terça-feira, 21 de novembro de 2017

ARTIGO DE OPINIÃO: ADOLESCÊNCIA E IDENTIDADE - ROSELY SAYÃO - COM GABARITO

Adolescência e identidade
              
Rosely Sayão

  "Ser adolescente não é fácil e meus pais não percebem isso", disse-me uma garota de 15 anos, chorando.
 Concordo com ela, por vários motivos. De largada, eles foram considerados "aborrecentes", uma expressão que deve ser riscada do vocabulário, já que sugere que os jovens aborrecem os adultos com suas crises, mudanças de humor, rebeldias etc.
        Com sua presença, enfim.
        A quem considera os adolescentes desagradáveis, lembro que todo adulto já encarnou um, fato que costuma ser convenientemente esquecido. E lembro, também, que é preciso entender que deixar de ser criança significa, primeiramente, perder muita coisa.
        A ansiedade que os jovens sentem com as mudanças que ocorrem no corpo deles não é coisa pequena nesse mundo em que a aparência é tão valorizada, por exemplo. Mas hoje vou conversar sobre o processo de crise de identidade nessa fase.
        Os pais são o prolongamento da criança, já que tudo o que ela faz passa por eles. Perder esse apoio e referência tão fortes provoca vulnerabilidade e é trabalhoso porque significa construir e procurar sua própria identidade. Isso supõe testar capacidades, aprender a reconhecer limites e riscos, organizar sua relação com o grupo e reconhecer o que quer e o que pensa, entre outros processos.
        Passar por isso com a fragilidade que os adultos vivem nesse tempo só torna as coisas ainda mais difíceis. Essa é a crise de identidade, uma das passagens inevitáveis desse período.
        Para saber quem quer ser, o adolescente precisa saber quem são seus pais. Para chegar a um local desconhecido é preciso estar bem localizado, saber onde está e de onde veio, não é?
        O espírito da lei recentemente aprovada no Senado, que permite aos filhos adotados conhecer dados de seus pais biológicos, é esse. O problema é que esse conhecimento tem sido complicado porque muitos pais não dão rumo aos filhos.
        "Você escolhe, você é quem sabe, você decide" são expressões que os pais dizem com frequência a filhos pequenos acreditando que, com isso, lhes dão autonomia. Não. Desse modo, negam aos filhos o conhecimento de quem são e de onde estão e a própria condição de criança. "Sou praticamente um adulto", ouvi um garoto de nove anos dizer.
        Para tornar-se adulto, o adolescente precisa passar por sua crise dentro da família para conseguir se organizar fora dela. Por isso, os pais precisam "segurar a onda", apoiá-lo e se fazer presentes não fisicamente sempre que o filho precisar.
        A família precisa ser continente para o filho em crise, mas muitos pais estão "caindo fora", como dizem os jovens.
        Ser impotente para se relacionar com o filho adolescente parece uma epidemia e isso só agrega dificuldade à já difícil tarefa deles -como reclamou a garota citada-, que só colabora para o adiamento da aquisição de uma identidade.
        Um adolescente não pode ser como uma criança, assim como um adulto não pode ser como um adolescente. Precisamos encontrar soluções para esse duplo problema.

               ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?"
                                                                                                    (Ed. Publifolha)

  ENTENDENDO O TEXTO

01 – Agora, pesquise no dicionário o melhor sinônimo para as palavras em negrito. Não vale qualquer sinônimo, tem que ser um que tenha sentido com a frase do texto.
      - Identidade: Conjunto de caracteres pessoais que determinam que um indivíduo é único.

      - Vulnerabilidade: Suscetível de ser ferido, ofendido, atacado de maneira física ou moral.

      - Fragilidade: Fraco, indefeso.

    - Aquisição: Ato ou resultado de adquirir, de obter ou conseguir – Exemplo: A aquisição de conhecimento é o que de mais precioso podemos fazer por nós mesmos.

  02 – O texto aborda uma questão que é real na vida de qualquer ser humano. Especificamente, a questão abordada é:
Assinale a alternativa correta.
( ) A transição da fase de criança para a adolescência.
( ) O relacionamento entre pais e filhos.
(X) A crise de identidade , uma das passagens inevitáveis nesse período.
( ) As crises de rebeldia e a mudança de humor.

