sábado, 13 de agosto de 2022

NOTÍCIA: CÃES VÃO TOMAR UMA "GELADA" COM CERVEJA PET - FOLHA DE S.PAULO - COM GABARITO

 Notícia: Cães vão tomar uma “gelada” com cerveja pet  


  Produto feito especialmente para cachorros chega ao mercado nacional em agosto

        Nada é melhor que uma cervejinha depois de um dia de cão.

        Agora eles, os cães, também vão poder fazer jus a essa máxima. No mês de agosto chega ao mercado a Dog Beer, cerveja criada especialmente para os amigos de quatro patas. “Quem tem bicho de estimação gosta de dividir o prazer até na hora de comer e beber”, aposta o empresário M. M., 47, dono da marca.

        Para comemorar a final da Libertadores, a executiva A. P. C., 40, corintiana roxa, quis inserir Manolito, seu labrador, na festa.

        “Ele tomou tudo. A cerveja é docinha, com fundinho de carne”, descreve.

        Uniformizado, Manolito não só bebeu a gelada durante o jogo contra o Boca Juniors como latiu sem parar até o fim da partida.

        Desenvolvida pelo centro de tecnologia e formação de cervejeiros do Senai, no Rio de Janeiro, a bebida canina é feita à base de malte e extrato de carne; não tem álcool, lúpulo, nem gás carbônico.

        O dono da empresa promete uma linha completa de “petiscos líquidos”, que inclui suco, vinho e champanhe.

        A lista de produtos humanos em versões animais não para de crescer.

        Já existem molhos, tempero para ração e até patê.

        O sorvete Ice Pet é uma boa opção para o verão. A sobremesa tem menos lactose, não tem gorduras nem açúcar.

Adaptado de Ricardo Bunduky, Folha de S.Paulo, São Paulo, 22 jul. 2012, Cotidiano, p. 3.

        Vergonha Nacional

        As décadas de descumprimento da lei [...] contribuíram para que os adultos se habituas sem a ver o consumo de bebidas entre adolescentes como “mal menor”, comparado aos perigos do mundo. [...] Um estudo publicado pela revista Drugs and Alcohol Dependence ouviu 15000 jovens nas 27 capitais brasileiras. O cenário que emerge do estudo é alarmante. Ao longo de um ano, um em cada três jovens brasileiros de 14 a 17 anos se embebedou ao menos uma vez. Em 54% dos casos mais recentes, isso ocorreu na sua casa ou na de amigos ou parentes. Os números confirmam também a leniência com que os adultos encaram a transgressão. Em 17% dos episódios, os menores estavam acompanhados dos próprios pais ou de tios.

        Resultados da pesquisa realizada com 15 000 jovens de 14 a 17 anos nas 27 capitais brasileiras:

1     Quantas vezes se embebedou:

Nenhuma vez .................................................. 12%.

Uma vez na vida .............................................. 35%.

Ao menos uma vez no último ano .................... 32%.

Ao menos uma vez no último mês ................... 21%.

2     Onde ficou embriagado: (na última vez em que bebeu).

Bar .................................................................... 35%.

Casa de amigos ............................................... 30%.

Casa de parentes ............................................. 13%.

Própria casa ..................................................... 11%.

Festas ou praia ................................................ 11%.

3     – Com quem bebeu: (na última vez em que bebeu).

Amigos ............................................................. 50%.

Irmãos e primos ............................................... 26%.

Pais e tios ........................................................ 17%.

Namorado(a) ................................................... 5%.

Sozinho ........................................................... 2%.

Adaptado de Revista Veja, São Paulo, n° 28, 11 jul. 2012, p. 81-82.

        Agora, leia a carta de leitor produzida por um candidato a partir da proposta anterior.

        Prezados redatores,

        Acompanho diariamente este jornal – e não o leio, apenas; mas também me questiono sobre o conteúdo que é nele reproduzido. Dessa forma, ao renegar a posição de leitor passivo, me vejo na função de expressar meu descontentamento perante a matéria veiculada no caderno “Cotidiano” do último dia 22 de julho, que tinha por objetivo informar sobre uma nova linha de cerveja para cães. Abarcada pela explosão de produtos de consumo humano que ganharam versões para animais domésticos, a reportagem exalta a bebida para os cães, como se ela levasse a outro nível o companheirismo do animal, que agora acompanha o dono até na “cervejinha” de cada dia. Inclusive, o texto ilustra esta ideia por meio do caso de um cachorro que foi inserido pelos donos, com sua cerveja especial, na festa de comemoração por um time de futebol.

        Me incomoda, assim, que não surja na matéria nenhum questionamento sobre consequências mais sérias desta banalização do consumo de álcool em nossa sociedade (mesmo que a bebida dos cães não possua teor etílico, a referência é clara), principalmente entre aqueles que possuem menos maturidade para avaliar suas atitudes: os adolescentes. Dados de um estudo publicado no periódico “Drugs and Alcohol Dependence” mostram que 88% dos jovens brasileiros de 14 a 17 anos entrevistados na pesquisa já se embebedaram ao menos uma vez na vida, sendo um terço deles num período recente de um ano. A pesquisa também revela que, muitas vezes, o contato com a bebida se associa ao ambiente familiar, já que quase 25% daqueles que afirmaram ter se embebedado estavam em casa própria ou de parentes quando o fizeram pela última vez. Além disso, 17% foram acompanhados por pais ou tios, o que denuncia a naturalidade com que tal atitude é encarada por seus responsáveis. Então, se agora até o cão está apto a compartilhar da bebida, como fazer com que os jovens não se sintam ainda mais estimulados a abusar do consumo de álcool?

