domingo, 25 de agosto de 2024

ARTIGO DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA: NOVOS ARRANJOS NOS LARES BRASILEIROS (FRAGMENTO) - RODRIGO DE OLIVIERA ANDRADE - COM GABARITO

 Artigo de divulgação científica: Novos arranjos nos lares brasileiros – Fragmento

        Pesquisa identifica processo de emancipação das mulheres no núcleo familiar a partir da década de 1970 no Brasil

Rodrigo de Oliveira AndradeEdição 263 – jan. 2018

Sociologia

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDe3nSygb9CsilsN3Rjb76z7txyqRJqTRyXfiBS8MDSuVynbOvOJL-qEw-vz78aBJ_JvUa5Sx1Qjf2jO4EtZU4jwdXBaihtLSdW6U6iA_5TPKojV8w6bXGTGjCVuQnkYCmpTVTukl06iIPqCjPRFUvJmhaT5_2WLFMkc5faeBpEBeLq616f-Uut9OnIdU/s1600/arranjo.jpg

        As transformações do papel da mulher na sociedade brasileira durante o século XX, com conquistas importantes envolvendo o direito ao voto, divórcio, trabalho e à educação, são bastante conhecidas. O que agora começa a ficar evidente é que essas mudanças teriam estimulado um processo de emancipação feminina também na esfera familiar, com destaque para a conquista de autonomia financeira e a redução das taxas de fecundidade, que vêm caindo progressivamente desde os anos 1960. Nos últimos anos, vários pesquisadores se propuseram a analisar esse fenômeno. Um dos trabalhos mais recentes é o da socióloga Nathalie Reis Itaboraí, pesquisadora em estágio de pós-doutorado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Iesp-Uerj).

        Com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Pnad-IBGE), ela analisou o processo de emancipação das mulheres nas famílias brasileiras entre 1976 e 2012 à luz de uma perspectiva de classe e gênero. O período é marcado por transformações na condição feminina, favorecidas por mudanças na estrutura produtiva, mais oportunidades de educação e trabalho e difusão de novos valores pelos meios de comunicação e pela segunda onda do feminismo, iniciada nos anos 1960 – a primeira se deu na segunda metade do século XIX. “Foi também nessa época que a desigualdade de gênero começou a ser mais debatida no Brasil, sobretudo após a declaração, pelas Nações Unidas, de 1975 como o Ano Internacional das Mulheres e o período de 1976-1985 como a Década da Mulher”, explica a pesquisadora.

        Nathalie é autora do livro Mudanças nas famílias brasileiras (1976-2012): Uma perspectiva de classe e gênero (Garamond), publicado a partir de sua tese de doutorado, vencedora do prêmio de melhor tese de 2016 no concurso da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs) de obras científicas e teses universitárias em ciências sociais. No estudo, ela procura ir além dos indicadores de gênero que medem as mudanças na condição feminina na esfera pública (participação no mercado de trabalho, representação política etc.), frequentemente usados para comparar os avanços no Brasil com outros países. Esses indicadores, segundo ela, não contemplam as diferenças entre grupos sociais na sociedade brasileira e o impacto da desigualdade de gênero na família e no trabalho doméstico (o cuidado da casa, dos filhos ou de familiares idosos, por exemplo).



        Para analisar como se deram as transformações na experiência familiar das mulheres em diferentes classes sociais, Nathalie adotou oito tipos de estratos ocupacionais. Eles abarcaram desde trabalhadores rurais (classe 1), mais pobres, a profissionais com nível superior (classe 8), mais abastados. Ainda que as desigualdades entre mulheres de diferentes classes continuem grandes, as análises indicam que o comportamento familiar feminino, independentemente da classe social, mudou na mesma direção nos últimos 40 anos, com avanços significativos quanto à sua autonomia, o que envolve maior controle sobre o próprio corpo, capacidade de gerar renda própria e de controlar esses recursos.

        Até o final da década de 1960, no Brasil, o modelo tradicional de família era marcado por enormes assimetrias entre homens e mulheres. Nos casais, o homem, em geral, era mais velho, mais escolarizado e tinha mais renda. As mulheres trabalhavam apenas enquanto solteiras, abandonando suas atividades após o casamento para se dedicar aos serviços domésticos e cuidar dos filhos. Isso começou a mudar a partir dos anos 1970 (ver entrevista com a demógrafa Elza Berquó na edição 262). Nathalie verificou que a condição das mulheres melhorou em relação a seus cônjuges nesse período. As diferenças de renda diminuíram nos casais, assim como as de idade e de escolaridade.

        Também o arranjo tradicional de família, com o homem como único provedor e a mulher como dona de casa, deixou de ser predominante. Em 1976, o percentual de mulheres casadas de 15 a 54 anos que trabalhavam era de 25,4% na classe dos trabalhadores rurais (classe 1) e de 34,5% entre os profissionais com nível superior (classe 8). Em 2012, esse número subiu para 46,4% e 75,5%, respectivamente. “Ter renda própria ajudou a ampliar a autonomia econômica das mulheres, ainda que para as mais pobres isso signifique apenas reduzir certas privações”, explica a socióloga. Em 1976, o homem era o único provedor em 77% dos casais de trabalhadores rurais e em 63% dos casais de profissionais com nível superior. Em 2012, esse percentual caiu para 50,5% na classe 1 e para 24,1% na classe 8. “Homens e mulheres se tornaram mais parecidos quanto ao engajamento profissional, ainda que as mulheres enfrentem mais obstáculos no mercado de trabalho”, ela destaca.