  03 – Que argumentos a autora utiliza para mostrar que “ser adolescente não é fácil.”? 
      Diz que a expressão “aborrecentes” deve ser riscada do vocabulário e que os jovens tem suas crises, mudança de humor, rebeldias, etc.     

 04 – Que conselho ela dá a quem considera os adolescentes desagradáveis? 
      Ela lembra que todo adulto já encarnou um adolescente, e que este fato costuma ser convenientemente esquecido.

  05 – A autora diz que “deixar de ser criança significa perder muita coisa”. O que você considera ter perdido ao passar para a adolescência? 
      Resposta pessoal do aluno.

  06 – Das coisas perdidas, de que você sente mais falta? 
      Resposta pessoal do aluno.

  07 – Dar liberdade, poder de escolha aos filhos pequenos é uma forma de dar-lhes autonomia? Explique utilizando os argumentos do texto.
      Não. Desse modo, negam os filhos o conhecimento, de quem são e de onde estão e a própria condição de criança.

        Ler bem e interpretar um texto é uma habilidade que você está adquirindo com muita propriedade e sucesso. Mas não é tudo, você precisa saber usar a gramática na sua fala e escrita. Vamos lá, reveja seus estudos e faça as questões propostas.

  08 – Assinale a opção em que houve erro no emprego do pronome pessoal em relação ao uso culto da língua:
a) Ele entregou um texto para mim corrigir.
b) Para mim, a leitura está fácil.
c) Isto é para eu fazer agora.
d) Não saia sem mim.
e) Entre mim e ele há uma grande diferença.

  09 – (UF-MA) Identifique a oração em que a palavra certo é pronome indefinido:
a) Certo perdeste o juízo.
b) Certo rapaz te procurou.
c) Escolheste o rapaz certo.
d) Marque o conceito certo.

  10 – (ITA-SP) – O plural de terno azul-claro e terno verde-mar é:
       a)   Ternos azuis-claros; ternos verdes-mares
       b) Ternos azuis-claros; ternos verde-mares
       c)   Ternos azul-claro; ternos verde-mar
       d)  Ternos azul-claros; ternos verde-mar
       e)  Ternos azuis-claros; ternos verde-mar.


MÚSICA(ATIVIDADES): ÁGUAS DE MARÇO - TOM JOBIM - COM GABARITO

Música(Atividades): Águas de Março

                                            Tom Jobim
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol
É peroba do campo, é o nó da madeira
Caingá, candeia, é o Matita Pereira
É madeira de vento, tombo da ribanceira
É o mistério profundo, é o queira ou não queira

É o vento ventando, é o fim da ladeira
É a viga, é o vão, festa da cumeeira
É a chuva chovendo, é conversa ribeira
Das águas de março, é o fim da canseira
É o pé, é o chão, é a marcha estradeira
Passarinho na mão, pedra de atiradeira
É uma ave no céu, é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão

É o fundo do poço, é o fim do caminho
No rosto, o desgosto, é um pouco sozinho
É um estrepe, é um prego, é uma ponta, é um ponto
É um pingo pingando, é uma conta, é um conto
É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando
É a luz da manhã, é o tijolo chegando
É a lenha, é o dia, é o fim da picada
É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada

É o projeto da casa, é o corpo na cama
É o carro enguiçado, é a lama, é a lama
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um resto de mato, na luz da manhã
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração

É uma cobra, é um pau, é João, é José
É um espinho na mão, é um corte no pé
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um belo horizonte, é uma febre terçã
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração

Au, edra, im, minho
Esto, oco, ouco, inho
Aco, idro, ida, ol, oite, orte, aço, zol
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração.

                                      Tom Jobim: Composta em março de 1972.

Interpretação do texto:

01 – Leia o trecho da música Águas de março, de Tom Jobim, e marque a alternativa que corresponde à figura de linguagem que se destaca no trecho.
“É pau, é pedra, é o fim do caminho”.
a) Aliteração
b) Pleonasmo
c) Onomatopeia
d) Assonância
e) Sinestesia

02 – Em qual das alternativas há uma frase na qual predomina a figura de som onomatopeia?
a) O pé da cadeira quebrou de novo.
b) Nem acredito que encontrei o Totó, o meu melhor amigo.
c) A Tatá me ligou ontem para dizer que não viria.
d) Estava dormindo ainda quando ouvi: cocoricóóóóóó.
e) Minha irmã joga pingue-pongue na escola todos os dias.

