Poesia: CLÁUDIO
Manoel de Barros
Cláudio, nosso arameiro, acampou
debaixo da árvore para tirar posts de cerca
Muito brabo aquele ano de seca

Vinte línguas ao redor, conte, só
restava aquela pocinha d’água:
Lama quase
Metro de redondo
Palmo de fundura.
Ali tinha um jacaré morador magrento
Compartilhando essa aguinha bem pouca
De tão sós e sujos, Cláudio
E esse jacaré se irmanavam
De noite na rede estirada
Nos galhos da árvore
Cláudio cantava cantarolava:
Ai morena, não me escreve
Que eu não sei ler
Pra lavar a feição
Bem de cedo
Esse Cláudio abaixava no poço, batia no
ombrinho magro daquele jacaré: — licença, amigo…
Que se afastava do homem lavar-se
Que se lava, enchia o cantil
E rumei pra cerca de uma língua dali
Depois, conte, Cláudio levou esse
jacaré para casa
Que vive hoje no seu terreiro
Bigiando as crianças.
Pode ser.
Poesia completa de
Manoel de Barros. https://www.academia.edu.
Entendendo
a poesia:
01
– Qual é a profissão de Cláudio e o que ele está fazendo no início do poema?
Cláudio é
arameiro e está acampado debaixo de uma árvore para retirar postes de cerca.
02
– Qual é a situação do local onde Cláudio está acampado?
O local está
sofrendo com uma seca severa. Há pouquíssima água, apenas uma poça de lama com
um metro de diâmetro e um palmo de profundidade, onde Cláudio e um jacaré magro
compartilham a água.
03
– Que tipo de relação se estabelece entre Cláudio e o jacaré?
Cláudio e o
jacaré estabelecem uma relação de companheirismo e até mesmo de amizade, dada a
solidão e a escassez de recursos. O poema usa a palavra "irmanavam"
para descrever essa relação.
04
– O que Cláudio faz pela manhã antes de sair para trabalhar?
Pela manhã,
Cláudio se abaixa até a poça, pede licença ao jacaré, lava seu rosto, enche seu
cantil e segue para trabalhar na cerca, a uma légua de distância.
05
– Qual é o destino do jacaré após o período de seca?
Após o período de
seca, Cláudio leva o jacaré para casa, onde ele vive em seu terreiro, vigiando
as crianças.
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