizaram o Império Romano. Mais tarde, com o início da Era Moderna, os árabes também invadiram a região, alterando ainda mais o cenário cultural e linguístico.

09 – Quais instituições foram importantes para a tomada de consciência do português como uma nova língua na Idade Média?

      Duas instituições foram cruciais: os mosteiros (como os de Santa Cruz e Alcobaça), que realizavam traduções e disseminavam cultura, e a Corte, para onde convergiam os interesses nacionais e onde fidalgos e trovadores aprimoravam a língua literária.

10 – Qual o papel de autores como Camões e João de Barros na valorização da língua portuguesa?

      Autores como Camões e João de Barros desempenharam um papel fundamental na valorização do português. No século XVI, eles e outros gramáticos proclamaram as virtudes da língua pátria, defendendo sua capacidade de expressar sentimentos e ideias complexas, opondo-se àqueles que a consideravam inferior. João de Barros, em suas Décadas da Ásia, também evidenciava a relação entre a expansão do Império Português e a disseminação da língua.

 

 

PIADA: MEDO - DOMÍNIO POPULAR - COM GABARITO

 Piada: Medo

-- Luizinho, do que você tem mais medo?

-- Da Mula sem cabeça, fessora.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjz2JQdQqubkRiWxtj1sjbXfxbC81KMvlfw-9upIGEjuYgFKQUlveJMr8nxzKIZ_dhEETjL17CJDhlTHg9fdD0OwsD5RDKBlCe7nGl4iuJsLsnh0oqW4RGaTWQq1qIuyOi1a3x90lM7DYsxQJoUpmoU8fQu-6aq5ErODbQDWFDg7TiHt9aLI-vgPv6jjUM/s320/hq720.jpg


-- Ah, Luizinho, a mula sem cabeça não existe. É apenas uma lenda. Você não precisa ter medo.

-- Mariazinha, do que você tem mais medo? –

-- Do Saci Pererê, fessora.

-- Mariazinha, o saci-Pererê também não existe, também é só uma lenda. Você não precisa ter medo.

-- E Você Joãozinho? Do que tem mais medo?

-- Do Malamém, fessora.

-- Malamém? Nunca Ouvi Falar. Quem é esse tal de Malamém?

-- Quem é, eu também não sei, fessora. Mas toda noite minha mãe diz na oração; "Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do Malamém". 

Domínio popular.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 8º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 164.

Entendendo a piada:

01 – Quais foram os medos expressos por Luizinho e Mariazinha, respectivamente?

      Luizinho expressou medo da Mula sem cabeça, e Mariazinha disse ter medo do Saci-Pererê.

02 – Qual a reação da professora aos medos de Luizinho e Mariazinha?

      A professora tranquilizou ambos, afirmando que a Mula sem cabeça e o Saci-Pererê não existem e são apenas lendas, portanto, eles não precisavam ter medo.

03 – Qual o medo que Joãozinho revela ter?

      Joãozinho revela ter medo do Malamém.

04 – Qual foi a reação inicial da professora ao medo de Joãozinho?

      A professora ficou confusa e admitiu que nunca tinha ouvido falar em "Malamém", perguntando quem seria.

05 – Por que Joãozinho tem medo do Malamém, mesmo sem saber quem ele é?

      Joãozinho tem medo do Malamém porque sua mãe o menciona todas as noites na oração: "Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do Malamém". A repetição na oração familiar o faz crer na existência e periculosidade do "Malamém".

 

CONTO: O VISCONDE PARTIDO AO MEIO - FRAGMENTO - ÍTALO CALVINO - COM GABARITO

 Conto: O visconde partido ao meio – Fragmento

          Ítalo Calvino

        Havia uma guerra contra os turcos. O visconde Medardo di Terralba, meu tio, cavalgava pelas planícies da Boêmia rumo ao acampamento dos cristãos. Acompanhava-o um escudeiro chamado Curzio.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiud0Vsne_CeVUSJukpWUg3JZF2mkg3CRZ0UQUeySSN5xnq_hUUNCe_xB7rNPDpvL_hi77KI-lgTUMdhZSv2F6_zqMttaHVOhTS5ZEb97DLptbj1zxbf6jirCDwnH20zm66PzbN5xoGtR3rUXxiCDo_lJbkZTmysBzW2Jj2AWqCu5jWHW4tID5W0Onx7xw/s320/MG_4640a-e1556822169613.jpg


        As cegonhas voavam baixo, em bandos brancos, atravessando o ar opaco e parado.

        — Por que tantas cegonhas? — perguntou Medardo a Curzio —, para onde estão voando?

        Meu tio acabava de chegar, se alistara havia pouco, para agradar a alguns duques, nossos vizinhos, empenhados naquela guerra. Munira-se de um cavalo e de um escudeiro no último castelo em mãos cristãs, e ia apresentar-se ao quartel imperial.

        — Estão voando para os campos de batalha — disse o escudeiro, sombrio. — Vão nos acompanhar por todo o caminho.

        O visconde Medardo ficara sabendo que naquelas terras o voo das cegonhas é sinal de boa sorte; e queria mostrar-se alegre por vê-las. Mas, a contragosto, sentia-se inquieto.

        — O que pode atrair as pernaltas aos campos de batalha, Curzio? — perguntou.