        Essas conclusões reforçam um fenômeno que há algum tempo vem sendo observado no Brasil. A quantidade de lares chefiados por mulheres aumentou 67% entre 2004 e 2014 no país, segundo dados do IBGE. [...]

        Tendência semelhante foi identificada em 2006 pelo demógrafo Mario Marcos Sampaio, do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ele é um dos coordenadores de uma pesquisa publicada na revista Bahia Análise & Dados que analisou o processo de emancipação feminina nas regiões metropolitanas brasileiras entre 1990 e 2000. No estudo, eles verificaram que a participação das mulheres na composição da renda familiar brasileira é crescente, no papel de cônjuge ou no de filha.

        Essas mudanças estão relacionadas a um processo lento, mas contínuo, de ampliação das oportunidades de acesso à educação às mulheres, iniciada em 1879, com a promulgação da Reforma Leôncio de Carvalho, que permitiu às mulheres cursar o ensino superior. A partir dos anos 1970 essa ampliação passou a ser acompanhada de uma tendência de melhor desempenho escolar das mulheres em relação aos homens, sobretudo nas famílias mais pobres. Hoje, segundo dados publicados em 2014 pelo IBGE, 12,5% das mulheres com 25 anos ou mais completaram o ensino superior em 2010. A participação masculina no período foi de 9,9%. “Se existe uma estratégia nas classes baixas de escolher um ou mais filhos para seguir estudando, é provável que sejam as meninas, por terem, em média, um melhor desempenho escolar”, afirma Nathalie.

        [...]

        Apesar dos avanços da condição da mulher, muitos obstáculos ainda precisam ser superados. As que trabalham fora de casa ainda recebem 30% menos para ocupações similares exercidas pelos homens, são minoria nos cargos de chefia e direção e assumem as atividades do mercado de trabalho sem renunciar aos afazeres domésticos. Também as mulheres com filhos enfrentam dificuldades para voltar ao mercado de trabalho.

        Outro problema: o tempo gasto pelas mulheres com serviços domésticos em todas as classes sociais tende a ser maior do que o gasto pelos homens. “Meninas de 10 a 14 anos gastam mais tempo com serviço doméstico do que meninos da mesma idade”, diz Nathalie. Esses dados estão alinhados com os divulgados em 2016 no relatório “Harnessing the power of data for girls”, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que indica que garotas entre 5 e 14 anos despendem 40% mais tempo por dia em tarefas domésticas não-remuneradas que os garotos. Em geral, o trabalho das meninas é menos visível e subvalorizado.

Artigos científicos


GARCIA, S. & BELLAMY, M. Assisted Conception Services and Regulation within the brazilian context. JBRA Assisted Reproduction. v. 19, n. 4, p. 198-203. nov. 2015.
BERQUÓ, E. S. et al. 
Reprodução após os 30 anos no estado de São Paulo. Novos Estudos Cebrap. n. 100, p. 9-25. nov. 2014.

Livro
ITABORAÍ, N. R. Mudanças nas famílias brasileiras (1976-2012): Uma perspectiva de classe e gênero. Rio de Janeiro: Garamond, 2016, 480 p.

ANDRADE, Rodrigo de Oliveira. Novos arranjos nos lares brasileiros. Pesquisa Fapesp, São Paulo, ed. 263, jan. 2018. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/novos-arranjos-nos-lares-brasileiros. Acesso em: 1º maio 2020.

Fonte: Linguagens em Interação – Língua Portuguesa – Ensino Médio – Volume Único – Juliana Vegas Chinaglia – 1ª edição, São Paulo, 2020 – IBEP – p. 64-66.

Entendendo o artigo:

01 – Quais foram as principais mudanças no papel da mulher na sociedade brasileira durante o século XX?

      As principais mudanças incluíram conquistas como o direito ao voto, ao divórcio, ao trabalho, e à educação, além de um processo de emancipação feminina na esfera familiar.

02 – Como a emancipação feminina se manifestou nas famílias brasileiras a partir dos anos 1970?

      A emancipação feminina se manifestou através da conquista de autonomia financeira pelas mulheres, redução das taxas de fecundidade e mudanças nos arranjos familiares tradicionais, com mais mulheres entrando no mercado de trabalho.

03 – Quais fatores contribuíram para as transformações na condição feminina na sociedade brasileira?

      Contribuíram as mudanças na estrutura produtiva, maior acesso à educação e trabalho, difusão de novos valores pelos meios de comunicação e o impacto da segunda onda do feminismo.

04 – Qual foi o foco da pesquisa realizada por Nathalie Reis Itaboraí?

      Nathalie Reis Itaboraí focou em analisar o processo de emancipação das mulheres nas famílias brasileiras entre 1976 e 2012, considerando as perspectivas de classe e gênero.

05 – Como Nathalie Reis Itaboraí classificou as mulheres em sua pesquisa?

      Ela classificou as mulheres em oito estratos ocupacionais, variando desde trabalhadores rurais (classe 1) até profissionais com nível superior (classe 8).

06 – Quais mudanças ocorreram nas diferenças de renda e escolaridade entre homens e mulheres nos casais brasileiros desde os anos 1970?

      As diferenças de renda, idade e escolaridade entre homens e mulheres nos casais diminuíram, com as mulheres ganhando mais autonomia e engajamento profissional.

07 – Como a participação das mulheres no mercado de trabalho impactou a estrutura familiar brasileira?

      A maior participação das mulheres no mercado de trabalho contribuiu para o aumento de lares chefiados por mulheres e uma maior contribuição feminina na composição da renda familiar.

