quinta-feira, 9 de maio de 2019

ROMANCE: FOGO MORTO - (FRAGMENTO) - JOSÉ LINS DO REGO - COM GABARITO

Romance: Fogo Morto - Fragmento
                 José Lins do Rego

        [...]       
        Nunca mais que o cabriolé de Seu Lula enchesse as estradas com a música de suas campainhas. A família do Santa Fé não ia mais à missa aos domingos. A princípio correra que era doença no velho. Depois inventaram que o carro não podia mais rodar, de podre que estava. Os cavalos não aguentavam mais com o peso do corpo. Na casa-grande do engenho do capitão Tomás a tristeza e o desânimo haviam tomado conta até de D. Amélia. Não tinha coragem de sair de casa com aquela afronta, ali a dois passos, com um morador atrevido sem levam em conta as ordens do senhor de engenho. Todos na várzea se acovardavam com as ordens do cangaceiro. O governo mandava tropa que maltratava o povo, e a força do bandido não se abalava. Pobre de seu marido, que não pudera contar com a ajuda dos outros proprietários. Estivera no Santa Rosa e o conselho que lhe deram fora para que não tomasse providência nenhuma perante as autoridades. Todos temiam as represálias. Lula não lhe dizia nada, mas só aquilo de não querer mais botar a cabeça de fora, de fugir até das obrigações de sua devoção, dizia da mágoa que lhe andava na alma. Não lhe tocara no assunto, mas teve vontade de tomar o trem e ir valer-se do Presidente. Não faria isto para não humilhá-lo. Era o fim que ela não esperava que chegasse assim. O engenho se arrastava na safra de quase nada. Mas ainda moía. [...]
        Tudo se calara e D. Amélia parecia que havia saído de um sonho. Agora, a casa silenciava. [...] O gado do engenho vinha chegando para o curral. Pobre gado, meia dúzia de reses. O moleque que o pastoreava gritava para os dois velhos.
        [...] Foi acender o candeeiro da sala de jantar. E quando trepou na cadeira para cortar o pavio, viu na porta de frente uns homens parados na calçada. Acendeu a luz e saiu para saber o que era aquilo. [...]
        Era o Capitão Antônio Silvino no Santa Fé. Os cangaceiros cercaram a casa, e o negro Floripes, amarrado, chorava de medo.
        [...]
        Estendido no marquesão, o senhor de engenho arquejava. A mulher perto dele chorava, enquanto os cabras já estavam no quarto rebulindo tudo. Foi quando se ouviu um grito que vinha de fora. Apareceu o velho Vitorino, acompanhado de um cangaceiro:
        -- Capitão, este velho apareceu na estrada, dizendo que queria falar com o senhor.
        -- Quem é você, velho?
        -- Vitorino Carneiro da Cunha, um criado às ordens.
        -- E o que quer de mim?
        -- Que respeite os homens de bem.
        -- Não estou aqui para ouvir lorotas.
        -- Não sou loroteiro. O Capitão Vitorino Carneiro da Cunha não tem medo de ninguém. Isso que estou dizendo ao senhor disse na focinheira do tenente Maurício.
        -- O que quer este velho?
        -- Tenho nome, Capitão, fui batizado.
        -- Deixe de prosa.
        -- Estou falando como homem. Isto que o senhor está fazendo com o Coronel Lula de Holanda é uma miséria.
        -- Cala a boca, velho.
        Um cangaceiro chegou-se para perto de Vitorino.
        -- Olha, menino, estou falando com o teu chefe. Ainda não cheguei na cozinha.
        -- Deixa ele comigo, Beija-Flor.
        -- O que eu lhe digo, Capitão Antônio Silvino, é o que digo a todo mundo. Eu, Vitorino Carneiro da Cunha, não me assusto com ninguém.
        -- Par com isso, senão eu te mando dar um ensino, velho besta.
        -- Tenho nome. Sou inimigo político do Coronel Lula, mas estou com ele.