        — Agora, também elas comem carne humana — respondeu o escudeiro —, desde que a carestia tornou os campos áridos e a estiagem secou os rios. Onde há cadáveres, as cegonhas, os flamingos e os grous substituíram os corvos e os abutres.

        Meu tio se achava então na primeira juventude: a idade em que os sentimentos se misturam todos num ímpeto confuso, ainda não separados em bem e mal; a idade em que cada experiência nova, também macabra e desumana, é toda trepidante e efervescente de amor pela vida.

        — E os corvos? E os abutres? — perguntou. — E as aves de rapina? Onde foram parar? — Estava pálido, mas seus olhos cintilavam.

        O escudeiro era um soldado de pele escura, bigodudo, que nunca erguia os olhos.

        — À força de comer as vítimas da peste, a peste os atacou também. — E apontou com a lança certas moitas escuras que a um olhar mais atento se revelavam não de plantas, mas de penas e pés ressecados de aves de rapina.

        — Assim, nem dá para saber quem morreu antes, se a ave ou o homem, e quem se lançou sobre o outro para esganá-lo — disse Curzio.

        Para fugir da peste que exterminava as populações, famílias inteiras tinham se encaminhado para os campos, e a agonia havia golpeado a todos ali. Em montes de carcaças, espalhadas pela planície árida, viam-se corpos de homens e mulheres, nus, desfigurados pelas marcas da peste e, coisa a princípio inexplicável, penugentos: como se daqueles braços macilentos e costelas tivessem crescido penas pretas e asas. Eram as carcaças de abutres misturadas com as sobras deles.

        O terreno já ia mostrando sinais de batalhas. A marcha se tornara mais lenta porque os dois cavalos topavam nos restos e lombadas.

        — O que está acontecendo com nossos cavalos? — perguntou Medardo ao escudeiro.

        — Senhor — respondeu ele —, nada desagrada tanto aos cavalos quanto o fedor das próprias tripas.

        A faixa de planície que atravessavam achava-se de fato cheia de carcaças equinas, algumas para cima, com os cascos voltados para o céu, outras de bruços, com o focinho enfiado na terra. 

        — Por que tantos cavalos caídos neste ponto, Curzio? — perguntou Medardo.

        — Quando o cavalo sente que está sendo atingido na barriga — explicou Curzio —, trata de segurar as vísceras. Alguns apoiam a pança no chão, outros se viram de costas para que elas não caiam. Mas a morte não tarda a ceifá-los do mesmo jeito.

        — Quer dizer que são sobretudo os cavalos que morrem nesta guerra?

        — As cimitarras turcas parecem feitas de propósito para rasgar-lhes o ventre com um só golpe. Mais adiante verá os corpos dos homens. Primeiro caem os cavalos e depois os cavaleiros. Pronto, lá está o campo.

        Nos limites do horizonte elevavam-se os pináculos das tendas mais altas, os estandartes do exército imperial e a fumaça.

        Continuando a galopar, viram que os caídos da última batalha tinham sido quase todos removidos e enterrados. Só se viam alguns membros dispersos, especialmente dedos, apoiados nos restolhos.

        — De vez em quando há um dedo indicando o caminho — disse meu tio Medardo. — Que significa?

        — Deus os perdoe: os vivos cortam os dedos dos mortos para arrancar-lhes os anéis.

        — Quem vem lá? — disse uma sentinela com capote coberto de mofo e musgo como a casca de uma árvore exposta à tramontana.

        — Viva a sagrada coroa imperial! — gritou Curzio.

        — E que morra o sultão! — replicou a sentinela. — Mas, por favor, quando chegarem ao comando, digam-lhes para mudar logo o turno, pois começo a deitar raízes!

        Agora os cavalos corriam para escapar da nuvem de moscas que circundava o campo, zumbindo pelas montanhas de excrementos.

        — De muitos valentes — observou Curzio — o esterco de ontem ainda está no chão, e eles já chegaram ao céu. — E benzeu-se.

        Na entrada do acampamento, costearam uma fila de baldaquins, sob os quais mulheres de cabelos encaracolados e corpulentas, com longos vestidos de brocado e os seios nus, acolheram-nos com gritos e risadas.

        — São os pavilhões das cortesãs — disse Curzio. — Nenhum exército possui outras tão lindas.

        Meu tio já cavalgava com o rosto virado para trás, observando-as.

        — Cuidado, senhor — acrescentou o escudeiro —, andam tão sujas e empestadas que nem os turcos as aceitariam como presas de um saque. Além de carregadas de chatos, percevejos e carrapatos, agora até os escorpiões e os lagartos fazem ninhos sobre elas.

        Passaram diante das baterias do campo. À noite, os artilheiros cozinhavam o rancho de água e nabos no bronze das espingardas e dos canhões, abrasado dos intensos disparos da jornada.

        Chegavam carroças cheias de terra e os artilheiros a peneiravam.

        — A pólvora está ficando escassa — explicou Curzio —, mas a terra onde as batalhas aconteceram está tão impregnada que, insistindo-se, dá para recuperar algumas cargas.

        Depois vinham as instalações da cavalaria, onde, entre as moscas, os veterinários trabalhavam sem parar remendando a pele dos quadrúpedes com costuras, faixas e emplastos de alcatrão fervente, todos relinchando e escoiceando, inclusive os doutores.

