Comentário: É possível vender pela qualidade, “sem apelos antiéticos e injustos” – Fragmento
Ekaterine Karageorgiadis
A publicidade infantil é a publicidade
que é direcionada pra criança, independentemente do produto que é anunciado.
Então, pode haver publicidade infantil de produtos infantis, mas também pode
haver publicidade infantil de produtos do universo adulto ou adolescente.
Então, a publicidade de automóvel, uma publicidade de celular, elas também
podem ser feitas pra criança. E como que a gente sabe, né?, quando é uma
publicidade infantil ou não? Pelos elementos que ela contém e também pelo
espaço em que ela se insere. Eh... muitas vezes uma publicidade, ela é colocada
dentro de uma escola, que é um espaço das crianças. Então, essa é
evidentemente uma publicidade infantil, que ela busca atingir esse
público. Ou dentro de um espaço público, como um parque, uma praça, durante uma
atividade que é direcionada às crianças. Também em canais infantis; é uma
publicidade dirigida ao público infantil, independentemente desse produto.
Eh... e também há elementos como... linguagem, cores, personagens animados,
eh... cenários, a presença de crianças também caracterizam essa publicidade
como dirigida à criança. E essa publicidade, ela tem como finalidade
convencer essa criança a adquirir um produto ou serviço. Ou então, também,
fazer com que essa criança seja uma promotora de vendas. Eh... muitas vezes o
produto não é pra criança, mas ela, dentro da sua casa ou... no seu entorno
social, ela vocaliza esse apelo de consumo. Então, quando ela reconhece aquela
mensagem que ela viu na televisão, no rádio, na internet, dentro da escola,
ela reconhece essa mensagem, esse produto... no espaço, no
supermercado, ela vai vocalizar esse apelo, seja reproduzindo
o jingle, ou ela vai... falar: “olha, papai, mamãe, esse aqui é aquele
produto que eu vi na televisão ou na escola”. Isso... a criança é promotora de
vendas. E aí, a finalidade dessa publicidade, ela é... se dirigir a um público
que ainda não tem condições de sozinho identificar o que que é uma
mensagem comercial, o que que é uma publicidade, que o objetivo dessa mensagem
é pra compra de determinado produto ou serviço. Ela ainda não consegue se
proteger. E o ideal, então, é que qualquer publicidade não seja dirigida à
criança, ela seja dirigida ao adulto, ao responsável pela compra, ao pai,
à mãe, ao avô, avó ou qualquer responsável por essa compra, e não à criança. Então,
é fundamental que, sim, haja publicidade – eh... não se está de forma
alguma contra o mercado publicitário –, mas que essa mensagem de uma forma
ética, legal e responsável seja direcionada a quem tem o poder de compra, que
são os adultos. [...]
KARAGEORGIADIS,
Ekaterine. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=hoKZkLPjMdM. Acesso
em: 13 jan. 2016. (Fragmento).
Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na
língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição
– São Paulo, 2016 – Moderna – p. 356-8.
Entendendo o comentário:
01 – O que justifica o uso
de um registro formal nesse comentário?
O
comentário foi publicado no site de uma revista de
circulação nacional, tem por tema um assunto grave e foi produzido por um
falante em situação profissional, portanto exige formalidade.
02 – Segundo a advogada,
como a criança é usada pelo mercado publicitário para alcançar os adultos?
A criança é
exposta à publicidade e passa a funcionar como uma promotora de vendas ao pedir
produtos aos pais ou ao indicar a existência desses produtos durante as
compras.
03 – A palavra então, repetida muitas vezes no texto,
funciona como uma conjunção. Examine seu uso neste exemplo:
“A
publicidade infantil é a publicidade que é direcionada pra criança,
independentemente do produto que é anunciado. Então, pode haver
publicidade infantil de produtos infantis, mas também pode haver
publicidade infantil de produtos do universo adulto ou adolescente”.
Que tipo de relação semântica ela
estabelece?
Relação de conclusão, equivalendo
a logo, portanto.
