CRÔNICA: REVOGUE-SE
Lya Luft
Relacionamentos se constroem
ao longo dos anos de sua duração: os dois parceiros vão tramar consciente ou
inconscientemente a teia que os vai envolver ou separar, o casulo onde vão
abrigar ou sufocar seus filhos.
Amor não deveria ser prisão
ou dever, mas crescimento e libertação. Porém se gostamos de alguma coisa ou de
alguém, queremos que esteja sempre conosco. Perda e separação significam
sofrimento, mas não o fim da vida nem o fim de todos os afetos.
Certa vez me entregaram um
bilhete que dizia:
"Se você ama alguém,
deixe-o livre."
Poucas afirmações são tão
difíceis de cumprir, poucas contêm tamanha sabedoria em relação aos amores,
todos os amores: filhos, amigos, amantes. Amor é risco, viver é risco. Pois
permitir, até querer que o outro cresça ao nosso lado, pode significar que
crescerá afastando-se de nós.
Mas - essa é a força e a
beleza do desafio de uma vida a dois - o outro, crescendo, pode-se abrir mais
para nós, que participaremos dessa expansão. Instaura-se uma instigante
parceria amorosa, na qual o tempo não servirá para desgaste mas para
construção. É um processo de refinamento da cumplicidade que brilha em algumas
relações mesmo depois de muitos anos, muitas perdas, e muitos difíceis recomeços
- desde que haja sobre o que reconstruir.
[...]
LUFT, Lya. Pensar é
transgredir. Rio de Janeiro: Record, 2005. p. 145-146. (Fragmento).
https://atividadesdeportugueseliteratura.blogspot.com/2015/11/leitura-e-analise-de-cronica.html
Entendendo o texto
01.Em que parágrafo a cronista menciona
o acontecimento que derivou esta crônica?
No primeiro parágrafo.
02.Que
tema é abordado pela cronista?
O tema é a construção dos
relacionamentos: entre parceiros de um casal e também entre pais e filhos.
03.O
título de um texto é sempre o primeiro a levantar expectativas quanto ao seu
conteúdo. A partir dele fazemos uma série de suposições iniciais que depois
podem ser modificadas ou confirmadas. Que emoções e ideias foram despertadas
pela leitura dessa crônica? Comente.
Resposta pessoal.
04.A
partir do segundo parágrafo, a cronista apresenta argumentos para fundamentar
suas opiniões sobre a forma como as pessoas deveriam amar. Que ideias básicas
ela desenvolve sobre esse assunto?
Ela defende o ponto de vista de que
a pessoa que ama deve permitir ao outro fazer suas próprias escolhas e viver em
liberdade, ainda que essa atitude gere inseguranças. De acordo com ela, esse
comportamento vai tornar os relacionamentos mais sólidos e, portanto, mais
felizes.
05.Segundo
a autora, as pessoas que se envolvem em relacionamentos com liberdade para
crescer podem seguir caminhos diferentes. Que opinião ela apresenta para
fundamentar seu ponto de vista?
"Amor é risco, viver é
risco". Ao afirmar isso, a autora considera que, num relacionamento em que
os parceiros tenham liberdade para crescer lado a lado, eles tanto podem se
distanciar como se aproximar mais, fazendo com que um participe da evolução do
outro.
06.Interprete
o sentido do título do texto, tendo em vista as opiniões da autora sobre o
tema. A quem o título se dirige?
Resposta pessoal.
07.Com
que finalidade ou objetivo a autora produziu essa crônica?
Para
fazer com que as pessoas reflitam e modifiquem o comportamento, aprendendo a
amar o outro sem excesso de cobranças.
08.Crônicas
como essa, de Lya Luft, são do tipo argumentativo, porque o texto apresenta o
ponto de vista e as opiniões do autor sobre determinado tema. Em que esfera de
circulação se encontra esse gênero textual?
Normalmente,
as crônicas argumentativas são publicadas em jornais e revistas, e mais tarde
podem ser reunidas em um livro.
09. Ao descrever
situações antagônicas para falar da forma de amar, a cronista emprega palavras
de sentidos opostos em seu discurso. Que palavras são essas e o que elas
expressam?
Palavras
que expressam as ideias de prisão e de infelicidade: teia, casulo, sufocar,
sofrimento, perda, separação, etc. Palavras que expressam as ideias de
liberdade: amor, viver, crescendo, força, beleza, expansão, parceria,
etc.
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