        As tendas da infantaria seguiam-se por um grande trecho. O sol se punha e diante de cada tenda os soldados estavam sentados com os pés imersos em tinas de água morna. Sendo comuns os alarmes repentinos de dia e de noite, mesmo na hora do pedilúvio continuavam a segurar o capacete e a lança. Em tendas mais altas e montadas em forma de quiosque, os oficiais punham talco nas axilas e se refrescavam com leques de rendas.

        — Não fazem isso por frescura — disse Curzio —, ao contrário: querem mostrar que se acham completamente à vontade em meio à dureza da vida militar.

        O visconde de Terralba foi logo conduzido à presença do imperador. Em seu pavilhão cheio de tapeçarias e troféus, o soberano estudava nos mapas os planos de futuras batalhas. As mesas estavam cobertas de mapas abertos, e o imperador espetava neles alfinetes, retirando-os de uma almofada própria que um dos marechais lhe estendia. Os mapas já estavam tão carregados de alfinetes que não se entendia mais nada, e para ler alguma coisa precisavam tirar os alfinetes e voltar a recolocá-los. Nesse tira e põe, para ficar com as mãos livres, tanto o imperador quanto os marechais mantinham os alfinetes entre os lábios e só podiam falar por meio de ganidos.

        Ao ver o jovem que se inclinava diante dele, o soberano emitiu um ganido interrogativo e tirou depressa os alfinetes da boca.

        — Um cavaleiro recém-chegado da Itália, majestade — apresentaram-no —, o visconde de Terralba, de uma das mais nobres famílias da região de Gênova.

        — Que seja logo nomeado tenente.

        Meu tio bateu as esporas, ficando em sentido, enquanto o imperador fazia um amplo gesto real e todos os mapas se enrolavam sobre si mesmos e caíam.

        Naquela noite, embora cansado, Medardo tardou a dormir. Andava para a frente e para trás perto da tenda, e ouvia os apelos das sentinelas, os cavalos relinchando e a fala entrecortada de soldados durante o sono. Observava no céu as estrelas da Boêmia, pensava na nova patente, na batalha do dia seguinte e na pátria distante, na música dos caniços dentro d’água. No coração não guardava nem nostalgia, nem dúvidas, nem apreensão. Para ele as coisas ainda eram inteiras e indiscutíveis, e assim era ele próprio. Se tivesse podido prever a terrível sorte que o aguardava, talvez também a tivesse considerado natural e acabada, mesmo em toda a sua dor. Estendia o olhar até o limite do horizonte noturno, onde sabia que se localizava o campo dos inimigos, e com os braços cruzados apertava as costas com as mãos, contente por ter certeza ao mesmo tempo de realidades longínquas e diferentes, e da própria presença no meio delas. Sentia o sangue daquela guerra cruel, disseminado por mil córregos sobre a terra, chegar até ele; e se deixava tocar, sem experimentar raiva nem piedade.

        [...]

Ítalo Calvino. O visconde partido ao meio. Trad. Nilson Moulin. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. p. 11-16.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 7º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 222-225.

Entendendo o conto:

01 – Quem são os personagens principais introduzidos no fragmento e qual a relação entre eles?

      Os personagens principais introduzidos são o Visconde Medardo di Terralba, um jovem que se alistou na guerra para agradar a duques vizinhos, e seu escudeiro Curzio, um soldado experiente que acompanha Medardo em sua jornada. Curzio serve como guia e informante para o visconde.

02 – Qual é o cenário da guerra e quem são os inimigos?

      O cenário da guerra é nas planícies da Boêmia, e os inimigos são os turcos. Medardo e Curzio estão a caminho do acampamento dos cristãos para que o visconde se apresente ao quartel imperial.

03 – Qual a "boa sorte" que o visconde esperava encontrar ao ver as cegonhas e como Curzio desmistifica essa crença?

      O visconde Medardo havia aprendido que o voo das cegonhas era sinal de boa sorte naquelas terras. No entanto, Curzio desmistifica essa crença ao explicar que as cegonhas agora comem carne humana nos campos de batalha, devido à carestia que deixou os campos áridos e secou os rios, substituindo corvos e abutres.

04 – O que aconteceu com os corvos e abutres, as aves de rapina tradicionais?

      Os corvos e abutres foram atacados pela peste ao se alimentarem das vítimas da doença. O escudeiro aponta moitas escuras que, de perto, revelam-se não de plantas, mas de penas e pés ressecados dessas aves.

05 – Como o texto descreve os restos de batalhas nos campos e o que Medardo e Curzio encontram?

      O terreno mostrava sinais de batalhas com montes de carcaças humanas (nus, desfigurados pela peste e penugentos devido à mistura com abutres), e carcaças equinas (cavalos caídos com as vísceras expostas). Além disso, encontram membros humanos dispersos, especialmente dedos, que Curzio explica serem cortados pelos vivos para roubar anéis dos mortos.

06 – Como os cavalos reagem ao fedor das próprias tripas nos campos de batalha?

      Curzio explica que "nada desagrada tanto aos cavalos quanto o fedor das próprias tripas". Eles tentam segurar as vísceras, alguns apoiando a pança no chão e outros se virando de costas para que elas não caiam.

