terça-feira, 5 de dezembro de 2017

NOTÍCIA: A LUA NO BOLSO - FOLHA DE SÃO PAULO - COM GABARITO

Texto: A lua no bolso

        Noticiário elaborado com telegramas da AP, UPI e AFP.
        Exatamente às 23 horas, 56 minutos e 31 segundos (hora de Brasília), o comandante Neil A. Armstrong tocou o solo da Lua, descendo pela cabine do módulo lunar, 6h 38 depois de ter pousado na superfície do satélite natural da Terra. “A porta está se abrindo”, disse Armstrong às 23h 39. Um minuto depois o astronauta vislumbrava diretamente a superfície da Lua. Lentamente, com movimentos extremamente seguros, começou a descer a escadinha do módulo, pisando sempre com o pé esquerdo. Quando alcançou o segundo degrau a televisão começou a transmitir diretamente da Lua para a Terra, focalizando perfeitamente o astronauta. Já sobre o solo lunar, Armstrong afastou-se do módulo e começou a executar suas primeiras tarefas, tornando realidade um sonho milenar do homem. [...]
      Durante a descida, puxando um anel na fuselagem do módulo, Armstrong ligou uma câmera de televisão que transmitiu seu primeiro passo na Lua para a Terra.
        Armstrong disse ainda que “a superfície da Lua é fina e poeirenta, como carvão em pó sob meus pés. Posso ver as pegadas que minhas botas deixam nas finas partículas”. Comunicou que recolheu a primeira amostra e disse: “Agora vou tentar pegar uma pedra. Isso é muito interessante. A primeira impressão é de uma superfície muito branda. Mas agora parece ter muita consistência. Tentarei agora obter outra amostra”.
        Os médicos do Centro de Controle disseram que “a informação é boa e a tripulação lunar parece que vai bem”.
        Nas imagens vindas da Lua podia-se ver como pano de fundo o escuro do espaço e luminosamente branca – em contraste – a superfície da Lua sobre a qual a imagem de Armstrong parecia um tanto difusa em branco e preto.
        Caminhava como alguém que carrega um grande peso às costas.
        “É algo parecido com o deserto no Oeste dos Estados Unidos. Mas é muito bonito aqui fora”, acrescentou Armstrong.
        Disse que “estou achando difícil inclinar-me”, referindo-se aos movimentos que precisava fazer para apanhar as amostras, as quais começou a descrever.
        “Olhando para cima, para o módulo, eu estou diretamente na sombra. Agora estou vendo Buzz (Aldrin) nas janelas. Posso ver tudo muito claro”, disse Armstrong ao primeiro minuto do dia 21, hora de Brasília.
        Depois à zero e 16 minutos, Edwin Aldrin também desceu à superfície lunar.
        Antes de Aldrin descer, Armastrong fez uma rápida revisão visual no módulo, declarando que estava dando para ver tudo com clareza.
        “Ok, Buzz, você está pronto para descer?” perguntou Armstrong. Aldrin, em resposta, começou a descer vagarosamente a escada. “Precisamos tomar cuidado e inclinar-nos na direção em que queremos ir”, disse um dos astronautas para o outro. “Principalmente se você quer cruzar os pés.” Às vezes eles pareciam estar realizando exercícios físicos, especialmente com os braços. “Não se afunda mais que poucos centímetros quando se caminha”, acrescentou Aldrin. Os dois se comunicavam pelo rádio, pois com seus capacetes e trajes espaciais selados não poderiam conversar doutra forma. Houve problemas de falta de foco com a câmara e certas interrupções.

                                    Folha de São Paulo. São Paulo, 21 jul. 1969.
      In: Kauffmann, Carlos; Mota, Vinícius. Primeira página: Folha de São Paulo.
                                                                         São Paulo: Publifolha, 2006. p. 113. (Fragmento).
Interpretação do texto:
01 – O texto acima foi escrito para cumprir uma finalidade específica. Qual é ela?
      Informar como se deu a chegada do primeiro homem à Lua.

a)   Como essa finalidade é alcançada?
O texto informa, de modo detalhado, como o astronauta americano Neil Armstrong, primeiro, e depois seu companheiro Edwin “Buzz” Aldrin saem do módulo lunar e tocam a superfície da Lua. Traz também uma série de impressões de Neil Armstrong sobre a cobertura do solo lunar e o grau de dificuldade para se movimentar colher amostras, etc.
02 – O título do texto – “A Lua no bolso” – pode ser interpretado literalmente? Explique.
      Não. Porque não é possível colocar um satélite do tamanho da Lua no bolso, como também é absurda a ideia de que ela poderia ser “retirada” do espaço. O título precisa, portanto, ser interpretado de modo figurado. No contexto, a expressão pôr “a Lua no bolso” ganha uma conotação metafórica e significa conquistar a Lua.
a)   Que relação de sentido pode ser identificada entre o título e o texto?
Como o texto informa detalhadamente a “conquista” da Lua pelo homem, descrevendo o sucesso da primeira missão tripulada a aterrissar no satélite da Terra, o título antecipa, com uma metáfora, o resultado da missão. Como os homens conquistaram a Lua, estavam com ela “no bolso”.

