domingo, 28 de maio de 2017

CONTO: LAVADEIRAS DE MOSSORÓ- CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

CONTO:  LAVADEIRAS DE MOSSORÓ
                 Carlos Drummond de Andrade

        As lavadeiras de Moçoró, cada uma tem sua pedra no rio; cada pedra é herança de família, passando de mãe a filha, de filha a neta, como vão passando as águas no tempo. As pedras tem um polimento que revela a ação de muitos dias e muitas lavadeiras. Servem de espelho a suas donas. E suas formas diferentes também correspondem de certo modo à figura física de quem as usa. Umas são arredondadas e cheias, aquelas magras e angulosas, e todas tem ar próprio, que não se presta a confusão.
        A lavadeira e a pedra formam um ente especial, que se divide e se unifica ao sabor do trabalho. Se a mulher entoa uma canção, percebe-se que a pedra a acompanha em surdina. Outras vezes, parece que o canto murmurante vem da pedra, e a lavadeira lhe dá volume e desenvolvimento.
        Na pobreza natural das lavadeiras, as pedras são uma fortuna, joias que elas não precisam levar para casa. Ninguém as rouba, nem elas, de tão fiéis, se deixariam seduzir por estranhos.
                                                                             ANDRADE, C. D. Contos sem propósito. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, Caderno B, 17/7/1979 

a)     Que palavras e expressões o autor usa para falar da hereditariedade das pedras do rio?
Por exemplo: “passando de mãe a filha, de filha a neta, como vão passando às águas no tempo”.

b)    Como o autor descreve fisicamente as lavadeiras? Compare a descrição com a das pedras.
A descrição é metafórica: as lavadeiras são descritas como “espelho” das pedras. “Umas são arredondadas e cheias, aquelas magras e angulosas, e todas tem ar próprio, que não se presta a confusão.”

c)     Como a ideia de trabalho relaciona pedra e lavadeira?
A lavadeira e a pedra formam um ente especial que se divide e se unifica ao sabor do trabalho.

d)    Destaque algumas expressões empregadas conotativamente (em sentido figurado) no texto.
Por exemplo: “Vão passando as águas do tempo”, “Se divide e unifica ao sabor do trabalho”, “A pedra a acompanha em surdina”, “Canto murmurante vem da pedra”.

e)     Imagine se o autor tivesse usado menos “imagens”, tivesse usado outras palavras para falar sobre o trabalho das lavadeiras de Moçoró. O texto poderia continuar como literário? Por que?
Depende de como o autor se expressasse. Poderia manter a poeticidade, com imagens diferentes; como poderia fazer um texto mais “objetivo” e produzir um gênero não literário.


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