        Não pretendo me colocar por meio desta como um moralista ou defensor do que alguns chamariam de “bons costumes”, mas me indigna o fato de que este jornal não tenha proposto um debate relevante sobre o assunto, e simplesmente transcreva um fato que contribui na institucionalização velada do abuso de álcool por parte dos jovens.

O.D.M.

                Fonte: Livro Língua Portuguesa – Trilhas e Tramas – Volume 1 – Leya – São Paulo – 2ª edição – 2016. p. 331-4.

Entendendo a notícia:

01 – A carta que você leu pode ser dividida em cinco partes. No caderno, indique os trechos que correspondem:

a)   Ao cumprimento formal.

“Prezados redatores,”.

b)   Á introdução.

De “Acompanho diariamente este jornal” até “por um time de futebol”.

c)   Ao desenvolvimento.

De “Me incomoda” até “abusar do consumo de álcool”.

d)   Ao fecho.

De “Não pretendo me colocar” até “por parte dos jovens”.

e)   Ás iniciais do remetente.

O. D. M.

02 – A quem é dirigida a carta? Por quê?

        Aos redatores do jornal, porque são considerados pelo remetente os responsáveis pela decisão de publicar a notícia.

03 – Releia este trecho da introdução da carta:

        “Acompanho diariamente este jornal – e não o leio, apenas; mas também me questiono sobre o conteúdo que é nele reproduzido. Dessa forma, ao renegar a posição de leitor passivo, me vejo na função de expressar meu descontentamento perante a matéria veiculada no caderno ‘Cotidiano’ do último dia 22 de julho.”

        Qual é o objetivo desse trecho e que argumento ele apresenta?

      Por meio desse trecho, o autor da carta se identifica de forma positiva, como leitor assíduo, questionador e crítico do jornal. Ele afirma que acompanha o debate a respeito do alcoolismo na adolescência e, dessa forma, argumenta que tem legitimidade para criticar o veículo de comunicação e fazer cobranças.

04 – A carta de leitor é um texto em que o remetente expõe seu ponto de vista e apresenta argumentos, pois busca a adesão de outros leitores ao seu posicionamento.

a)   Qual é o posicionamento expresso nessa carta? Explique.

O leitor posiciona-se criticamente em relação à notícia apresentada na proposta e expressão “descontentamento” porque a matéria não faz alusão ao aumento do consumo de álcool por adolescentes.

b)   Que argumentos o leitor utiliza para defender esse posicionamento?

Ele defende que esse tipo de notícia, ainda que se refira a uma cerveja sem álcool para cães, pode contribuir para a banalização, naturalização e “institucionalização” do consumo de bebida alcoólica; considera negativo associar consumo de cerveja a prazer, a companheirismo entre cão e dono; considera que a matéria jornalística faz propaganda subliminar, velada do consumo de álcool; reforça sua argumentação com dados objetivos e confiáveis de um estudo publicado no periódico “Drugs and Alcohol Dependence” apresentados na proposta.

c)   Explique o efeito argumentativo do emprego dos verbos destacados nos trechos a seguir:

·        Me incomoda, assim, que não surja na matéria nenhum questionamento sobre consequências mais sérias desta banalização do consumo de álcool em nossa sociedade, especialmente entre os adolescentes que podem ser estimulados pela reportagem a consumir álcool.

·        [...] mas me indigna o fato de que este jornal não tenha proposto um debate relevante sobre o assunto, e simplesmente transcreva um fato que contribui na institucionalização velada do abuso de álcool por parte dos jovens.

      Reiterar o descontentamento expresso na introdução da carta e manter a coesão, com o emprego de verbos do mesmo campo semântico.

05 – Releia este trecho e explique seu objetivo:

        “Não pretendo me colocar por meio desta como um moralista ou defensor do que alguns chamariam de ‘bons costumes’ [...].”.

      O leitor busca preservar sua imagem e se defender do possível rótulo de moralismo.

06 – Considerando o contexto, explique o uso de aspas em:

a)   “Cervejinha”.

Ironizar o emprego do diminutivo para se referir à bebida, de maneira afetiva.

b)   “Bons costumes”.

Ironizar a expressão entre aspas.

c)   “Cotidiano”.

Indicar o nome do caderno do jornal.

07 – Leia:

        Me incomoda, assim, que não surja na matéria nenhum questionamento sobre consequências mais sérias desta banalização do consumo de álcool em nossa sociedade (mesmo que a bebida dos cães não possua teor etílico, a referência é clara).”

        De acordo com as regras da gramática normativa, não se inicia frase com pronome oblíquo. Como se explica esse uso no trecho anterior?

      O leitor empregou o pronome oblíquo no início da frase seguindo uma tendência do português falado do Brasil.

 

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