Debate: “A postura do brasileiro diante das leis” – Parte 1
TRECHO 1: Corrupção, um problema complexo Marcello
Rollemberg, jornalista e apresentador do Diálogos na USP: Professores,
antes de mais nada, muito obrigado pela presença dos senhores aqui conosco.
Vamos lá [...] Segundo os dados da Organização Transparência Internacional, o
Brasil ocupa o 79° lugar no ranking de corrupção do mundo entre 76 países. Já o
Fórum Econômico Mundial apontou o Brasil como o quarto país mais corrupto do
mundo, atrás apenas do Chade, da Bolívia e da Venezuela. São números que não dá
para comemorar. [...] Professor Justino, por que estamos em uma colocação tão
alar mante como essa?
Justino
de Oliveira, professor de Direito Administrativo na Faculdade de Direito da
Universidade de São Paulo: O tema realmente é bastante complexo [...] A
corrupção é daqueles problemas chamados de wicked problems (problemas
complexos). Nós não vamos encontrar uma única solução e rápida para
resolvermos. Então esse é um primeiro ponto.
Rollemberg:
E também não há uma única justificativa, não é?
Justino:
Exato. Ela é multifatorial. As causas da corrupção são várias. Então esse é um
primeiro ponto. Segundo, eu tenho sempre um pouco de cuidado para retirar consequências
desses rankings. [...] mas o que eu quero dizer: é importante sabermos onde
estamos em rankings mundiais, porque as organizações mundiais hoje realmente
são importantes, no sentido de nos comunicar qual é a percepção de corrupção a
respeito de um determinado país. E, para se chegar nesse resultado, ou vai se
indagar aos cidadãos daquele país qual é a percepção que eles têm sobre o
problema ou, eventualmente, de empresas e estrangeiros que têm contato com
aquele país, por exemplo, na área do comércio. Então, as pesquisas são muito
diferentes, as metodologias são diferentes. Agora, as causas da corrupção, elas
são inúmeras... É... talvez, até porque estamos aqui na presença da professora
Marilene, um ponto de partida é saber qual é o valor da intenção.
Rollemberg:
Sim, exatamente...
Justino:
A corrupção é feita por pessoas, não é? Pessoas integram instituições. Então
nós vamos dizer que a corrupção é institucional; ela pode ser sistêmica, pode
ser endêmica... aí ela ganha uma grande relevância, mas a intenção é da pessoa.
TRECHO
2:
Questões culturais e históricas em torno da corrupção
Rollemberg:
[...] Professora, a intenção, como disse o professor Justino, é da pessoa. Onde
fica o cidadão nessa história? Ou, melhor dizendo, a cidadania e a questão
ética?
Marilene
Proença Rebello de Souza, professora e diretora do Instituto de Psicologia
da USP: Eu diria que, também pela Psicologia, é um problema extremamente
complexo, multifatorial. Eu acho que tudo isso o professor Justino colocou. Nós
temos trabalhado no campo da Psicologia com duas grandes categorias: a constituição do significado social dos
nossos atos, das nossas ações, e o sentido pessoal que nós damos para esses
atos e para essas ações. E o nosso sentido pessoal é constituído no significado
social. Então essa relação entre a intenção... a presença da intenção... ela
tem essas duas dimensões. Ela não é algo intrínseco, psíquico, internalizado
pelo indivíduo, mas é algo que vai ser constituído nas relações que esse
indivíduo estabelece durante toda a sua história de vida. [...] Na medida em
que a gente vai crescendo, vai se desenvolvendo, nós vamos aprendendo outras
formas de relação com a realidade. Por que nós vamos aprendendo? Porque nós
estamos em um meio onde essas maneiras de pensar a sociedade e a cultura e as
relações sociais estão postas. Então a infração, a delinquência, as saidinhas,
as escapadas, nós aprendemos isso no campo social, à medida que isso também é
ensinado para nós. E aí os fatores realmente são múltiplos. Como é que esse
aprendizado se dá? Por que esse aprendizado se dá?
