sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

CONTO: A MÁSCARA DA MORTE RUBRA - EDGAR ALLAN POE - COM GABARITO

 CONTO: A máscara da Morte Rubra

              Edgar Allan Poe

Por muito tempo a “Morte Rubra” devastara o país. Jamais pestilência alguma fora tão mortífera ou tão terrível. O sangue era seu avatar e seu sinal — a vermelhidão e o horror do sangue. Surgia com dores agudas, súbitas vertigens; depois, vinha profusa sangueira pelos poros e a decomposição. As manchas vermelhas no corpo, em particular no rosto da vítima, estigmatizavam-na, isolando-a da compaixão e da solidariedade de seus semelhantes. A irrupção, o progresso e o desenlace da moléstia eram coisa de apenas meia hora.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVtIFj_c7kmittRzjeHrcoDuTb-Kt5MwtiAMURkQj6yapXPkQVDtmroctMcu3mus5GzxrGMZRnpVGLeN4oHac2mzd4xR4v6z2F0DOnfZN6UDNvCCsWGi-TSFPZJMsXB1sYQaWvb2Ko1N4l7sbBEZrQxB-_TP4rBSxu_hgtglSdOQBY3EiBLr_ScKU3pt8/s1600/morte.jpg


Mas o príncipe Próspero sabia-se feliz, intrépido e sagaz. Quando seus domínios começaram a despovoar-se, chamou à sua presença um milheiro de amigos sadios e frívolos, escolhidos entre os fidalgos e damas da corte, e com eles se encerrou numa de suas abadias fortificadas. Era um edifício vasto e magnífico, criação do gosto excêntrico, posto que majestoso, do próprio príncipe. Forte e alta muralha, com portões de ferro, cercava-o por todos os lados. Uma vez lá dentro, os cortesãos, com auxílio de forjas e pesados martelos, rebitaram os ferrolhos, a fim de cortar todos os meios de ingresso ao desespero dos de fora, e de escape, ao frenesi dos de dentro. A abadia estava amplamente abastecida. Com tais precauções, podiam os cortesãos desafiar o contágio. O mundo externo que se arranjasse. Por enquanto, era loucura pensar nele ou afligir-se por sua causa. O príncipe tomara todas as providências para garantir o divertimento dos hóspedes. Contratara bufões, improvisadores, bailarinos, músicos. Beleza, vinho e segurança estavam dentro da abadia. Além de seus muros, campeava a “Morte Rubra”.
Ao fim do quinto ou sexto mês de reclusão, quando mais furiosamente lavrava a pestilência lá fora, o príncipe Próspero decidiu entreter seus amigos com um baile de máscaras de inédita magnificência.