03 – Marque a alternativa que contenha APENAS figuras de linguagem sonoras:
a) Aliteração – Onomatopeia
b) Assonância – Sinestesia;
c) Onomatopeia – Eufemismo;
d) Zeugma – Onomatopeia;
e) Zeugma – Anacoluto.

04 – Qual o título da letra? e quando foi composta?
      Águas de março, composta em 1972.

05 – Qual o significado das palavras: Caingá e Candeia?
      São suas árvores de grande porte.

06 – No trecho: “É pau, é pedra, é o fim do caminho”, a que se refere essas palavras?
      Refere-se a censura, a repressão e o fim da liberdade de expressão pelos militares.

07 – Na frase: “É a promessa de vida no seu coração”, o que nos mostra?
      Mostra uma promessa de liberdade e vida no coração dos brasileiros oprimidos.

08 – Retire cinco substantivos presente no texto.
      Pau, pedra, resto, sol, morte.

09 – Qual foi o modo de coesão e coerência que são construídas no texto?
      A coesão é construída pela repetição estrutural da expressão “é...”.
      A coerência se constrói pela descrição de cenas e situações que são unificadas pelo refrão.

10 – A que passagem do tempo, que o título da canção se refere?
      Refere-se ao fim do verão com as chuvas que caem em março. É como se tudo, natureza e civilização, fosse “lavado” e renovado com a mudança da estação.

CRÔNICA: REPÓRTER POLICIAL - STANISLAW PONTE PRETA - COM GABARITO

CRÔNICA: Repórter Policial
                    Stanislaw Ponte Preta

   O repórter policial, tal como o locutor esportivo, é um camarada que fala uma língua especial, imposta pela contingência: quanto mais cororoca melhor. Assim como o locutor esportivo jamais chamou nada pelo nome comum, assim também o repórter policial é um entortado literário. Nessa classe, os que se prezam nunca chamariam um hospital de hospital. De jeito nenhum. É nosocômio. Nunca, em tempo algum, qualquer vítima de atropelamento, tentativa de morte, conflito, briga ou simples indisposição intestinal foi parar num hospital. Só vai para o nosocômio.
        E assim sucessivamente. Qualquer cidadão que vai à Polícia prestar declarações que possam ajudá-la numa diligência (apelido que eles puseram no ato de investigar), é logo apelidado de testemunha-chave. Suspeito é Míster X, advogado é causídico, soldado é militar, marinheiro é naval, copeira é doméstica e, conforme esteja deitada, a vítima de um crime – de costas ou de barriga pra baixo – fica numa destas duas incômodas posições: decúbito dorsal ou decúbito ventral.
        Num crime descrito pela imprensa sangrenta a vítima nunca se vestiu. A vítima trajava. Todo mundo se veste, ... mas basta virar vítima de crime, que a rapaziada sadia ignora o verbo comum e mete lá: “A vítima trajava terno azul e gravata do mesmo tom”. Eis, portanto, que é preciso estar acostumado ao “métier” para morar no noticiário policial. Como os locutores esportivos, a Delegacia do Imposto de Renda, os guardas de trânsito, as mulheres dos outros, os repórteres policiais nasceram para complicar a vida da gente. Se um porco morde a perna de um caixeiro de uma dessas casas da banha, por exemplo, é batata... a manchete no dia seguinte tá lá: “Suíno atacou comerciário”.

Questões:
01 - “...quanto mais cororoca melhor...” Pelo que se pode deduzir do texto, o significado de “cororoca” é equivalente a:
(A) simples;
(B) literário;
(C) antiquado:
(D) moderno;
(E) enrolado.

02 - “...O repórter policial é um entortado literário...” porque:
(A) escreve como os bons escritores da nossa língua;
(B) acredita que literatura consiste no emprego de termos pouco comuns;
(C) corrige as expressões de gíria e os inconvenientes da língua falada;
(D) inventa palavras que nunca existiram;
(E) facilita, com sua simplicidade, a compreensão da notícia.

03 - “Nunca, em tempo algum, qualquer vítima de atropelamento, tentativa de morte, conflito, briga ou simples indisposição intestinal foi parar num hospital”. Esta afirmativa, no contexto, dá a entender que:
(A) a vítima prefere ficar no anonimato;
(B) pessoas envolvidas em ocorrência policial procuram medicar-se por conta própria;
(C) poucos vão para um hospital para não serem importunados por repórteres;
(D) os repórteres policiais raramente usam o termo “hospital”;
(E) os repórteres policiais deturpam a realidade.