Rollemberg:
Por quê? Então vou trazer para o professor Justino... por que esse aprendizado
se dá numa sociedade como a nossa, por exemplo? Quer dizer, por que... a gente
pode fazer um paralelo... esse aprendizado se dá, por exemplo, na Finlândia...
ou no Chade? Ou seja, depende também da sociedade, também depende do tecido
social no qual nós estamos incorporados?
Justino:
Sim, mas eu queria voltar a sua pergunta... que foi o tema da cidadania.
Rollemberg:
Sim, sim. Por favor...
Justino:
Sem dúvida, as práticas de corrupção... embora hoje elas aconteçam em uma escala
global e há também uma escalada das práticas de corrupção, ao mesmo tempo em que
isso traz uma reação dos países, de acordos entre países, tratados e convenções
para conter e combater essa corrupção. Mas a corrupção tem a ver com a cultura
de cada país, ela tem a ver com a sociedade, com o perfil de sociedade de cada
país. Vamos falar de Brasil. Quando a gente pensa no Brasil, qual é a nossa
história? [...] Bom, de uma maneira muito sintética, nós temos um histórico – e
isso faz parte da nossa história – de espoliação, de ... Aqueles que estão no
poder, eles se apropriam dos recursos que seriam públicos. Há uma apropriação
privada de recursos públicos. [...]
Então você tem uma trajetória de espoliação, uma trajetória de abusos, você tem
uma trajetória em que há uma luta pela sobrevivência das pessoas e o Estado vai
ensinando, e ensinando muito mal as pessoas, de que elas são dependentes do
Estado. Elas são dependentes do governo. É aí que nós vamos formar a base, infelizmente,
ainda política da sociedade brasileira: de clientelismo, de fisiologismo, de
nepotismo sem limites... Esses “ismos” todos são decorrências do abuso de um
exercício de poder que deveria ser contido sobretudo por quem está no poder.
[...]
Rollemberg:
Nesse ponto, professora Marilene, o sem limites... Isso é claro para o cidadão? Ou ele faz de
uma maneira quase que... inconsciente... dentro da sociedade que nós vivemos?
Marilene:
É... Talvez a gente possa pensar de uma maneira naturalizada, mais do que
inconsciente. Quer dizer, a gente trata isso como uma coisa natural, como uma
coisa trivial. Ah, o meu colega fez, por que eu não vou fazer? Ah eu vi alguém
fazendo, deu certo. Não houve nenhum tipo de questionamento a uma deter minada
atitude, não é? Então o que nós vemos é uma naturalização dos processos de
corrupção na sociedade. Aí esse significado social vai se transformando no
sentido pessoal. E você vai tratando, introjetando aquilo como uma coisa dos
seus pares.
OLIVEIRA, Justino de;
SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Debate [2017]. Mediador: Marcello
Rollemberg.
São Paulo: Rádio USP
FM 93,7 (SP). Debate promovido pelo programa Diálogos na USP com o tema
“Especialistas discutem a postura do brasileiro diante das leis”. Publicado no
site da emissora em 10 nov. 2017.
Disponível em:
<https://jornal.usp.br/atualidades/especialistas-discutem-postura-do-brasileiro-diante-das-leis/>.
Acesso em: 16 jul. 2018. Transcrição feita para esta edição.
Fonte: Língua Portuguesa – Programa mais MT – Ensino
fundamental anos finais – 9° ano – Moderna – Thaís Ginícolo Cabral. p. 278-287.
Entendendo o debate:
01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:
· Clientelismo: prática de troca de favores entre quem detém o poder e quem
vota.
· Endêmico: o que é restrito a determinada região.
·
Fisiologismo: prática que visa à satisfação de interesses pessoais em
detrimento do bem comum.
·
Introjetar: interiorizar algo externo como se fosse constitutivo de sua
personalidade.