        -- Está com ele? Pega este velho, Cobra Verde
        Vitorino fez sinal de puxara o punhal, encostou-se na parede e gritou para o cangaceiro:
        -- Venha devagar.
        Uma coronhada de rifle na cabeça botou-o no chão, como um fardo.
        [...]
        Mas quando ia mais adiantada a destruição das grandezas do Santa Fé, parou um cavaleiro na porta. Os cangaceiros pegaram os rifles. Era o coronel José Paulino, do Santa Rosa. O chefe chegou na porta.
        -- Boa noite, coronel.
        -- Boa noite, capitão. Soube que estava aqui no engenho do meu amigo Lula e vim até cá.
        E olhando para o piano, os quadros, a desordem de tudo:
        -- Capitão, aqui estou para saber o que quer o senhor do Lula de Holanda. E vendo d. Amélia aos soluços, e o velho estendido no marquesão:
        -- Quer dinheiro, capitão?
        A figura do Coronel José Paulino encheu a sala de respeito.
        -- Coronel, este velho se negou ao meu pedido. Eu sabia que ele guardava muito ouro velho, dos antigos, e vim pedir com todo o jeito. Negou tudo.
        -- Capitão, me desculpe, mas esta história de ouro é conversa do povo. O meu vizinho não tem nada. Soube que o senhor estava aqui e aqui estou para receber as suas ordens. Se é dinheiro que quer, eu tenho pouco, mas posso servir.
        Vitorino apareceu a porta. Corria sangue de sua cabeça branca.
        -- Estes bandidos me pagam.
        -- Cala a boca, velho malcriado. Pega este velho, Cobra Verde.
        -- Capitão, o meu primo Vitorino não é homem de regular. O senhor não deve dar ouvido ao que ele diz.
        -- Não regula, coisa nenhuma. Vocês dão proteção a estes bandidos e é isto que eles fazem com os homens de bem.
        [...]
        -- Coronel, eu me retiro. Aqui eu não vim com o intuito de roubar a ninguém. Vim pedir. O velho negou o corpo.
        -- Pois eu lhe agradeço, capitão.
        A noite já ia alta. Os cangaceiros se alinhavam na porta. Vitorino, quase que se arrastando, chegou-se para o chefe e lhe disse:
        -- Capitão Antônio Silvino, o senhor sempre foi da estima do povo. Mas deste jeito se desgraça. Atacar um engenho como este do Coronel Lula, é mesmo que dar surra num cego.
        -- Cala a boca, velho.
        -- Este que está aqui só se cala com a morte.
        Quase que não podia falar. E quando os cabras se foram, o Coronel José Paulino voltou para a sala para confortar os vizinhos. D. Amélia chorava como uma menina. Toda a casa-grande do Santa Fé parecia revolvida por um furacão. [...]
        [...]
        Agora já tinha chegado gente. O dia clareava a desgraça da sala revolta. O Coronel José Paulino despediu-se dos amigos e prepara-se para sair.
        -- Vitorino, vamos para casa.
        -- Está muito engando. Daqui saio para a estação. Vou telegrafar ao Presidente para lhe contar esta miséria. O Rego Barros vai saber disso. Este merda do Antônio Silvino pensava que me fazia correr. De tudo isto, o culpado é você mesmo. Deram gás a este bandido. Está aí. Um homem como Lula de Holanda desfeiteado como um camumbembe. Eu não tenho dinheiro na burra, sou pobre, mas um cachorro deste não pisa nos meus calos.
                                  17 ed. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1977. p. 249-61.
Entendendo o romance:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:
·        Burra: cofre.
·        Desfeiteado: insultado.
·        Cabriolé: charrete puxada por um só cavalo.
·        Rebulir: remexer.
·        Camumbembe: vadio, vagabundo, mendigo.
·        Revolto: desarrumado, desajeitado.

