sábado, 3 de outubro de 2020

CRÔNICA: A CARROÇA DOS CACHORROS - LIMA BARRETO - COM GABARITO

 Crônica: A carroça dos cachorros

                  Lima Barreto 

   Quando de manhã cedo, saio da minha casa, triste e saudoso da minha mocidade que se foi fecunda, na rua eu vejo o espetáculo mais engraçado desta vida.

     Amo os animais e todos eles me enchem do prazer natureza.

    Sozinho, mais ou menos esbodegado, eu, pela manhã desço a rua e vejo.

        O espetáculo mais curioso é o da carroça dos cachorros. Ela me lembra a antiga caleça dos ministros de Estado, tempo do império, quando eram seguidas por duas praças de cavalaria de polícia.

        Era no tempo da minha meninice e eu me lembro disso com as maiores saudades.

        -- Lá vem a carrocinha! - dizem.

        E todos os homens, mulheres e crianças se agitam e tratam de avisar os outros.

        Diz Dona Marocas a Dona Eugênia:

        -- Vizinha! Lá vem a carrocinha! Prenda o Jupi!

        E toda a “avenida" se agita e os cachorrinhos vão presos e escondidos.

        Esse espetáculo tão curioso e especial mostra bem de que forma profunda nós homens nos ligamos aos animais.

        Nada de útil, na verdade, o cão nos dá; entretanto, nós o amamos e nós o queremos.

        Quem os ama mais, não somos nós os homens; mas são as mulheres e as mulheres pobres, depositárias por excelência daquilo que faz a felicidade e infelicidade da humanidade – o Amor.

        São elas que defendem os cachorros dos praças de polícia e dos guardas municipais; são elas que amam os cães sem dono, os tristes e desgraçados cães que andam por aí à toa.

        Todas as manhãs, quando vejo semelhante espetáculo, eu bendigo a humanidade em nome daquelas pobres mulheres que se apiedam pelos cães.

        A lei, com a sua cavalaria e guardas municipais, está no seu direito em persegui-los; elas, porém, estão no seu dever em acoitá-los.

Lima Barreto

Entendendo a crônica:

01 – A partir a leitura da crônica, o adjetivo “pobres” caracteriza:

a)   As mulheres.

b)   Os policiais.

c)   Os sentimentos do cronista.

d)   Os cães.

02 – A crônica é narrada em 1ª ou em 3ª pessoa? Destaque do texto elementos que justifiquem o foco narrativo escolhido.

      É narrada em 1ª pessoa, conforme este trecho: “— Quando de manhã cedo, saio...”.

03 – O narrador participa da história ou apenas observa?

      Não, apenas observa.

04 – Onde e quando se passa a história?

      Na rua onde mora o narrador e o fato acontece de manhã, cedo.

05 – No trecho: “E toda a “avenida” se agita e os cachorrinhos vão presos e escondidos”, as aspas na palavra avenida foram utilizadas com propósito:

a)   Expressivo figurativo.

b)   Apenas de chamar a atenção para a passagem da carrocinha.

c)   De marcar ironia.

d)   De indicar que se trata de palavra de língua estrangeira.

06 – Transcreva do texto adjetivos e/ou locuções adjetivas que se referem:

a)   Aos sentimentos do cronista.

Triste, saudoso, solitário, esbodegado.

b)   Aos cachorros.

Tristes, desgraçados.

07 – No trecho: “São elas que defendem os cachorros dos praças de polícia e dos guardas municipais; são elas que amam os cães sem dono, os tristes e desgraçados cães que andam por aí à toa.”, as palavras destacadas se referem a:

a)   Vizinhas.

b)   Às mulheres.

c)   Dona Marocas e Dona Eugênia.

d)   Às mulheres e às mulheres pobres.

08 – Em:

        “E todos os homens, mulheres e crianças se agitam e tratam de avisar os outros.

        Diz Dona Marocas a Dona Eugênia:

        -- Vizinha! Lá vem a carrocinha! Prenda o Jupi!”.