08 – Qual a relação entre o desempenho escolar das mulheres e as mudanças na estrutura familiar?

      O melhor desempenho escolar das mulheres, especialmente nas classes mais baixas, levou a uma maior valorização da educação feminina, contribuindo para as transformações na estrutura familiar.

09 – Quais desafios persistem para as mulheres no mercado de trabalho, segundo o artigo?

      As mulheres ainda enfrentam desafios como receber 30% menos que os homens em ocupações similares, menor representação em cargos de chefia e a dupla jornada de trabalho doméstico e profissional.

10 – Qual a importância do trabalho não remunerado das mulheres e meninas no contexto das desigualdades de gênero?

      O trabalho doméstico não remunerado realizado por mulheres e meninas é subvalorizado e contribui para perpetuar as desigualdades de gênero, com as meninas despendendo mais tempo nessas atividades do que os meninos.

 

 

segunda-feira, 19 de agosto de 2024

CRÔNICA: BAILES E DIVERTIMENTOS SUBURBANOS - (FRAGMENTO) - LIMA BARRETO - COM GABARITO

 Crônica: Bailes e divertimentos suburbanos – Fragmento

              Lima Barreto

        Há dias, na minha vizinhança, quase em frente à minha casa, houve um baile. Como tinha passado um mês enfurnado na minha modesta residência, que para enfezar Copacabana denominei "Vila Quilombo", pude perceber todos os preparativos da festa doméstica: a matança de leitões, as entradas das caixas de doces, a ida dos assados para a padaria, etc.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxm5j6FqUenOfUoiBCZUQq5rB9wE8wP4u3-Lk7SGq8iLVgY0WC7itUbCmWR69PNDBXfbvtOUhpe5UKoNF7x0ugVWw_SSUjZ7cxa0prmVxQhizPxL8Z8efbAJUdpJ1eX-Q656xZTH_0hK8xkJuXMuHtZZPnGJqJAMevopeIKlwHIzFUoNkY8V46_uCcB4o/s1600/bAILES.jpg


        Na noite do baile, fui deitar-me cedo, como sempre faço quando me resolvo a descansar a sério. Às 9 horas, por aí assim, estava dormindo a sono solto. O baile já havia começado e ainda com algumas polcas repinicadas ao piano. Às 2 e meia, interrompi o sono e estive acordado até às 4 da madrugada, quando acabou o sarau. A não ser umas barcarolas cantadas em italiano, não ouvi outra espécie de música, a não ser polcas adoidadas e violentamente sincopadas, durante todo esse tempo.

        O dia veio se fazer inteiramente. Levantei-me da cama e, dentro em breve, tomava o café matinal em companhia de meus irmãos.

        Perguntei a minha irmã, provocado pela monótona musicaria do baile da vizinhança, se nos dias presentes não se dançavam mais valsas, mazurcas, quadrilhas ou quadras, etc. Justifiquei-lhe o motivo da pergunta.

        — Qual! – disse-me ela. – Não se gosta mais disso... O que apreciam os dançarmos de hoje, são músicas apolcadas, tocadas "a la diable", que servem para dançar o tango, fox-trot, rang-time, e...

        — "Cake-walk"? – perguntei.

        — Ainda não se dança, ou já se dançou; mas agora, está aparecendo um tal de "shimmy".

        [...] O baile, não sei se é, era ou foi, uma instituição nacional, mas tenho certeza de que era profundamente carioca, especialmente suburbano.

        Na escolha da casa, presidia sempre a capacidade da sala de visitas para a comemoração coreográfica das datas festivas da família. Os construtores das casas já sabiam disso e sacrificavam o resto da habitação à sala nobre. Houve quem dissesse que nós fazíamos casa, ou as tínhamos para os outros, porque a melhor peça dela era destinada a estranhos.

        Hoje, porém, as casas minguam em geral, e especialmente, na capacidade dos seus aposentos e cômodos. [...] Isto acontece com as famílias remediadas; com as verdadeiramente pobres, a coisa piora. Ou moram em cômodos ou em casitas de avenidas, que são um pouco mais amplas do que a gaiola dos passarinhos.

        [...]

        Quando fui morar naquelas paragens não havia noite em que voltando tarde para casa, não topasse no caminho com um baile, com um chôro, como se dizia na gíria do tempo. Havia famílias que davam um por mês, fora os extraordinários, e havia também cavalheiros e damas que não faltavam a eles, além de irem a outros de famílias diferentes.

        Eram célebres nos subúrbios, certos rapazes e moças, como tipos de dançarinos domésticos. Conheci alguns, e ouvi muitos falar neles. Lembro-me bem, dentre eles, de uma moça que, às vezes, atualmente ainda encontro, [...]. Chamavam-na Santinha, e tinha uma notoriedade digna de um poeta de "Amor" ou de um gatimanhas de cinematógrafo. [...] A sua especialidade estava na valsa americana que dançava como ninguém. Não desdenhava as outras contradanças, mas a valsa era a sua especialidade. Dos trezentos e sessenta e cinco dias do ano, só nos dias de luto da semana santa e no de finados, não dançava. Em todos os mais, Santinha valsava até de madrugada. [...]

        [...]

        Nesses bailes suburbanos, o mártir era o dono da casa: Seu Nepomuceno começava por não conhecer mais da metade da gente que, transitoriamente, abrigava, porque Cacilda trazia Nenê e esta o irmão que era namorado daquela – a única cuja família tinha relações com a do Seu Nepomuceno; e, assim, a casa se enchia de desconhecidos. Além destes subconvidados, ainda existiam os penetras. Chamava-se assim certos rapazes que, sem nenhuma espécie de convite, usavam deste ou daquele truque, para entrar nos bailes – penetrar.