02 – Considere estes fragmentos do texto:
        “Inventaram que o carro não mais podia rodar, de podre que estava.”
        “Os cavalos não aguentavam mais com o peso do corpo”.
        “O engenho se arrastava na safra de quase nada”.
a)   O que os fragmentos revelam sobre a situação do engenho do Coronel Lula?
Revelam a decadência do engenho, que já não é mais produtivo, como fora na passado.

b)   Que consequência essa situação do engenho trazia para o convívio social do Coronel Lula? Justifique sua resposta com elementos do texto.
A perda de autoridade. Por exemplo, ele expulsa um morador, mas este se nega a sair; seu engenho é invadido por cangaceiros.

03 – O cangaço, que assustava tanto os poderosos quanto as pessoas simples, fazia parte da vida nordestina nas primeiras décadas do século XX.
a)   Que fatos do texto demonstram que o cangaço se ligava ao banditismo?
Os cangaceiros são procurados pela polícia; invadem e vasculham o engenho a fim de amedrontar e roubar.

b)   Ao tentar defender seu vizinho Lula de Holanda, com que autoridade o Coronel José Paulino se dirige ao cangaceiro Antônio Silvino?
Com a autoridade de quem é um coronel rico e poderoso.

04 – O Capitão Vitorino, uma das personagens principais de Fogo Morto, é certamente resultado da observação dos muitos tipos humanos que o autor conheceu na infância. Vitorino por suas ações e por seus ideais de justiça, é frequentemente associado à personagem D. Quixote, criado pelo escritor espanhol Miguel de Cervantes.
a)   Em que consiste a indignação do Capitão Vitorino diante das afrontas do cangaceiro?
Na revolta contra o tratamento que o cangaceiro dá a pessoas indefesas.

b)   Por que ele pode ser considerado uma figura quixotesca?
Porque, tendo certa idade, estando desarmado e sozinho, não tem a menor condição de sair-se bem do enfrentamento com os cangaceiros. Mesmo assim não desiste, diz o que pensa, apanha e, no final, diz que vai telegrafar ao presidente, como se este soubesse quem ele era.

05 – Em depoimento dado a Medeiros Lima e publicado em Políticas e Letras (1948), José Lins Rego afirmava: “Não cuido da forma porque a minha forma é a coisa mais natural deste mundo. Ordem direta, oração principal com sujeito claro, pronomes colocados de ouvido e, sobretudo, adotando soluções que são soluções da língua do povo”.
a)   Identifique no texto trechos que exemplifiquem, de fato, a utilização da língua do povo.
Entre outros: “não cheguei na cozinha”; “Deixa ele comigo, Beija-flor”.

b)   Essa concepção de língua literária é compatível com as ideias defendidas pelos modernistas da primeira geração?
Sim, é inteiramente compatível.

c)   Observe o emprego do discurso direto no texto. Que resultado essa técnica imprime à narrativa?
A narrativa flui com agilidade e naturalidade, aproximando-se da língua oral – característica que interessava aos modernistas de 1920 e continuava a interessar aos romancistas de 1930.

 
       



POEMA: TABACARIA - FERNANDO PESSOA - COM QUESTÕES GABARITADAS

Poema: TABACARIA
          
    Fernando Pessoa

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
[...]
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
[...]
(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.

Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folhas de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)
[...]
Fiz de mim o que não soube,
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.
[...]
Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olhou-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, e eu deixarei versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, e os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?),
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.
(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.

O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o: é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.

Poesias de Álvaro de Campos. Fernando Pessoa. Lisboa:
Ática, 1944 (imp. 1993). - 252. Obra poética, cit. p. 362-6.
Entendendo o poema:
01 – O eu lírico do poema faz considerações a respeito de si mesmo, de sua identidade e de sua relação com o mundo.
a)   Como o eu lírico se sente diante da realidade em que vive?
Sente-se desagregado, não compartilha os valores da realidade.

b)   Tendo como referência a questão da identidade individual e social de cada ser humano, explique a crítica e a autocrítica existente nestes versos: “Quando quis tirar a máscara, / Estava pegada à cara”.
O autor refere-se às máscaras que cada um de nós usa socialmente. No caso do eu lírico, quando quis romper com essas convenções e ser ele mesmo, já havia perdido sua própria identidade.