        A transformação correta do trecho sublinhado no texto para o discurso indireto no pretérito está na alternativa:

a)   Dona Marocas disse à vizinha que está vindo a carrocinha e que ela prende o Jupi!

b)   Dona Marocas disse à vizinha que está vindo a carrocinha e que ela devesse prende o Jupi!

c)   Dona Marocas disse à vizinha que virá a carrocinha e que Dona Eugênia deve prender o Jupi.

d)   Dona Marocas dizia à vizinha que aqui viria a carrocinha e que Dona Marocas deverá prender o Jupi.

09 – São características da crônica:

I – A presença de heróis e seres sobrenaturais.

II – Explicar acontecimentos misteriosos e sobrenaturais nos quais a natureza tem papel marcante.

III – Gênero narrativo marcado pela brevidade, narra fatos históricos em ordem cronológica.

IV – Gênero narrativo publicado em jornal ou revista, destina-se à leitura diária ou semanal, pois trata de acontecimentos cotidianos.

V – Ausência de autor conhecido, em razão de sua origem muito antiga e oral.

        Após analisar as afirmativas acima, marque a única alternativa correta.

a)   I e II.

b)   I e III.

c)   IV e V.

d)   I e V.

e)   III e IV.

10 – O texto apresenta um fato que faz parte do cotidiano das pessoas de uma rua. Que fato é esse?

      O fato de uma vizinha ter avisado a outra que era para esconder seu cachorro que a carrocinha estava passando. Ser solidário com outro vizinho.

11 – Das alternativas a seguir, qual a que melhor sintetiza a crônica de Lima Barreto?

a)   O cronista está saudoso de sua mocidade, portanto escreve um texto sobre os cachorros.

b)   Em sua crônica, Lima Barreto faz uma crítica severa à carroça dos cachorros, que torna a vida das pessoas mais simples, um transtorno.

c)   Lima Barreto demonstra, em sua crônica, que as pessoas são mais solidárias com os cachorros que com outras pessoas.

d)   O olhar do cronista, quase ingênuo, observa um episódio corriqueiro, a passagem da carroça dos cachorros, e o transforma em um tributo à natureza humana.

e)   O episódio da passagem da carroça dos cachorros leva o cronista a refletir sobre questões cruciais para a realidade do Brasil, como a segurança, por exemplo.

 

 

CRÔNICA: TCHAU (FRAGMENTO) - LYGIA BOJUNGA - COM GABARITO

 Crônica: Tchau (Fragmento)


                                                   Lygia Bojunga

        [...]

        De repente a Mãe ficou de joelhos, agarrou as duas mãos da Rebeca e foi despejando a fala:

        — Eu me apaixonei por um outro homem, Rebeca. Eu estou sentindo por ele uma coisa que nunca! nunca eu tinha sentido antes. Quando eu conheci o teu pai eu fui gostando cada dia mais um pouco dele, me acostumando, ficando amiga, querendo bem. A gente construiu na calma um amor gostoso e foi feliz uma porção de anos. E mesmo quando eu reclamava que ele gostava mais da música do que de mim, eu era feliz...

        — O pai adora você! você não pode...

        —... e mesmo no tempo que o dinheiro era super apertado a gente era feliz...

        — Ele gosta de você! ele gosta demais de você.

        —... mas este último ano a gente tá sempre discutindo, a gente briga a toda hora.

        — Por quê?

        — Não sei; quer dizer, eu sei; eu sei mais ou menos, essas coisas a gente nunca sabe direito, mas eu sei que eu fui me sentindo sozinha.

        [...].

NUNES, L. B. Tchau. In: Tchau. 3. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1987. p. 10 – 21.

Entendendo a crônica:

01 – O uso de reticências durante o diálogo entre a mãe e a filha, permite inferir que as personagens:

a)   Interrompem a fala uma da outra.

b)   Brigam porque a mãe ficou de joelho.

c)   Usam pausas reflexivas no diálogo.

d)   Tranquilizam-se durante a conversa.

e)   Conversam coisas sem conexão.

02 – No trecho do texto, percebe-se uma:

a)   Lembrança do encontro inicial do casal.

b)   Demonstração de diálogo entre as amigas.

c)   Experiência vivida pela filha com um novo namorado.

d)   Discussão sobre o relacionamento de mãe e filha.

e)   Tentativa da filha em reestabelecer o casamento dos pais.

CONTO: A MULHER DO ANACLETO - LIMA BARRETO - COM GABARITO

 Conto: A Mulher do Anacleto

                Lima Barreto

       Este caso se passou com um antigo colega meu de repartição.

