Reportagem: O Brasil de Central do Brasil
As histórias e os personagens reais que estão por trás do filme mais premiado da história do cinema nacional
Fábio
Altman
“Menina, ganhamos mais uma!” O telefone
tocou na casa da comerciante Socorro Nobre, em Itabuna, na Bahia, em todas as
28 vezes em que Central do Brasil levou o prêmio. Do outro lado da linha estava
o diretor, Walter Salles. Na semana passada a ligação veio de Los Angeles para
o celular de Socorro, alcançada em Tiradentes (MG) – Central ganhar outra
láurea: o Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro. No próximo dia 9, tudo
indica que ele será uma das cinco produções selecionadas para o Oscar. Socorro
Nobre é o primeiro rosto a aparecer em Central do Brasil. Ela dita uma carta
para a escrevedora Dora (Fernanda Montenegro). "Foi uma homenagem a
Socorro", diz Walter Salles. Dora é a própria Socorro. Em 1986, ela foi
acusada e condenada como cúmplice no assassinato do próprio irmão, morto a
tiros por um amante dela. Socorro passou sete de seus 46 anos na cadeia, em
Ilhéus, Itabuna e Salvador. Ali ela ajudava as detentas analfabetas a escrever
cartas. Em 1993, leu uma reportagem numa revista sobre o escultor polonês
radicado no Brasil Frans Krajcberg. Enviou a ele uma carta. Trocaram intensa
correspondência. Uma dessas missivas caiu nas mãos de Walter Salles. O diretor
decidiu transformar a história num documentário – Socorro Nobre, de 1995.
Era o relato de como algumas linhas de
uma escrevedora podem mudar uma vida. Foi a gênese de Central do Brasil.
"Minha carta criou asas. Uma simples carta teve o valor de um bilhete
premiado na Mega-Sena. Fico até assustada em perceber tudo o que essa carta
fez. Ela abriu minhas portas, salvou minha vida - o Walter diz que mudou a vida
dele também." A trajetória de Socorro Nobre, hoje em liberdade
condicional, e a de Dora de Fernanda Montenegro lembram um trecho de Grande
Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa: "Mire veja: o mais importante e
bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não
foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando".
ALTMAN,
Fábio. O Brasil de Central do Brasil, Época, Globo, São Paulo, ano 1, p. 76-8,
1° fev. 1999. Cultura.
Fonte: Língua Portuguesa. Linguagens no
Século XXI. 5ª série. Heloísa Harue Takazaki. Ed. IBEP. 1ª edição, 2002. p. 42,
43 e 45.
Entendendo a reportagem:
01 – Esse texto é parte da
reportagem. Verifique em que veículo foi publicado. Você conhece essa
publicação?
Resposta pessoal
do aluno.
02 – O texto fala sobre
filme inspirado em história real.
a) Cite o nome do filme a que esse trecho se refere.
“Central do Brasil”.
b) Quando o texto foi escrito, o filme já tinha sido lançado? Explique.
Sim.
c) Quem é o diretor do filme?
Walter Salles.
d) Quem é a pessoal real que inspira esse filme? Cite o nome, a profissão, o estado e a cidade do Brasil onde mora?
Socorro Nobre – ex-presidiária – Itabuna. BA.
e) Como essa história real chegou ao conhecimento do diretor de cinema?
Walter Salles conheceu a história de Socorro através de uma carta
escrita ao escultor polonês Frans Krajeberg.
03 – Como e por que Socorro
começou a escrever cartas?
Na prisão.
Socorro escrevia para as colegas analfabetas. Mais tarde, começou a se
corresponder com um escultor sobre o qual leu numa revista.
04 – Quanto ao filme Central
do Brasil, por que se pode afirmar que a trajetória das duas (Socorro e Dora) é
semelhante?
As duas passaram
por grandes transformações interiores: Socorro, segundo ela mesma, diz que a
carta encontrada por Walter salvou a vida dela. Dora, também, ao longo do
filme, vai aos poucos se transformando à medida que sua relação com o menino
órfão se estreita.
05 – Atente para o lugar de
onde saiu a carta de Socorro, e qual a função que ela teve?
Socorro estava
num presídio. E a função foi comunicar-se com o mundo.
Obg pela reportagem
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