02 – De acordo com o texto, o que significa as palavras:
·        Algibeira: bolso.
·        Dominó: túnica com capuz e mangas para disfarce de mascarados no carnaval.

03 – No texto, são feitas três referências à metafísica. Metafísica (além da física), no sentido habitual, é todo conhecimento ou especulação filosófica relacionados com o ser ou com sua transcendência. No poema, é com certo desprezo que o eu lírico trata a metafísica, como no verso “Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates”.
a)   Apesar disso, o eu lírico pratica a metafísica no poema? Justifique.
Sim, pois suas reflexões sobre o ser – a identidade, o sentido da vida, o futuro do mundo, et. – são temas metafísicos.

b)   Qual a vantagem, segundo a visão expressa no texto, em comer bombons, como faz a menina, ou ser como “o Esteves sem metafísica”?
Essas pessoas são o que são e, por não terem despertado para certos problemas da existência, não ficam filosofando, vivem de forma natural e simples.

c)   Com base na opinião do eu lírico sobre a metafísica, explique os sentidos dos versos: “Se eu casasse com a filha da minha lavadeira / Talvez fosse feliz”.
Provavelmente, a filha da lavadeira é uma pessoa simples, como o Esteves. Se o eu lírico se casasse com ela, talvez aprendesse a ser simples também e a não complicar as coisas. Esse pensamento é apenas uma especulação, pois a consciência e irreversível.

04 – Observe que, na 5ª estrofe, o eu lírico faz uma verdadeira “viagem” mental, especulando sobre seu próprio futuro e sobre o futuro do mundo. Suas reflexões são interrompidas por um fato concreto; um homem (Esteves) entra na tabacaria, fazendo com que a “realidade plausível” caia sobre o eu lírico. Este, agora “acordado”, diz: “Semiergo-me enérgico, convencido, humano, / E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário”.
a)   Com base nesses versos, levante hipóteses: É provável que eu lírico pretendesse tratar de temas metafísico ou de temas reais? Por quê?
De temas reais, pois se ergue “enérgico” e “humano”, o que pressupõe uma interação com o mundo concreto, real.

b)   Ele conseguiu seu objetivo? Justifique.
Não, pois, conforme afirma, tenciona escrever “versos em que digo o contrário”, o que nos leva a crer que acabou escrevendo versos metafísicos.

c)   Ao dizer, então, que “a metafísica é uma consequência de estar mal disposto”, o eu lírico está blefando ou não? Por quê?
Está blefando, pois obviamente, para o eu lírico, ela não é apenas resultado de uma indisposição física, e, sim, parte integrante de um ser que está em crise com o mundo e consigo mesmo.


TEXTO: SANGUE PARA TESTEMUNHAS DE JEOVÁ - REVISTA ISTO É - COM GABARITO

Texto: Sangue para testemunhas de Jeová

        “As testemunhas de Jeová proíbem seus fiéis de receberem transfusões de sangue.
        Para impedir a morte em fiéis dessa crença cientistas belgas desenvolveram uma técnica com o qual é possível aumentar o número de glóbulos vermelhos (células do sangue que carregam o oxigênio) e reciclar o sangue do paciente, descartando a necessidade de uma transfusão.
        A nova técnica foi realizada com sucesso em um paciente que era testemunha de Jeová e precisava de um transplante de fígado”.

                                                             Revista Isto É, 26 maio 1999.
Entendendo o texto:

01 – Exponha seu ponto de vista sobre a proibição imposta às Testemunhas de Jeová.
      Resposta pessoal do aluno.

02 – Retire do texto quatro exemplos de substantivos uniformes e classifique-os quanto ao gênero.
      Testemunha (masculina e feminina): substantivo sobrecomum; (seus) fiéis e (suas) fiéis, (os) cientistas e (as) cientistas, (o) paciente e (a) paciente: substantivos comuns de dois gêneros.