07 – Que tipo de pessoas habitavam os baldaquins na entrada do acampamento, e qual a advertência de Curzio sobre elas?

      Os baldaquins na entrada do acampamento eram os pavilhões das cortesãs, mulheres de cabelos encaracolados, corpulentas, com longos vestidos de brocado e seios nus. Curzio adverte que elas estavam muito sujas e empestadas, a ponto de "nem os turcos as aceitariam como presas", e carregavam parasitas como chatos, percevejos e carrapatos, além de escorpiões e lagartos fazendo ninhos nelas.

08 – De que forma os artilheiros improvisavam a cozinha e a obtenção de pólvora?

      Os artilheiros cozinhavam o rancho de água e nabos no bronze das espingardas e dos canhões, aquecido pelos disparos do dia. Para obter pólvora, eles peneiravam a terra dos campos de batalha, que estava tão impregnada de resíduos que permitia a recuperação de algumas cargas.

09 – Descreva a cena dos oficiais na tenda e a explicação de Curzio para seu comportamento.

      Os oficiais, em tendas mais altas e luxuosas, punham talco nas axilas e se refrescavam com leques de rendas. Curzio explica que eles não faziam isso por frescura, mas para mostrar que se achavam completamente à vontade em meio à dureza da vida militar, um tipo de desafio à própria realidade.

10 – Qual era o estado de espírito do Visconde Medardo na noite anterior à batalha, e o que isso revela sobre sua personalidade naquele momento?

      Naquela noite, Medardo estava cansado, mas demorou a dormir. Ele observava o céu, pensava na nova patente e na batalha, sem sentir nostalgia, dúvidas ou apreensão. O texto revela que "para ele as coisas ainda eram inteiras e indiscutíveis, e assim era ele próprio". Isso mostra uma personalidade ingênua e imatura, que ainda não havia sido afetada pelas complexidades e horrores da vida, especialmente os da guerra.

 

ARTIGO DE OPINIÃO: UM MERCADO FORA DA LEI - FRAGMENTO - ISABELLA HENRIQUES - COM GABARITO

 Artigo de opinião: Um mercado fora da lei – Fragmento

Por Isabella Henriques

        Há quase três meses foi publicada a resolução nº 163 do Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente), que passou a considerar abusiva toda e qualquer publicidade ou comunicação mercadológica dirigidas ao público infantil com menos de 12 anos.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimZuP7aysOwviHs-4x5Unw1fJLCiYfoHCP44cXEF1t6wUtBkw6HByL3m0F80sPoI3phyphenhyphenJaquE3jz-DFYDufL9SxL8BDlcXB9nM3YPXs5EBTIdHo5iyjonuIVNJy0CKDTAEYr-_dxA78sEOONNzmFtnXNDlY7L_PUEAuqliuDe7n58jtuoeOMuIjJp1Ea4/s320/destaque-publicidade-infantil.jpeg

        No entanto, o que se verifica é um completo desrespeito à norma. A publicidade que fala diretamente com a criança com a intenção de seduzi-la para o consumo continua firme e forte nos canais televisivos segmentados infantis, na tevê aberta, nos cinemas, nas escolas, nos parques, nos clubes, na distribuição de brindes colecionáveis das cadeias de fast-food e em outros inúmeros espaços de convivência.

        E como justificar isso? Como explicar para mães e pais cansados do bombardeio publicitário que atingem seus filhos que a norma está em vigor, mas praticamente o mercado inteiro não a cumpre? Não há como. Só mesmo a constatação de que, para as empresas anunciantes, para as agências de publicidade e para os veículos de comunicação envolvidos, os interesses financeiros e corporativos são enormemente mais importantes que o saudável desenvolvimento das nossas crianças.

        A publicidade e a comunicação mercadológica que se dirigem diretamente às crianças, além de ilegais, são antiéticas e imorais. Aproveitam-se da peculiar fase de desenvolvimento dos pequenos, justamente quando não conseguem entender o caráter persuasivo das mensagens ou mesmo diferenciar o conteúdo de entretenimento do comercial. A publicidade infantil intensifica problemas sociais como o consumismo infantil, a formação de valores materialistas, o aumento da obesidade infanto-juvenil, a violência e a erotização precoce.

        [...]

        Na prática, a resolução nº 163, em conjunto com o artigo 37 do Código de Defesa do Consumidor, deveria significar o fim dos abusos mercadológicos desferidos às crianças, ou seja, o fim do direcionamento da publicidade ao público infantil, à medida que se trata de uma norma emanada de um conselho deliberativo, com poder vinculante e, obrigatoriamente, precisaria ser observada e cumprida em território nacional.

        No entanto, o mercado age à revelia da norma, acreditando estar acima dela, acima do Conanda, da própria sociedade que o compõe e do clamor social pela proteção das crianças. Pensa ser até mesmo intocável pela Constituição Federal ou pelo Código de Defesa do Consumidor. Nada lhe atinge. Só o que lhe interessa é o expressivo volume financeiro que movimenta ao convencer crianças de que elas precisam consumir cada vez mais.

        Ocorre que a sociedade brasileira atual exige a responsabilização daqueles que infringem os direitos sociais, inclusive o das crianças a uma infância plena, sadia e feliz.

