sábado, 13 de agosto de 2022

POEMA EM PROSA: OCASO NO MAR - CRUZ E SOUSA - COM GABARITO

 Poema em prosa: Ocaso no mar

            Cruz e Sousa

     Num fulgor d’ouro velho o sol tranquilamente desce para o ocaso, no limite extremo do mar, d’águas calmas, serenas, dum espesso verde pesado, glauco, num tom de bronze.

        No céu, de um desmaiado azul, ainda claro, há uma doce suavidade astral e religiosa.

        Às derradeiras cintilações doiradas do nobre Astro do dia, os navios, com o maravilhoso aspecto das mastreações, na quietação das ondas, parecem estar em êxtase na tarde.

        Num esmalte de gravura, os mastros, com as vergas altas lembrando, na distância, esguios caracteres de música, pautam o fundo do horizonte límpido.

        Os navios, assim armados, com a mastreação, as vergas dispostas por essa forma, estão como a fazer-se de vela, prontos a arrancar do porto.

        Um ritmo indefinível, como a errante etereal expressão das forças originais e virgens, inefavelmente desce, na tarde que finda, por entre a nitidez já indecisa dos mastros...

        Em pouco as sombras densas envolvem gradativamente o horizonte em torno, a vastidão das vagas.

        Começa, então, no alto e profundo firmamento silencioso, o brilho frio e fino, aristocrático das estrelas.

        Surgindo através de tufos escuros de folhagem, além, nos cimos montanhosos, uma lua amarela, de face chara de chim, verte um óleo luminoso e dormente em toda a amplidão da paisagem.

             Disponível em: http://dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000076.pdf. Acesso em: 27 abr. 2016.

       Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2016 – Moderna – p. 127.

Entendendo o poema em prosa:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Fulgor: brilho.

·        Ocaso: pôr do sol.

·        Glauco: verde-azulado.

·        Mastreações: conjuntos de mastros.

·        Vergas: vigas.

·        Etereal: sublime, divina.

·        Inefavelmente: de forma indescritível.

·        Chim: chinês.

02 – Os poemas simbolistas caracterizam-se pelo uso de palavras incomuns, de um vocabulário não coloquial, sofisticado. Relacione essa afirmação ao poema “Ocaso no mar” e justifique sua resposta com exemplos.

      No poema “Ocaso no mar”, Cruz e Sousa utiliza vocabulário incomum, não coloquial, sofisticado, tal como referido na afirmação. Exemplos: “Fulgor”, “Ocaso”, “Glauco”, “eteral”, “inefavelmente”, etc.

03 – Que fenômeno natural está sendo descrito no poema de Cruz e Sousa?

      O poema descreve o pôr do sol no mar e o início da noite, com o surgimento da lua e das estrelas.

04 – Os simbolistas valorizavam a ideia de sugestão. Encontre em “Ocaso no mar” exemplos que confirmam essa afirmação.

      No poema “Ocaso no mar”, em lugar de simplesmente descrever o pôr do sol no mar e o início da noite, o poeta sugere esses fenômenos. O sol não é apenas amarelo: há nele um “fulgor d’ouro velho”, o mar é “dum espesso verde pesado”, “num tom de bronze”. No céu, há uma doce suavidade astral e religiosos”, etc.

05 – Que recursos utilizados por Cruz e Sousa intensificam a sonoridade do poema?

      Em algumas passagens, Cruz e Sousa faz uso de aliterações e assonâncias.

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