03 – Que tipo de substantivo uniforme não aparece no texto? Dê três exemplos.
      Os substantivos epicenos, que se referem a animais: a borboleta macho / a borboleta fêmea; o mosquito macho / o mosquito fêmea; a tartaruga macho / a tartaruga fêmea.

04 – Explique por que na quarta linha o substantivo técnica é acompanhado pelo artigo uma e na oitava é acompanhado pelo artigo a (a nova técnica).
      Na terceira linha, ainda não se conhece a técnica de se aumentarem os glóbulos vermelhos, por isso usou-se o artigo indefinido; já na oitava linha, o leitor sabe de que técnica se trata. Assim, já se pode especificar o substantivo por meio do artigo a.


TEXTO: SERRA GAÚCHA - FONTE: INTERNET - COM GABARITO

Texto: Serra Gaúcha

        Serra Gaúcha: você vai se apaixonar por ela!

        Com colonização europeia, belíssimas paisagens, rico folclore, parques e praças, oportunidades de práticas de esportes radicais e uma gastronomia invejável, a Serra Gaúcha proporciona aos seus visitantes momentos únicos e uma viagem inesquecível. Formada por grandes ou pequenas, colônias ou industriais, todas turísticas, as cidades da Serra se destacam por seus vinhos, gastronomia, cultura e belezas naturais.
        Este é um destino indicado para todas as idades, pois reúne diversos atrativos, os quais agradam desde os mais jovens até os mais experientes, e consequentemente, mais exigentes!

                                               Retirado de uma página da internet.
Entendendo o texto:

01 – no texto, predominam passagens descritivas. Considerando a finalidade a que se destina, ou seja, atrair a atenção de possíveis visitantes, por que isso ocorre?
      Porque é necessário ressaltar os aspectos positivos do lugar.

02 – Na descrição da Serra Gaúcha apresentada nesse prospecto turístico, sobressai que tipo de característica?
      As características físicas, ligadas à descrição das paisagens naturais ou urbanas.

03 – Que elementos das cidades gaúchas são destacados pelo prospecto?
      Os vinhos, a gastronomia, a cultura e as belezas naturais.

04 – Se esse fosse um prospecto para uma viagem ao Nordeste do Brasil, que características você acha que seriam ressaltadas?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: No caso do Nordeste, a exuberância da natureza e as belas praias são, em geral, os aspectos mais destacados.

05 – A quem se destina esse prospecto?
      Aos possíveis turistas interessados em visitar o Sul.

06 – Observando o site, é possível notarmos que as imagens ocupam tano ou mais espaço que os textos verbais. Na sua opinião, por que isso ocorre?
      Porque as imagens mostram o que o texto descreve, e são fundamentais no prospecto turístico porque confirmam visualmente o que é escrito a respeito dos lugares.

07 – Se você tivesse de criar um prospecto turístico de sua cidade, para atrair turistas vindos de outras regiões do Brasil, a que aspectos daria destaque? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.