  Ele, em começo, era um excelente amanuense, pontual, com magnífica letra e todos os seus atributos do ofício faziam-no muito estimado dos chefes.

      Casou-se bastante moço e tudo fazia crer que o seu casamento fosse dos mais felizes. Entretanto, assim não foi.

        No fim de dois ou três anos de matrimônio, Anacleto começou a desandar furiosamente. Além de se entregar à bebida. Deu-se também ao jogo.

        A mulher muito naturalmente começou a censurá-lo.

        A princípio, ele ouvia as observações da cara metade com resignação; mas, em breve, enfureceu-se com ela e deu em maltratar fisicamente a pobre rapariga.

        Ela estava no seu papel, ele, porém, é que não estava no dele.

        Motivos secretos e muito íntimos, talvez explicassem a sua transformação; a mulher, porém, é que não queria entrar em indagações psicológicas e reclamava. As respostas a estas acabaram por pancadaria grossa. Suportou-a durante algum tempo. Um dia, porém, não esteve mais pelos autos e abandonou o lar precário. Foi para a casa de um parente e de uma amiga, mas, não suportando a posição inferior de agregada, deixou-se cair na mais relaxada vagabundagem de mulher que se pode imaginar.

        Era uma verdadeira "catraia" que perambulava suja e rota pelas praças mais reles deste Rio de Janeiro.

        Quando se falava a Anacleto sobre a sorte da mulher, ele se enfurecia doidamente:

        — Deixe essa vagabunda morrer por aí! Qual minha mulher, qual nada!

        E dizia cousas piores e injuriosas que não se podem pôr aqui.

        Veio a mulher a morrer, na praça pública; e eu que suspeitei, pelas notícias dos jornais, fosse ela, apressei-me em recomendar a Anacleto que fosse reconhecer o cadáver. Ele gritou comigo:

        — Seja ou não seja! Que morra ou viva, para mim vale pouco!

        Não insisti, mas tudo me dizia que era a mulher do Anacleto que estava como um cadáver desconhecido no necrotério.

        Passam-se anos, o meu amigo Anacleto perde o emprego, devido à desordem de sua vida. Ao fim de algum tempo, graças à interferência de velhas amizades, arranja um outro, num Estado do Norte.

        Ao fim de um ano ou dois, recebo uma carta dele, pedindo-me arranjar na polícia certidão de que sua mulher havia morrido na via pública e fora enterrada pelas autoridades públicas, visto ter ele casamento contratado com uma viúva que tinha "alguma cousa", e precisar também provar o seu estado de viuvez.

        Dei todos os passos para tal, mas era completamente impossível. Ele não quisera reconhecer o cadáver de sua desgraçada mulher e para todos os efeitos continuava a ser casado.

        E foi assim que a esposa do Anacleto vingou-se postumamente. Não se casou rico, como não se casará nunca mais.

www.nead.unama.br

Entendendo o conto:

01 – Identifique no texto:

a)   Título e autor:

A mulher de Anacleto, de Lima Barreto.

b)   Como inicia a história:

O autor apresenta o Anacleto.

c)   Tema ou acontecimento:

A separação do casal devido a comportamento agressivos de Anacleto.

d)   Tipo de linguagem:

Linguagem culta, norma padrão da língua.

e)   Fatos que formam a história (enredo):

Anacleto torna-se agressivo. A mulher vai embora de casa. Vai morar com amiga, mas não suporta a vida de agregada. Cai na “vida”. Morre em praça pública. O órgão de segurança pública a sepultada como indigente, pois o ex-marido não faz reconhecimento. Anacleto tenta casar novamente, mas não pode, porque não reconhece o matrimônio.

f)    Personagens:

Anacleto e sua esposa.

g)   Tempo:

Passado.

h)   Espaço:

Rio de Janeiro.

i)     Narrador:

O narrador, além de narrar, participa de alguns momentos da história. Identifica-se tanto a 3ª como a 1ª pessoa.

j)     Localize no texto lido trechos que representam a fala do narrador e a fala do(a) personagem(ns).

·        Fala do narrador:

“Este caso se passou com um antigo colega meu de repartição.

