sábado, 13 de agosto de 2022

MANIFESTO: PROPOSTA DE REDAÇÃO DE VESTIBULAR - FOLHA DE S.PAULO - COM GABARITO

 Manifesto: Proposta de redação de vestibular

        Coloque-se no lugar dos estudantes de uma escola que passou a monitorar as páginas de seus alunos em redes sociais da internet (como o Orkut, o Facebook e o Twitter), após um evento similar aos relatados na matéria reproduzida a seguir. Em função da polêmica provocada pelo monitoramento, você resolve escrever um manifesto e recebe o apoio de vários colegas. Juntos, decidem lê-lo na próxima reunião de pais e professores com a direção da escola. Nesse manifesto, a ser redigido na modalidade oral formal, você deverá necessariamente:

·        Explicitar o evento que motivou a direção da escola a fazer o monitoramento;

·        Declarar e sustentar o que você e seus colegas defendem, convocando pais, professores e alunos a agir em conformidade com o proposto no documento.

        Escolas monitoram o que aluno faz em rede social

        Durante uma aula vaga em uma escola da Grande São Paulo, os alunos decidiram tirar fotos deitados em colchonetes deixados no pátio para a aula de educação física. Um deles colocou uma imagem no Facebook com uma legenda irônica, em que dizia: vejam as aulas que temos na escola. Uma professora viu a foto e avisou a diretora. Resultado: o aluno teve de apagá-la e todos levaram uma bronca.

        O caso é um exemplo da luta que as escolas têm travado com os alunos por conta do uso das redes sociais. Assuntos relativos à imagem do colégio, casos de bullying virtual e até mensagens em que, para a escola, os alunos se expõem demais, estão tendo de ser apagados e podem acabar em punição. Em outra instituição, contam os alunos, um casal foi suspenso depois de a menina pôr no Orkut uma foto deles se beijando nas dependências da escola.

        As escolas não comentaram os casos. Uma delas diz que só pediu para apagar a foto porque houve um “tom ofensivo”. Como outras escolas consultadas, nega que monitore o que os alunos publicam nos sites.

        Exercícios – Como professores e alunos são “amigos” nas redes sociais, a escola tem acesso imediato às publicações.

        Foi o que aconteceu com um aluno do ABC paulista. Um professor soube da página que esse aluno criou com amigos no Orkut. Nela, resolviam exercícios de geografia – cujas respostas acabaram copiadas por colegas. O aluno teve de tirá-la do ar.

        O caso é parecido com o de uma aluna de 15 anos do Rio de Janeiro obrigada a apagar uma comunidade criada por ela no Facebook para a troca de respostas de exercícios. Ela foi suspensa. Já o aluno do ABC paulista não sofreu punição e o assunto ética na internet passou a ser debatido em aula.

        Transformar o problema em tema de discussão para as aulas é considerado o ideal por educadores. “A atitude da escola não pode ser policialesca, tem que ser preventiva e negociadora no sentido de formar consciência crítica”, diz Sílvia Colello, professora de pedagogia da USP.

Adaptado de Talita Bedinelli & Fabiana Rewald, Folha de S. Paulo, 19/06/2011.

Vestibular Nacional Unicamp 2012 – Redações comentadas. Disponível em: www.comvet.unicamp.br/vest_anteriores/2013/download/comentadas/redacao.pdf.  Acesso em: 21 jan. 2016.

        Agora, leia um manifesto produzido a partir da proposta anterior, que foi considerado “acima da média” pela comissão avaliadora desse vestibular.

        Caros pais, professores e diretoria, nós, alunos desta escola, nos sentimos chocados com o recente episódio no qual alguns alunos gravaram uma aula de História e a criticaram com comentários públicos no Facebook, uma rede social na internet. Porém, fomos ainda mais surpreendidos quando a direção de nossa escola decidiu não apenas exigir que tal material fosse apagado e os responsáveis punidos, mas também criou um monitoramento do que é publicado na internet pelos alunos, para que assim qualquer material “danoso à imagem da escola” possa ser rastreado e apagado.

        Repudiamos tal medida e exigimos que a escola não aja de maneira tão abusiva e arbitrária. A escola é uma instituição educacional e conscientizadora e, portanto, deve trabalhar para educar os seus alunos sobre seus limites fora e dentro do ambiente escolar e conscientizá-los sobre como emitir suas opiniões. É cobrado de tal instituição que fomente as discussões e os debates para ajudar os seus alunos a desenvolver um senso crítico e postura adequada no mundo moderno.

