Poema: Junto al fuego
Susy Delgado
Carvão,
desperta e faz que desperte
no leito da cinza,
o fogo do lar.
Que iluminou
a voz profunda
de meu velho pai.
Carvão,
desperta com o fogo
e levanta-te,
desata-te, ri,
voa, despoja
as brasas da alegria.
Que reviva outra vez
o fogo do lar.
Que reviva o fogo,
que reviva a língua.
DELGADO, Susy.
Tataypýpe/Junto al fuego. Assunção: Arandurã, 1994. p. 80-1. Apud Sulis, Roger;
LENTZ, Gleiton. Uma chama, uma língua, uma tradução: Seis poemas traduzidos do
guarani ao português de Susy Delgado. Eutonia – Revista Online de Literatura e
Linguística. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/EUTOMIA/article/download/1833/1417.
Acesso em: 17 jul. 2020.
Fonte: Língua
Portuguesa – Estações – Ensino Médio – Volume Único. 1ª edição, São Paulo, 2020
– editora Ática – p. 299.
Entendendo o poema:
01 – De que maneira a
presença do eu lírico se evidencia no poema?
A presença do eu
lírico se evidencia no sétimo verso, quando se refere a seu “velho pai”.
02 – Como o carvão é
representado no poema de Susy Delgado? Justifique citando alguns versos.
O carvão é
representado como um elemento vivo, humanizado, capaz de despertar a alegria e
os afetos (“desperta com o fogo / e levanta-te, / desata-te, ri, / voa, despoja
/ as brasas da alegria”).
03 – O livro no qual o poema
foi originalmente publicado chama-se Tataypýpe. Esse termo guarani é bastante simbólico
na cultura paraguaia e dá nome ao lugar nas habitações tradicionais dos
camponeses, onde se acende e se mantém o fogo aceso.
a) Que relações o eu lírico estabelece entre o fogo, o lar e a língua? Quais são os sentidos atribuídos a cada um desses termos no poema?
(Primeiro subitem) O lar é o lugar de proteção, de afetos, da
memória. O eu lírico pede ao carvão que desperte o fogo do lar, ou seja,
reacenda, reviva a tradição. Além de representar a tradição que vai reviver a
língua, no penúltimo e no último versos, o fogo pode ser interpretado como a
própria língua guarani, que deve ser mantida viva.
b) A que língua o eu lírico se refere? Por que é necessário reviver/reacender essa língua?
O eu lírico refere-se ao guarani, língua original em que o poema foi
escrito. Embora o guarani seja uma das línguas oficiais do Paraguai, tem
sofrido um processo histórico de apagamento e ainda sofre preconceito, o que
justifica o desejo do eu lírico de reviver/reacender a própria língua materna.
Parabéns pelo trabalho no seu blog!! Desejo muita sorte!!
ResponderExcluirMaster Maverick