Ele, em começo, era um excelente amanuense, pontual, com magnífica letra e todos os seus atributos do ofício faziam-no muito estimado dos chefes.

Casou-se bastante moço e tudo fazia crer que o seu casamento fosse dos mais felizes. Entretanto, assim não foi.”

·        Fala da personagem:

Discurso direto: “— Seja ou não seja! Que morra ou viva, para mim vale pouco!”

k)   Que emoção o conto desperta?

O conto traz uma lição, um ensinamento: “o que faz aqui, paga-se aqui”.

l)     O final é inesperado?

O final é inesperado porque não se espera que Anacleto receba com a mesma moeda o favor que não fez.

 

 

 

 

REPORTAGEM: QUEM INVENTOU O BOB ESPONJA? DAIANE PARNO - COM GABARITO

 Reportagem: Quem inventou o Bob Esponja?

                    Daiane Parno

   O personagem Bob Esponja Calça Quadrada foi criado em 1984 pelo norte-americano Stephen Hillenburg. Mas na época ele era beeeem diferente do Bob Esponja que você conhece.

        A ideia surgiu na época em que Stephen lecionava e estudava ciências marinhas no estado da Califórnia, nos Estados Unidos. Nesse período ele inventou um gibi estrelado por personagens que viviam no fundo do mar.

        Em 1987 o então biólogo marinho decidiu tentar a vida como cartunista, formando-se em animação seis anos mais tarde. Seu primeiro grande trabalho foi como diretor de episódios do desenho A Vida Moderna de Rocko, da Nickelodeon.

        Quando a série acabou, em 1996, Stephen sugeriu aos chefões da Nickelodeon fazer uma animação com seus personagens do fundo do mar. A primeira vez em que apareceu Bob Esponja era uma esponja do mar de verdade – ele só foi virar uma esponja de cozinha depois, por sugestão dos amigos de seu criador.

        Seu primeiro nome também não era Bob Esponja, mas Garoto Esponja. O problema é que esse nome não poderia ser utilizado, pois já havia outra personagem com ele, daí surgiu o nome Bob Esponja.

        Para conseguir convencer o pessoal da Nickelodeon a produzir o desenho, Stephen e seus amigos bolaram uma apresentação onde usaram música havaiana e um aquário de verdade com modelos das personagens.

        Dizem que os executivos riram tanto da apresentação que acabaram aceitando fazer a série, que é a mais famosa da marca Nickelodeon até hoje. Quem diria?

Daiane Parno, Colaboradora iG São Paulo. 15/12 - 21:15 Último Segundinho

Entendendo a Reportagem:

01 – Qual a manchete da reportagem?

      Quem inventou o Bob Esponja?

02 – Quando e onde foi publicada a reportagem?

      15/12 - 21:15 Último Segundinho.

03 – Qual o lide da reportagem?

      O personagem Bob Esponja Calça Quadrada foi criado em 1984 pelo norte-americano Stephen Hillenburg. Mas na época ele era beeeem diferente do Bob Esponja que você conhece.

04 – Qual a repórter responsável pelo texto?

      Daiane Parno, colaboradora do iG São Paulo.

05 – Segundo a reportagem quem é o criador de Bob Esponja Calça Quadrada?

      É o norte-americano Stephen Hillenburg.

06 – Como surgiu a ideia de criar essa personagem?

      A ideia surgiu na época em que Stephen lecionava e estudava ciências marinhas no estado da Califórnia, nos Estados Unidos. Nesse período ele inventou um gibi estrelado por personagens que viviam no fundo do mar.      

07 – Como foi a primeira aparição de Bob Esponja?

      A primeira aparição de Bob Esponja foi como uma esponja verdadeira do mar.

08 – Qual foi o primeiro nome dessa personagem?

      Foi Garoto Esponja.

09 – O que fez Stephen para convencer a Nickelodeon a produzir o desenho de Bob Esponja?

      Para convencer, Stephen e seus amigos bolaram uma apresentação onde usaram música havaiana e um aquário de verdade com o modelo das personagens.

10 – O fizeram os executivos da Nickelodeon ao ver a apresentação de Stephen?

      Dizem que riram tanto que acabaram aceitando fazer a série.

