sábado, 6 de maio de 2017

CRÔNICA: PLEBISCITO - ARTUR AZEVEDO - COM GABARITO

CRÔNICA - PLEBISCITO
(Artur Azevedo)
          A cena passa-se em 1890.
         A família está toda reunida na sala de jantar. O senhor Rodrigues palita os dentes, repimpado numa cadeira de balanço. Acabou de comer como um abade.
         Dona Bernardina, sua esposa, está muito entretida a limpar a gaiola de um canário belga.
        Os pequenos são dois, um menino e uma menina. Ela distrai-se a olhar para o canário. Ele, encostado à mesa, os pés cruzados, lê com muita atenção uma das nossas folhas diárias.
           Silêncio.
De repente, o menino levanta a cabeça e pergunta:
– Papai, o que é plebiscito?
O senhor Rodrigues fecha os olhos imediatamente para fingir que dorme.
O pequenos insiste.
– Papai?
Pausa.
– Papai?
Dona Bernardina intervém:
– Ó seu Rodrigues, Manduca está lhe chamando. Não durma depois do jantar que lhe faz mal.
            O senhor Rodrigues não tem outro remédio senão abrir os olhos.
– Que é? Que desejam vocês?
– Eu queria que papai me dissesse o que é plebiscito.
– Ora essa, rapaz! Então tu vais fazer doze anos e não sabes ainda o que é plebiscito?
– Se soubesse não perguntava.
O senhor Rodrigues volta-se para dona Bernardina, que continua muito ocupada com a gaiola:
– Ó senhora, o pequeno não sabe o que é plebiscito!
 Não admira que ele não saiba, porque eu também não sei.
– Que me diz?! Pois a senhora não sabe o que é plebiscito?
– Nem eu, nem você: aqui em casa ninguém sabe o que é plebiscito.
 Ninguém, alto lá! Creio que tenho dado provas de não ser nenhum ignorante!
        – A sua cara não me engana. Você é muito prosa. Vamos: se sabe, diga o que é plebiscito! Então? A gente está esperando! Diga!…
             – A senhora o que quer é enfezar-me!
          – Mas, homem de Deus,para que você não há de confessar que não sabe? Não é nenhuma vergonha ignorar qualquer palavra. Já outro dia foi a mesma coisa quando Manduca lhe perguntou o que era proletário. Você falou, falou, e o menino ficou sem saber!
            – Proletário, acudiu o senhor Rodrigues, é o cidadão pobre que vive do trabalho mal remunerado.
           – Sim, agora sabe porque foi ao dicionário: mas dou-lhe um doce, se me disser o que é plebiscito sem se arredar dessa cadeira!
           – Que gostinho tem a senhora em tornar-me ridículo na presença destas crianças!
        – Oh! Ridículo é você mesmo quem se faz. Seria tão simples dizer: – Não sei, Manduca, não sei o que é plebiscito, vai buscar o dicionário, meu filho.
           O senhor Rodrigues ergue-se de um ímpeto e brada:
– Mas se eu sei!
– Pois se sabe, diga!
          – Não digo para não me humilhar diante de meus filhos! Não dou o braço a torcer! Quero conservar a força moral que devo ter nesta casa! Vá para o diabo!
       E o senhor Rodrigues, exasperadíssimo, nervoso, deixa a sala de jantar e vai para o quarto, batendo violentamente a porta.
          No quarto havia o que ele mais precisava naquela ocasião: algumas gotas de água de flor de laranja e um dicionário…
          A menina toma a palavra:
– Coitado do papai! Zangou-se logo depois do jantar! Dizem que é perigoso!
– Não fosse tolo, observa dona Bernardina, e confessasse francamente que não sabia o que é plebiscito!
        – Pois sim, acode o Manduca, muito pesaroso por ter sido o causador involuntário de toda aquela discussão: pois sim, mamãe, chame papai e façam as pazes.
      – Sim! sim! façam as pazes! Diz a menina em tom meigo e suplicante. Que tolice! Duas pessoas que se estimam tanto zangarem-se por causa do plebiscito!
         Dona Bernardina dá um beijo na filha e vai bater à porta do quarto:
– Seu Rodrigues, venha sentar-se; não vale a pena zangar-se por tão pouco.
        O negociante esperava a deixa. A porta abre-se imediatamente. Ele entra, atravessa a casa e vai sentar-se na cadeira de balanço.
     – É boa! brada o senhor Rodrigues depois de largo silêncio; é muito boa! Eu! Eu ignorar a significação da palavra PLEBISCITO! Eu!…
         A mulher e os filhos aproximam-se dele.
O homem continua num tom profundamente dogmático.
– Plebiscito…
E olha para todos os lados a ver se há por ali mais alguém que possa aproveitar a lição.
– Plebiscito é uma lei decretada pelo povo romano, estabelecida em comícios.
– Ah! Suspiraram todos aliviados.
– Uma lei romana, percebem? E querem introduzir no Brasil! É mais um estrangeirismo!…
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Marque com um X o sinônimo da palavra ou expressão sublinhada.
1. Em: “… lê com muita atenção uma das nossas folhas diárias.”, a expressão em negrito significa:
a. (  ) jornais      b. (  ) trabalhos escolares       b. (  ) papeis      d. (  ) contas da família
2. A frase: “O senhor Rodrigues não tem remédio senão abrir os olhos.”, pode ser entendida como “O senhor Rodrigues…
a. (  ) não encontra alívio para o seu sofrimento.
b. (  ) não tem outra solução a não ser abrir os olhos.
c. (  ) não tem jeito para abrir os olhos.
