domingo, 13 de maio de 2018

TEXTO: O FUTURO DO TRABALHO - RITA LOIOLA - COM GABARITO


Texto: O FUTURO DO TRABALHO


          Admita: você também não gosta de trabalhar. Passar o dia inteiro sob luzes fluorescentes, tomando café ruim, sentado em uma cadeira desconfortável e usando um computador velho certamente não faz parte do sonho de infância de ninguém. Admita. E não se sinta culpado. Nossos ancestrais – que nem conheciam as torturas de um escritório – também não eram muito chegados a essa história de trabalho.
          Para gregos e romanos, colocar a mão na massa era considerada tarefa das classes inferiores e escravos. Domenico de Mais, professor de Sociologia do Trabalho na Universidade La Sapienza de Roma e autor do livro O ócio criativo, que defende uma abordagem mais lúdica do trabalho, apontou um ponto de convergência em todas as religiões: em nenhuma delas se trabalha no Paraiso. “Tenha o Paraiso sido criado por Deus, tenha sido inventado pelos homens, se o trabalho fosse um valor positivo, no Paraiso se trabalharia”, afirma. Ou seja, alguma coisa está errada, e não é de hoje.
          Felizmente, nunca houve tantas ferramentas disponíveis para mudar o modo como trabalhamos e, consequentemente, como vivemos. E as transformações estão acontecendo. A crise despedaçou companhias gigantes tidas até então como modelos de administração. Em vez de grandes conglomerados, o futuro será povoado de empresas menores reunidas em torno de projetos em comum. Os próximos anos também vão consolidar mudanças que vêm acontecendo há algum tempo: a busca pela qualidade de vida, a preocupação com o meio ambiente e a vontade de nos realizarmos como pessoas também em nossos trabalhos. “Falamos tanto em desperdício de recursos naturais e energia, mas e quanto ao desperdício de talentos”? diz o filósofo e ensaísta suíço Alain de Botton em seu novo livro The pleasures and sorrows of woks (Os prazeres e as dores do trabalho, ainda inédito no Brasil).
          Para começar, esqueça essa história de emprego. Em dez anos, emprego será uma palavra caminhando para o desuso. O mundo estará mais veloz, interligado e com organizações diferentes das nossas. Novas tecnologias vão ampliar ainda mais a possibilidade de trabalhar ao redor do globo, em qualquer horário. Hierarquias flexíveis irão surgir para acompanhar o poder descentralizado das redes de produção. Será a era do trabalho freelance, colaborativo e, de certa forma, inseguro. Também será o tempo de mais conforto, cuidado com a natureza e criatividade.
          A globalização e os avanços tecnológicos (alguns deles já estão disponíveis hoje) vão tornar tudo isso possível. E uma nova geração que vai chegar ao comando das empresas, com uma presença feminina cada vez maior, vai colocar em xeque antigos dogmas. Para que as empresas vão pedir nossa presença física durante oito horas por dia se podem nos contatar por videoconferência a qualquer instante? Para que trabalhar com clientes ou fornecedores apenas do seu país se você pode negociar sem dificuldades com o mundo inteiro? Imagine as possibilidades e verá que o mercado de trabalho vai ser bem diferente em 2020. O emprego vai acabar. Vamos ter que nos adaptar. Mas o que vai surgir no lugar dele é mais racional, moderno e, se tudo der certo, mais prazeroso.

                                LOIOLA, Rita. O futuro do trabalho. Galileu,
                                                                                    Rio de Janeiro,
                                    Ed. 216, p. 48, jul. 2009.

       ENTENDENDO O TEXTO

     01 – Segundo o texto, qual é o futuro do trabalho?
      De acordo com o texto, o modelo de trabalho será transformado. As hierarquias e os horários serão mais flexíveis e os grandes conglomerados darão lugar a empresas menores reunidas em torno de projetos em comum. Essas mudanças propiciarão mais qualidade de vida, maior cuidado com o meio ambiente e a possibilidade de mais conforto, criatividade e realização pessoal.

     02 – Você trabalha? Em caso afirmativo, responda: gosta do que faz? Por quê? O ambiente em que trabalha é parecido com o que é descrito no texto?
      Resposta pessoal.

     03 – Releia este trecho: “Os próximos anos também vão consolidar mudanças que vêm acontecendo há algum tempo: a busca pela qualidade de vida, a preocupação com o meio ambiente e a vontade de nos realizarmos como pessoas também em nossos trabalhos”.
a)   Em sua opinião, é possível conciliar trabalho e qualidade de vida? Justifique sua resposta.
         Resposta pessoal.

b)   De que maneira o trabalho pode contribuir para a realização pessoal?
         Resposta pessoal.

     04 – De acordo com o texto, “Felizmente, nunca houve tantas ferramentas disponíveis para mudar o modo como trabalhamos e, consequentemente, como vivemos”. Que ferramentas seriam essas?
      Pelo contexto, pode-se perceber que o texto se refere à globalização e às novas tecnologias. Se preciso, esclareça aos alunos que globalização é um termo econômico e político que se refere à união dos mercados de diferentes países e à quebra das fronteiras entre esses mercados.

     05 – Encontre no texto os argumentos que a autora utiliza para comprovar a seguinte ideia: “Para começar, esqueça essa história de emprego. Em dez anos, emprego será uma palavra caminhando para o desuso”.
      Ela afirma que o “mundo estará mais veloz, interligado e com organizações diferentes das nossas. Novas tecnologias vão ampliar ainda mais a possibilidade de trabalhar ao redor do globo, em qualquer horário. Hierarquias flexíveis irão surgir para acompanhar o poder descentralizado das redes de produção.

     06 – Converse com um colega sobre o texto e discutam esta questão: O trabalho do futuro será mais humano e prazeroso?  Anotem suas conclusões. Depois, ouçam o que as outras duplas pensam sobre o assunto.
      Resposta pessoal.

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