NOTÍCIA: FILHOTE DE JARARACA DO BUTANTÃ VAI SE CHAMAR YUBÁ - COM GABARITO

 Notícia: Filhote de jararaca do Butantã vai se chamar Yubá

               Nome, que significa amarelo em tupi guarani, desbancou outras opções como Neymar e Homer em votação

        Mais de 59 mil pessoas votaram para escolher o nome do filhote de jararaca-ilhoa do Instituto Butantã, na zona oeste de São Paulo. O nome Yubá teve o maior número de votos, com 16.221. Em seguida, ficaram os nomes Homer, com 14.891 votos, e Neymar, com 11.075.

        O nome do animal significa "amarelo" em tupi guarani, remetendo à coloração da cobra. Yubá nasceu no dia 1º de março e mede cerca de 15 centímetros. A serpente peçonhenta é uma espécie ameaçada de extinção e rara, originária da Ilha da Queimada Grande, no litoral sul de São Paulo, mas o filhote do instituto é nascido em cativeiro.

        Yubá ficará exposto no museu do Butantã, que funciona de terça-feira a domingo, das 9h às 16h30, na Avenida Vital Brasil, 1.500. A entrada custa R$ 6. Estudantes pagam R$ 2,50. Menores de sete anos, maiores de 60 e portadores de necessidades especiais não pagam.

http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/meioambiente/filhote-de-jararaca-dobutantan-vai-se-chamar-yuba/n1597058139782.html

Entendendo a notícia:

01 – Qual a manchete da notícia?

      Filhote de jararaca do Butantã vai se chamar Yubá.

02 – Qual é o título auxiliar?

      Nome, que significa amarelo em tupi guarani, desbancou outras opções como Neymar e Homer em votação.

03 – Quando ocorreu o fato?

      Em 01/07/2011.

04 – Onde foi publicado?

      Publicado no ultimosegundo.ig.com.br.

05 – Do que se trata a Notícia?

      Se trata de uma votação que teve para nomear um filhote de jararaca nascido em cativeiro no instituto Butantã.

06 – Onde ocorreu o fato?

      No instituto Butantã em São Paulo na zona oeste.

07 – Qual a importância do fato?

      Por se tratar de uma serpente rara peçonhenta ameaçada de extinção.

08 – Que outros nomes tiveram votação significativa?

      Nomes como Neymar e Homer tiveram votação significativa.

09 – Onde Yubá pode ser vista?

      Ficará exposta no museu do Butantã.

10 – O que significa o nome Yubá?

      Significa amarelo na língua tupi guarani.

11 – Por que a serpente recebeu esse nome?

      Porque a cobra tem a cor amarela.

 

REPORTAGEM: O BRASIL DE CENTRAL DO BRASIL - FÁBIO ALTMAN - COM GABARITO

 Reportagem: O Brasil de Central do Brasil

                     As histórias e os personagens reais que estão por trás do filme mais premiado da história do cinema nacional

Fábio Altman

        “Menina, ganhamos mais uma!” O telefone tocou na casa da comerciante Socorro Nobre, em Itabuna, na Bahia, em todas as 28 vezes em que Central do Brasil levou o prêmio. Do outro lado da linha estava o diretor, Walter Salles. Na semana passada a ligação veio de Los Angeles para o celular de Socorro, alcançada em Tiradentes (MG) – Central ganhar outra láurea: o Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro. No próximo dia 9, tudo indica que ele será uma das cinco produções selecionadas para o Oscar. Socorro Nobre é o primeiro rosto a aparecer em Central do Brasil. Ela dita uma carta para a escrevedora Dora (Fernanda Montenegro). "Foi uma homenagem a Socorro", diz Walter Salles. Dora é a própria Socorro. Em 1986, ela foi acusada e condenada como cúmplice no assassinato do próprio irmão, morto a tiros por um amante dela. Socorro passou sete de seus 46 anos na cadeia, em Ilhéus, Itabuna e Salvador. Ali ela ajudava as detentas analfabetas a escrever cartas. Em 1993, leu uma reportagem numa revista sobre o escultor polonês radicado no Brasil Frans Krajcberg. Enviou a ele uma carta. Trocaram intensa correspondência. Uma dessas missivas caiu nas mãos de Walter Salles. O diretor decidiu transformar a história num documentário – Socorro Nobre, de 1995.