04 - A vítima se encontra em decúbito dorsal quando está:
(A) de barriga para cima;
(B) de barriga para baixo;
(C) de cócoras;
(D) virada de lado;
(E) de bruços.

05 - Segundo o Autor, os repórteres policiais empregam o termo “testemunha-chave” de forma:
(A) inadequada;
(B) apropriada;
(C) casual;
(D) irreverente;
(E) literária.

06 - Ao se referir aos repórteres policiais como “rapaziada sadia”, o Autor revela:
(A) apreço pela juventude;
(B) desprezo pelos jovens;
(C) cuidado com a saúde dos repórteres;
(D) espírito de “gozação”;
(E) preconceito contra os que cuidam do seu estado físico.

07 - “... é preciso estar acostumado ao “métier” para morar no noticiário policial”. Isto significa que:
(A) só os literatos entendem o noticiário policial;
(B) qualquer leitor entende o noticiário policial;
(C) os repórteres policiais fazem um curso especial para usar certas expressões;
(D) é preciso usar gíria para que até mesmo os pouco instruídos entendam o noticiário;
(E) só com a leitura frequente do noticiário policial é que entendemos os termos usados.

08 - As manchetes de reportagem policial, segundo se depreende do texto, costumam ser:
(A) bombásticas/ambíguas;
(B) ingênuas/simples;
(C) enganadoras/deturpadas;
(D) sérias/perspicazes;
(E) literárias/cuidadosas.

09 - Assinale a alternativa cuja frase encerra a ideia de condicionalidade:
(A) “... é um camarada que fala uma língua especial ...”;
(B) “... quanto mais cocoroca melhor ...”;
(C) “Qualquer cidadão que vai à Polícia ...”;
(D) “Mas basta virar vítima de crime”;
(E) “Se um porco morde a perna de um caixeiro ...”

10 - A palavra “copeira” é formada pelo mesmo processo de derivação que:
(A) “vítima”;
(B) “Polícia”;
(C) “caixeiro”;
(D) “língua”;
(E) “classe”.

11 - Identifique a alternativa cuja sequência de palavras são acentuadas pelo mesmo princípio norteador:
(A) “polícia, língua, literário”;
(B) “polícia, repórter, também”;
(C) “língua, contingência, vítima”;
(D) “literário, nosocômio, decúbito”;
(E) “doméstica, língua, incômodas”.

12 - Observe a frase: “... os que se prezam nunca chamariam um hospital de hospital”. A forma verbal “chamariam” se encontra:
(A) no pretérito perfeito do modo indicativo;
(B) no pretérito imperfeito do modo indicativo;
(C) no futuro do pretérito do modo indicativo;
(D) no pretérito imperfeito do modo subjuntivo;
(E) no pretérito mais-que-perfeito do modo indicativo.

13 - “Qualquer cidadão que vai à Polícia ...”, a crase que ocorre na expressão “à Polícia” se justifica pelo mesmo razão que a da alternativa:
(A) os policiais saíram às quatro horas em ponto;
(B) os policiais agiam às escondidas;
(C) os policiais retornaram às praias desertas da região;
(D) os policiais chegaram à noite do dia treze;
(E) os policiais agem num estilo à Lampião.

14 - Marque a alternativa cuja frase apresenta um verbo irregular da segunda conjugação:
(A) “... o locutor esportivo jamais chamou nada pelo nome...”;
(B) “Só vai para o nosocômio”;
(C) “apelido que eles puseram no ato de investigar”;
(D) “... a vítima nunca se vestiu”;
(E) “A vítima trajava”.

15 - Considere o enunciado “... fala uma língua especial, imposta pela contingência...”, o vocábulo “contingência” tem como antônimo:
(A) eventualidade;
(B) casualidade;
(C) iminência;
(D) proximidade;
(E) necessidade.