TEXTO: FESTA DE IEMANJÁ - MARCELO XAVIER - COM QUESTÕES GABARITADAS

Texto: FESTA DE IEMANJÁ
         
                      Marcelo Xavier

        Cinco horas da manhã do dia 2 de fevereiro. O bairro do Rio Vermelho, em Salvador, acorda com um foguetório daqueles. Está começando mais uma festa de Iemanjá, e vai durar o dia todo. As primeiras pessoas chegam, com seus  presentes para a rainha do Mar. São perfumes, espelhos, flores, brinquedos, colares, pulseiras. No barracão dos pescadores, os organizadores recebem as oferendas, que vão colocando em grandes balaios redondos. Algumas baianas jogam água-de-cheiro na cabeça do povo. Outras dançam, girando e cantando pontos de candomblé, ao som de atabaques, agogôs, tambores e pandeiros. O sol brilha sobre tudo, como o mais ilustre dos convidados. O mar espera, paciente. Ele sabe que, ao final da tarde, como sempre, todos aqueles presentes vão acabar em suas águas. O mar é a casa de Iemanjá portanto, a festa é dele, também.
        O presente principal é arrumado com todo carinho, por um grupo de pessoas. Trata-se da escultura de um enorme golfinho, cercado de bonecos, espelhos e outros presentes menores.
        A certa altura do dia, a fila de oferendas parece uma enorme serpente, enfeitada de flores, arrastando-se lentamente na direção do barracão. No corpo dessa fila-serpente tem gente de todo tipo. A maioria se veste de branco. Na cabeça, lenços e chapéus. Nas mãos, os presentes para Iemanjá.
        Toda a região é tomada pelos cheiros, gostos e sons da festa: são vendedores de fitinhas coloridas, colares, comida, bebida, flores; baianas, com seus tabuleiros, e bandos de devotos.
        Às quatro horas da tarde, como bem sabia o mar, os balaios, carregados de presentes e de flores, são levados para os barcos, junto com o presente principal. Ao som de palmas, vivas, batuques e cantos, o cortejo parte para o alto-mar, onde vão ser deixados os presentes.
        No bairro de Rio Vermelho, festa continua até o amanhecer.

    XAVIER, Marcelo. Festas – O folclore do Mestre André. Belo Horizonte: Formato, 2000.

Entendendo o texto:
01 – O autor começa e termina o texto com palavras ou expressões que indicam tempo. Transcreva essas palavras ou expressões.
      Cinco horas da manhã do dia 2 de fevereiro / amanhecer.

02 – No terceiro parágrafo, não há indicação precisa do momento em que se forma uma enorme fila:
a)   Transcreva a expressão que justifica essa afirmativa.
“A certa altura do dia...”

b)   A que o autor compara a fila? O que permite a ele fazer essa comparação? 
O autor compara a uma enorme serpente. Possivelmente, o que o leva a fazer essa comparação é o formato sinuoso dela, como o de uma serpente. Também o tamanho da fila e o dato de ela arrastar-se lentamente, igualzinho a uma serpente, permitiram que o autor fizesse essa comparação.

03 – No quarto parágrafo, há a referência a três órgãos dos sentidos. Que órgãos são esses?
      Olfato (cheiro), paladar (gosto), audição (som).

04 – Releia de “Festa de Iemanjá”, o trecho a seguir: “Às quatro horas da tarde, como bem sabia o mar, os balaios, carregados de presentes e de flores, são levados para os barcos, junto com o presente principal. Ao som de palmas, vivas, batuques e cantos, o cortejo parte para o alto-mar, onde vão ser deixados os presentes.”
a)   De que fato o mar tinha conhecimento?
Do horário costumeiro em que as oferendas são levadas para os barcos que irão até alto-mar, onde elas serão lançadas.

b)   Leia o quadro a seguir com atenção:
Personificação é um recurso pelo qual o escritor atribui atitudes e sentimentos humanos a seres inanimados.
Podemos dizer que no trecho acima ocorre personificação? Justifique.
Sim. Atribuem-se características humanas a um elemento da natureza, o mar.

05 – Pela leitura do texto, é possível sabermos como acontece a “Festa de Iemanjá”: o autor explica as etapas dessa festa. Releia o texto e diga em quantas etapas se divide a festa de Iemanjá.
      A “Festa de Iemanjá” divide-se em três etapas: 1ª parte: o início, às cinco horas da manhã. 2ª parte: a organização das oferendas e a partida do cortejo de barcos para o mar. 3ª parte: a festa que se segue à partida e que se estende noite adentro.

06 – Você já participou ou costuma participar de alguma celebração como a festa de Iemanjá? Em caso afirmativo, faça um breve relato sobre a experiência da festa: o que há nela, quais as etapas ou partes em que se divide, o que ocorre durante as celebrações.
      Resposta pessoal do aluno.