        Era o relato de como algumas linhas de uma escrevedora podem mudar uma vida. Foi a gênese de Central do Brasil. "Minha carta criou asas. Uma simples carta teve o valor de um bilhete premiado na Mega-Sena. Fico até assustada em perceber tudo o que essa carta fez. Ela abriu minhas portas, salvou minha vida - o Walter diz que mudou a vida dele também." A trajetória de Socorro Nobre, hoje em liberdade condicional, e a de Dora de Fernanda Montenegro lembram um trecho de Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa: "Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando".

                                    ALTMAN, Fábio. O Brasil de Central do Brasil, Época, Globo, São Paulo, ano 1, p. 76-8, 1° fev. 1999. Cultura.

       Fonte: Língua Portuguesa. Linguagens no Século XXI. 5ª série. Heloísa Harue Takazaki. Ed. IBEP. 1ª edição, 2002. p. 42, 43 e 45.

Entendendo a reportagem:

01 – Esse texto é parte da reportagem. Verifique em que veículo foi publicado. Você conhece essa publicação?

      Resposta pessoal do aluno.

02 – O texto fala sobre filme inspirado em história real.

a)   Cite o nome do filme a que esse trecho se refere.

“Central do Brasil”.

b)   Quando o texto foi escrito, o filme já tinha sido lançado? Explique.

Sim.

c)   Quem é o diretor do filme?

Walter Salles.

d)   Quem é a pessoal real que inspira esse filme? Cite o nome, a profissão, o estado e a cidade do Brasil onde mora?

Socorro Nobre – ex-presidiária – Itabuna. BA.

e)   Como essa história real chegou ao conhecimento do diretor de cinema?

Walter Salles conheceu a história de Socorro através de uma carta escrita ao escultor polonês Frans Krajeberg.

03 – Como e por que Socorro começou a escrever cartas?

      Na prisão. Socorro escrevia para as colegas analfabetas. Mais tarde, começou a se corresponder com um escultor sobre o qual leu numa revista.

04 – Quanto ao filme Central do Brasil, por que se pode afirmar que a trajetória das duas (Socorro e Dora) é semelhante?

      As duas passaram por grandes transformações interiores: Socorro, segundo ela mesma, diz que a carta encontrada por Walter salvou a vida dela. Dora, também, ao longo do filme, vai aos poucos se transformando à medida que sua relação com o menino órfão se estreita.

05 – Atente para o lugar de onde saiu a carta de Socorro, e qual a função que ela teve?

      Socorro estava num presídio. E a função foi comunicar-se com o mundo.

 

       

terça-feira, 29 de setembro de 2020

CONTO: A PISCINA DO TIO VICTOR - ONDJAKI - COM GABARITO

 Conto: A piscina do tio Víctor

            Ondjaki

     Para o tio Víctor que nos dava prendas-do-dia. Para a "Buraquinhos"

  Quando o tio Víctor chegava de Benguela, as crianças até ficavam com vontade de fugar à escola só para ir lhe buscar no aeroporto dos voos das províncias. A maka é que ele chegava sempre a horas difíceis e a minha mãe não deixava ninguém faltar às aulas.

        Então era em casa, à hora do almoço, que encontrávamos o tio Víctor. E o sorriso dele, gargalhada tipo cascata e trovão também, nem dá para explicar aqui em palavras escritas. Só visto mesmo, só uma gargalhada dele já dava para nós começarmos a rir à toa, alegres, enquanto ele iniciava umas magias benguelenses.

        -- Isto vocês de Luanda nunca viram - abria a mala onde tinha rebuçados, chocolates ou outras prendas de encantar crianças, mais o baralho de cartas para magias de aparecer e desaparecer o ás de ouros, também umas camisas posteradas que nós, "os de Luanda", não aguentávamos.

        À noite deixávamos ele jantar e beber o chá que ele gostava sempre depois das refeições. Devagarinho, eu e os primos, e até alguns amigos da rua, sentávamos na varanda à espera do tio Víctor. É que o tio Víctor tinha umas estórias de Benguela que, é verdade, nós os de Luanda até não lhe aguentávamos naquela imaginação de teatro falado, com escuridão e alguns mosquitos tipo convidados extra.