TEXTO: BOLINHOS DE CHUVA - TEREZA NORONHA - COM GABARITO

Texto:
   
        BOLINHOS DE CHUVA


Criança não gosta de chuva. Eu também reclamava dos dias chuvosos porque não podia brincar no quintal. Resmungava: “Como chove!” E cinco minutos depois: “Será que não vai parar?” Dez minutos mais tarde: “Continuava chovendo...”
         Vovó caçoava:
         ¾ Está chovendo lá fora. Aqui dentro faz bom tempo. Ou não?
         ¾ Não entendi!
         ¾ Quero dizer que aqui dentro o tempo pode ser bom ou ruim, depende de você... A gente pode passar um dia de chuva de duas maneiras: aborrecendo-se porque a chuva não passa (e mau humor nunca fez chuva parar), ou aproveitando o tempo e se divertindo. Quando perceber, a chuva passou.
         ¾ Eu prefiro me divertir, lógico, mas o que a gente pode fazer de bom dentro de casa?
         ¾ Ler, ouvir música, pintar, pôr em ordem seu álbum de selos...
         ¾ Não estou com vontade de fazer nada disso.
         ¾ Então vamos fazer bolinhos de chuva.
         ¾ Eles são feitos de chuva, mesmo?
         ¾ Ai, Claudinha, por que é que você tem que tomar tudo ao pé da letra? Claro que são feitos de farinha, leite e ovos, como os outros. Mas eu costumava faze-los quando chovia para distrair meus filhos pequenos. São também chamados de bananinhas.
         Ela preparou rapidamente a massa, que foi enrolando, com minha desajeitada ajuda, no formato de pequenas bananas. Enquanto ela fritava uma porção, eu colocava açúcar e canela em pó sobre os que já estavam prontos.
         Enrolando a massa, fritando, polvilhando, conversando e comendo, ficamos ocupadas boa parte da tarde. Quando chegou a hora de ir para casa (com um prato cheio de bolinhos) é que me lembrei da chuva. Tinha passado!
         Em outro dia chuvoso, minha avó me ensinou a fazer arroz-doce com bastante leite e ovos.
         Comido ainda quente, ao calor do fogão de lenha e temperado com as histórias de vovó e os “causos” da empregada, o arroz-doce é um acontecimento inesquecível.
         Comecei a gostar dos dias de chuva.
         Eles podem ser bons também para viajar.
         O dia do aniversário de tio Joaquim amanheceu chuvoso e minha mãe se admirou de ver vovó arrumando as malas.
         ¾ Vocês vão com esse tempo?
         Minha avó deu risada.
         ¾ Vamos, não temos outro. Além disso, no trem não chove.
          — Mas mamãe...
          Ela ignorou todos os “mas” e “poréns” das filhas. Bem agasalhadas, saímos, contentes. Viajar com chuva para mim era novidade e eu sempre gostei muito de novidades.
          Achei tudo muito divertido. Todo mundo entrava no trem de mau humor, carregando guarda-chuvas que pingavam e capas úmidas. Mas as crianças, estufadas de agasalhos, estavam animadíssimas. Pelo caminho tinham metido os pés em tudo que era poça d’água. Lá dentro, grudavam os narizinhos nas vidraças, riam de tudo e faziam um alegre pedido: “Chove mais, chove mais...”
         Nesse dia, mal entramos, vovó pediu chá, que um garçom nosso conhecido trouxe rapidamente. Ficamos aquecidos e contentes, enquanto o trem disparava fechado e quentinho.

(NORONHA, Tereza. Um trem de janelas acesas. Atual.)

INTERPRETAÇÃO DO TEXTO:
01 – No 7º parágrafo, a avó sugere algumas atividades que podemos fazer, dentro de casa, em dias de chuva.
a)  Qual delas você costuma fazer?
Resposta pessoal do aluno.

     b)  Que outras sugestões você acrescentaria a essas?
Brincar, jogar, ouvir histórias dos mais velhos, etc.

02 – Por que Claudinha não gostava dos dias chuvosos?
      Porque não podia brincar fora de casa.

03 – Por que um mesmo tempo pode ser bom ou ruim na opinião da avó?
      Porque, só depende da pessoa, arrumar o que fazer de bom.

04 – O que a avó propôs à neta? Por quê?
      Fazer bolinho de chuva. Porque ela fazia nos dias de chuva para distrair os filhos pequenos.

05 – Em que passagem do texto nota-se a ingenuidade de Claudinha?
      “Eles são feitos de chuva, mesmo?”

06 – Com que era “temperado” o arroz-doce?
      Era temperado com leite e ovos.

07 – Que frase do texto mostra a determinação da avó quando deseja fazer alguma coisa?
      “Vamos, não temos outro. Além disso, no trem não chove.

08 – Por que a personagem narradora estava contente ao sair para a viagem?
      Porque iria viajar com chuva, era novidade e ela sempre gostou de novidade.