Que cena voluptuosa, essa mascarada! Mas me permitam, primeiramente, falar das salas em que se realizou. Era uma série imperial de sete salões. Na maioria dos palácios, tais séries formam longas perspectivas em linha reta, as portas abrindo-se de par em par, possibilitando a visão de todo o conjunto. Aqui, o caso era diverso, como se devia esperar do gosto bizarro do duque. Os apartamentos estavam dispostos de forma tão irregular que a vista abarcava pouco mais de um por vez. A cada vinte ou trinta metros, havia um cotovelo brusco, proporcionando novas perspectivas. À direita e à esquerda, no meio de cada parede, uma alta e estreita janela gótica abria-se para o corredor fechado que acompanhava as sinuosidades do conjunto. Essas janelas estavam providas de vitrais cuja cor variava de acordo com o tom predominante da decoração da sala para a qual davam. A sala da extremidade oriental, por exemplo, fora decorada em azul, e intensamente azuis eram suas janelas. A segunda sala tinha ornamento e tapeçarias purpúreas; purpúreas eram as vidraças. A terceira fora pintada de verde, sendo também verdes as armações das janelas. A quarta havia sido decorada e iluminada de alaranjado; a quinta, de branco; a sexta, de violeta. O sétimo aposento estava completamente revestido de veludo preto, que, pendendo do teto e ao longo das paredes, caía em dobras pesadas sobre um tapete de mesmo estofo e cor. Nesse aposento, entretanto, a cor das janelas não correspondia à das decorações. Suas vidraças eram vermelhas, de uma escura tonalidade sanguínea. Cumpre notar que em nenhum dos aposentos havia lâmpada ou candelabro pendendo do teto ricamente ornamentado a ouro. Luz alguma emanava de lâmpada ou candelabro em qualquer das salas. Contudo, nos corredores que as acompanhavam, em frente de cada janela, havia um pesado trípode a sustentar um braseiro cuja luz, filtrando-se através dos vitrais, iluminava o aposento, ocasionando uma infinidade de vistosas e fantásticas aparências. Na sala negra, porém, o clarão, infletindo sobre as negras cortinas através dos vitrais sanguíneos, produzia um efeito extremamente lívido e dava aparência tão estranha à fisionomia dos que ali entrassem que poucos tinham coragem de atravessar-lhe o umbral.
Era nesse mesmo aposento que havia, encostado à parede oeste, um gigantesco relógio de ébano. Seu pêndulo ia e vinha num tique-taque lento, pesado, monótono. Quando o ponteiro dos minutos completava a volta do mostrador e a hora estava para soar, saía dos brônzeos pulmões do relógio um som limpo, alto, agudo, extremamente musical, mas de ênfase e timbre tão peculiares que, a cada intervalo de hora, os músicos da orquestra viam-se constrangidos a interromper momentaneamente a execução para ouvi-lo. Nesses momentos, era forçoso que os dançarinos parassem de dançar, e um breve desconcerto se apoderava da alegre companhia. Enquanto vibrava o carrilhão do relógio, os mais afoitos empalideciam, e os mais idosos e sensatos passavam a mão pela fronte, como em sonho ou meditação confusa. Tão logo se esvaíam os ecos, um riso ligeiro percorria a assembleia. Os músicos se entreolhavam, sorrindo da própria nervosidade e loucura, fazendo juras sussurradas, uns aos outros, de que o próximo carrilhonar do relógio não mais produziria neles tal comoção. Todavia, sessenta minutos mais tarde (que abrangem três mil e seiscentos segundos do tempo que voa), quando vinha outro carrilhonar do relógio, de novo se dava o mesmo desconcerto, o mesmo tremor, a mesma meditação de antes.
A despeito de tudo isso, a folia ia alegre e magnífica. Os gostos do duque eram originais. Tinha ele olho esperto para cores e efeitos. Desprezava as maneiras da moda em vigor. Seus projetos eram audazes e vivos; suas concepções esplendiam de um lustro bárbaro. Muitos acreditariam tratar-se de um louco. Seus adeptos, porém, sabiam que não. Era preciso ouvi-lo, vê-lo e tocá-lo para assegurar-se de seu juízo perfeito.
Em grande parte, ele comandara pessoalmente a caprichosa decoração das salas para a grande fête; sob sua orientação, haviam sido escolhidas as fantasias. Sem dúvida, elas eram grotescas. Havia muito brilho, muita pompa, muita coisa fantástica, muito daquilo que, desde então, pode-se ver em Hernani. Havia figuras arabescas, com membros e adornos desproporcionados. Havia fantasias delirantes, invenções de louco. Havia muito de belo, de atrevido, de bizarro, algo de terrível, capaz em não pouca medida de provocar aversão. Para lá e para cá, nas sete salas, movimentava-se uma multidão de sonhos. E esses sonhos andavam de um canto a outro, impregnando-se do colorido das salas, fazendo a música extravagante da orquestra soar como o eco de seus passos. Mas logo cantava o relógio de ébano na sala aveludada; por um momento, tudo se fazia imobilidade e silêncio, perturbado apenas por aquela voz. Os sonhos paravam, retesados. Porém, quando os ecos do carrilhão se esvaíam — tinham durado apenas um instante —, um frouxo de riso os acompanhava. E, mais uma vez, a música era reiniciada, os sonhos tornavam a viver e a circular mais alegremente que nunca, banhados pelas cores que a luz dos trípodes, atravessando os vitrais, projetava sobre eles. Entretanto, à última das sete salas, ninguém se aventurava, porque, avançando a noite, a luz filtrada pelas rubras vidraças fazia-se mais sanguínea; e a negrura dos panejamentos causava medo. Aqueles cujos pés pisassem o tapete veludoso ouviriam o som abafado do relógio, e o ouviriam mais solenemente enfático que os convivas dos demais salões.
Esses outros salões estavam cheios de gente; neles, pulsava febril o coração da vida. E a folia continuou, rodopiante, até que o relógio começou a bater meia-noite. A música parou, como já descrevi; acalmou-se o rodopio dos dançarinos; e, como antes, uma constrangida imobilidade tomou conta de todas as coisas. Doze foram as badaladas; por isso, os que meditavam entre os foliões tiveram tempo de meditar mais longa e profundamente. E antes que se esvanecesse o eco da última badalada, muitos dos convivas puderam perceber a presença de um novo mascarado, que, até então, não atraíra as atenções. Entre murmúrios, propagou-se a notícia da nova presença; elevou-se da companhia um zum-zum, um rumor de desaprovação e surpresa, a princípio; de terror, de horror e de náusea, depois.
Numa assembleia de fantasmas, como a que descrevi, era de supor que tal agitação não seria causada por aparição vulgar. Na realidade, a licença carnavalesca da noite fora praticamente ilimitada, mas o novo mascarado excedia em extravagância ao próprio Herodes; ultrapassava, inclusive, os indecisos limites de decoro impostos pelo príncipe. Há fibras no coração dos mais levianos que não podem ser tocadas impunemente. Mesmo para os pervertidos, para quem vida e morte são brinquedos igualmente frívolos, há assuntos sobre os quais não se admitem brincadeiras. Todos os presentes pareciam se dar conta de que, nos trajes e nas atitudes do estranho, nada havia de espirituoso ou de conveniente. Alto e lívido, vestia uma mortalha que o cobria da cabeça aos pés. A máscara que lhe escondia as feições imitava com tanta perfeição a rigidez facial de um cadáver que nem mesmo a um exame atento se perceberia o engano. E, no entanto, tudo isso seria, se não aprovado, ao menos tolerado pelos presentes, não fora a audácia do mascarado em disfarçar-se de Morte Rubra. Suas vestes estavam salpicadas de sangue; sua ampla fronte, assim como toda a face, fora borrifada com horrendas manchas escarlates.
Quando os olhos do príncipe Próspero caíram sobre aquela figura espectral (que, para melhor representar seu papel, caminhava entre os dançarinos com passos lentos e solenes), viram-no ser tomado de convulsões e arrepios de terror ou asco, no primeiro instante; logo depois, porém, seu rosto congestionou-se de raiva.
— Quem se atreve — perguntou roucamente aos cortesãos que o cercavam —, quem se atreve a insultar-nos com essa brincadeira blasfema? Agarrem-no, desmascarem-no! Assim saberemos quem deverá ser enforcado ao amanhecer!

