Poema: Paira à tona de água
Fernando Pessoa
Paira à tona de água
Uma vibração,
Há uma vaga mágoa
No meu coração.
Não é porque a brisa
Ou o que quer que seja
Faça esta indecisa
Vibração que adeja,
Nem é porque eu sinta
Uma dor qualquer.
Minha alma é indistinta
Não sabe o que quer.
É uma dor serena,
Sofre porque vê.
Tenho tanta pena!
Soubesse eu de quê!...
PESSOA, Fernando. Obra poética. (Poesia de Fernando Pessoa /
Cancioneiro). Rio de Janeiro: José Aguilar, 1969, p. 147.
Fonte: livro Português:
Língua e Cultura – Carlos Alberto Faraco – vol. único – Ensino Médio – 1ª
edição – Base Editora – Curitiba, 2003. p. 96.
Entendendo o poema:
01 – Qual a principal sensação
evocada pelo poema?
O poema evoca uma
sensação de melancolia e indefinida tristeza. Há uma dor profunda, mas vaga,
que paira sobre o eu lírico, como uma vibração na superfície da água. É uma dor
que não se manifesta de forma clara ou precisa, mas que permeia todo o poema.
02 – Qual o significado da
imagem da água no poema?
A água, nesse
contexto, representa a profundidade do inconsciente e a natureza fluida dos
sentimentos. A vibração na superfície da água simboliza a agitação interior do
eu lírico, as emoções que se agitam sem encontrar uma forma clara de expressão.
03 – O que a "vaga
mágoa" representa para o eu lírico?
A "vaga
mágoa" é uma dor indefinida que permeia a alma do eu lírico. É uma
sensação de incompletude e falta, uma saudade de algo que não se sabe
exatamente o quê. Essa dor é serena, não é acompanhada de raiva ou revolta, mas
sim de uma profunda tristeza.
04 – Por que o eu lírico diz
que sua alma é "indistinta"?
A alma do eu lírico é descrita como
"indistinta" porque os sentimentos que a habitam são vagos e
indefinidos. Não há uma causa clara para a tristeza, e o eu lírico não consegue
identificar com precisão o objeto de sua dor.
05 – Qual a principal mensagem
do poema?
O poema transmite
a ideia de que a tristeza pode ser profunda e intensa, mesmo quando não se tem
uma razão clara para ela. A dor do eu lírico é universal, pois todos nós
experimentamos momentos de melancolia e incompreensão. A mensagem central é a
aceitação da dor como parte da experiência humana e a busca por um sentido para
essa tristeza.
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