        É por isso que, como única forma de se frear esse assédio, caberá aos Procons, à Secretaria Nacional do Consumidor, aos Ministérios Públicos, às Defensorias Públicas e ao próprio Poder Judiciário, coibir as ilegalidades cometidas, inclusive com a aplicação das respectivas sanções, a fim de se garantir a construção de um país que verdadeiramente honre suas crianças.

Isabella Henriques. Um mercado fora da lei. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiiniao/173276-um-mercado-fora-da-lei.shtml. Acesso em: 11 mar. 2015.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 7º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 200-201.

Entendendo o artigo:

01 – Qual é o principal problema abordado pela autora no artigo?

      A autora aborda o completo desrespeito do mercado publicitário à Resolução nº 163 do Conanda, que considera abusiva toda publicidade ou comunicação mercadológica direcionada a crianças menores de 12 anos. Ela denuncia que, apesar da norma em vigor, a publicidade com a intenção de seduzir crianças ao consumo continua disseminada.

02 – Em quais canais e locais a publicidade infantil ainda está presente, segundo o texto?

      A publicidade infantil ainda está presente em canais televisivos segmentados infantis, na TV aberta, nos cinemas, nas escolas, nos parques, nos clubes, na distribuição de brindes colecionáveis de cadeias de fast-food e em "outros inúmeros espaços de convivência" das crianças.

03 – Como a autora justifica o desrespeito das empresas à resolução do Conanda?

      A autora justifica o desrespeito afirmando que, para as empresas anunciantes, agências de publicidade e veículos de comunicação, os interesses financeiros e corporativos são "enormemente mais importantes" do que o desenvolvimento saudável das crianças. Ela sugere que o mercado age "à revelia da norma, acreditando estar acima dela".

04 – Por que a publicidade direcionada a crianças é considerada antiética e imoral pela autora?

      A publicidade direcionada a crianças é considerada antiética e imoral porque se aproveita da fase peculiar de desenvolvimento dos pequenos, que ainda não conseguem entender o caráter persuasivo das mensagens ou diferenciar conteúdo de entretenimento do comercial.

05 – Quais são os problemas sociais intensificados pela publicidade infantil, de acordo com o artigo?

      A publicidade infantil intensifica problemas sociais como o consumismo infantil, a formação de valores materialistas, o aumento da obesidade infanto-juvenil, a violência e a erotização precoce.

06 – Que órgãos e poderes a autora aponta como responsáveis por coibir as ilegalidades da publicidade infantil?

      A autora aponta os Procons, a Secretaria Nacional do Consumidor, os Ministérios Públicos, as Defensorias Públicas e o próprio Poder Judiciário como os responsáveis por coibir as ilegalidades e aplicar as sanções cabíveis, sendo a única forma de "frear esse assédio".

07 – O que a Resolução nº 163 do Conanda, em conjunto com o Código de Defesa do Consumidor, deveria significar na prática?

      Na prática, a Resolução nº 163 do Conanda, em conjunto com o artigo 37 do Código de Defesa do Consumidor, deveria significar o fim dos abusos mercadológicos desferidos às crianças, ou seja, o fim do direcionamento da publicidade ao público infantil. Isso porque se trata de uma norma com poder vinculante, que deveria ser obrigatoriamente observada e cumprida em todo o território nacional.

 

ARTIGO DE OPINIÃO: CRIANÇAS, CORES E IMAGINAÇÃO - MONICA DE SOUSA - COM GABARITO

 Artigo de opinião: Crianças, cores e imaginação

Por Monica de Sousa

        Embora a discussão sobre a necessidade de regulamentar a publicidade infantil no país seja pertinente, uma resolução do Conselho Nacional da Criança e do Adolescente (Conanda), ao tentar evitar excessos, atingiu, por tabela, um sem-número de atividades econômicas e culturais destinadas única e exclusivamente à criança.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaWRoOq0hwI3-90G5BKZSC-kYpnxHUZ-LgKuBK3_cBYklgKG7Qdew-gXL9J6L8CUF2Mi-Sc2kgfZwjOEYUYGpL7Z5g3_wRF0-SFkINSOOPDShDX0WlGneW6b7ZrXYEBdwI3iUGFWxUC9tz1G815M4cHCYz8d-MoaZTX_uP6WHxZ5I0MGJCBGuPY9Jmkb0/s320/images.jpg


        Trata-se do licenciamento de marcas, pelo qual o criador de uma música, um personagem ou uma animação infantil cede o direito de uso de sua criação ao fabricante de um produto. É o licenciamento que, no final, permite que essas criações sobrevivam, dado o limitadíssimo consumo cultural em nosso país.

        A resolução, de abril deste ano, além de estabelecer que é abusiva a conduta de direcionar a publicidade à criança, com a intenção de persuadi-la para o consumo de produtos e serviços, também considera abusiva toda a comunicação mercadológica dirigida à criança que contenha linguagem infantil, excesso de cores, trilhas sonoras e personagens infantis, desenhos animados e bonecos. A mesma resolução define comunicação mercadológica não apenas como a publicidade propriamente dita, mas também páginas na internet, embalagens, ações em shows e disposição dos produtos em lojas e supermercados.

