Poema: Lira do amor romântico ou a eterna repetição
Atirei um limão n’água
e fiquei vendo na margem.
Os peixinhos responderam:
Quem tem amor tem coragem.
[...]
Atirei um limão n’água
mas perdi a direção.
Os peixes, rindo, notaram:
Quanto dói uma paixão!
Atirei um limão n’água,
ele afundou um barquinho.
Não se espantaram os peixes:
faltava-me o teu carinho.
Atirei um limão n’água,
o rio logo amargou.
Os peixinhos repetiram:
É dor de quem muito amou.
Atirei um limão n’água,
o rio ficou vermelho
e cada peixinho viu
meu coração num espelho.
[...]
Atirei um limão n’água,
antes atirasse a vida.
Iria viver com os peixes
a minh’alma dolorida.
[...]
Atirei um limão n’água,
caiu certeiro: zás-trás.
Bem me avisou um peixinho:
Fui passado pra trás.
Atirei um limão n’água,
de clara ficou escura.
Até os peixes já sabem:
você não ama: tortura.
Atirei um limão n’água
e caí n’água também,
pois os peixes me avisaram,
que lá estava meu bem.
Atirei um limão n’água,
foi levado na corrente.
Senti que os peixes diziam:
Hás de amar eternamente.
Carlos Drummond de Andrade. Amar
se aprende amando. 24. Ed. Rio de Janeiro: Record, 2001.
Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 9º
ano – Ensino Fundamental – IBEP 5ª edição – São Paulo, 2018, p. 76-8.
Fonte da imagem -https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fwww.mundodasmensagens.com%2Fmensagens-amor%2F&psig=AOvVaw1Y45ybOn9MXUqhs1DVCrQd&ust=1628537963942000&source=images&cd=vfe&ved=0CAsQjRxqFwoTCIDFuu-WovICFQAAAAAdAAAAABAD
Entendendo o poema:
01 – Nos versos do poema, ocorre a personificação de seres da natureza.
Quais são eles?
Os peixes, pois o eu poético diz que esses animais
conversam com ele.
02 – De acordo com o texto, podemos atribuir sabedoria a elementos da
natureza? Confirme sua resposta com versos do próprio poema.
Sim, o eu poético reconhece que os peixes sabem
várias coisas sobre o amor que ele sente e sobre as atitudes ou os sentimentos
da pessoa amada. Exemplo: “Até os peixes já sabem: / você não ama: tortura.”
03 – Leia apenas o último verso de cada estrofe. O que podemos concluir
sobre a condição do eu poético com base nesses versos?
Em geral, os versos revelam que o eu poético vivia
um amor não correspondido.
04 – Releia esta estrofe:
“Atirei
um limão n’água,
o rio logo amargou.
Os peixinhos repetiram:
É dor de quem muito amou.”
a) O que você entende por “o rio logo amargou”?
O rio ficou triste, amargurado.
b) Nessa estrofe, o verbo amargar foi empregado no sentido de amargurar, entristecer. A amargura e a tristeza são qualidades comuns de atribuirmos ao substantivo rio?
Não. A amargura e a tristeza são faculdades próprias dos seres
humanos.
05 – Na estrofe a seguir,
nota-se certo exagero nas palavras do eu poético. Escreva o verso em que
aparece esse exagero.
“Atirei
um limão n’água,
foi levado na corrente.
Senti que os peixes diziam:
Hás de amar eternamente.”
“Hás de amar eternamente.”
06 – Qual pode ter sido a
intenção do poeta ao usar essa hipérbole?
Expor todo o amor do eu poético, mostrar
de forma intensa quanto ele se dedica ao seu amor.
07 – Observe esta estrofe:
“Atirei
um limão n’água,
caiu certeiro: zás-trás.
Bem me avisou um peixinho:
Fui passado pra trás.”
a) Para você, o que lembra a expressão “zás-trás”?
Resposta pessoal do aluno.
b) Com que objetivo o poeta pode ter usado essa expressão na estrofe?
Resposta pessoal do aluno.
c) Podemos afirmar que a expressão “zás-trás” é uma onomatopeia? Por quê?
Sim, porque é uma expressão que imita o som do deslocamento de ar
quando ocorre uma ação rápida.
Eu amei o poema e gosto muito desse poema. 💛💛💛
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