terça-feira, 23 de agosto de 2022

POEMA: JUNTO AL FUEGO - SUSY DELGADO - COM GABARITO

 Poema: Junto al fuego

              Susy Delgado     

Carvão,

desperta e faz que desperte

no leito da cinza,

o fogo do lar.

Que iluminou

a voz profunda

de meu velho pai.

Carvão,

desperta com o fogo

e levanta-te,

desata-te, ri,

voa, despoja

as brasas da alegria.

Que reviva outra vez

o fogo do lar.

Que reviva o fogo,

que reviva a língua.

DELGADO, Susy. Tataypýpe/Junto al fuego. Assunção: Arandurã, 1994. p. 80-1. Apud Sulis, Roger; LENTZ, Gleiton. Uma chama, uma língua, uma tradução: Seis poemas traduzidos do guarani ao português de Susy Delgado. Eutonia – Revista Online de Literatura e Linguística. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/EUTOMIA/article/download/1833/1417. Acesso em: 17 jul. 2020.

Fonte: Língua Portuguesa – Estações – Ensino Médio – Volume Único. 1ª edição, São Paulo, 2020 – editora Ática – p. 299.

Entendendo o poema:

01 – De que maneira a presença do eu lírico se evidencia no poema?

      A presença do eu lírico se evidencia no sétimo verso, quando se refere a seu “velho pai”.

02 – Como o carvão é representado no poema de Susy Delgado? Justifique citando alguns versos.

      O carvão é representado como um elemento vivo, humanizado, capaz de despertar a alegria e os afetos (“desperta com o fogo / e levanta-te, / desata-te, ri, / voa, despoja / as brasas da alegria”).

03 – O livro no qual o poema foi originalmente publicado chama-se Tataypýpe. Esse termo guarani é bastante simbólico na cultura paraguaia e dá nome ao lugar nas habitações tradicionais dos camponeses, onde se acende e se mantém o fogo aceso.

a)   Que relações o eu lírico estabelece entre o fogo, o lar e a língua? Quais são os sentidos atribuídos a cada um desses termos no poema?

(Primeiro subitem) O lar é o lugar de proteção, de afetos, da memória. O eu lírico pede ao carvão que desperte o fogo do lar, ou seja, reacenda, reviva a tradição. Além de representar a tradição que vai reviver a língua, no penúltimo e no último versos, o fogo pode ser interpretado como a própria língua guarani, que deve ser mantida viva.

b)   A que língua o eu lírico se refere? Por que é necessário reviver/reacender essa língua?

O eu lírico refere-se ao guarani, língua original em que o poema foi escrito. Embora o guarani seja uma das línguas oficiais do Paraguai, tem sofrido um processo histórico de apagamento e ainda sofre preconceito, o que justifica o desejo do eu lírico de reviver/reacender a própria língua materna.

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