POEMA: ODE AO BURGUÊS
Mário de Andrade
Eu insulto o burguês! O burguês-níquel,
O burguês-burguês!
A digestão bem-feita de São Paulo!
O homem-curva! O homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
É sempre um cauteloso pouco a pouco!
Eu insulto as aristocracias cautelosas!
Os barões lampiões! Os condes Joões! Os duques zurros!
Que vivem dentro de muros sem pulos,
E gemem sangue de alguns mil-réis fracos
Para dizerem que as filhas da senhora falam o francês
E tocam os “Printemps” com as unhas!
Mário
de Andrade. In: Poesias completas. São Paulo:
Círculo do Livro, 1976, p. 45-7.
1 – O texto é modernista. Só NÃO o comprova:
a) A utilização poética de imagens
consideradas antipoéticas pela tradição.
b) O repúdio ao comportamento
conservador da burguesia.
c) A referência a situações cotidianas.
d)
A permanência da temática tradicional.
e) O uso da liberdade métrica.
2 – O texto, realmente, compõe o Discurso do Insulto. Que
elementos formais comprovam tal afirmação?
O uso
de substantivos e adjetivos fortes na caracterização do burguês e as metáforas
caricaturais.
3 – Em que passagem a crítica socioeconômica se encontra mais
evidente? Transcreva-a.
Na 2ª
estrofe.
4 – Que interpretação podemos dar à expressão “burguês-burguês”?
É a
imagem do burguês autêntico, com toda as suas características exemplares de
dominador capitalista.
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