d. (  ) só encontrou um medicamento para o seu mal
3. Em: “Não admira que ele não saiba…”, a expressão em negrito pode ser entendida como:
a. (  ) é admirável        b. (  ) não causa espanto         c. (  ) não se admite      d. (  ) é incompreensível
4. Em: “Você é muito prosa.” a palavra em negrito significa:
a. (  ) vaidoso       b. (  ) sábio     c. (  ) estudioso     d. (  ) falador
5. Em: “Sim, agora sabe porque foi ao dicionário…”, a expressão em negrito pode ser entendida como:
a. (  ) comprou um dicionário         b. (  ) encontrou um dicionário
c. (  ) consultou o dicionário           d. (  ) pegou um dicionário
6. A frase: “Não dou o braço a torcer!”  pode ser entendida como:
a. (  ) Não gosto de brigar com quem é mais forte do que eu.
b. (  ) Não gosto de discutir sem ter razão.
c. (  ) Não gosto de sofrer dores.
d. (  ) Não me dou por vencido.
7. A frase: “A menina toma a palavra.”  pode ser entendida como: A menina…
a. (  ) …pensa no que irá falar.        b. (  ) …encontra uma solução.
c. (  ) …começa a falar.                      d. (  ) …para de pensar.
8. Em: “Pois sim, acode Manduca, muito pesaroso por ter sido o causador involutário de toda aquela discussão…” a palavra em negrito significa que Manduca:
a. (  ) causou a discussão de propósito
b. (  ) estava acostumado a causar discussões
c. (  ) não teve a intenção de causar a discussão
d. (  ) nunca conseguia causar uma discussão
9. Na frase: “O negociante esperava a deixa.” a expressão em negrito significa que o negociante esperava que:
a. (  ) esquecessem o incidente          b. (  ) o chamassem de volta
c. (  ) o deixassem em paz               d. (  ) não lhe fizessem mais perguntas
10. O principal objetivo do texto é:
a.( ) explicar o significado da palavra “plebiscito
b.( ) explicar o significado da palavra “proletário”
c.( ) retratar cenas típicas da família do século XIX
d.( ) caracterizar o comportamento de alguns tipos humanos
11. O senhor Rodrigues é caracterizado como:
a.( ) um homem culto
b.( ) uma pessoa orgulhosa
c.( ) uma criatura humilde
d.( ) um pau zeloso
Responda às perguntas comprovando suas respostas com passagens do texto.
12. Quando e onde se passa o episódio?____________________________
13. Os personagens do texto são: o senhor Rodrigues, Dona Bernardina, Manduca e a menina. Que relação de parentesco há entre eles? _________
14. No século XIX, era hábito os esposos se tratarem formalmente como senhor e senhora, em sinal de respeito. Como a história que acabamos de ler se passa em 1890, podemos observar que Dona Bernardina trata o marido de senhor e que o senhor Rodrigues trata a esposa de senhora. No entanto, há momentos em que Dona Bernardina, esquece essa formalidade e trata o marido de você. Quando isso acontece?
15. Manduca não sabe o significado da palavra plebiscito e pergunta ao pai, que parece se admirar do fato do menino desconhecer tal palavra. Dona Bernardina, porém, afirma que ninguém naquela casa – nem o próprio senhor Rodrigues – sabe o seu significado. No texto, lemos que o senhor Rodrigues reclama: “Ninguém, alto lá! Creio que tenho dado provas de não ser nenhum ignorante!”. Quem está certo e por quê?
16. Diante da pergunta do filho, quais as reações do Senhor Rodrigues?
Primeira reação: _______________________________________________
Depois: ______________________________________________________
17. No auge da discussão, o senhor Rodrigues retira-se para o quarto, onde, “havia o que ele mais precisava naquela ocasião: algumas gotas de água de flor de laranja e um dicionário.”. Por que o senhor Rodrigues precisava dessas duas coisas?
18. Afirmamos que o senhor Rodrigues não soube consultar o dicionário. Você concorda com nossa afirmação? Justifique sua resposta.
___________________________
GABARITO:
1.a   2.b    3.b    4.a    5.c     6.d      7.c      8.c      9.b 10.d 11.b
12. O episódio passa-se em 1980, após o jantar, na casa do senhor Rodrigues.
13. O senhor Rodrigues é marido de dona Bernardina e Manduca e a menina são filhos do casal.
14. Quando dona Bernardina discute com o marido, trata-o por você, esquecendo a formalidade.
15. Dona Bernardina é quem está certa, pois o senhor Rodrigues, apesar de negar que desconhece o significado da palavra plebiscito, vai mesmo é procurar ajuda num dicionário.
16. Primeira reação:  finge dormir, para não ter que dar uma resposta ao filho.
Depois: não tendo mais como continuar fingindo, recrimina o filho por desconhecer o significado da palavra.
17. O senhor Rodrigues precisava de algumas gotas de água de flor de laranja porque esse remédio caseiro, usado geralmente como calmante, poderia dar-lhe a tranquilidade de que necessitava naquela ocasião. Por outro lado, ele precisava do dicionário para procurar o significado da palavra plebiscito.
18. No dicionário encontramos
Plebiscito reunido em comícios. 2. Hoje, resolução submetida à apreciação do povo. 3. Voto do povo, por sim ou não, sobre uma proposta que lhe seja apresentada.