        O monitoramento, na forma como foi instalado em nossa escola, não contribui para nenhum desses objetivos, pelo contrário, prejudica o trabalho de nossa escola. Com ele, a escola não só não contribui para alcançar alguns de seus objetivos mais importantes, mas também perde um grande espaço de discussões e aperfeiçoamento, o qual seria muito útil para ela mesma interagir com seus alunos: o espaço da internet.

        E é por isso que nós defendemos que a medida do monitoramento seja revogada e convocamos pais, professores e outros alunos desta escola para que juntos trabalhemos para replantar esta medida com projetos realmente efetivos e que procurem instruir e conscientizar nossos alunos para formar cidadãos conscientes e preparados para ingressar nessa sociedade adulta com as capacidades que lhes são exigidas.

Vestibular Nacional Unicamp 2012 – Redações comentadas. Disponível em: www.comvet.unicamp.br/vest_anteriores/2013/download/comentadas/redacao.pdf. Acesso em: 21 jan. 2016.

             Fonte: Livro Língua Portuguesa – Trilhas e Tramas – Volume 1 – Leya – São Paulo – 2ª edição – 2016. p. 315-7.

Entendendo o manifesto:                                            

01 – Você sabe o que é um manifesto?

      Resposta pessoal do aluno.

02 – Já leu e estudou um texto desse gênero? Em que ocasião?

      Resposta pessoal do aluno.

03 – Você e seus colegas já produziram um texto desse gênero? A quem se dirigiram?

      Resposta pessoal do aluno.

04 – No manifesto lido, o(a) autor(a) seguiu as orientações dadas na proposta de redação do vestibular da Unicamp. Copie no caderno os trechos em que ele(a):

a)   Explicitou o fato ocorrido na escola que gerou o manifesto.

“[...] nossa escola [...] criou um monitoramento do que é publicado na internet pelos alunos [...]”.

b)   Identificou-se como representante dos alunos, usando a primeira pessoal do plural.

“[...] nós, alunos desta escola, nos sentimos [...]”.

c)   Convocou a comunidade escolar (pais, professores e diretoria da escola) a buscar uma solução consensual.

“[...] convocamos pais, professores e outros alunos desta escola para que juntos trabalhemos para replantar esta medida com projetos realmente efetivos e que procurem instruir e conscientizar nossos alunos para formar cidadãos conscientes e preparados para ingressar nessa sociedade adulta com as capacidades que lhes são exigidas.”.

d)   Focalizou os dois lados do problema: reconheceu que a atitude dos alunos exigia uma medida corretiva, mas discordou da medida adotada.

“[...] nos sentimos chocados com o recente episódio no qual alguns alunos gravaram uma aula de História e a criticaram com comentários públicos no Facebook, uma rede social na internet. Porém, fomos ainda mais surpreendidos quando a direção de nossa escola decidiu não apenas exigir que tal material fosse apagado e os responsáveis punidos, mas também criou um monitoramento do que é publicado na internet pelos alunos [...]”.

e)   Apresentou argumentos como:

·        Defesa da liberdade de expressão e a necessidade de exercê-la adequadamente.

“[...] exigimos que a escola não aja de maneira tão abusiva e arbitrária. A escola é uma instituição educacional e conscientizadora e, portanto, deve trabalhar para educar os seus alunos sobre seus limites fora e dentro do ambiente escolar e conscientizá-los sobre como emitir suas opiniões.”.

·        Defesa da função educativa da escola.

“A escola é uma instituição educacional e conscientizadora e, portanto, deve trabalhar para educar os seus alunos” [...].

·        Discordância da punição por sua ineficácia.

“[...] Com ele, a escola não só não contribui para alcançar alguns de seus objetivos mais importantes, mas também perde um grande espaço de discussões e aperfeiçoamento, o qual seria muito útil para ela mesma interagir com seus alunos: o espaço da internet.”

·        Apresentação de propostas alternativas.

“[...] replantar esta medida com projetos realmente efetivos e que procurem instruir e conscientizar nossos alunos para formar cidadãos conscientes e preparados para ingressar nessa sociedade adulta com as capacidades que lhes são exigidas.”

 

 

 

 

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