        Eu já tinha dito ao Bruno, ao Tibas e ao Jika, cambas da minha rua, que aquele meu tio então era muito forte nas estórias. Mas o principal, embora ninguém tivesse nunca visto só uma foto de admirar, era a piscina que ele disse que havia em Benguela, na casa dele:

        -- Vocês de Luanda não aguentam, andam aqui a beber sumo Tang!

        Ele ria a gargalhada dele, nós ríamos com ele, como se estivessem mil cócegas espalhadas no ar quente da noite.

        -- Nós lá temos uma piscina enorme – fazia uma pausa dos filmes, nós de boca aberta a imaginar a tal piscina. – Ainda por cima, não é água que pomos lá – eu a olhar para o Tibas, depois para o Jika:

        -- Não vos disse?

        O tio Víctor continuou assim numa fala fantasmagórica:

        -- Vocês aqui da equipa do Tang não aguentam..., a nossa piscina lá é toda cheia de Coca-Cola!

        Aí foi o nosso espanto geral: dos olhos dos outros, eu vi, saía um brilho tipo fósforo quase a acender a escuridão da varanda e assustar os mosquitos, nós, as crianças, de boca aberta numa viagem de língua salivada, outros a começarem a rir de espanto, de repente todos gargalhámos, o tio Víctor também, e rebentámos numa salva de palmas que até a minha mãe veio ver o que se estava a passar.

        Agora já ninguém me perguntava nada, falavam diretamente com o tio Víctor, queriam mais pormenores da piscina e ainda saber se podiam ir lhe visitar um dia destes.

        -- Vai todo mundo – o tio Víctor riu, olhou para mim, piscou-me o olho. – Vem um avião buscar a malta de Luanda! Preparem a roupa, vão todos mergulhar na piscina de Coca-Cola, nós lá não bebemos desse vosso sumo Tang...

        -- Ó Víctor, para lá de contar essas coisas às crianças – a minha mãe chegou à varanda. Ele piscou-lhe o olho e continuou ainda mais entusiasmado.

        -- Não tem maka nenhuma, pode ir toda malta da rua, temos lá em Benguela a piscina de Coca-Cola! Os cantos da piscina são feitos de chuinga e chocolate!

        Nós batemos palmas de novo, depois estreámos um silêncio de espanto naquelas quantidades de doce.

        -- A prancha de saltar é de chupa-chupa de morango, no chuveiro sai Fanta de laranja, carrega-se num botão ainda sai Sprite... – ele olhava a minha mãe, olhos doces apertados pelas bochechas de tanto riso, batemos palmas e fomos saindo.

        Quando entrei de novo em casa, fui lá para cima dizer boa noite a todos. Passei no quarto do tio Víctor, ele tinha só uma luz do candeeiro acesa.

        -- Tio, um dia podemos mesmo ir na tua piscina de Coca-Cola?

        Ele fez assim com o dedo na boca, para eu fazer um pouco-barulho.

        -- Nem sabes do máximo... No avião que vos vem buscar, as refeições são todas de chocolate com umas palhinhas que dão voltas tipo montanha-russa!, lá em Benguela há rebuçados nas ruas, é só apanhar! e ficou a rir mesmo depois de apagar a luz, até hoje fico a perguntar onde é que o tio Víctor de Benguela ia buscar tantas gargalhadas para rir assim sem medo de gastar o reservatório do riso dele.

        Fui me deitar, antes que a minha mãe me apanhasse a conversar àquela hora. No meu quarto escuro quis ver, no teto, uma água que brilhava escura e tinha bolinhas de gás que faziam cócegas no corpo todo. Nessa noite eu pensei que o tio Víctor só podia ser uma pessoa tão alegre e cheia de tantas magias porque ele vivia em Benguela, e lá eles tinham uma piscina de Coca-Cola com bué de chuínga e chocolate também. Vi, também no teto, o jeito dele estremecer o corpo e esticar os olhos em lágrimas de tanto rir.

        Foi bonito: adormeci, em Luanda, a sonhar a noite toda com a província de Benguela.

                                                                            Tribuna de Minas, 11 mar. 2016. Disponível em: www.tribunademinas.com.br/noticias/cidade/11-03-2016/temporal-alaga-diferentes-pontos-da-cidade.html.