04 – Observe os vários
trechos em que então aparece
e responda: em geral, em que parte do enunciado está esse termo?
Considerando essa posição, que outra função tem a palavra?
O termo aparece,
em geral, no início dos enunciados, o que o torna um elemento de conexão
entre diferentes períodos.
05 – A
conjunção ou cria uma alternância entre duas ações ou dois objetos,
podendo sugerir a coexistência alternada de ambos ou a exclusão de um dos
termos. Releia um trecho do texto:
“E essa
publicidade, ela tem como finalidade convencer essa criança a adquirir um
produto ou serviço. Ou então, também, fazer com que essa
criança seja uma promotora de vendas”.
Qual das duas funções a conjunção ou tem nesse trecho? Que palavra
confirma sua análise?
Ou indica
coexistência, como confirma a palavra também.
06 – Observe agora o uso
de ou neste outro
trecho:
“Eh... muitas
vezes uma publicidade, ela é colocada dentro de uma escola, que é um
espaço das crianças. Então, essa é evidentemente uma publicidade infantil,
que ela busca atingir esse público. Ou dentro de um espaço
público, como um parque, uma praça, durante uma atividade que é
direcionada às crianças”.
Considere as informações
apresentadas no enunciado introduzido por ou. Com que outra parte do trecho elas se conectam? Qual
seria, por consequência, a função de ou nesse
trecho?
As informações
do enunciado estão conectadas com uma informação que aparece no primeiro
período do trecho: dentro de uma escola. Ou, nesse caso, parece
ter sido introduzido para retomar e complementar aquela informação, já que há
uma frase intercalada entre elas.
07 – Releia mais um trecho:
“E como
que a gente sabe, né?, quando é uma publicidade infantil ou não? Pelos
elementos que ela contém e também pelo espaço em que ela se
insere”.
Por que a palavra também tem
função de reforço nesse trecho?
A palavra também sucede a conjunção e, que já tem função aditiva,
tornando-a reforçativa.
08 – Releia este outro:
“Então,
quando ela reconhece aquela mensagem que ela viu na televisão, no
rádio, na internet, dentro da escola, ela reconhece essa
mensagem, esse produto... no espaço, no supermercado, ela vai
vocalizar esse apelo, seja reproduzindo o jingle, ou ela
vai... falar: ‘olha, papai, mamãe, esse aqui é aquele produto que eu vi na
televisão ou na escola’”.
Seja é
parte da locução conjuntiva seja..., seja... Reescreva no caderno o trecho
destacado em negrito usando a locução e estabelecendo o paralelismo
sintático entre as duas partes, isto é, a igualdade de construções.
Seja reproduzindo
o jingle, seja falando.
09 – Levante uma hipótese: o
que teria levado a falante a usar seja..., ou... para indicar
alternância?
A língua falada
dispõe de menor tempo de planejamento e, por isso, algumas construções deixam
de ser mais bem elaboradas, por exigirem maior grau de concentração.
10 – Explique por que a
pergunta retórica “E como que a gente
sabe, né?, quando é uma publicidade infantil ou não?” tem um papel
semelhante ao de uma conjunção nesse texto.
A pergunta
retórica funciona com um conector entre duas partes do texto: aquela já
apresentada, que introduz o conceito de “publicidade infantil” e aquela que dá
a explicação sobre como essa publicidade é exposta às crianças.
11 – O comentário lido
explicita tendências da língua falada, percebidas tanto em registros formais
quanto em informais: o uso de um conjunto mais restrito de conjunções e a
repetição delas. Por que você acha que isso ocorre?
Resposta pessoal
do aluno. Sugestão: Na língua falada, o tempo de planejamento é pequeno, o que
reduz a possibilidade de o falante buscar variações para a formulação de seus
enunciados. Sua preocupação primeira é a manutenção do turno conversacional e a
clareza da comunicação, por isso se vale de recursos como a repetição,
eficientes na garantia dessa compreensão.rt
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