Poema: A alma
Vera Duarte
Fiquei por aí plantada
À beira de um sábado prodigioso
Olhando a linha do horizonte
E um barco carregado de estrelas
Que não sei se partia
Não sei se chegava.
Ao meu lado
Em calor recente
Tu foste o centro e o tudo
E senti crescer em mim
O desejo d’eternidade.
Não quis mais partir!
Desvendando o segredo do amor
Quero permanecer na ilha
E navegar apenas em sonhos
Por caminhos redondos e concêntricos
Ao sabor de ti e do vento.
Não quero mais partir!
De malas desfeitas
Quebrarei na ilha
A prisão das ilhas
Com os pés fincados na areia
Que abrigou nossos corpos em tempos de festa.
DUARTE, Vera. Amanhã
amadrugada. Lisboa: Veja; Praia: ICLD, 1993. p. 78-9. (Palavra Africana).
Fonte: Língua
Portuguesa – Estações – Ensino Médio – Volume Único. 1ª edição, São Paulo, 2020
– editora Ática – p. 165-6.
Entendendo o poema:
01 – Você sabe quais são os
países africanos em que o português é a língua oficial?
Resposta pessoal
do aluno.
02 – Em Cabo Verde, o clima
difícil, com muitos períodos de seca, a terra árida e pouco produtiva, entre
outros problemas, fazem com que muitos habitantes do país optem pela emigração.
Esse é contexto do poema.
a) Com base nessas informações e na leitura do poema, o que é possível saber a respeito do eu lírico? Onde ele está e o que está fazendo?
É possível saber que o eu lírico é feminino e está parado
(“plantada”) numa praia, em um sábado, observando um barco no mar, que pode
estar chegando ou partindo.
b) Pelo último verso da segunda estrofe, é possível inferir que o eu lírico tinha uma intenção, mas muda de ideia. Que intenção era essa? E o que o eu lírico decide fazer? Por que mudou de ideia?
Ele tinha a intenção de partir da ilha, mas decide ficar. Ele mudou
de ideia porque resolveu viver o amor que sente pela pessoa a quem se dirige no
poema (“tu”) ficando junto dela.
c) Comente a diferença entre o verso “Não quis mais partir!”, da segunda estrofe, e o verso “Não quero mais partir!”, na quarta estrofe. O que essa diferença expressa?
No verso da segunda estrofe, o eu lírico expressa seu desejo naquele
momento, quando sentiu crescer o desejo de eternidade por estar ao lado de quem
ama; por isso o uso do tempo pretérito perfeito (“não quis”). Já no verso da
quarta estrofe, o eu lírico reafirma o que já tinha sentido, mas com veemência,
como uma decisão final e categórica, por isso o uso do tempo presente (“não
quero”).
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