        Na tentativa de coibir eventuais abusos, a resolução provoca efeitos certamente indesejáveis. Estranho imaginar, por exemplo, uma boneca embalada em papel pardo na vitrine da loja de brinquedos ou uma caixa de lápis de cor que, por fora, seja inteira em preto e branco. Difícil aceitar também que se queira substituir o papel crucial que os pais exercem na educação de seus filhos. Aos pais cabe impor regras saudáveis de consumo de produtos e limitar compras de artigos que considerem prejudiciais às crianças.

        Ao considerar abusivo o uso de criações desenvolvidas para a criança em embalagens de produtos infantis, a resolução afetará diretamente a produção cultural voltada às crianças. Curioso notar que a nova norma abre uma exceção ao permitir o uso dos personagens, cores e trilhas sonoras infantis em campanhas de utilidade pública – como se essas mesmas criações brotassem de fonte natural e não fossem produzidas por músicos, artistas, cartunistas e escritores para serem comercializadas, direta ou indiretamente, por meio do licenciamento. Esses, sim, serão diretamente afetados caso a resolução se mantenha.

        Quem se espanta com a posição desses artistas “ao trocar suas criações por dinheiro” e acredita que a publicidade é a mais nefasta das profissões deve lembrar não apenas os casos de abuso existentes no passado e no presente e cujos exemplos proliferam nas redes sociais. Mas também aqueles que, ao atingirem em cheio o universo infantil, levaram à criança muito mais do que um simples produto. Como o lápis de cor que inseriu no imaginário infantil um valioso pedacinho da música popular brasileira ao imortalizar a “Aquarela” de Toquinho envolta em cores e desenhos na TV.

        A sociedade responsavelmente cobra dos órgãos públicos mais atenção na prevenção aos riscos a que a criança está exposta. Mas, certamente, não é seu desejo passar uma borracha nos desenhos, personagens e animações que fazem parte do universo infantil. Tampouco creio que as famílias queiram evitar o excesso de cores ou as músicas infantis que tanto encantam seus filhos em qualquer situação.

        Ainda assim, ao agir com o legítimo intuito de coibir práticas comerciais abusivas direcionadas à criança, a resolução acabou por recomendar que se apaguem algumas das luzes do universo infantil.

        O que precisamos mais do que tudo neste momento é ouvir a sociedade e debater o tema sem radicalismos, para que se chegue a um consenso do que é, no fim das contas, o melhor para a criança.

Monica de Sousa. Crianças, cores e imaginação. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/173275-criancas-cores-e-imaginacao.shtml. Acesso em: 11 mar. 2015.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 7º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 201.

Entendendo o artigo:

01 – Qual é o principal tema abordado pela autora no artigo?

      O principal tema abordado pela autora é a Resolução do Conselho Nacional da Criança e do Adolescente (Conanda) que, embora com a intenção de regulamentar a publicidade infantil e evitar excessos, acabou por afetar negativamente diversas atividades econômicas e culturais voltadas para crianças, como o licenciamento de marcas e o uso de elementos visuais e sonoros infantis.

02 – O que é o licenciamento de marcas e qual sua importância para as criações infantis, segundo o texto?

      O licenciamento de marcas é o processo pelo qual o criador de uma música, personagem ou animação infantil cede o direito de uso de sua criação ao fabricante de um produto. Segundo o texto, o licenciamento é crucial para a sobrevivência dessas criações, dada a limitação do consumo cultural no Brasil.

03 – Quais elementos a resolução do Conanda considera abusivos na comunicação mercadológica dirigida à criança?

      A resolução do Conanda considera abusivos elementos como linguagem infantil, excesso de cores, trilhas sonoras e personagens infantis, desenhos animados e bonecos em qualquer comunicação mercadológica dirigida à criança, não apenas na publicidade tradicional, mas também em páginas de internet, embalagens, shows e disposição de produtos em lojas e supermercados.

04 – Que exemplos a autora utiliza para ilustrar os "efeitos indesejáveis" da resolução?

      A autora utiliza exemplos como uma boneca embalada em papel pardo na vitrine de uma loja de brinquedos ou uma caixa de lápis de cor inteira em preto e branco por fora, para ilustrar os efeitos indesejáveis e, para ela, estranhos da resolução.

05 – Qual o papel dos pais na educação de consumo dos filhos, de acordo com o artigo?

      Segundo a autora, o papel crucial dos pais é impor regras saudáveis de consumo e limitar a compra de artigos que considerem prejudiciais às crianças. Ela argumenta que a resolução do Conanda tenta substituir esse papel fundamental dos pais.

06 – Como a resolução afeta os artistas e produtores de conteúdo infantil?

      A resolução afeta diretamente os músicos, artistas, cartunistas e escritores que criam para o universo infantil. Ao considerar abusivo o uso de suas criações em embalagens e produtos infantis, a resolução ameaça o modelo de comercialização direta ou indireta (por meio do licenciamento) que permite a sobrevivência dessas obras. A autora ressalta que, embora a resolução abra exceção para campanhas de utilidade pública, essas criações não "brotam de fonte natural", mas são produzidas para serem comercializadas.

07 – Qual é a proposta final da autora para lidar com a questão da publicidade infantil?