        Em geral, apesar da multidão dos convidados, essas festas domésticas tinham um grande cunho de honestidade e respeito. Eram raros os excessos e as danças, com o intervalo de um hora, para uma ceia modesta, se prolongavam até o clarear do dia sem que o mais arguto do sereno pudesse notar uma discrepância nas atitudes dos pares, dançando ou não. Sereno, era chamado o agrupamento de curiosos que ficavam na rua a espiar o baile. Quase sempre era formado de pessoas das vizinhanças e outras que não haviam sido convidadas e lá se postavam para ter assunto em que baseassem a sua despeitada crítica.

        [...]

        Sem receio de errar, entretanto, pode-se dizer que o baile familiar e burguês, democrático e efusivo, está fora da moda, nos subúrbios. A carestia da vida, a exiguidade das casas atuais e a imitação da alta burguesia desfiguraram-no muito e tendem a extingui-lo.

        [...]

        Uma outra diversão que, antigamente, os suburbanos apreciavam muito e hoje está quase morta, era a do teatrinho de amadores. Quase todas as estações tinham mantido um Clube. O do Riachuelo, teve a sua meia hora de celebridade; possuía um edifício de razoáveis proporções; mas desapareceu, e, atualmente, foi transformado em escola municipal. O que havia de característico na vida suburbana, em matéria de diversão, pouco ou quase nada existe mais. O cinema absorveu todas elas e, pondo de parte o Mafuá semi-eclesiástico, é o maior divertimento popular da gente suburbana.

        [...]

        O futebol flagela também aquelas paragens como faz ao Rio de Janeiro inteiro. Os clubes pululam e os há em cada terreno baldio de certa extensão.

        Nunca lhes vi uma partida, mas sei que as suas regras de bom-tom em nada ficam a dever às dos congêneres dos bairros elegantes.

        A única novidade que notei, e essa mesma não me parece ser grave, foi a de festejarem a vitória sobre um rival, cantando os vencedores pelas ruas, com gambitos nus, a sua proeza homérica com letra e música da escola dos cordões carnavalescos. Vi isto só uma vez e não garanto que essa hibridação do samba, mais ou menos africano com o futebol anglo-saxônio, se haja hoje generalizado nos subúrbios. Pode ser, mas não tenho documentos para tanto afiançar.

        Resta-nos o Carnaval; é ele, porém, tão igual por toda a parte, que foi impossível, segundo tudo faz crer, ao subúrbio dar-lhe alguma coisa de original. Lá, como na Avenida, como em Niterói, como em Maxambomba, como em todo este Brasil inteiro, são os mesmos cordões, blocos, grupos, os mesmos versos indignos de manicômio, as mesmas músicas indigestas [...].

        O subúrbio não se diverte mais. A vida é cara e as apreensões muitas, não permitindo prazeres simples e suaves, doces diversões familiares, equilibradas e plácidas. Precisa-se de ruído, de zambumba, de cansaço, para esquecer, para espançar as trevas que em torno da nossa vida, mais densas se fazem, dia para dia, acompanhando "pari-passu" as suntuosidades republicanas.

        [...] Para as dificuldades materiais de sua precária existência, criou esse seu paraíso artificial, em cujas delícias transitórias mergulha, inebria-se minutos, para esperar, durante horas, dias e meses, um aumentozinho de vencimentos...

Gazeta de Notícias, 7-2-1922.

BARRETO, Lima. Bailes e divertimentos suburbanos. In: BARRETO, Lima. Marginália. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000154.pdf. Acesso em: 20 abr. 2020.

Fonte: Linguagens em Interação – Língua Portuguesa – Ensino Médio – Volume Único – Juliana Vegas Chinaglia – 1ª edição, São Paulo, 2020 – IBEP – p. 42-45.

Entendendo a crônica:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        À la diable: expressão em francês que significa “para o diabo”.

·        Arguto: aquele que tem a capacidade de perceber rapidamente as coisas mais sutis.

·        Mazurca: dança polonesa em compasso ternário; ritmo musical cuja composição instrumental tem as características dessa dança.

·        Fox-trot: dança de salão de origem norte-americana, cuja direção segue o sentido anti-horário, em andamento suave e progressivo.

·        Gatimanha: neologismo do autor.

·        Mafuá: baile popular.

02 – Qual é o cenário inicial da crônica?

      O cenário inicial é uma vizinhança onde há um baile, próximo à casa do narrador, que ele chama de "Vila Quilombo". O narrador descreve os preparativos para a festa e comenta sobre a música ouvida durante a noite.

03 – Por que o narrador pergunta à irmã sobre as danças da época?

      O narrador pergunta à irmã sobre as danças porque, durante o baile, percebeu que apenas polcas eram tocadas, o que o fez questionar se outros tipos de danças, como valsas e quadrilhas, ainda eram populares.

04 – Quais estilos de música e dança eram populares entre os dançarinos na época?

      Os dançarinos apreciavam músicas "apolcadas", tocadas de maneira acelerada, e dançavam principalmente o tango, fox-trot, ragtime e estavam começando a dançar o "shimmy".

05 – Como eram as casas suburbanas, segundo o narrador?

      As casas suburbanas eram construídas com uma grande sala de visitas, destinada a bailes e reuniões familiares, mesmo que o resto da casa fosse sacrificado em termos de espaço.

