sexta-feira, 15 de outubro de 2021

REPORTAGEM: REDUTO DE DIFAMAÇÃO NA WEB, SECRET FAZ VÍTIMAS EM LONDRINA - TATIANE SALVÁTICO - COM GABARITO

 Reportagem: Reduto de difamação na web, Secret faz vítimas em Londrina

              Apesar de não ter recebido denúncias formais, Polícia Civil afirma que adolescentes são o principal alvo do aplicativo. Diante da situação, escolas discutem e orientam sobre uso do app com alunos

        Disponível no Brasil desde maio deste ano, o aplicativo Secret começa a fazer as primeiras vítimas em Londrina. De acordo com os usuários ouvidos pelo JL, as difamações ganharam força em agosto, especialmente entre adolescentes da cidade. Até a tarde desta terça-feira (12), a Polícia Civil não havia registrado denúncias formais que envolvam o aplicativo na cidade. “Mas alguns colégios particulares já nos procuraram para receber orientações e repassar aos alunos”, conta o investigador-chefe da 10ª Subdivisão de Polícia Civil, Márcio Ilkiu.

        Diante da popularidade do app, algumas escolas e professores já se adiantaram e levaram a discussão sobre o uso do aplicativo para a sala de aula. O professor Nilson Castilho, do Colégio Marista de Londrina, conta que discute em meio à disciplina de Língua Portuguesa a tecnologia disponível do dia a dia dos alunos.

        “Quando comecei a receber relatos sobre o Secret preparei uma aula para gente debater o aplicativo. O ponto principal foi reforçar para os alunos que por mais que o aplicativo assegure o anonimato, não existe identidade preservada na internet. A partir do momento que você se cadastra, oferece seus dados para o administrador”, lembra o professor.

       A estudante Camilla Carine, de 15 anos, conta que é usuária do Secret, mas que, até agora, não foi citada no aplicativo. No entanto, Camilla afirma que algumas de suas amigas já foram vítimas dos comentários que circulam pela internet. “Conheço pessoas vítimas de cyberbullying diferentes. Tem desde vítimas de mentiras até amigas que tiveram fotos nuas divulgadas no aplicativo.”

        Márcio Ilkiu pontua que assim como em situações anteriores, os adolescentes são as principais vítimas da difamação on-line. “No começo do ano tivemos aquele problema das selfies e agora esse Secret. Não temos estatísticas sobre isso, mas novamente observamos que esta faixa etária é a mais afetada.”

        A professora e coordenadora Márcia Chireia defende que apesar de, aparentemente, as meninas serem as mais afetadas pela difamação na internet, a questão atinge a todos. “Existem casos que focam na sexualidade ou na aparência desses adolescentes. De qualquer forma, ofende e muito.”

        Márcia pontua que a escola e os pais devem manter o trabalho contínuo de conscientização dos riscos oferecidos na rede. “Por mais que esses adolescentes vivam conectados parece que eles ainda não entenderam a proporção da internet, que é a rede mundial de computadores. Fazer uma foto sensual não é uma questão que vai ficar entre quatro paredes, mas algo que pode se incansavelmente divulgado.”

        Para o professor Castilho, o acesso fácil e abundante dos adolescentes aos aplicativos é o principal motivo para que eles sejam vítimas frequentes da difamação on-line. Ele defende que além da própria escola, os pais devem estar atentos aos aplicativos utilizados pelos filhos. “Os pais têm que se informar sobre o conteúdo dos aplicativos para poder instruir os filhos sobre o uso dessa tecnologia. Se o pai desconhece a finalidade dos aplicativos, não conseguem estabelecer uma política clara de uso para os adolescentes”, opina.

        Cyberbullying pode ser pior que o bullying “real”, diz psicóloga

        Mariana*, de 16 anos, de Porto Alegre, ficou sabendo por intermédio de amigos que o tamanho do seu nariz tinha virado assunto no aplicativo Secret. “Fiquei chocada. Me senti mal. Minha autoestima já é baixa. É uma covardia, uma agressão”, relata a adolescente.

        Psicóloga do Grupo de Estudos Sobre Adições Tecnológicas e do Centro de Estudos, Atendimento e Pesquisa da Infância e Adolescência, Aline Restano destaca que essa fase do desenvolvimento é marcada pela impulsividade. Ainda em formação, muitas vezes o jovem age sem pensar, o que na internet pode ter consequências imprevisíveis.

        “O cyberbullying é considerado pior do que o bullying ‘real’ porque as vítimas têm a sensação de que todo mundo sabe, não adianta mudar de escola ou cidade para ter uma nova chance. O impacto é muito maior. Algumas se isolam, têm depressão ou até se suicidam”, alerta Aline.