      A proposta final da autora é ouvir a sociedade e debater o tema sem radicalismos, buscando um consenso sobre o que é, no fim das contas, o melhor para a criança. Ela acredita que, embora a intenção de coibir abusos seja legítima, a resolução atual está "apagando algumas das luzes do universo infantil" ao proibir elementos que fazem parte da imaginação das crianças.

 

 

NOTÍCIA: PIRATAS NO COMÉRCIO - FRAGMENTO - GLOBO REPÓRTER - COM GABARITO

 Notícia: Piratas no comércio – Fragmento

        No verso improvisado de um cantador, um assunto que muita gente conhece bem. Afinal, quem nunca foi passado para trás? "O nosso Brasil brasileiro está cheio de caloteiro enganando o companheiro", canta o repentista. A zona franca da enganação está perto dos repentistas. No Centro de São Paulo, na região da Rua 25 de Março, prosperam as vendas de produtos falsificados, contrabandeados e roubados.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPQ3bJzPeQN4G8UkayQCsDH-noXdIb21iR972-NUintrqC4Nw4vqKUCiaO_fJyUUs3MrkYZDJVQhwcKuuBkV0yyLusbD4e9gtJLreBppN3qE3mEJ_-JQkbkptDi3czKr9zGb1kCZlrOKyCJHXBaDLZzjCD-0GiHzT93VSi83Tlf9mWiaWQTVE3r94a2yU/s320/unnamed-1024x671.jpg


        "A Barbie custa R$ 9", diz uma ambulante. A boneca é falsa. Na loja, a original custa entre R$ 29 e R$ 100, dependendo do modelo. A vendedora reconhece que o produto não é exatamente o mesmo, mas pelo preço... "Elas estão muito bem acabadinhas, bem montadas. Estão bonitinhas, têm brinquinho. O pessoal traz da China. O carrinho eu faço por R$ 10. Com pilhas, ele levanta os olhinhos e faz barulho", conta a ambulante.

        [...]

        Cara a cara com o camelô, nem tudo é o que parece. Camisa da seleção, jura uma vendedora, igualzinha à usada por Robinho, sai a preço de uniforme de time de várzea. Nos camelódromos do país vende-se a aparência. [...]

        "Tênis, brinquedos, peças de automóveis, peças de avião, lubrificantes de carros, medicamentos. Tudo que você imagina é vendido falsificado", conta José Henrique Werner, da Comissão Antipirataria da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro (OAB-RJ).

        Tênis de marca é sonho de consumo dos adolescentes. Os piratas sabem disso e aproveitam a ansiedade dos jovens para inundar os camelôs com cópias grosseiras e malfeitas. Acredita no vendedor quem quiser.

        "Isso aqui é primeira linha. Paraguai não vende mais tênis. É quente, custa R$ 100. Na loja está à venda por R$ 300. O preço é tão diferente porque eles não têm que correr igual a gente", justifica um vendedor ambulante.

        Loja cheia. Depósito da polícia lotado. Só a pirataria de óculos, brinquedos, roupas e tênis rouba dos brasileiros R$ 9 bilhões por ano, diz uma pesquisa feita pelo Ibope e encomendada pelas indústrias. Daria para cobrir 20% do rombo nas contas da Previdência Social.

        No meio da pilha de produtos piratas tirados de circulação, lá está um tênis igualzinho ao que foi visto pela equipe do Globo Repórter na barraca de um camelô.

        "O tênis original é testado até a exaustão. O falsificado, obviamente, não é. É mais barato, mas com certeza a pessoa vai ter que pagar um médico depois para consertar a coluna", diz José Henrique Werner.

        Um depósito guarda o resultado de várias apreensões feitas nos últimos quatro anos de tênis falsificados. Dentro de pacotes estão 50 mil pares, quantidade que daria para calçar jogadores de 4,5 mil times de futebol. Alguns são contrabandeados, vêm do exterior. Mas a maioria é feita no Brasil. As falsificações nacionais são praticamente idênticas aos modelos legítimos.

        [...]

        Cerco à falsificação

        Todos – compradores e vendedores – sabem que estão em um território fora da lei. A informação acaba de chegar pelo rádio da polícia, os agentes correm para o Centro da cidade. Mais um laboratório de cópias ilegais de CDs vai ser fechado no Rio de Janeiro.

        Dois meses de investigações levaram os policiais a um apartamento no Centro do Rio de Janeiro. O que não foi nenhuma surpresa para os investigadores, que já sabem: a grande maioria dos laboratórios de cópias piratas de CD funciona na casa de pessoas atraídas pelas quadrilhas de distribuição ilegal de CDs e que, com a ilusão da impunidade, acabam transformando o próprio lar em local controlado pelo crime.

        [...]

        [...] O telefone não para de tocar. Se existe CD pirata, é porque tem quem compre. Um cliente ligou para a loja e o repórter Flávio Fachel atendeu:

        Cliente: Eu queria comprar um DVD.

        Flávio Fachel, repórter: Você prefere original ou cópia?

        Cliente: Prefiro a cópia, porque é mais barata.

        Flávio Fachel: Só tem um problema: a polícia acabou de fechar a loja e todos foram presos.

        Cliente: É mesmo?!

        Fim da operação. Mais caixas de CDs apreendidos. Os policiais, com suas sirenes, vão embora. Mas o camelódromo, reino encantado da pirataria, esse não para.

        "O original é muito mais caro", ressalta uma vendedora ambulante.