03 – Releia o trecho abaixo para responder à questão.
        “Exatamente às 23 horas, 56 minutos e 31 segundos (hora de Brasília), o Comandante Neil A. Amstrong tocou o solo da Lua, descendo pela cabine do módulo lunar, 6h38 depois de ter pousado na superfície do satélite natural da Terra. “A porta está se abrindo”, disse Armstrong às 23h39. Um minuto depois o astronauta vislumbrava diretamente a superfície da Lua. Lentamente, com movimentos extremamente seguros, começou a descer a escadinha do módulo, pisando sempre com o pé esquerdo. Quando alcançou o segundo degrau a televisão começou a transmitir diretamente da Lua para a Terra, localizando perfeitamente o astronauta. Já sobre o solo lunar, Armstrong afastou-se do módulo e começou a executar suas primeiras tarefas, tornando realidade um sonho milenar do homem.”

a)   O autor do texto tomou o cuidado de oferecer, no primeiro parágrafo, uma série de informações que permitissem ao leitor responder a algumas perguntas: o quê? quem? quando? como? por quê? No caderno, transcreva do texto as respostas para tais perguntas.
O quê? A chegada do homem à Lua.
Quem? O astronauta americano Neil Armstrong.
Quando? Exatamente às 23 horas, 56 minutos e 31 segundos do dia 20 de julho de 1969.
Como? Descendo a escadinha do módulo lunar, depois de ter pousado na superfície do satélite natural da Terra.
Por quê? Para tornar realidade um sonho milenar do homem: a conquista da Lua.

04 – Agora, compare as informações apresentadas no primeiro parágrafo ao tipo de informação que consta das parágrafos seguintes. Podemos afirmar que elas cumprem funções diferentes. Por quê?
      As informações oferecidas no primeiro parágrafo ajudam o leitor a se situar diante do fato relatado. Nesse sentido, trazem dados precisos para responder às perguntas: “o quê? Quem? Quando? Como? Por quê? .
      Nos parágrafos seguintes, o texto traz informações mais ampliadas e detalhadas sobre o acontecimento relatado no parágrafo inicial. Os demais parágrafos do texto trazem novas informações que ajudam o leitor a compreender melhor as circunstâncias em que o fato noticiado ocorreu, mas não modificam o foco do texto, estabelecido no primeiro parágrafo.

05 – As aspas foram utilizadas com frequência ao longo do texto. Observe as seguintes passagens:
        “A porta está se abrindo”, disse Armstrong às 23h39.
        Armstrong disse ainda que “a superfície à Lua é fina e poeirenta, como carvão em pó sob meus pés. Posso ver as pegadas que minhas botas deixam nas finas partículas”.
        “É algo parecido como o deserto no Oeste dos Estados Unidos. Mas é muito bonito aqui fora”, acrescentou Armstrong.
a)   Analise o uso das aspas nas passagens acima. Pode se afirmar que, em todos os casos, elas foram utilizadas para atribuir a autoria de uma opinião ao astronauta Neil Armstrong? Explique.
NÃO. Na primeira passagem, as aspas foram utilizadas somente para indicar que foi Armstrong quem disse que a porta se abria. Suas duas falas seguintes, porém, refletem opiniões particulares sobre a sensação provocada pelos primeiros passos no solo lunar, algo que somente quem pisou naquela superfície poderia descrever; e sobre a impressão provocada pela paisagem lunar. Armstrong usa o recurso da comparação com algo terrestre conhecido para descrever o que vê a seus interlocutores. É interessante observar a preocupação do astronauta em afirmar a beleza do que via, como se temesse ser mal interpretado pela comparação feita.

06 – Em alguns momentos, podemos identificar passagens descritivas no texto. A primeira delas aparece já no primeiro parágrafo. Qual a importância da descrição em uma notícia como esta?
      A descrição é essencial em uma notícia como essa, porque o fato relatado é algo inimaginável para os leitores. Trata-se da primeira vez que um homem pisa na Lua. Tudo o que acontece, portanto, é novo. Ao recorrer à descrição, o autor do texto oferece imagens que auxiliam os leitores a reconstituírem, mentalmente, os movimentos dos astronautas e, assim, a criarem representações visuais para o que aconteceu naquele histórico momento.


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