09 – Por que a personagem passou a gostar dos dias de chuva?
      Porque passou a aprender tantas coisas que podia ser feitas com chuva.

10 – Claudinha, no início do texto, afirma que criança não gosta de chuva; porém, mais adiante, ao contar sobre a viagem de trem, o texto revela o contrário. Que trecho comprova essa afirmação?
      “Achei tudo muito divertido”; “Lá dentro, as crianças grudavam os narizinhos nas vidraças”; “Chove mais, chove mais”.

11 – Faça uma ilustração sobre o texto.
      Resposta pessoal do aluno.
               


segunda-feira, 20 de novembro de 2017

TEXTO: NOSSOS FILHOS NAMORANDO. MEU DEUS! ANA STUART - COM GABARITO

       TEXTO: NOSSOS FILHOS NAMORANDO. MEU DEUS!
                        Ana Stuart


       Muitos pais se veem em dificuldades quando os filhos pré-adolescentes começam a se interessar pelo sexo oposto. Como proceder? Desconhecer? Impor limites? Proibir? Como tudo na vida, o diálogo é fundamental. Tanto desconhecer, quanto proibir são faces de uma mesma moeda. São atitudes que podem ter consequências graves.
        Fazer de conta que nada está acontecendo deixa o garoto ou a garota sem referências e a proibição estimula a busca do conhecimento sem controle. O melhor mesmo é a conversa franca, mas amigável. Não temos que estimular o interesse. Temos que estimular a conversa e estar atentos. Com o computador, o pré-adolescente estabeleceu um novo padrão de paquera e de abordagem ao sexo oposto, principalmente para os mais tímidos que, numa proporção considerável, deixaram de lado alguns goles para tomar coragem e se escondem atrás da máquina, permitindo se colocarem mais à vontade.
        Desta paquera virtual podem surgir encontros, o ficar e o namoro. Até aí tudo Bem, não fosse a tentação do sexo, explicitado em toda a mídia. Nas novelas, nas propagandas, na música e no cinema. É nesta hora que o papel dos pais se torna ainda mais importante. Se o sexo foi banalizado pelos apelos comerciais, os segredos e os mistérios também precisam ser explicitados. O sexo não é somente prazer. É responsabilidade.
        O adolescente precisa saber por intermédio dos pais o que significa o namoro e o sexo. Seus prazeres e dificuldades. Prevenir doenças. Saber da dor. A busca do sexo saudável, prazeroso. Enfim uma gama enorme de informações que vão balizar a decisão do garoto ou garota. Com uma postura de participação, interesse e sem grandes mistérios e segredos, o adolescente certamente vai encontrar tranquilidade e referência para decidir se chegou ou não a hora de praticar o sexo ou se o momento ainda é de paquerar, namorar de mãos dadas e trocar alguns beijos.
        Tudo isso sem pressa e sem culpa. Sem culpa de ter cometido um grande erro de consequências imprevisíveis; sem culpa de ser diferente dos mais apressadinhos e líderes do grupo. Portanto, quanto menos mistérios, menos segredos, menos riscos de uma gravidez precoce ou pior de uma DST.

                                        Ana Stuart é psicóloga e terapeuta familiar.

        Com base na leitura e interpretação do texto, “Nossos filhos namorando. Meu Deus!”, da psicóloga Ana Stuart, responda as questões abaixo:
01.Identifique o tema.
      Namoro na adolescência.

02. Quais são as ideias centrais do texto?
      Mostrar que o diálogo é fundamental nesta fase dos filhos, e que precisa saber por intermédio dos pais o que significa o namoro e o sexo.

03. Segundo Ana Stuart, muitos pais se veem em dificuldades quando os filhos adolescentes começam a se interessar pelo sexo oposto. Quais são suas dúvidas?
      Como proceder? Desconhecer? Impor limites? Proibir?

04. Estabeleça a relação de causa e consequência no texto.
      - Fazer de conta que nada está acontecendo = causa.
      - Deixa o garoto ou a garota sem referências = consequências.
      - Proibição = causa.
      - Estimula a busca do conhecimento sem controle = consequências.
      - Conversa franca = causa.
      - Não temos que estimular o interesse = consequências.

05. Segundo a autora tanto não interferir como proibir trazem consequências graves. Qual seria o meio termo pra você?
      O melhor mesmo é a conversa franca, mas amigável e estar sempre atentos.