· Nepotismo: favoritismo para e com parentes.
· Sistêmico: o que afeta todo o sistema.
02 – Após a leitura, retome
as anotações que fez previamente e comente com seus colegas e professor:
a) As palavras que você anotou em relação ao tema do debate correspondem ao que foi discutido pelos convidados do programa Diálogos na USP?
Resposta pessoal do aluno.
b) A leitura do debate atendeu a sua expectativa de antes da leitura? Justifique.
Resposta pessoal do aluno.
03 – Imagine que você é
jornalista e tenha de escrever uma breve descrição sobre esses dois trechos do
debate. Como faria essa apresentação? Escreva esse texto limitando-o a quatro
linhas.
Resposta pessoal
do aluno.
04 – Leia a transcrição
editada da parte em que o jornalista introduz o debate.
“Marcello
Rollemberg: Bom dia! Mesmo que em tempos politicamente conturbados o
discurso anticorrupção seja pauta diária, brasileiros não avaliam como graves
pequenas fraudes no cotidiano, segundo um estudo da empresa Flyfrog,
especializada em pesquisa de mercado. [...] Mas afinal como o brasileiro se
posiciona diante das leis? Por que alguns criticam políticos e empresários que
infringem a legislação, mas são capazes de atos ilícitos, desculpando-se por
serem menos graves? Justamente para entendermos como se dá a aplicação e a
compreensão das leis no Brasil, o Diálogos da USP recebe agora os professores
Gustavo Justino de Oliveira, professor de Direito Administrativo na Faculdade
de Direito da USP [Universidade de São Paulo]. Ele é advogado, consultor
jurídico e árbitro especializado em direito público e ministra curso sobre corrupção
na administração pública no mestrado e doutorado na Faculdade de Direito da
USP. Essa disciplina é ofertada pela primeira vez no Brasil. E a professora
Marilene Proença Rebello de Souza, professora titular da Universidade de São
Paulo, pesquisadora do programa de pós-graduação em Psicologia escolar e do
Desenvolvimento Humano no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo
e ela é também a atual diretora do Instituto de Psicologia da USP.
OLIVEIRA, Justino de;
SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Debate [2017]. Mediador: Marcello
Rollemberg. São Paulo: Rádio USP FM 93,7 (SP). De bate promovido pelo programa
Diálogos na USP com o tema “Especialistas discutem a postura do brasileiro
diante das leis”. Publicado no site da emissora em 10 nov. 2017. Disponível em:
<https://jornal.usp.br/atualidades/especialistas-discutem-postura-do-brasileiro-diante-das-leis/>.
Acesso em: 16 jul. 2018. Transcrição feita para esta edição.
a) Com base na introdução, o que parece ter motivado a escolha do tema do debate?
O estudo da empresa Flyfrog parece ter sido o mote para o tema do
debate no programa Diálogos na USP.
b) Retome as duas perguntas feitas nesta introdução. Qual é a função das duas perguntas nesta introdução?
É apresentar o tema, norteando as questões iniciais do debate. Além
disso, as perguntas evidenciam ao ouvinte/leitor a delimitação do tema, ou
seja, o debate tratará da corrupção na sociedade brasileira.
Diálogos
na USP
Criado em 2016, o programa Diálogos na
USP faz parte da programação da rádio universitária dessa instituição de ensino
e pesquisa. O objetivo do programa é discutir temas que estão em pauta na
sociedade. É comum pesquisadores da USP participarem do programa para debater
temas da Ciência, do país e do mundo, oferecendo sua visão a respeito dos
assuntos e propiciando a reflexão dos ouvintes. O acervo do programa pode ser
encontrado na Internet.
Disponível em: <https://jornal.usp.br/tag/dialogos-na-usp/>.
Acesso em: 12 jun. 2019.
c) Nessa introdução também são apresentados, em debate, o currículo dos debatedores. Com que propósito essa forma de apresentação é feita aos ouvintes/leitores?