        Brincadeira ameaçada

        O perigo também está escondido em brinquedos vendidos nas ruas. Uma boneca e um carrinho comprados pela equipe do Globo Repórter em um camelô foram levados para um laboratório especializado em analisar a segurança de brinquedos.

        Qual a criança que nunca quebrou um brinquedo? O problema é que os pedacinhos podem fazer um estrago grande. "Depois de um ensaio de impacto, o brinquedo quebrou, dividindo-se em partes pequenas e formando pontas. Isso não é normal. Há plásticos que você pode jogar 20 vezes e não acontece nada", diz a técnica de laboratório Luciana Arantes.

        E uma peça dessas na garganta? A boneca também tem armadilhas no cabelo e na roupa. "A embalagem do produto deveria ter uma rotulagem advertindo que contém partes pequenas", avalia Luciana.

        Os resultados dos testes químicos são mais assustadores. A tinta do carrinho tinha chumbo e antimônio em quantidade bem acima do nível seguro para o organismo.

        "O importante nos metais pesados é o efeito cumulativo no organismo. Ele não é eliminado, vai sendo somado sempre. Cada vez que a criança tem contato com um material desses vai acumulando no organismo – nos ossos, no sistema nervoso, nos rins", explica o engenheiro químico Mariano de Araújo Bacellar Neto.

        O risco não é só para a saúde do corpo. Um produto pirateado também ameaça à saúde da economia. Como a indústria e o comércio que pagam impostos vendem menos, também contratam menos gente. É menos emprego com carteira assinada, menos funcionários no chão da fábrica. Aliás, muitas vezes, essa concorrência desleal pode fazer desaparecer uma empresa inteira.

        O dinheiro que o Brasil perde todos os anos com a pirataria faz falta para muita gente. Com R$ 9 bilhões dá para construir 300 mil casas populares, ou então, distribuir mais de 51 milhões de cestas básicas. É mesmo muito dinheiro perdido.

Globo Repórter, 21 out. 2005. Disponível em: http://grep.blobo.com/Globoreporter/0,19125,VGCo-2703-6946-2,00.html. Acesso em: 10 mar. 2015.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 7º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 193-194.

Entendendo a notícia:

01 – Onde a pirataria é mais evidente, de acordo com a notícia?

      A pirataria é especialmente evidente no Centro de São Paulo, na região da Rua 25 de Março, e em camelódromos por todo o país. Além disso, a notícia menciona que muitos laboratórios de cópias piratas de CD funcionam na casa de pessoas atraídas por quadrilhas de distribuição ilegal.

02 – Que tipos de produtos são mais comumente falsificados ou contrabandeados?

      Praticamente tudo que se pode imaginar é vendido falsificado. A notícia menciona especificamente: bonecas (como a Barbie), carrinhos de brinquedo, camisas de seleção, tênis, peças de automóveis e avião, lubrificantes, medicamentos e CDs/DVDs.

03 – Qual é a principal justificativa dos vendedores ambulantes para o preço mais baixo dos produtos piratas?

      Os vendedores ambulantes justificam o preço mais baixo dos produtos piratas afirmando que não têm os mesmos custos operacionais e impostos que as lojas tradicionais. Por exemplo, um vendedor de tênis diz: "O preço é tão diferente porque eles não têm que correr igual a gente".

04 – Quais são os riscos para a saúde e segurança associados aos produtos piratas, segundo a reportagem?

      Os produtos piratas apresentam diversos riscos à saúde e segurança. Brinquedos falsificados podem quebrar facilmente em partes pequenas, formando pontas que representam risco de engasgamento. Além disso, a tinta de brinquedos pode conter metais pesados como chumbo e antimônio em níveis perigosos, que se acumulam no organismo, afetando ossos, sistema nervoso e rins. No caso de tênis falsificados, a falta de testes e qualidade pode levar a problemas de coluna.

05 – Qual o impacto econômico da pirataria para o Brasil?

      A pirataria de óculos, brinquedos, roupas e tênis rouba R$ 9 bilhões por ano dos brasileiros, de acordo com uma pesquisa do Ibope. Esse valor daria para cobrir 20% do rombo nas contas da Previdência Social, construir 300 mil casas populares, ou distribuir mais de 51 milhões de cestas básicas. Além disso, a concorrência desleal leva a menos empregos formais e pode até mesmo fazer empresas legítimas desaparecerem.

06 – Como a polícia atua no combate à pirataria, conforme descrito na notícia?

      A polícia realiza apreensões de produtos piratas e fecha laboratórios de cópias ilegais. A notícia descreve uma operação em que, após dois meses de investigação, policiais fecham um apartamento no Centro do Rio de Janeiro que funcionava como laboratório de cópias piratas de CDs. As apreensões resultam em depósitos lotados de produtos falsificados.

07 – Por que as pessoas continuam comprando produtos piratas, mesmo cientes dos riscos e da ilegalidade?

      As pessoas continuam comprando produtos piratas principalmente pelo preço significativamente mais baixo em comparação com os produtos originais. A reportagem mostra um cliente que prefere a cópia de um DVD "porque é mais barata", e uma vendedora ambulante que ressalta que "o original é muito mais caro". A ilusão da impunidade também atrai pessoas para a produção ilegal.