06 – O que o narrador comenta sobre a mudança no tamanho das casas suburbanas?

      O narrador observa que, com o tempo, as casas suburbanas ficaram menores, especialmente em relação ao tamanho dos cômodos, o que dificultava a realização de bailes e reuniões familiares.

07 – Como eram os bailes suburbanos mencionados na crônica?

      Os bailes suburbanos eram eventos frequentes, realizados em casas de família, com muitos convidados, incluindo pessoas que os anfitriões muitas vezes não conheciam bem. Esses eventos eram marcados por honestidade e respeito, e as danças duravam até o amanhecer.

08 – Quem eram os "penetras" mencionados na crônica?

      Os "penetras" eram rapazes que entravam nos bailes sem convite, usando truques para se infiltrar nas festas. Apesar disso, os bailes mantinham uma atmosfera de respeito.

09 – Como o narrador descreve a diversão suburbana no passado em comparação com o presente?

      O narrador lamenta que as diversões suburbanas tradicionais, como bailes e teatrinhos de amadores, estejam desaparecendo. Ele menciona que o cinema e o futebol substituíram essas atividades, e que a vida suburbana se tornou mais cara e preocupante, reduzindo os prazeres simples.

10 – Qual é a opinião do narrador sobre o Carnaval nos subúrbios?

      O narrador acredita que o Carnaval nos subúrbios é igual ao de outras partes do Brasil, sem originalidade, com os mesmos cordões, blocos e músicas repetitivas.

11 – Qual é o tom final do narrador em relação à vida suburbana?

      O narrador adota um tom melancólico e crítico, destacando que a vida suburbana perdeu suas antigas diversões simples e que os moradores agora buscam um alívio temporário em prazeres barulhentos e intensos para escapar das dificuldades da vida cotidiana.

 

 

domingo, 18 de agosto de 2024

CRÔNICA: TABOÃO DOS PALMARES - SÉRGIO VAZ - COM GABARITO

 Crônica: Taboão dos Palmares

               Sérgio Vaz

        Taboão da Serra é uma cidade de mil faces e não há como decifrá-las sem devorá-las. Impossível pensá-la sem suas ladeiras, seus becos e suas vielas. Cada quebrada é um município no meu estado de espírito. As calçadas são irregulares, por isso, nossa gente anda no meio da rua, desafiando a arrogância dos carros, buzina pra você ver…

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikqxa94zmpCl551_wpaa5otIkSel0ceuBsbCwKHCjMIjXPRljFib42EHWUFiHcak65i_bQUKYFrnb9031IzaAaX0n89TE66CmWJ_0l7mtm965sm51EpAHUL9wwTfEFMhI88CaWLowMcATRM-nxzYDYxC__XgsQ_slVPu2gcVyeJznYwHqAKbxxUdpML0c/s985/TABO%C3%83O.jpeg
 

        Uma das faces mais bonitas da cidade é a nossa gente, e da nossa gente, umas das faces mais bonitas é a do João Barraqueiro, da Kika e da sua família. Gente da pele preta que tem o suor como marca registrada no rosto.

        Não importa o evento, nem o local, é lá que eles estão. É comum vê-los nas Praças, campos de futebol, shows, favela, comícios, etc. desfilando a grandeza dos que não se entregam, e se recusam a ser escravos do parasitismo.

        A barraca é o Quilombo dos Palmares dessa família, tamanha liberdade com que constroem o pão de cada dia. Da mesma barraca lutam como quem faz uma prece ao céu, ou a terra, adorando um deus chamado dignidade.

        A coragem que exalam das mãos é de assustar qualquer senhor de engenho ou capitão do mato. Trazem no olhar o desprezo pela chibata, e no coração, o fogo brando que aquece o caldeirão da liberdade. Valeu Zumbi!

        Com todo o respeito às ancestralidades, que a mãe África me perdoe, mesmo, mas mãe é aquela que cria, o João e a Kika são filhos de Taboão da serra, e não por acaso são nossos irmãos. Axé!  

        Para aqueles que acreditam que o caráter independe da cor, uma poesia:

        “Que a pele escura não seja escudo para os covardes que habitam na senzala do silêncio.

        Porque nascer negro é consequência, ser é consciência”.

VAZ, Sérgio. Taboão dos Palmares. In: VAZ, Sérgio. Literatura, pão e poesia. São Paulo: Global, 2012. E-book.

Fonte: Linguagens em Interação – Língua Portuguesa – Ensino Médio – Volume Único – Juliana Vegas Chinaglia – 1ª edição, São Paulo, 2020 – IBEP – p. 34.

Entendendo a crônica:

01 – Qual é o tema principal da crônica "Taboão dos Palmares"?

      O tema principal é a celebração da comunidade de Taboão da Serra, especialmente a resistência, dignidade e força das pessoas negras que habitam o local, simbolizados na figura de João Barraqueiro, Kika e sua família.

02 – Como Sérgio Vaz descreve a cidade de Taboão da Serra na crônica?

      Sérgio Vaz descreve Taboão da Serra como uma cidade de "mil faces", com ladeiras, becos e vielas que moldam o estado de espírito dos moradores. Ele ressalta a irregularidade das calçadas e a coragem das pessoas que andam no meio da rua, desafiando os carros.

03 – Quem são João Barraqueiro e Kika na crônica, e o que eles representam?

      João Barraqueiro e Kika são descritos como pessoas de pele preta, trabalhadores que sustentam sua família com dignidade. Eles representam a resistência, a força e a liberdade, sendo comparados a figuras de um quilombo, como o de Palmares.

