Artigo de Opinião: O amanhã dos livros
Gabriel Bocorny Guidotti – Jornalista e escritor
Sou um “livrólatra”. Tenho vício em
livros. Começo um, devoro e parto para outros. Não posso evitar. Devo admitir
que o momento de pós-leitura é melhor do que a leitura em si, pois passo a
diagnosticar os motivos pelos quais o enredo chegou ao clímax. Refletir faz
parte dessa arte léxica. Assim posto, meu gostar de livros é condicionado:
jamais cederei à literatura digital. A experiência não tem a mesma tenacidade,
em minha opinião.
Durante a semana observei, dentro de um
ônibus, alguns jovens usando aparelhos de e-books. Sem temer olhares
paralelos, eles liam arquivos que outrora eram impressos e colocados com
orgulho na estante. Parei para pensar. Será que os livros eletrônicos vão
acabar com o bom e velho livro em sua forma ortodoxa? Será que todo papel, por
uma questão de praticidade, será substituído por um link dentro de
computadores?
Desde Gutenberg, fundador da prensa
gráfica – que permitiu a propagação de um imenso universo literário – o homem
deu asas à criação. A comunicação escrita, restrita então às classes
dominantes, viu na impressão uma expansão por todos os cantos da Europa e
do mundo. E tal evolução permanece em constante movimento, pois os impressos,
tidos como grande referência de conhecimento, tiveram de se adaptar às novas
tendências, ganhando outros formatos e se propagando pelo meio digital.
E-books, desse modo, são a prensa
gráfica do século XXI. Se eles vão amealhar corações e acabar com a forma
tradicional de leitura? Bem, o futuro dirá. Jamais se pode condenar a
tecnologia, pois ela surge para nos auxiliar. A inovação sempre será uma opção.
Você pode utilizá-la ou não. Eu optei. Tocar o papel, sentir o cheiro de um
livro novo, manusear as páginas do conhecimento… o livro impresso é mais do que
mera circunstância de leitura.
Um livro digital pode ser carregado em
um mínimo pen drive. Mais do que isso, dentro de leitores
digitais é possível armazenar milhares de títulos e explorar universos que
vão muito além da tela de cristal líquido. Os impressos, entretanto,
são cult e carregam as memórias de um passado brilhante. Observar
suas capas, escolher entre um e outro num jogo de encontros e desencontros são
fatores diferenciais para leitores assíduos como eu. Um caso de amor, diga-se
de passagem, para a vida inteira.
GUIDOTTI, Gabriel Bocorny. O amanhã dos livros. Gazeta do Triângulo.
Disponível em: www.gazetadotriangulo.com.br/tmp/noticias/artigo-de-opiniao-o-amanh-a-dos-livros. Acesso em: 30 abr. 2022.
Entendendo o artigo:
01
– Qual a principal tese defendida pelo autor sobre a leitura de livros físicos
e digitais?
O autor defende a
superioridade da experiência de leitura em livros físicos, valorizando o
contato com o papel, o cheiro da tinta e a sensação de manusear um objeto
físico. Apesar de reconhecer as vantagens dos livros digitais, como a
praticidade e a capacidade de armazenamento, ele argumenta que a experiência de
leitura em um livro físico é única e irreprodutível.
02
– Qual a importância histórica da invenção da prensa móvel para a disseminação
da leitura?
A invenção da
prensa móvel por Gutenberg revolucionou a forma como as informações eram
disseminadas, permitindo a produção em massa de livros e democratizando o
acesso à leitura. Antes da prensa, os livros eram copiados à mão, o que
limitava sua produção e os tornava inacessíveis à maioria da população.
03
– Como o autor compara os livros digitais com a prensa móvel?
O autor compara
os livros digitais com a prensa móvel, argumentando que ambos representam
revoluções na forma como lemos e acessamos informações. Assim como a prensa
móvel democratizou o acesso à leitura no passado, os livros digitais têm o
potencial de transformar a forma como lemos no presente.
04
– Quais são os principais argumentos do autor em defesa da leitura em livros
físicos?
O autor argumenta
que a leitura em livros físicos proporciona uma experiência mais rica e
completa, envolvendo os sentidos da visão, do tato e do olfato. Ele destaca a
importância do contato físico com o livro, da possibilidade de marcar as
páginas e de construir uma biblioteca pessoal.
05
– Qual a sua opinião sobre a coexistência de livros físicos e digitais?
Essa pergunta não
possui uma resposta única e correta, pois é uma questão de opinião. No entanto,
a partir da leitura do texto, é possível inferir que o autor acredita na
coexistência de ambas as formas de leitura, cada uma com suas próprias
vantagens e desvantagens. Ele valoriza a experiência da leitura em livros
físicos, mas reconhece a importância dos livros digitais como ferramentas
complementares.
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