Adolescência e
identidade
Rosely Sayão
ENTENDENDO O TEXTO
"Ser adolescente não é fácil e
meus pais não percebem isso", disse-me uma garota de 15 anos, chorando.
Concordo com ela, por vários motivos.
De largada, eles foram considerados "aborrecentes", uma expressão que
deve ser riscada do vocabulário, já que sugere que os jovens aborrecem os
adultos com suas crises, mudanças de humor, rebeldias etc.
Com sua presença, enfim.
A quem considera os adolescentes
desagradáveis, lembro que todo adulto já encarnou um, fato que costuma ser
convenientemente esquecido. E lembro, também, que é preciso entender que deixar
de ser criança significa, primeiramente, perder muita coisa.
A ansiedade que os jovens sentem com as
mudanças que ocorrem no corpo deles não é coisa pequena nesse mundo em que a
aparência é tão valorizada, por exemplo. Mas hoje vou conversar sobre o
processo de crise de identidade nessa fase.
Os pais são o prolongamento da criança,
já que tudo o que ela faz passa por eles. Perder esse apoio e referência tão
fortes provoca vulnerabilidade e é trabalhoso porque significa construir e
procurar sua própria identidade. Isso supõe testar capacidades, aprender a
reconhecer limites e riscos, organizar sua relação com o grupo e reconhecer o que
quer e o que pensa, entre outros processos.
Passar por isso com a fragilidade que
os adultos vivem nesse tempo só torna as coisas ainda mais difíceis. Essa é a
crise de identidade, uma das passagens inevitáveis desse período.
Para saber quem quer ser, o adolescente
precisa saber quem são seus pais. Para chegar a um local desconhecido é preciso
estar bem localizado, saber onde está e de onde veio, não é?
O espírito da lei recentemente aprovada
no Senado, que permite aos filhos adotados conhecer dados de seus pais
biológicos, é esse. O problema é que esse conhecimento tem sido complicado
porque muitos pais não dão rumo aos filhos.
"Você escolhe, você é quem sabe,
você decide" são expressões que os pais dizem com frequência a filhos
pequenos acreditando que, com isso, lhes dão autonomia. Não. Desse modo, negam
aos filhos o conhecimento de quem são e de onde estão e a própria condição de
criança. "Sou praticamente um adulto", ouvi um garoto de nove anos
dizer.
Para tornar-se adulto, o adolescente
precisa passar por sua crise dentro da família para conseguir se organizar fora
dela. Por isso, os pais precisam "segurar a onda", apoiá-lo e se
fazer presentes não fisicamente sempre que o filho precisar.
A família precisa ser continente para o
filho em crise, mas muitos pais estão "caindo fora", como dizem os
jovens.
Ser impotente para se relacionar com o
filho adolescente parece uma epidemia e isso só agrega dificuldade à já difícil
tarefa deles -como reclamou a garota citada-, que só colabora para o adiamento
da aquisição de uma identidade.
Um adolescente não pode ser como uma criança, assim como um adulto não pode ser como um adolescente. Precisamos encontrar soluções para esse duplo problema.
Um adolescente não pode ser como uma criança, assim como um adulto não pode ser como um adolescente. Precisamos encontrar soluções para esse duplo problema.
ROSELY SAYÃO é psicóloga e
autora de "Como Educar Meu Filho?"
(Ed. Publifolha)
01 – Agora, pesquise no dicionário o melhor
sinônimo para as palavras em negrito. Não vale qualquer sinônimo, tem que ser um que tenha sentido com a frase do texto.
- Identidade: Conjunto de caracteres
pessoais que determinam que um indivíduo é único.
- Vulnerabilidade: Suscetível de ser
ferido, ofendido, atacado de maneira física ou moral.
- Fragilidade: Fraco, indefeso.
- Aquisição: Ato ou resultado de
adquirir, de obter ou conseguir – Exemplo: A aquisição de conhecimento é o que
de mais precioso podemos fazer por nós mesmos.
02 – O texto aborda uma questão
que é real na vida de qualquer ser humano. Especificamente, a questão
abordada é:
Assinale a alternativa correta.
( ) A transição da fase de criança para a
adolescência.
( ) O relacionamento entre pais e filhos.
(X)
A crise de identidade , uma das passagens inevitáveis nesse período.
( ) As crises de rebeldia e a mudança de humor.
03 – Que argumentos a autora utiliza
para mostrar que “ser adolescente não é fácil.”?
Diz
que a expressão “aborrecentes” deve ser riscada do vocabulário e que os jovens
tem suas crises, mudança de humor, rebeldias, etc.
04 – Que conselho ela dá a
quem considera os adolescentes desagradáveis?
Ela lembra que todo adulto já encarnou um adolescente, e que este fato
costuma ser convenientemente esquecido.
05 – A autora diz
que “deixar de ser criança significa perder muita coisa”. O que você considera
ter perdido ao passar para a adolescência?
Resposta pessoal do aluno.
06 – Das coisas perdidas, de que você sente mais falta?
Resposta pessoal do aluno.
07 – Dar liberdade, poder de escolha
aos filhos pequenos é uma forma de dar-lhes autonomia? Explique utilizando os
argumentos do texto.
Não. Desse modo, negam os filhos o conhecimento, de quem são e de onde
estão e a própria condição de criança.
Ler bem e interpretar um
texto é uma habilidade que você está adquirindo com muita propriedade e
sucesso. Mas não é tudo, você precisa saber usar a gramática na sua fala e
escrita. Vamos lá, reveja seus estudos e faça as questões propostas.
08 – Assinale a opção em que houve erro no emprego do pronome pessoal em
relação ao uso culto da língua:
a) Ele entregou um texto para mim
corrigir.
b) Para mim, a leitura está fácil.
c) Isto é para eu fazer agora.
d) Não saia sem mim.
e) Entre mim e ele há uma grande
diferença.
09 – (UF-MA) Identifique a
oração em que a palavra certo é pronome indefinido:
a) Certo perdeste o juízo.
b)
Certo rapaz te procurou.
c) Escolheste o rapaz certo.
d) Marque o conceito certo.
10 – (ITA-SP) – O plural de terno azul-claro e terno verde-mar é:
a) Ternos azuis-claros;
ternos verdes-mares
b) Ternos azuis-claros;
ternos verde-mares
c) Ternos azul-claro;
ternos verde-mar
d) Ternos azul-claros;
ternos verde-mar
e) Ternos azuis-claros;
ternos verde-mar.