04 – O que a barraca de João Barraqueiro e Kika simboliza na crônica?

      A barraca é simbolizada como um "Quilombo dos Palmares", um espaço de liberdade e resistência onde a família luta para garantir o sustento diário com dignidade e coragem, enfrentando as dificuldades da vida.

05 – Qual é a visão do autor sobre a relação entre cor da pele e caráter?

      O autor defende que o caráter não depende da cor da pele. Ele sugere que ser negro vai além de uma condição biológica; é uma questão de consciência e postura diante da vida.

06 – Que elementos da crônica mostram a valorização da ancestralidade africana?

      A crônica faz referência a figuras históricas de resistência, como Zumbi dos Palmares, e reverencia a mãe África. Apesar disso, o autor também reconhece que João e Kika são "filhos de Taboão da Serra", valorizando suas raízes e identidade locais.

07 – Qual mensagem a poesia no final da crônica transmite?

      A poesia no final da crônica transmite uma mensagem de resistência e orgulho negro. Ela destaca que a pele escura não deve ser usada como um escudo para a covardia, mas sim ser carregada com consciência e orgulho.

 

 

POEMA: ORAÇÃO DOS DESESPERADOS - SÉRGIO VAZ - COM GABARITO

 Poema: ORAÇÃO DOS DESESPERADOS

             Sérgio Vaz

Que a pele escura 

Não seja escudo para os covardes, 

Que habitam na senzala do silêncio, 

Porque nascer negro é consequência 

Ser 

É consciência.

 

  Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbZOGbo9A0zmKk7Zq1OkcEHy0mYjWkvDPi1Ul6a6fhNY_uMWe44JGacLxdW9Va4j313RIxeHGFC7asgXqIpb2dd8bHqHQ53GsXdpNok8cctFJlPjK0CeLPDLgI1iKzIUxnpeKiodfd5SlwqCJ3aC_XZUXkbTIJuewi-pfc-yFjdPAluVc1mjdJHz2f7uo/s320/samba.jpg

Dói no povo a dor do universo 

Chibata, faca e corte 

Miséria, morte 

Sob o olhar irônico 

De um Deus inverso.

 

Uma dor que tem cor 

Escorre na pele e na boca se cala 

Uma gente livre para o amor 

Mas os pés fincados na senzala. 

Dói na gente a dor que mata 

Chaga que paralisa o mundo 

E sob o olhar de um Deus de gravata... 

Doença, fome, esgoto, inferno profundo. 

 

Dor que humilha, alimenta cegueira 

Trevas, violência, tiro no escuro 

Pedaço de pau, lar sem muro 

Paraíso do mal 

Castelo de madeira. 

 

Oh! Senhores 

Deuses das máquinas, 

Das teclas, das perdidas almas. 

Do destino e do coração! 

Escuta o homem que nasce das lágrimas 

Do suor, do sangue e do pranto, 

Escuta esse pranto 

(Que lindo esse povo!) 

(Quilombo esse povo!) 

Que vem a galope com voz de trovão 

Pois ele se apega nas armas 

Quando se cansa das páginas 

Do livro da oração. 

 

Que a pele escura 

Não seja escudo para os covardes, 

Que habitam na senzala do silêncio, 

Porque nascer negro é consequência 

Ser 

É consciência.

Autor: Sérgio Vaz. Oração dos desesperados. In: VAZ, Sérgio. Colecionador de pedras. São Paulo: Global, 2007. Coleção literatura periférica.

Fonte: Linguagens em Interação – Língua Portuguesa – Ensino Médio – Volume Único – Juliana Vegas Chinaglia – 1ª edição, São Paulo, 2020 – IBEP – p. 36.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o principal tema abordado no poema "Oração dos Desesperados"?

      O principal tema do poema é a luta e a resistência do povo negro contra a opressão, a violência e a injustiça social. O poema aborda a consciência racial, a dor coletiva e a necessidade de ação diante da opressão.

02 – Quem são os “covardes”?

      São aqueles praticam discriminação racial e julgam a pessoa pela cor da pele, associando-a ao caráter.

03 – O que significa a expressão "senzala do silêncio" utilizada no poema?

      A "senzala do silêncio" é uma metáfora que representa a submissão e a passividade diante da opressão e do racismo. É o estado de inércia em que muitos se encontram, aceitando as injustiças sem lutar contra elas.

04 – Qual é a crítica social feita no poema?

      É a discriminação racial e às consequências da escravidão, que deixaram a população negra em profunda situação de desigualdade.

05 – Como o poema retrata a figura de Deus?

      O poema retrata Deus de forma irônica, como um "Deus inverso" e um "Deus de gravata", sugerindo uma divindade indiferente ou alheia ao sofrimento do povo negro, contrastando com a figura tradicional de um Deus compassivo.

06 – Qual a relação entre a dor mencionada no poema e a cor da pele?

      A dor mencionada no poema está diretamente associada à cor da pele, sugerindo que o sofrimento e a opressão são vividos de forma mais intensa pelos negros. A dor tem cor, o que reflete o racismo e a desigualdade racial.

07 – O que o autor deseja ao afirmar "Que a pele escura não seja escudo para os covardes"?

      O autor deseja que a identidade negra não seja usada como desculpa para a inação ou para justificar a submissão. Ele clama por consciência e resistência, em vez de resignação diante das adversidades.

08 – Qual é o tom do poema e como ele contribui para a mensagem transmitida?