Com o propósito de convencê-los de que eles são pessoas que têm
formação e credibilidade para tratar do tema.
05 – Considerando os
participantes do debate, responda:
a) Qual é o papel do jornalista Marcello Rollemberg no debate?
O jornalista Marcello Rollemberg faz a moderação ou a mediação do
debate.
· O que ele propõe aos convidados?
Ele propõe questões aos convidados, determinando a vez de cada um
falar. Há momentos ainda em que ele procura sintetizar a fala dos convidados.
b) Justino de Oliveira e Marilene de Souza foram convidados a participar do programa. Que fatores profissionais justificam o convite feito a eles?
Ambos são professores da Universidade de São Paulo “a rádio pertence
à instituição) onde atuam em pesquisas relacionadas ao tema que é desenvolvido
no programa, embora sejam de faculdades e áreas diferentes. O professor Justino
Oliveira é professor de Direito Administrativo, com pesquisas ligadas à
administração pública e participação popular. Já Marilene Proença Rebello de
Souza é professora de Psicologia e estuda temas ligados à Psicologia Escolar e
Desenvolvimento Humano.
06 – No primeiro parágrafo
do texto transcrito, o jornalista cita dados a respeito do tema em debate.
a) Quais são esses dados?
São dados referentes à colocação do Brasil nos Índices Globais de
Corrupção.
b) Quais são as fontes de informação?
São a Organização Transparência Internacional e o Fórum Econômico
Mundial.
c) Por que ele menciona esses dados?
Porque quer introduzir o tema e mostrar aos ouvintes a relevância da
corrupção para o debate.
d) Como o professor Justino recebe esses dados iniciais mencionados pelo jornalista?
Ele recebe os dados com certa reserva, problematizando as
metodologias dessa pesquisas e destacando que elas se referem à percepção sobre
a corrupção.
e) Você diria que o professor expõe o posicionamento sobre os dados iniciais de maneira polida?
Sim. Ele comenta “eu sempre tenho um pouco de cuidado para retirar
consequências desses ranking”, empregando a expressão um pouco para modalizar
seu discurso. Além disso, ele pondera os aspectos positivos e negativos desses
rankings.
07 – O debate é um texto que
vai se construindo coletivamente à medida que a interação avança. Por isso, há
retomadas do tema, desvios em relação à pergunta proposta acréscimos. Releia os
quatro primeiros parágrafos para observar esses movimentos. Então, responda:
a) Como o professor reage à primeira pergunta do jornalista?
O professor se desvia da pergunta do apresentador. No lugar de
responder diretamente à questão, destaca que o problema é complexo, deixando
implícito que não há uma única causa para o país ocupar essa colocação nos
índices.
b) Por que o professor destaca duas vezes que o problema da corrupção é complexo?
Porque ele deseja que o ouvinte compreenda o quão complexo é o tema
que vão discutir. Ao mesmo tempo, revela sua visão sobre o assunto ao
apresentador.
c) Por meio da segunda pergunta do jornalista, é possível afirmar que ele compreendeu o primeiro ponto colocado pelo professor? Justifique.
Sim. O apresentador compreendeu que o professor enxerga a corrupção
como algo complexo, porque infere que, se não há uma única solução, também não
há uma única justificativa.
08 – Leia o texto a seguir
sobre o que faz um psicólogo e responda às questões:
Saiba
mais sobre o que faz um psicólogo.
O psicólogo estuda os fenômenos
psíquicos e de comportamento do ser humano por intermédio da análise de suas
emoções, suas ideias e seus valores. Ele diagnostica, previne e trata doenças
mentais, distúrbios emocionais e
de personalidade. Ele observa e analisa as atitudes, os sentimentos e os
mecanismos mentais do paciente e procura ajudá-lo a identificar as causas dos
problemas e a rever comportamentos inadequados. Este profissional atua em
consultórios, em hospitais e nas mais variadas instituições de saúde,
contribuindo para a recuperação da saúde psicológica e física das pessoas. Em
escolas, colabora na orientação educacional. É necessário registrar-se no
Conselho Regional de Psicologia para exercer a profissão.