O senhor Rodrigues, ao consultar o dicionário, verificou que plebiscito é uma lei romana e, não compreendeu exatamente o que isso significa nos tempo de hoje. Por isso acusou-a de ser um estrangeirismo que queriam implantar no Brasil. Isso confirma o que dissemos: o senhor Rodrigues não soube consultar o dicionário, ao escolher um significado que não era adequado ao contexto.


EXERCÍCIOS SOBRE: ENCONTROS VOCÁLICOS/CONSONANTAIS E DÍGRAFOS – COM GABARITO

EXERCÍCIOS SOBRE: ENCONTROS VOCÁLICOS/CONSONANTAIS E DÍGRAFOS – COM GABARITO

1 – As palavras saúde e magoo possuem hiato. Indique a alternativa em que as duas palavras também possuem esse encontro vocálico.


a)    Mais e creem
b)    Álcool e doido
c)    Rua e doído
d)    Pois e tia.

2 – Quantos fonemas há, respectivamente, nos vocábulos chumbinho, sobrancelha, hombridade, fixo, quadro e guerra?
a)    6, 9, 10, 5, 6, 4
b)    9, 10, 9, 4, 6, 5
c)    6, 9, 8, 5, 6, 4
d)    8, 10, 8, 5, 5, 5

3 – Identifique a alternativa em que os vocábulos não apresentam dígrafo.
a)    Rejuvenescer – ombro
b)    Carrossel – querida
c)    Exceção – gueixa
d)    Escudo – equino

4 – Os vocábulos cárie, noite, e égua apresentam, respectivamente:
a)    Ditongo decrescente, ditongo decrescente, ditongo crescente
b)    Ditongo crescente, ditongo crescente, ditongo decrescente
c)    Ditongo crescente, ditongo decrescente, ditongo crescente
d)    Ditongo decrescente, ditongo crescente, ditongo crescente.