07 – Em seu caderno, transcreva do texto “Festa de Iemanjá”, o que se indica em cada item a seguir:
a)   Um substantivo masculino plural que significa cestos.
Balaios.

b)   Um substantivo masculino singular que significa religião introduzida no Brasil por africanos escravizados.
Candomblé.

c)   Um substantivo feminino plural que significa dádivas, presentes.
Oferendas.

d)   Um substantivo masculino singular que significa procissão, acompanhamento.
Cortejo.

08 – No trecho abaixo, retirado do texto, as palavras em destaque atribuem ações e características de seres animados ao mar. Portanto, estão empregadas em sentido figurado. Escreva frases empregando cada uma dessas palavras destacadas em sentido próprio, isto é, atribuindo essas ações e características a um ser animado: “O mar espera, paciente. Ele sabe que, ao final da tarde, como sempre, todos aqueles presentes vão acabar em suas águas.”
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: O trabalhador espera, paciente, na fila do ônibus. Ele sabe que, no início da noite, como sempre, estará em casa.

09 – Na segunda linha do texto, o autor emprega a palavra foguetório.
a)   O que ela significa?
Grande quantidade de foguetes que estouram ao mesmo tempo.

b)   Veja como ela é formada: foguete+ório.
Compare com a palavra consultório (consulta+ório). O elemento -ório tem o mesmo significado nas duas palavras?
Não. Em foguetório, indica grande quantidade; Em consultório, indica lugar.




terça-feira, 7 de maio de 2019

FILME(ATIVIDADES): ETERNAMENTE PAGÚ - NORMA BENGELL - COM SINOPSE E QUESTÕES GABARITADAS

Filme(ATIVIDADES): ETERNAMENTE PAGÚ

Data de lançamento desconhecida (1h 40min)
Criador(es): Norma Bengell
Gênero Drama
Nacionalidade Brasil

SINOPSE E DETALHES

        Fins dos anos vinte, Pagú ainda não tem vinte anos e já encanta os meios intelectuais avançados de São Paulo, da mesma forma que escandaliza os conservadores. É apresentada aos membros da ala radical do movimento modernista, liderada por Oswald de Andrade, brilhando entre estrelas não menos cintilantes, como a pintora Tarsila do Amaral. Pagú e Oswald se amam. Têm um filho, militam no Partido Comunista, fundam um jornal. Pagú vai à Argentina, onde encontra Luiz Carlos Prestes. Participa de uma greve em Santos e é presa pela primeira vez. Em seguida, parte numa viagem pelo mundo, deixando Oswald e o garoto e sempre convivendo com artistas e militantes de esquerda.

Entendendo o filme:

01 – De que se trata este filme?
      Mostra a trajetória de Pagú, sua luta, talento e insatisfação dessa mulher visionária, indignada com os abusos do governo de Getúlio Vargas, com a exploração do proletariado e com a hipocrisia da burguesia brasileira.

02 – Pagú tem um talento literário permeado com versos e frases, mas no filme destaca um outro lado de Pagú, qual?
      Sua militância política – a participação em comícios e greves; o sofrimento durante as prisões e as viagens pelo mundo.

03 – Quem foi “Pagú” e o que fez ela de tão importante?
      Patrícia Rehder Galvão, conhecida pelo pseudônimo de Pagú, (São João da Boa Vista, 9 de junho de 1910 – Santos, 12 de dezembro de 1962), foi uma escritora e jornalista brasileira. Militante comunista, teve grande destaque no movimento modernista iniciado na década de 20.
      Em 1935 é presa em Paris como comunista estrangeira, com identidade falsa, e é repatriada par o Brasil.

04 – Como se pode definir o comportamento a escritora, jornalista e ativista política Patrícia Rehder Galvão (Pagú)?
      Uma mulher visionária, inovadora, dedicou sua vida à luta pela igualdade e justiça social e chocou a sociedade paulistana por ser irreverente, liberada e politizada. Era vista como extravagante e rebelde.