terça-feira, 15 de maio de 2018

POESIA: PROCURA DA POESIA (FRAGMENTO) - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

Poesia: PROCURA DA POESIA (FRAGMENTO)
             Carlos Drummond de Andrade


Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
Há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consome
Com teu poder de palavra
E seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo,
Não colhas no chão o poema que se perdeu,
Não adules o poema. Aceita-o.
Como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
No espaço.
                                                                                                                                       Carlos Drummond de Andrade.

Entendendo o poesia:
01 – Reconhecendo-se que “a palavra é a matéria-prima da literatura”, transcreva os versos em que isso pode ser constatado.
       “Penetra surdamente no reino das palavras / Lá estão os poemas que esperam ser escritos.”

02 – A partir das ideias do texto, justifique a seguinte afirmação:
       - “Não basta possuir as palavras para ser poeta.”
      Ao poeta não cabe apenas fazer uso das palavras, mas saber emprestar-lhes significação artística, voltada para o prazer estético e convivendo com as palavras até que brote a inspiração.

03 – Transcreva do texto o verso que estampa a ideia do uso denotativo da palavra.
       “Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário”.

04 – Explique, a partir das ideias do texto, o entendimento a que se chega de que Literatura é feita de conotações.
       Se as palavras existem em estado de dicionário, cabe aos escritores utilizá-las a seu modo, dando-lhes o significado que a ação criadora necessitar e exigir.


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