5 –Assinale a alternativa que apresenta hiato e ditongo, respectivamente:
a)    O ruído dos dois ratos assusta os rapazes.
b)    O quarto voo foi cancelado.
c)    O juiz disse que o café estava amargo.
d)    Nada é gratuito, somente a água que bebemos.

6 – Identifique a alternativa em que todas as palavras apresentam tritongo:
a)    Feiura – meia – criou
b)    Iguais – criei – criou
c)    Quaisquer – Paraguai – saguão
d)    Seio – quais – ceia

7 – Assinale a alternativa que apresenta ditongo e tritongo, respectivamente:
a)    Tampa – águam
b)    Falem – quão
c)    Estudam – enxáguam
d)    Pulam – Uruguai

8 – Em que alternativa o vocábulo apresenta dígrafo?
a)    Égua
b)    Aquário
c)    Equestre

d)    Aquilo

sexta-feira, 5 de maio de 2017

CRÔNICA: RACONTO DE NATIVIDADE – HELENA SILVEIRA - COM GABARITO

CRÔNICA - RACONTO DE NATIVIDADE
          O relato apresenta uma situação de contraste social: como o dinheiro (ou a falta dele) pode alterar o comportamento  das pessoas.
RACONTO DE NATIVIDADE
          – Senhor doutor, estou aqui no bolso com um milhão de cruzeiros de uma boiada que vendi e quero lhe comprar aquelas suas terras para cima do ribeirão. Pago à vista.
          O médico mediu de alto a baixo seu interlocutor. Era moço, feições de caboclo, vestido com decente modéstia.
          – Um milhão de cruzeiros, à vista, pelas terras? Pois o que lastimo é que elas não sejam minhas. O senhor se enganou. São de um meu primo advogado. O nome é parecido com o meu. Eu sou médico.
          Com fala mansa, o visitante pediu ao médico que interviesse no negócio. Tinha urgência em comprar as terras. Não pagava muito, mas pagava à vista. O dinheiro estava ali no bolso. Houve uma telefonada e o dono disse que não queria vender as mesmas. Nem por um, nem por dois milhões. O outro coçou a cabeça, triste. Da segunda vez que viu o rapaz, o médico estava em seu hospital. Era o único bom hospital da zona. Nessa ocasião, o caboclo vinha acompanhado da esposa que esperava o primeiro filho. O médico ofereceu um quarto pequeno, sem banheiro, com diária razoável, mas o moço indagou, com certa impertinência, se não havia nada melhor do que aquilo tudo.
         – Há. Mas é um apartamento de grande luxo. Quase nunca está ocupado. Da última vez que serviu, foi para a nora do coronel Quinzinho.
          Sim, aquele, sim, servia. Duas sala s com tapetes e rádio, com terraço e até gaiola de passarinho, para não falar no telefone e no quarto de banho. Chegando à casa, o médico relatou o fato à esposa.
          – Você veja. Aqui em Goiânia tem gente de dinheiro que nem se suspeita. O apartamento de grande luxo foi ocupado por uma moça, acaboclada, mulher do homem que me procurou, não faz muito tempo, com um milhão de cruzeiros no bolso…
          A esposa do médico estava regando sua lata de gerânios. Suspendeu a operação e disse:
          – Eu vi quando aquele moço veio. Ninguém dava nada por ele. E com um milhão no bolso!
