quarta-feira, 3 de maio de 2017

ARTIGO DE OPINIÃO: AIDS E CARNAVAL - COM INTERPRETAÇÃO/ GABARITO

ARTIGO DE OPINIÃO:  AIDS E CARNAVAL

        Toda vez que lançamos uma campanha de carnaval, somos questionados sobre os resultados desse investimento que o Ministério da Saúde faz desde o início da epidemia de aids no Brasil.
        Os resultados não tem seu impacto imediato mensurável, como numa pesquisa de rua, mas estão aí na redução de quase 13 % nas novas notificações de aids entre 1999 e 2001 e no aumento de mais de 300% no consumo de preservativos masculinos comercializados no Brasil, que, de 1993 a 2000, saltou de 70 milhões para 350 milhões de unidades por ano. Além disso, a distribuição de preservativos, por parte do ministério da Saúde, cresceu de 18 milhões de unidades por ano, no início da década de 1990, para 200 milhões em 2001. Para este ano, a previsão é distribuirmos 300 milhões de preservativos.
        O brasil é um dos poucos países do mundo que tratam da questão da aids de forma tão clara nos veículos de comunicação. Outros países da região e muitos países desenvolvidos até hoje encontram dificuldades para veicular campanhas de massa informando sobre as formas de transmissão da doença e estimulando o uso do preservativo como meio de preveni-la.
        Nossas campanhas são discutidas elaboradas com um comitê técnico-cientifico que inclui representantes de organizações da sociedade civil, universidades e especialistas em prevenção às DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis) e à aids. O público-alvo escolhido é aquele para o qual as transmissões ocorrem mais: no ano passado foi endereçada aos homens que tem múltiplas parcerias sexuais e a deste ano aos heterossexuais jovens.
        Por que essa insistência? Porque a prevalência da aids vem caindo entre outros segmentos que no passado eram mais vulneráveis à transmissão do HIV (homossexuais e usuários de drogas) e aumentando entre os heterossexuais e as mulheres. A forma de transmissão por relações sexuais entre homens e mulheres já responde por 52% dos casos de aids notificados no país – 215.810 até junho de 2001.
        Quando fazemos uma campanha de massa estamos democratizando a informação. A escolha das datas de veiculação dessas campanhas também é importante. No carnaval atingimos todas as faixas etárias e aproveitamos um momento de alta descontração dos brasileiros para lembra-los de que a aids não acabou e a camisinha ainda é a melhor forma de prevenção contra a doença.
        O lembrete é oportuno, porque nos quatro dias de folia as pessoas costumam fazer uso de álcool e a sexualidade fica em alta. Estamos presentes também nos principais desfiles, com a distribuição de preservativos, folhetos, abanadores e outros materiais impressos. Esse trabalho é feito com a colaboração fundamental da sociedade civil, sem a qual seria impossível distribuir 8 milhões de preservativos em todo o Brasil.
        Mas as estratégias de prevenção à aids não se restringem apenas às campanhas pontuais. O trabalho é feito o ano inteiro com os diversos segmentos da população: estudantes, caminhoneiros, profissionais do sexo, índios, garimpeiros, homens que fazem sexo com homens, usuários de drogas injetáveis, presidiários, operários, em assentamentos rurais, com mulheres, profissionais da saúde e professores, para citar alguns.
         Os investimentos anuais em prevenção e tratamento chegam perto de US$ 400 milhões, mas os resultados são animadores. A incidência da epidemia, que estava estabilizada em torno de 22 mil novos casos por ano até 1998, caiu para 20 mil novos casos em 1999 e 15 mil em 2000. O uso do preservativo no Brasil chega a 60% entre os jovens, um resultado que só o países do Primeiro Mundo tem alcançado. Isso, sim, é resultado de prevenção.
        Nos principais centros do país, as mortes por aids caíram 70% de 1996 para cá e as internações hospitalares foram reduzidas em 80%. Isso é resultado do tratamento. A soma desses dois polos de atuação – prevenção e tratamento – faz do programa de controle da aids do Brasil um modelo para todo o mundo. Mas isso não significa que devemos relaxar. A aids é uma doença cuja cura e vacina ainda estão distante.
        Os especialistas em comunicação e a experiência brasileira mostram que as campanhas de massa são essenciais. O Brasil é um país privilegiado por poder fazê-las. Além dos esforços da mobilização social, a cultura brasileira de tolerância e solidariedade tem permitido que questões delicadas relacionadas à epidemia de aids sejam tratadas de maneira franca, clara e honesta.
        O carnaval, como uma das maiores manifestações populares do país, além de ser um grande motivo de festa e descontração, tem se mostrado um excelente canal para tratar do assunto. Seria impossível deixarmos passar essa grande oportunidade.

 TEIXEIRA, Paulo Roberto. Folha de São Paulo, 9 fev. 2002. Caderno A, p. 3.

1 – “Aids e carnaval” é basicamente um texto de opinião. O autor defende uma tese: a de que a campanha de prevenção da aids no carnaval e eficiente.
Para sustentar sua tese, ele apresenta argumentos quantitativos (dados). Quais são eles? Ou, perguntando de outro modo: porque, na opinião do autor, a campanha é eficiente?
       2º parágrafo – A campanha, segundo o autor, é eficiente porque, em três anos, fez diminuir quase 13% as novas notificações de aids e, em sete anos, fez aumentar em 300% o consumo de preservativos masculinos.

2 – Que justificativa o autor dá para as campanhas dos últimos anos terem sido dirigidas a homens que tem múltiplas parceiras sexuais e a heterossexuais jovens?
       5º parágrafo – O fato de a ocorrência de aids ter caído entre os segmentos da população que eram antes mais vulneráveis (homossexuais e usuários de drogas) e aumentado entre os heterossexuais e as mulheres.

3 – Segundo o autor, qual é a importância de uma campanha de massa?
       6º parágrafo – A campanha de massa democratiza a informação.

4 – Por que as campanhas contra a aids são veiculadas principalmente durante o carnaval?
       6º e 7º parágrafos – Porque é possível, neste período, atingir todas as faixas etárias e, ao mesmo tempo, aproveitando o clima de descontração da festa, lembrar a todos que a aids não acabou e que é preciso prevenir-se contra ela.

5 – Por que o programa de combate à aids do Brasil é modelo para todo o mundo?
       9º e 10º parágrafos – O programa de combate à aids do Brasil é modelo para todo o mundo pelos resultados alcançados pela prevenção e pelo tratamento.

6 – Que justificativa o autor dá aos leitores para afirmar que o Brasil é um país privilegiado quanto às campanhas de massa contra a aids?
       11º parágrafo – O autor acredita que há no Brasil uma cultura de tolerância e solidariedade que tem permitido que questões delicadas relacionadas à epidemia da aids sejam tratadas de maneira franca, clara e honesta.

7 – Por que, segundo o autor, é importante a participação da sociedade civil na campanha durante o carnaval?
       7º parágrafo – Sem a participação da sociedade civil, seria impossível distribuir amplamente os preservativos em todo o país.

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