Acesso em: 14 jul. 2018.

Entendendo o conto:

01 – Releia o trecho a seguir:

        “Eu já tinha dito ao Bruno, ao Tibas e ao Jika, cambas da minha rua, que aquele meu tio então era muito forte nas estórias.”.

a)   A palavra cambas se refere a quem?

Refere-se a Bruno, Tibas e Jika.

b)   Com base no contexto da frase, qual é o significado da palavra?

Cambas significa “amigos, colegas, camaradas”.

c)   O que significa dizer que o tio “era muito forte nas estórias”?

Significa que o tio contava bem histórias, que sabia muitas histórias e as contava de modo interessante.

d)   Quais são as personagens do conto citadas ou presentes nessa passagem?

O tio Victor, os meninos da turma e o narrador, que é um dos meninos.

02 – Marque a alternativa que apresenta o sinônimo da expressão destacada no trecho. “A maka é que ele chegava sempre a horas difíceis e a minha mãe não deixava ninguém faltar às aulas.”

a)   A solução.

b)   O problema.

c)   A alternativa.

d)   O melhor.

03 – Em: I, a seguir, há um trecho do conto lido e, em: II, uma notícia publicada em um jornal brasileiro. Observe as palavras destacadas e compare seus usos.

I – “-- Vocês aqui da equipa do Tang não aguentam..., a nossa piscina lá é toda cheia de Coca-Cola!”.

II – “[...] O espaço é completamente inadequado para nos receber, pois não tem estrutura para aguentar uma chuva um pouco mais forte. Estamos esperando a reforma da nossa sede para podermos estudar tranquilamente”, afirmou uma estudante, que preferiu não se identificar”.

a)   Em II, sobre o que é o depoimento da estudante?

Sobre as consequências da chuva em sua escola.

b)   No português do Brasil, qual é o sentido de aguentar?

Suportar.

c)   No conto de Onjaki, qual é o sentido de aguentar? Se precisar, consulte o dicionário.

Imaginar.

04 – O conto é uma narrativa que se desenvolve a partir da chegada de uma personagem importante.

a)   De onde vinha tio Victor? Os sobrinhos costumavam visita-lo? Como se pode saber disso?

Vinha de Benguela. Os sobrinhos não o visitavam. Eles ficavam sempre fascinados com a descrição fantasiosa do tio Victor e, como não conheciam Benguela, acreditavam nas histórias.

b)   Em que cidade se passa a narrativa?

Em Luanda, capital de Angola.

c)   Releia o primeiro parágrafo. Os verbos chegava, ficavam e deixava localizam as ações em que tempo? Por que é usado esse tempo verbal?

No passado, no pretérito imperfeito. É usado para localizar a história no tempo, fazendo a descrição de ações habituais no passado.

05 – Como você caracterizaria o tio Victor?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Tio Victor parece ser alegre, divertido, criativo, cheio de imaginação, bom contador de histórias.

06 – Foco narrativo é o modo como a narrativa é contada. Identifique-o respondendo aos itens a seguir.

a)   O narrador observa a história ou também faz parte dela? Quem é ele?

O narrador faz parte da história; ele é um dos meninos que ouvem as narrativas do tio. Era na casa do menino que o tio se hospedava quando vinha a Luanda.

b)   Em que pessoa do discurso ele narra? Justifique sua resposta transcrevendo do texto duas passagens que a comprovem.

Em 1ª pessoa. Exemplos: “A Maka é que ele chegava sempre a horas difíceis e a minha mãe não deixava ninguém faltar às aulas”; “Então era uma casa, à hora do almoço, que encontrávamos o tio Victor”.

07 – Que história contada pelo tio deixa os meninos espantados?

      A história da piscina de Coca-Cola.

08 – Que imagem as crianças fazem do tio Victor?

      As crianças admiram o tio, ele é um ídolo que vive em um lugar cheio de diversões e fantasias.

09 – E qual é a ideia que o tio Victor tem dos meninos, ao descrever a casa dele com piscina de Coca-Cola, chuveiro de Fanta e outras fantasias?

      Ele vê nos meninos ingenuidade, considera que são cheios de imaginação e têm gosto pelas coisas simples e divertidas, além de apreciarem guloseimas.