Essas palavras vieram da sala azul, onde se achava o príncipe quando as pronunciou. Ecoavam pelas sete salas, alta e claramente, porque o príncipe era homem destemido e forte, e a música havia cessado, a um gesto seu.
Vieram da sala azul, onde estava o príncipe, rodeado de cortesãos empalidecidos. No primeiro momento que se seguiu à fala do príncipe, houve um ligeiro movimento de avanço do grupo em direção ao intruso. Este se achava perto e, com passos deliberados e firmes, aproximou-se do anfitrião. Mas, devido ao indefinível terror produzido pelo mascarado no ânimo de todos, ninguém se atreveu a agarrá-lo. Sem empecilho, ele se afastou, passando a um metro do lugar onde estava o príncipe. À sua passagem, toda a vasta assembleia, como que movida pelo mesmo impulso, afastou-se do centro das salas para as paredes, e o mascarado pôde seguir seu caminho com desembaraço, e com os mesmos passos solenes e medidos com que passara da sala azul à vermelha, da vermelha à verde, da verde à alaranjada, desta para a branca, e para a violeta, sem que nenhum dos circunstantes tivesse esboçado um gesto para detê-lo. Foi quando, louco de raiva e vergonha da própria e momentânea covardia, o príncipe Próspero cruzou apressadamente as seis salas, sem ninguém a segui-lo: o terror se apoderara de todos. Brandindo o punhal, avançava impetuosa e rapidamente; já estava a três ou quatro passos do vulto que se retirava, quando este, atingindo a extremidade da sala aveludada, virou-se bruscamente e enfrentou seu perseguidor. Nesse instante ouviu-se um grito agudo, e o punhal caiu cintilante no tapete negro, sobre o qual tombou também, instantaneamente e ferido de morte, o príncipe Próspero. Recorrendo à selvática coragem do desespero, um grupo de foliões correu para a sala negra e, agarrando o mascarado, cuja alta figura permanecia ereta e imóvel à sombra do relógio de ébano, detiveram-se eles, horrorizados, ao descobrir que a mortalha e a máscara mortuária que tão rudemente haviam agarrado não continham nenhuma forma tangível.
Só então se reconheceu a presença da Morte Rubra. Viera como um ladrão na noite. E, um a um, caíram os foliões nos ensanguentados salões da orgia, e morreram, conservando a mesma desesperada postura da queda. E a vida do relógio de ébano extinguiu-se simultaneamente com a do último dos foliões. E as chamas dos trípodes apagaram-se. E a Escuridão, a Ruína e a Morte Rubra estenderam seu domínio ilimitado sobre tudo.

– Edgar Allan Poe [tradução de José Paulo Paes]. no livro “A causa secreta: e outros contos de horror”. (Vários autores). São Paulo: Boa Companhia, 2013.

Entendendo o texto

01. Com base no título foram levantadas hipóteses sobre Morte Rubra. Elas foram confirmadas pela leitura da narrativa? Explique.

Resposta Pessoal.

O título faz referência ao baile de máscaras organizado pelo Príncipe Próspero na abadia e à misteriosa figura que, na festa, supostamente utiliza uma máscara manchada de sangue.

