Poesia: PROCURA DA POESIA (FRAGMENTO)
Carlos Drummond de Andrade
Penetra
surdamente no reino das palavras.
Lá estão
os poemas que esperam ser escritos.
Estão
paralisados, mas não há desespero,
Há calma
e frescura na superfície intata.
Ei-los
sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive
com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem
paciência, se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera
que cada um se realize e consome
Com teu
poder de palavra
E seu
poder de silêncio.
Não
forces o poema a desprender-se do limbo,
Não
colhas no chão o poema que se perdeu,
Não
adules o poema. Aceita-o.
Como ele
aceitará sua forma definitiva e concentrada
No
espaço.
Carlos
Drummond de Andrade.
Entendendo
o poesia:
01 –
Reconhecendo-se que “a palavra é a matéria-prima da literatura”, transcreva os
versos em que isso pode ser constatado.
“Penetra surdamente no reino das palavras / Lá estão os poemas que esperam ser
escritos.”
02 – A
partir das ideias do texto, justifique a seguinte afirmação:
- “Não basta possuir as palavras para ser poeta.”
Ao poeta não cabe apenas fazer uso das palavras, mas saber emprestar-lhes
significação artística, voltada para o prazer estético e convivendo com as
palavras até que brote a inspiração.
03 –
Transcreva do texto o verso que estampa a ideia do uso denotativo da palavra.
“Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário”.
04 –
Explique, a partir das ideias do texto, o entendimento a que se chega de que
Literatura é feita de conotações.
Se as palavras existem em estado de dicionário, cabe aos escritores utilizá-las
a seu modo, dando-lhes o significado que a ação criadora necessitar e exigir.
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