PROFISSÕES: saúde e bem-estar. Guia do estudante e profissões:
vestibular 2018. São Paulo: Abril,
[S.I.], p. 137, 2018.
a) Com base nessa informação, qual é o papel da professora Marilene no debate?
Ela foi convidada para o debate para contribuir com
seu ponto de vista a respeito da relação entre corrupção e comportamento
humano.
b) Retome o texto e transcreva o trecho em que o mediador convoca a professora Marilene para o debate.
“Agora, as causa da corrupção, elas são inúmeras...
É... talvez se pudermos, porque estamos aqui na presença da professora
Marilene, um ponto de partida é saber qual é o valor da intenção”.
c) Por que ele faz menção à professora quando comenta sobre a intenção do ser humano?
Porque ele considera que a professora é, dos dois
debatedores, a pessoa mais apropriada para tratar sobre o que leva alguém a ser
corrupto, uma vez que é psicóloga, especialista na análise dos comportamentos e
valores humanos.
d) Levando em conta o papel que a professora desempenha no debate, em que momento ela reforça essa expectativa?
Quando ela afirma que, no campo da Psicologia,
trabalha-se com duas grandes categorias: a constituição do significado social
dos atos e o sentido pessoal que o ser humano dá a esses atos. Então, ela
explica que uma atitude corrupta não é algo somente psíquico, como também algo
relacionada à cultura e às relações sociais.
e) Se em vez de uma psicóloga, fosse convidada uma professora de Direito, o que mudaria no debate?
Seria outro debate, com foco especial na área do
Direito, Já que os dois debatedores seriam dessa mesma área.
09 – Releia o trecho a seguir e desenvolva, no caderno ou em uma folha avulsa,
junto com um colega, um esquema para expor a visão da professora Marilene.
“Marilene: [...] Nós temos trabalhado no campo da
Psicologia com duas grandes categorias:
a constituição do significado social dos nossos atos, das nossas ações,
e o sentido pessoal que nós damos para esses atos e para essas ações. E o nosso
sentido pessoal é constituído no significado social. Então essa relação entre a
intenção... a presença da intenção... ela tem essas duas dimensões. Ela não é
algo intrínseco, psíquico, internalizado pelo indivíduo, mas é algo que vai ser
constituído nas relações que esse indivíduo estabelece durante toda a sua
história de vida. [...]”
OLIVEIRA, Justino de;
SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Debate [2017]. Mediador: Marcello
Rollemberg. São Paulo: Rádio USP FM 93,7 (SP). De bate promovido pelo programa
Diálogos na USP com o tema “Especialistas discutem a postura do brasileiro
diante das leis”. Publicado no site da emissora em 10 nov. 2017. Disponível em:
<https://jornal.usp.br/atualidades/especialistas-discutem-postura-do-brasileiro-diante-das-leis/>.
Acesso em: 16 jul. 2018. Transcrição feita para esta edição.
Resposta pessoal
do aluno.
10 – Em um debate, é
importante compreender o posicionamento de cada um dos participantes. Relacione
as afirmações aos nomes dos participantes.
I –
Justino de Oliveira.
II –
Marilene Proença Rebello de Souza
(II) Há uma naturalização do processo
de corrupção na sociedade brasileira.
(I) É possível relacionar a corrupção
à cultura de cada país.
(I) É fundamental compreender a
história brasileira para entender as origens da corrupção.
(II) A corrupção não é algo
inconsciente, mas algo que é aprendido nas relações sociais ao longo da vida.
11 – Em um debate, os
participantes concordam e discordam sobre os pontos apresentados.
a) Identifique um momento de concordância entre os dois participantes.
