segunda-feira, 1 de maio de 2017

POEMA: VOU-ME EMBORA PRA PASÁRGADA - MANUEL BANDEIRA -COM GABARITO


POEMA – VOU-ME EMBORA PRA PASÁRGADA
Manuel Bandeira

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d`água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcaloide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste d não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
- Lá sou amigo do rei –
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

                                        BANDEIRA, Manuel. Vou-me embora pra Pasárgada.
                                        In: ______. Poesia completa & prosa. Rio de Janeiro.
                                                                                            Aguilar, 1967. p. 264-5.

1 – Levando em conta a informação que precede o poema e a biografia de Bandeira, qual é o significado de Pasárgada para o eu-lírico?
       É o mundo imaginário onde ele poderia ser uma criança como as outras, sem as limitações da doença.

2 – Identifique os espaços indicados pelos advérbios lá e aqui.
       Lá = Pasárgada; Aqui = o espaço real do poeta.

3 – Na terceira estrofe são enumeradas ações bastante corriqueiras. Por que elas assumem tanta importância para o poeta?
       Porque são coisas que um indivíduo doente está privado de fazer, embora sejam comuns.

4 – Compare esse poema com a “Canção do exílio”. Que semelhança é possível apontar entre os dois?
       O aluno deverá deduzir que os dois poetas opõem um mundo idealizado a um mundo concreto.



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