06. Qual deve ser, segundo o texto a orientação dos pais sobre namoro e sexo?
      Precisam saber o que significa o namoro e o sexo. Seus prazeres e dificuldades. Prevenir doenças. Saber da dor. A busca do sexo saudável, prazeroso. Enfim, uma gama enorme de informações que vão balizar a decisão do garoto ou garota.

07. “Portanto, quanto menos mistérios, menos segredos, menos riscos de uma gravidez precoce ou de uma DST.”
    O que ela propõe em suas palavras? Comente em torno de 10 linhas.

      Resposta pessoal do aluno.

MÚSICA(ATIVIDADES): O CIO DA TERRA - MILTON NASCIMENTO/CHICO BUARQUE - COM GABARITO

Música(Atividades): O Cio da Terra
                   Milton Nascimento e Chico Buarque

                                    
Debulhar o trigo
Recolher cada bago do trigo
Forjar no trigo o milagre do pão
E se fartar de pão

Decepar a cana
Recolher a garapa da cana
Roubar da cana a doçura do mel
Se lambuzar de mel

Afagar a terra
Conhecer os desejos da terra
Cio da terra, propícia estação
E fecundar o chão.

Interpretação da música:
01 – “O Cio da Terra” é considerado como?
      Um trabalho agrário, sagrado, pois constitui de um milagre, um ato de intervenção Divina, a arte de transformar a natureza (trigo) em cultura (pão).

02 – Segundo, os autores em que se inspiraram para compor a canção?
      Segundo Milton compôs inspirado no canto das mulheres camponesas na colheita do algodão; já Chico diz que foi feita como: “Homenagem ao árduo Trabalho Agrário”.

03 – Segundo o dicionário Aurélio a palavra forjar significa “aquecer e trabalhar na forja; caldear, fabricar, fazer (...)”. O que o significa o verso do poema “forjar do trigo o milagre do pão”?
      Significa fazer do trigo o milagre do pão.

04 – Que críticas podemos perceber na canção?
      Críticas entre os ciclos da vida vegetal, trigo e cana-de-açúcar, deixando implícita a comparação entre o ciclo da reprodução vegetal e da reprodução humana.

05 – UEL 2009:
        Os quatro últimos versos da música referem-se a importância do solo para a agricultura. Nas regiões tropicais do Brasil, os solos que perdem sua cobertura vegetal para permitir o cultivo ficam sujeitos a uma elevada pluviosidade. A grande infiltração de água no solo desencadeia dois processes importantes:
1 – O surgimento de crostas formadas a partir da concentração de hidróxidos de ferro e alumínio em certos tipos de solo, o que pode impedir a penetração das raízes, e.
2 – A remoção do solo, de sais minerais hidrossolúveis, o que diminui a sua fertilidade.
Assinale a alternativa que respectivamente identifica os processos descritos.
a)   Desidratação e compactação.
b)   Laterização e lixiviação.
c)   Compactação e lixiviação.
d)   Salinização e desidratação.
e)   Laterização e salinização.

06 – A música remete a alguns elementos e fenômenos biológicos.
Sobre eles é correto afirmar:
a)   “Recolher cada bago do trigo”, refere-se à baga, tipo de fruto do trigo, cujo tegumento da semente fica totalmente ligado ao pericarpo.
b)   “Forjar no trigo o milagre do pão” remete à utilização de lactobacillus, sendo que as pequenas bolhas formadas pelo oxigênio eliminado pelo levedo na massa contribuem para tornar o pão leve e macio.
c)   “Roubar da cana a doçura do mel”; assim como a produção do álcool etílico, o açúcar é resultado da fermentação pela  saccharomyces cerevisae.
d)   “Cio da terra, a propícia estação” refere-se às estratégias de polinização dos insetos, associados a problemas ecológicos existentes em seus hábitats.
e)   “E fecundar o chão”, remete à semeadura, porém existem sementes ditas dormentes que não germinam, mesmo quando em condições ambientais favoráveis.

07 – Na letra da música, a expressão “Cio da Terra” é utilizada para indicar.
a)   A fertilidade da terra.
b)   O momento da colheita.
c)   Que estão própria de colher os grãos.
d)   O momento adequado para colher.

08 – Nesse poema, porque os compositores escolheram os verbos no Infinitivo?
      Para exprimir a ação no sentido genérico ou indefinido, pois dá mais sentido ao poema.