Os dois convidados concordam que a corrupção é um problema complexo,
multifatorial, isso fica evidente nos seguintes trechos: “O tema é bastante
complexo” (Justino); “Ela é multifatorial” (Justino); “Eu diria que, também
pela Psicologia, é um problema complexo, multifatorial”. (Marilene).
b) E qual é o momento de discordância entre os participantes nesse debate? Justifique.
Nos trechos selecionados para esta Leitura 1, não há discordância entre os dois debatedores. Mas há
uma pequena discordância entre Marilene e o mediador, quando ela diz que é
possível pensar em naturalização do processo de corrupção, mas não em algo
inconsciente.
12 – Observe o modo como o jornalista
se dirige aos debatedores e a maneira como os convidados se tratam.
a) Que pronome de tratamento o jornalista utiliza para se dirigir aos convidados?
É o pronome senhores.
b) Como os debatedores se dirigem um ao outro? Por quê?
Ambos se dirigem um ao outro, inserindo na frente do primeiro nome o
título de professor(a), como sinal de respeito e polidez.
c) Essas formas de tratamento revelam que a situação de comunicação é:
(X) mais
formal. ( ) mais informal.
*
Justifique sua resposta.
Elas revelam que se trata de uma situação de comunicação mais
formal, em que o moderador se dirige aos debatedores em tom respeitoso e
polido.
13 – Releia o seguinte
trecho:
“Marilene: [...] Na medida em que a
gente vai crescendo, vai se desenvolvendo, nós vamos aprendendo outras formas
de relação com a realidade. Por que nós vamos aprendendo? Porque nós estamos em
um meio onde essas maneiras de pensar a sociedade e a cultura e as relações
sociais estão postas. Então a infração, a delinquência, as saidinhas, as
escapadas, nós aprendemos isso no campo social, à medida que isso também é
ensinado para nós. E aí os fatores realmente são múltiplos. Como é que esse
aprendizado se dá? Por que esse aprendizado se dá?”
OLIVEIRA, Justino de;
SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Debate [2017]. Mediador: Marcello
Rollemberg. São Paulo: Rádio USP FM 93,7 (SP). De bate promovido pelo programa
Diálogos na USP com o tema “Especialistas discutem a postura do brasileiro
diante das leis”. Publicado no site da emissora em 10 nov. 2017. Disponível em:
<https://jornal.usp.br/atualidades/especialistas-discutem-postura-do-brasileiro-diante-das-leis/>.
Acesso em: 16 jul. 2018. Transcrição feita para esta edição.
a) Para quem a debatedora faz a primeira pergunta presente nesse trecho? Com qual intenção?
Ela faz a pergunta para si mesma, como estratégia para organizar seu
discurso e chamar a atenção o ouvinte.
b) As duas últimas perguntas têm a mesma finalidade? Esse propósito é alcançado?
As duas últimas perguntas também ajudam a professora a organizar sua
fala e a atrair o interesse do ouvinte. No entanto, ela não consegue
desenvolver a resposta, pois o mediador toma a palavra da debatedora, pedindo
que o professor Justino responda às questões.
14 – Tanto na fala como na
escrita, utilizamos alguns marcadores
que ajudam na construção do sentido do texto. São os chamados articuladores textuais. Com base no
debate, preencha as colunas em branco do quadro a seguir. FUNÇÃO – MARCADOR (expressão linguística) – QUEM UTILIZA.
Ordenar
o texto em partes complementares: primeiro
ponto, segundo – Justino.
Reformular
seu próprio discurso anterior: o
que eu quero dizer, quer dizer
– Justino
e Marilene.
Posicionar-se
diante do que é dito pelo outro interlocutor: exatamente
– Rollemberg.
15 – Coloque-se no lugar do
mediador e formule três perguntas para prosseguir a discussão proposta pelo
programa.
Resposta pessoal
do aluno.
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