      O tom do poema é de indignação, resistência e desespero, o que reforça a urgência da luta contra a opressão e a necessidade de ação para mudar a realidade. O tom ajuda a transmitir a intensidade do sofrimento e a força da determinação do povo negro.

09 – O que simboliza a "oração" no título do poema "Oração dos Desesperados"?

      A "oração" no título simboliza tanto um clamor desesperado quanto um apelo por mudança e justiça. É uma súplica pela transformação das condições de vida do povo negro e um grito de resistência contra a opressão e a violência.

 

TEXTO: MEMÓRIAS LITERÁRIAS DE VISCONDE DE TAUNAY - (FRAGMENTO)- COM GABARITO

 Texto: Memórias literárias de Visconde de Taunay – Fragmento

        [...]

        Aquele tio Teodoro de Beaurepaire, irmão de minha avó, Condessa de Escragnolle. Constitui uma das mais afastadas e prestigiosas recordações da primeira meninice.

 Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjX-6F9K325guHITMRVoSXfXxT12s0cm0334Ge-FPwnM6Zip64a7lk62tSrqbK2zf8b8CeVcg-03ptGkmWyG34sCBC8bSFMzA5APKiD0SLRImi14854-AUWQl_qoxGP9NQnRmwjfAlhA5C5CGYZ0UvyE4-4Ng3l4GoncJoXmwN7Gk_XCEazgAOn20iyRlg/s1600/tEODORO.jpg


        Que festa para nós quando íamos à sua fazendinha do Engenho Novo, no Cabuçu, cuja casa com proporções vastas, escadarias de mármore italiano, cercada de jardins e repuxos, nos dava exagerada ideia de opulência! Outro grande atrativo era o límpido e volumoso córrego em que pescávamos peixinhos e tomávamos banhos, fazendo represas com soqueiras e folhas de bananeira [...].

        Dessa vasta chácara do Engenho Novo, fronteira à propriedade, ainda mais extensa, da Condessa de Belmonte, mãe de minha madrinha, tendo reminiscências muito longínquas e apagadas, mas sempre rodeadas de maior encanto.

        Frequentes vezes lá íamos, e, por ocasião das festas de São João, 24 de junho, creio aniversário natalício do velho marujo, nosso tio, a estada tomava proporções grandiosas, por causa, sobretudo, dos fogos de artifícios que nos eram distribuídos e das enormes fogueiras então erguidas no pátio, iluminando esplendidamente todo o casario em derredor e a coma dos altos e velhos tamarineiros.

        [...].

TAUNAY, Visconde de. Memórias. São Paulo: Iluminuras, 2004. p. 30.

Fonte: Linguagens em Interação – Língua Portuguesa – Ensino Médio – Volume Único – Juliana Vegas Chinaglia – 1ª edição, São Paulo, 2020 – IBEP – p.25-26.

Entendendo o texto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Coma: Copa de árvore.

·        Soqueira: raízes e talos de plantas, como cana-de-açúcar ou algodão, que sobram após o seu corte ou colheita.

02 – De que trata esse fragmento das memórias literárias de Visconde de Taunay?

      Trata-se de memórias da infância do autor, quando visitava a chácara de seu tio em Engenho Novo.

03 – Pela descrição realizada, é possível afirmar que o autor fazia parte de uma classe privilegiada da sociedade? Comente.

      Pelos títulos de nobreza do autor e de sua avó (visconde e condessa), e pela descrição da chácara de seu tio, pode-se inferir que fazia parte de uma classe privilegiada socialmente.

04 – Quem era Teodoro de Beaurepaire mencionado no texto?

      Teodoro de Beaurepaire era o tio do narrador, irmão de sua avó, a Condessa de Escragnolle. Ele é descrito como uma das figuras mais prestigiadas e lembradas da infância do narrador.

05 – Como era a fazenda de Teodoro de Beaurepaire no Engenho Novo?

      A fazenda no Engenho Novo era descrita como uma casa com proporções vastas, escadarias de mármore italiano, cercada de jardins e repuxos, que passava uma exagerada ideia de opulência para o narrador e sua família.

06 – Quais lembranças o narrador tem das festas de São João na fazenda?

      O narrador lembra que, durante as festas de São João, as celebrações na fazenda de seu tio tomavam proporções grandiosas, com fogos de artifício, enormes fogueiras que iluminavam o pátio, o casario ao redor e as copas dos tamarineiros.

07 – Qual era o sentimento do narrador em relação às suas memórias da chácara do Engenho Novo?

      O narrador tem memórias muito distantes e apagadas da vasta chácara do Engenho Novo, mas elas são sempre envoltas em um grande encanto.

 

FILME(ATIVIDADES): COR DO PARAÍSO - DIREÇÃO: MAJID MAJIDI - COM GABARITO

 Filme(ATIVIDADES): Cor do Paraíso

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHuZmBW7fgES6EmLs-ZLqC7fHmUZ0XXes2MYdUKn_3XlvHxfJl41noc6QBGLN4vWXNeaJ5HbyOwhdbjgWo01FikbOgIt6vdyXAJJDJKGDec8WD7niqkLeb_CoYb2FS_xbJv3UdikKf8nnfe5oh7922wtnLLq6NMDIsg5Bcm-bXnTgBsBxFkpzyEjzir7s/s320/COR.jpg

Data de lançamento: 2000 (1h 28min) 

Gênero: Comédia dramática.

Direção: Majid Majidi.

Roteiro: Majid Majidi.

Elenco: Mohsen Ramezani, Hossein Mahjub, Salame Feizi.

Título original: Rang-E Khoda

País: Irã.

