CONTO(Fragmento): Peixe para Eulália
Foi, nunca mais desceu.
Ainda esperaram que Sinhorito tombasse, desamparado, mais sua embarcação. Como
nada sucedesse, um por um, os aldeões regressaram a suas
casas. Ficou Eulália, só e sozinha. E ali na praça ela montou espera de um acontecimento. A mulher olhava o
céu, fosse sol, fosse estrelas. Mas Sinhorito não descia. Nem ele nem a chuva
que se propôs buscar. E ainda menos um
qualquer peixe.
Vieram buscá-la. Vieram
familiares, veio o chefe dos Correios. Puxaram-na, força contra a vontade.
Eulália contrariou os
intentos. Apontava, desapontada, o vasto céu.
– Há de vir, há de voltar...
Mia Couto. Peixe para Eulália. Em: O fio das missangas.
São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
Entendendo o texto
1) A que palavra se referem
os termos “um” destacados na segunda linha do fragmento?
Se referem à
palavra “aldeões”.
2) Em relação a esses
termos, que função exercem nesse contexto?
Eles expressam o
modo como os aldeões regressaram a suas casas, indicando a ideia de “ordenação”
(um após o outro).
3) De acordo com essa
função, podemos afirmar que pertencem a qual classe de palavras?
À classe de
palavras dos numerais.
4) É possível afirmar que o
termo “um” destacado na terceira e na quinta linha têm o mesmo funcionamento do
que os termos “um”, na segunda? Justifique sua resposta.
Não, pois os
termos “um” na terceira e na quinta linha funcionam de modo distinto, indicando
apenas uma imprecisão ou indeterminação em relação ao substantivo aos quais se
referem (“acontecimento” e “peixe”), isto é, funcionam como artigos
indefinidos. Os termos “um” destacados na segunda linha transmitem ideia de
“ordenação”, ou seja, funcionam como numerais.
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