          O parto foi difícil, mas o médico era hábil. A parturiente teve a melhor assistência. Dez dias depois de ter ela dado à luz um menino forte, o pai, muito contente, procurou o diretor do hospital. Iriam embora ao dia seguinte. Acontecia que estava lá embaixo, com o carro, um irmão seu e a mulher começara a chorar com saudades de casa. Não fazia diferença que fossem àquela tarde e não na manhã seguinte?
          Claro que não fazia diferença. A cliente e a criança estavam passando muito bem. Mas o diabo era que o moço havia esquecido em casa seu talão de cheques. O médico sorriu:
          – Pois a coisa é assim. O parto vai lhe custar muito menos que um milhão.Vá embora para casa, sossegado, e venha amanhã saldar sua conta.
          Nem em uma semana, nem em duas o estranho rapaz apareceu. Ao fim desse tempo, o médico foi procurar o endereço da cliente. Tomou seu carro e rodou para lá. Fora da cidade, localizou o caboclo, de manga arregaçada, lavrando um mofino campo.
          – Que é isso, rapaz? Você se esqueceu da conta?
       O outro retrucou, manso, que não se esquecera. Nem da conta, nem de toda a gentileza de que sua esposa fora alvo. Apenas não podia pagar nem um tostão, pelo menos naquela dura época do ano. Talvez, depois da colheita, se Deus ajudasse, ele saldaria pelo menos a quinta parte da dívida. E prosseguia olhando a sua terra mesquinha.
          – Mas não posso entender! O senhor é um homem à míngua de recursos! Como é que ainda outro dia tinha um milhão no bolso?
          – Ter um milhão, eu não tinha, seu doutor. O que tinha era vontade que meu primeiro filho nascesse em quarto de gente rica e minha patroa fosse tratada a modo de mulher de fazendeiro. Por isso, maquinei aquela história das terras. Agora que a criança nasceu, se o senhor quiser me prender, me prenda.
       O médico estava furioso quando tornou à casa e contou o fato à mulher. Por coincidência, ela regava os mesmos gerânios. Estacou no gesto. Ouviu o relato inteiro e começou a chorar:
          – Se você puser aquele pobre coitado na cadeia, eu rasgo seu diploma de médico. Nunca ouvi história mais bonita em toda a minha vida!
          Eu também não. E é por isso que a passo aos leitores, à guisa de crônica de Natividade.
 (SILVEIRA, Helena. In:____Sombra Azul e Carneiro Branco. São Paulo, Cultrix, 1960)
GLOSSÁRIO
Raconto – narração, relato, narrativa
Intervir – servir de mediador
À míngua – em extrema pobreza
Mofino – infeliz, pequeno, acanhado
À guisa de –  à maneira de
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Vamos, então, à análise do texto.
I – Marque com um X o sinônimo adequado das palavras grifadas, de acordo com o texto:
1. “Pois o que lastimo é que elas não sejam minhas.”
a. (   ) desejo           b. (   ) invejo     c. (   ) lamento     d.(   ) agradeço
2. “Tinha urgência em comprar as terras.”
a. (   ) pressa     b. (   ) necessidade    c. (   ) desejo     d. (   ) prazer
3. “… até que o rapaz indagou…”
a. (   ) reclamou     b. (   ) perguntou   c. (   ) resmungou   d. (   ) exclamou
4. “Por isso, maquinei aquela história das terras.”
a. (   ) apresentei    b. (   ) inventei    c. (   ) fabriquei    d.(   ) alterei
5. “O médico estava furioso quando tornou à casa…”
a. (   ) triste     b. (   ) aflito      c. (   ) curioso     d. (   ) enfurecido