Sinopse

        Mohammad (Mohsen Ramezani) é um garoto em uma instituição para cegos, em Teerã. Ele espera por seu pai, que vai buscá-lo para as férias de verãos. Enquanto aguarda, o jovem percebe que um passarinho cai do ninho. Mohammad consegue pegar o pássaro, subir na árvore e colocá-lo de volta no ninho. O pai finalmente chega e leva o filho para a Aldeia, onde toda a família vive. O pai de Mohammad tem vergonha de seu filho, por ele ser cego e quer arranjar um casamento para se livrar dele.

Entendendo o filme:

01 – Qual é o tema central do filme "Cor do Paraíso"?

      O tema central do filme "Cor do Paraíso" é a aceitação e o preconceito, especialmente em relação à deficiência. O filme explora a relação entre Mohammad, um garoto cego, e seu pai, que tem dificuldade em aceitar a condição do filho, refletindo as tensões entre amor e vergonha em um ambiente tradicional iraniano.

02 – Como o personagem Mohammad interage com o mundo ao seu redor, apesar de sua cegueira?

      Apesar de sua cegueira, Mohammad demonstra uma profunda sensibilidade ao mundo ao seu redor, utilizando outros sentidos, como o tato e a audição, para se conectar com a natureza e as pessoas. Um exemplo disso é quando ele percebe o passarinho caído e consegue salvá-lo, mostrando sua habilidade de sentir e interagir com o ambiente de forma única.

03 – Qual é a atitude do pai de Mohammad em relação à deficiência de seu filho?

      O pai de Mohammad sente vergonha da deficiência do filho e tem dificuldade em aceitá-lo. Ele deseja se livrar da responsabilidade de cuidar de Mohammad, chegando a considerar um casamento para ele, como forma de distanciar-se do filho e seguir sua vida.

04 – Como o ambiente rural da aldeia contrasta com a instituição em Teerã, onde Mohammad vive?

      O ambiente rural da aldeia, onde Mohammad passa as férias com sua família, é muito diferente da instituição em Teerã. Enquanto a instituição é um espaço fechado e controlado, a aldeia oferece uma maior liberdade e contato com a natureza, o que permite a Mohammad explorar suas capacidades e demonstrar sua conexão com o mundo natural.

05 – Qual é a importância da natureza no filme "Cor do Paraíso"?

      A natureza tem um papel fundamental no filme "Cor do Paraíso", simbolizando a pureza e a espiritualidade que Mohammad possui, mesmo sem poder ver. Sua relação com o ambiente natural é uma forma de mostrar que a verdadeira visão vai além dos olhos, estando presente na sensibilidade e na alma. A natureza também serve como um contraste para o preconceito e a dureza do coração do pai de Mohammad.

 

FILME(ATIVIDADES): AMAZÔNIA EM CHAMAS - DIREÇÃO: JOHN FRANKENHEIMER - COM GABARITO

 Filme(ATIVIDADES): Amazônia em Chamas

 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIDyWV4vM9HWB6_vQixT3ypqjWak5Rfjr0oiqBlvHTuTyCVFB3OpL9w3rp11sUs7OUinwoA0RSnqrtbGzfKFMIZwYSQzS-kPxNBoV9Syv0Yl_LPgG_gvFqpAMa2Vhu15QJ5cHSQnL1mwwu0HulnQa06bM6UbzjeHfGAtA88TCdPcd1HVocAKFGAECPsDs/w155-h131/AMAZONIA.jpg

Data de lançamento: 1994 diretamente para TV (2h 03min).

Gênero: Biografia, Drama.

Direção: John Frankenheimer.

Roteiro: Michael Tolkin, Ron Hutchinson.

Elenco: Raul Julia, Carmen Argenziano, Sônia Braga.

Título original: The Burning Season

Sinopse

      Telefilme baseado na história verídica de um seringueiro da mata brasileira que liderou seu povo em um protesto contra as forças opressoras do governo. A história entretanto, fez várias vítimas.

Entendendo ao filme:

01 – Qual é a premissa central do filme "Amazônia em Chamas"?

      O filme "Amazônia em Chamas" é baseado na história verídica de um seringueiro brasileiro, Chico Mendes, que liderou seu povo em um protesto contra as forças opressoras do governo e as práticas destrutivas de grandes fazendeiros que ameaçavam a floresta amazônica e as comunidades que dependiam dela. A trama destaca sua luta pela preservação da floresta e pelos direitos dos seringueiros.

02 – Quem interpreta o papel de Chico Mendes no filme "Amazônia em Chamas"?

      O papel de Chico Mendes no filme "Amazônia em Chamas" é interpretado pelo ator Raul Julia.

03 – Qual é o gênero do filme "Amazônia em Chamas" e quem foi responsável pela direção?

      "Amazônia em Chamas" é um filme do gênero biografia e drama, dirigido por John Frankenheimer.

04 – O que motivou a criação do filme "Amazônia em Chamas" e como ele foi lançado?

      O filme foi motivado pela história verídica de Chico Mendes e sua luta contra a destruição da floresta amazônica. Foi lançado em 1994 como um telefilme, destinado diretamente à TV.

05 – Qual é o impacto emocional e histórico abordado no filme "Amazônia em Chamas"?

      O filme aborda o impacto emocional e histórico da luta de Chico Mendes, enfatizando os sacrifícios feitos por ele e sua comunidade na tentativa de preservar a Amazônia. A história ressalta o custo humano da defesa do meio ambiente, resultando em várias vítimas, incluindo o próprio Chico Mendes.