No fim do conto, indica-se que a figura era a própria Morte Rubra ou a Morte.

02. Complete com os seguintes momentos da narrativa.

Situação inicialA morte Rubra devastava o país.

Resolução inicialO Príncipe Próspero escolhe mil pessoas e se isola com elas dentro da abadia.

Situação de aparente equilíbrioO Príncipe vive de forma tranquila e confortável e decide dar um baile de máscaras.

ConflitoUma figura misteriosa é percebida no baile.

Clímax Ao desafiá-la, o Príncipe cai morto. Os demais convidados procuram agarrar a figura mascarada.

Desfecho A Morte Rubra leva todos os reclusos na abadia à morte.

03. No conto, Morte Rubra é uma peste. Sobre ela responda:

a)   Quais eram os sintomas dessa doença?

Ela provocava dores agudas e intensa tontura; também fazia as pessoas sangrarem até a morte que ocorria rapidamente.         

b)   Leia estas características usuais às pestes.

Qual não se aplica à do conto?

I – Doença contagiosa que causa infecção.

II – Epidemia que causa um surto de uma doença.

III- Algo mordido, funesto, que lembra a morte.

IV – Fedor, cheiro horrível e insuportável.

04 Por que o Príncipe se isola com certas pessoas em uma abadia fortificada?

      Porque à Morte Rubra está matando praticamente toda a população do país.                                                                    

          05. Qual a principal motivação do Príncipe Próspero ao isolar-se na abadia com seus amigos?

a) Proteger-se e aos seus amigos da praga que assolava o país.

b) Fugir de seus deveres como governante.

c) Realizar experimentos científicos sobre a doença.

d) Organizar uma grande festa para esquecer os problemas do mundo exterior.

      06. A figura mascarada que aparece no baile representa:

a) Um convidado excêntrico que exagerou na fantasia.

b) A personificação da morte que a peste representava.

c) Um espírito vingativo que buscava vingança contra o príncipe.

d) Um símbolo da decadência da sociedade aristocrática.

     07. A descrição detalhada das salas e da festa no conto tem como objetivo principal:

a) Mostrar a riqueza e o poder do príncipe.

b) Criar uma atmosfera de opulência e decadência que contrasta com a ameaça da morte.

c) Distrair o leitor dos elementos mais sombrios da história.

d) Demonstrar o bom gosto do autor em relação à decoração.

      08. O relógio de ébano presente na sala negra simboliza:

a) O inexorável passar do tempo e a inevitabilidade da morte.

b) A obsessão do príncipe pelo controle do tempo.

c) Um instrumento musical que marca o ritmo da festa.

d) Um objeto de culto para os convidados.

      09. Qual o significado da morte do Príncipe Próspero e dos seus convidados?

a) Uma punição divina por sua arrogância e isolamento.

b) A inevitabilidade da morte, que alcança todos, independentemente de suas riquezas ou poder.

c) Um castigo por terem se divertido durante uma epidemia.

d) Uma metáfora para o fim da sociedade aristocrática.

   10. Qual é a principal característica da Morte Rubra e como ela afeta suas vítimas?

        A principal característica da Morte Rubra é a hemorragia intensa e manchas vermelhas no corpo, especialmente no rosto, que simbolizam o horror da doença. Ela surge com dores agudas, vertigens e avança rapidamente, levando à morte em apenas meia hora.

   11. Por que o príncipe Próspero decide se isolar em uma abadia com seus convidados?

      O príncipe Próspero se isola na abadia para escapar da devastação da Morte Rubra que assolava o país. Ele leva consigo um grupo seleto de amigos nobres, acreditando que, ao se trancar em um ambiente seguro e abastecido, poderia evitar o contágio e continuar a viver em luxo e diversão.

 12. Qual é o simbolismo das sete salas e suas cores no baile de máscaras?

     As sete salas representam as etapas da vida humana, com as cores simbolizando diferentes fases, desde o início (sala azul) até o fim (sala preta). A sala preta, com suas janelas vermelhas e o relógio de ébano, simboliza a morte inevitável e o fim do ciclo da vida, provocando medo nos convidados.

13. Qual o papel do relógio de ébano no conto?

      O relógio de ébano marca o passar do tempo e serve como lembrete constante da mortalidade. Suas badaladas interrompem a festa, trazendo desconforto e reflexão, até culminar no momento final da meia-noite, que coincide com a chegada da Morte Rubra.

14. Como o mascarado representa a Morte Rubra e qual é sua mensagem central no conto?

      O mascarado aparece como uma personificação da Morte Rubra, com trajes que imitam as manchas sangrentas da doença. Ele demonstra que a morte é inevitável, não importa a riqueza ou os esforços humanos para escapar dela. A mensagem central é que a morte alcança a todos, independentemente de status ou isolamento.

 

 

 

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