II – Marque com um X a alternativa correta, de acordo com o texto:
6. Quando procurou o médico pela primeira vez, o caboclo queria:
a. (   ) internar a esposa que esperava o primeiro filho
b. (   ) comprar terras
c. (   ) comprar gado
d. (   ) vender terras
7. Quando procurou o médico pela segunda vez, o caboclo queria:
a. (   ) conversar       b. (   ) vender gado       c. (   ) internar a esposa       d. (   ) insistir na compra das terras
8. Dentre os quartos do hospital, o caboclo escolheu:
a. (   ) o mais barato                            b. (   ) um quarto pequeno
c. (   ) um apartamento de luxo        d. (   ) um apartamento médio
9. O caboclo não pagou a conta do hospital porque:
a. (   ) não gostou do atendimento dado à esposa
b. (   ) não costumava pagar suas contas
c. (   ) esqueceu
d. (   ) não tinha dinheiro
10. Quando o caboclo disse que não tinha dinheiro para pagar a conta, a reação do médico foi de:
a. (   ) compaixão       b. (   ) tristeza     c. (   ) raiva       d. (   ) compreensão
11. O caboclo maquinou a história das terras porque queria:
a. (   ) dar um trote no médico.
b. (   ) queria que seu filho nascesse em quarto de gente rica e que sua  esposa fosse bem tratada.
c. (   ) que todos, na cidade, pensassem que era rico.
d. (   ) ficar com as terras e não pagar.
12. Ao saber do fato, a esposa do médico reagiu da seguinte maneira:
a. (   ) ficou furiosa e aconselhou o marido a mandar prender o caboclo
b. (   ) não se interessou pelo caso
c. (   ) chorou e disse ao marido que se mandasse prender o caboclo ela rasgaria o seu diploma
d. (   ) deu boas gargalhadas
13. Levando em consideração o atendimento que é dado às pessoas nos hospitais, o caboclo teve razão ou não para agir do modo que agiu? Por quê? Dê sua opinião e justifique-a.
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GABARITO
1. c    2. A      3. B    4. B     5. D    6. B    7. C     8. C    9. D     10. C     11. B   12. C
13. resposta pessoal (mostre-a a um amigo ou pessoa do seu relacionamento e discuta a situação que levou o caboclo, o médico e sua esposa a terem as ações descritas)


ARTIGO DE OPINIÃO: A CRÍTICA DESTRUTIVA E A COCHINCHINA - GUSTAVO IOSCHPE - COM GABARITO

 A CRÍTICA DESTRUTIVA E A COCHINCHINA

    Toda semana, abro contente a caixa de correio pra receber os e-mails de leitores. As reações são sempre interessantes. A correspondência se divide em quatro tipos. O primeiro é o escritor folgado que, com o jeitinho hipertrofiado e a cara de pau a toda prova, pede favores. Quando estava nos EUA, eram indicações de faculdades, bolsa, passagem aérea e o escambau. Agora, pedem dicas da Europa e até, pasme, que vá a uma loa para ver se é de confiança(?!).
        O segundo tipo é o leitor que elogia. A esses, meus mais sinceros agradecimentos.
        O terceiro é o que critica ideias. São os merecedores da mais entusiasmada recepção e apreço. O objetivo aqui sempre foi suscitar discussões, trazer ideias novas e também ouvi-las. Quando se nota que isso acontece, há uma sensação recompensadora de dever cumprido. As vezes, as críticas são ásperas, mas é do jogo – até porque a pancadaria é recíproca, e este escriba não é lá muito diplomático. Mas em geral as críticas mais ferozes são de grupos protegidos, que se veem afrontados por denúncias, o que me deixa feliz, sinal de que a carapuça serviu.
        O último tipo é o que incomoda. É o ataque pessoal, agressivo e desrespeitoso, que não visa construir nada. A esses, uma minoria, só cabe o olímpico desprezo. Mas, como os argumentos são repetidos e não passam de distorções, fico pensando até que ponto são repartidos por uma maioria silenciosa e que, talvez, essas falsas concepções funcionem como uma muralha que proíbe a contemplação das ideias. Como as personalidades são irrelevantes e o que fica são as ideias, tratemos de destruir esse véu.
        O primeiro argumento é que este espaço deveria ser usado com mais “responsabilidade”, dada a importância do veículo. Gostaria de compreender o conceito de responsabilidade dessas pessoas – ao que me parece, se é irresponsável quando se é contrário a elas. Passo por irresponsável. Se os dois lados reclamam, sinal de que não se está tomando partido. Seguirei, assim, no livre exercício da minha irresponsabilidade, contemplando apenas a honestidade intelectual como lema.
        A segunda tecla, que não cansa de ser martelada como uma falha: só aponto problemas, sem mostrar soluções. Fico lisonjeado por imaginar que alguns leitores pensam que eu tenho todas as respostas e as guardo por maldade. Não as tenho. Quando desconheço a solução, prefiro ficar calado a dar chute, o que é meio estranho em um país de ambidestros, que falam até sobre a bauxita refratária. Pretendo continuar respeitando a minha ignorância. Mas não acho que apontar problemas seja um desserviço. Toda solução começa com a percepção do problema, e discutir o problema é um passo no caminho da solução.
        O terceiro ponto, que reaparece mais frequentemente quando o cacete desce sobre o andar de cima, é que este escriba também seria da referida elite e, assim, não teria direito de criticar. Ora, pelo contrário. Não escondo o berço, que não me parece defeito, mas trunfo: as críticas e os questionamentos são mais legítimos e contundentes justamente quando feitos por quem pertence ao grupo avantajado. Somos, você e eu, elite: Lemos jornal. Mas acredito na criação de uma elite responsável, que entenda que esse país precisa mudar, e só espero poder botar mais minha minhoca na cabeça de quem acha que não precisa se preocupar.
        Por último, os escritos são desacreditados por virem de alguém que teria abandonado o seu país e agora cospe no prato em que comeu. Essa é a mais engraçada de todas. Nunca gostei tanto do Brasil quanto agora. Todo esse tempo fora do país tem servido como um grande laboratório para entender como e por que os países desenvolvidos funcionam enquanto nós patinamos, e aguardo o tempo de voltar à pátria e ajudar na criação de um grande país. Retorno esse que deve ser breve, pra desespero de todos que me escrevem sugerindo passagem só de ida pra Cochinchina.