        Superexposição

        Entusiasta das redes sociais por fortalecerem os laços entre famílias e escola, o professor de Filosofia Betover Santos costuma debater os riscos da superexposição. Recentemente, aproveitou conceitos previstos no plano de aula da disciplina, como ética e moral, para orientar turmas de Ensino Médio sobre o comportamento on-line.

        “Quais as consequências daquilo que torno público? Tudo no mundo virtual, mesmo que anônimo, possui implicações morais e éticas. As redes exigem uma relação de zelo, cuidado, reciprocidade. Posso postar qualquer coisa, mas isso está passível de inúmeras interpretações. Qual o limite do que posso tornar público? O que ainda precisa permanecer no privado? Quanto mais idôneo, consciente, racional eu for, melhor será o uso da internet na minha vida”, analisa o professor de Filosofia.

     SALVÁTICO, Tatiane. Reduto de difamação na web, Secret faz vítimas em Londrina. Gazeta do Povo, 19 ago. 2014.

Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 7º ano – Ensino Fundamental – IBEP 4ª edição São Paulo 2015 p. 208-210.

Entendendo a reportagem:

01 – Uma reportagem ou matéria jornalística deve ser importante para o público a que se destina, envolvendo-o, informando-o e, muitas vezes, convencendo-o de algo. Para isso, apresenta exemplos ou depoimentos que podem dar credibilidade ao que é informado.

a)   Qual é o tema da reportagem lida?

         O uso do aplicativo Secret.

b)   O tema da reportagem relaciona-se ao público adolescente. A linguagem utilizada no texto também é destinada a esse público? Explique.

Não. Espera-se que o aluno perceba que, apesar de o tema da reportagem relacionar-se ao público adolescente, a linguagem do texto é voltada ao público adulto.

c)   De modo geral, qual é o objetivo dessa reportagem?

Convencer o leitor de que o aplicativo Secret é uma ferramenta de difamação.

d)   Na reportagem, aparecem depoimentos de um policial, de uma psicóloga e de alguns professores. Com que intenção o discurso deles foi usado?

Os depoimentos foram usados para embasar ou dar validade ao que é dito sobre o aplicativo, conferindo credibilidade à matéria.

02 – O título da reportagem afirma que o aplicativo Secret fez vítimas em Londrina. Essa afirmação é confirmada no primeiro parágrafo do texto? Explique.

      Ela não é confirmada. Ao contrário, no primeiro parágrafo afirma-se que a Polícia Civil não havia registrado denúncias formais na cidade que envolvessem o aplicativo.

03 – Segundo o texto, o que levou as escolas a discutirem e orientarem os alunos sobre o uso do aplicativo?

      O fato de os adolescentes serem o principal alvo de difamação.

04 – De acordo com o professor Nilson Castilho, por que os adolescentes são as principais vítimas de difamação on-line?

      De acordo com o professor, os adolescentes têm acesso abundante aos aplicativos e isso os torna mais passíveis de serem vítimas de tais difamações.

 05 – Em uma reportagem, é muito comum haver entretítulos, ou seja, títulos que separam as informações e ajudam o leitor a organizar sua leitura. Releia o texto que acompanha o entretítulo “Cyberbullying pode ser pior que o bullying ‘real’, diz psicóloga”. De que forma o texto justifica a informação trazida pelo entretítulo?

      O texto mostra que o cyberbullying é pior que o bullying real porque a vítima tem a sensação de que todo mundo sabe sobre seu problema, o que faz com que se sinta ainda mais humilhada.

06 – Releia o trecho a seguir:

        Márcia pontua que a escola e os pais devem manter o trabalho contínuo de conscientização dos riscos oferecidos na rede. “Por mais que esses adolescentes vivam conectados, parece que eles ainda não entenderam a proporção da internet, que é uma rede mundial. Fazer uma foto sensual não é uma questão que vai ficar entre quatro paredes, mas algo que pode ser incansavelmente divulgado.”

a)   De acordo com o trecho, por que a escola e os pais devem conscientizar os adolescentes sobre os riscos oferecidos pela rede?

Porque os adolescentes parecem não ter consciência da proporção da internet, eles parecem desconhecer os riscos da exposição.

b)   A opinião de Márcia confirma ou contradiz o que é exposto no texto que acompanha o entretítulo “Superexposição”? Explique.

Essa opinião confirma o que é dito no texto que acompanha o entretítulo “Superexposição”, porque ambos deixam claro o perigo de se expor demais.

07 – O que é cyberbullying?

      É o bullying, um crime, que envolve a internet.

08 – Releia as perguntas feitas pelo professor Betover Santos:

“Quais as consequências daquilo que torno público? [...]”

“Qual o limite do que posso tornar público? [...]”

“O que ainda precisa permanecer no privado?”

·        Como você as responderia?

Resposta pessoal do aluno.

 

 

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