                                 IOSCHPE, Gustavo. Folha de São Paulo, p. 7, 6 dez. 1999.

1 – Por que o autor afirma que aqueles que criticam suas ideias “são merecedores da mais entusiasmada recepção e apreço”?
       Porque são aqueles que dialogam com ele: são capazes de contra argumentar, discutir e sustentar suas próprias ideias.

2 – De início, ele diz que aqueles que o criticam à base do ataque pessoal deveriam ser ignorados porque suas críticas não visam construir nada. No entanto, em seguida, ele resolve responder a essas críticas. Por quê?
       Como as críticas com ataques pessoais se repetem, o autor pensa que elas podem ser compartilhadas por muita gente e, por isso, ele resolve atacá-las.

3 – Ele se contrapõe, então, a quatro afirmações típicas dessa crítica que ele considera destrutiva. Quais são essas quatro afirmações e que argumentos ele contrapõe a cada uma?
a)     O espaço deveria ser usado com mais “responsabilidade”.
       Ele questiona o conceito de responsabilidade de seus críticos e diz que, ao que lhe parece, ser irresponsável para estas pessoas é ser contrário a elas. Por isso, ele afirma que seguirá no livre exercício de sua “irresponsabilidade”, adotando a honestidade como lema.

       b) Ele só aponta problemas, sem mostrar soluções.
       Reconhece que não tem (nem pode ter) solução para tudo. Quando não sabe, prefere ficar calado a dar chute. Mas considera que apontar problemas é fundamental para solucioná-los porque compreendê-los com clareza é um passo na busca de sua solução.

       c) Ele seria da elite e não teria direito de criticá-la.
       Reconhece que é da elite (ele e o leitor porque ambos leem jornal) e defende a ideia de que o país precisa de uma elite responsável, que entenda que o país precisa mudar. Por isso, acha que tem sim o direito (e o dever) de criticar.

       d) Ele está desacreditado porque abandonou seu país.
       Ele diz que vai logo retornar e que este tempo fora do país tem sido fundamental para ele entender como e por que os países desenvolvidos funcionam enquanto nós patinamos.

4 -  O texto está escrito em língua-padrão. No entanto, o autor usa, algumas vezes, palavras e expressões que pertencem a uma variedade mais informal da língua, como escambau, cara de pau, dar chute. Que outras expressões tem essa mesma característica? Qual é o efeito dessa seleção lexical no texto?
       “Martelada” / “quando o cacete desce sobre o andar de cima” / “cospe no prato em que comeu” / “passagem só com ida para Conchinchina” / ...
Efeito desta seleção lexical: deixar o texto mais informal, mas em tom de bate-papo e para dar força expressiva àquilo que se está dizendo.