Lenda: O Saci
Gente
da cidade grande, acostumada com a luz elétrica, entregador de pizza,
televisão, poluição, telefone celular, trânsito e computador, não entende nada
de Saci e só vai ver o Saci no dia de São Nunca.
Acontece
que o Saci é filho do mistério, filho do vento que assobia, filho das sombras
que formam figuras no escuro da floresta, filho do medo da assombração. O Saci
é uma dessas coisas que ninguém explica.
Por
exemplo. É muito fácil explicar uma casa. Ela tem tijolos, portas, paredes,
janelas e serve para morar. É muito fácil também explicar um cachorro. É um
animal mamífero, pertence à espécie canina, abana o rabo, às vezes morde, faz
xixi no poste, é amigo das pulgas e serve para latir e tomar conta de casas e apartamentos.
Agora,
tente explicar o gosto. Por que tem gente que gosta de uma coisa e gente que
gosta justo do contrário?
Experimente
explicar a beleza ou explicar um sentimento ou as coincidências que acontecem
ou o gosto ou os sonhos, os acasos ou um pressentimento. Você já teve um
pressentimento? Já sentiu que uma coisa ia acontecer e, no fim, ela aconteceu
mesmo? Pois bem, agora tente explicar!
Às
vezes a gente está calmamente em casa com uma coisa na mão. O
telefone toca. A gente atende. Bate um papo. Quando desliga, cadê a coisa que a
gente estava segurando? Sumiu! A gente não consegue acreditar. A coisa estava
aqui agorinha mesmo! A gente procura em todo o canto, xinga, reclama, arranca
os cabelos, vira a casa de cabeça para baixo e nada. De repente, olha pro
lado... não é possível! A coisa estava ali o tempo todo bem na cara da gente!
Numa
casa de caboclo, quando isso acontece, as pessoas dizem que foi obra do Saci.
Dizem que o Saci tem mania de esconder as coisas e depois fica escondido, dando
risada, enquanto a gente faz papel de bobo.
O
Saci é um ser misterioso habitante do mato. Sua aparência é de um
negrinho pequeno e risonho, de uma perna só, com um capuz vermelho
enterrado na cabeça, sem pelos no corpo, nem órgãos para fazer xixi e
cocô. Costuma ter três dedos nas mãos, que são furadas, e, quando
quer, solta um assobio misterioso e fica invisível. Além disso, vive com o
joelho machucado e as comandar os mosquitos, pernilongos e pulgas que vivem
atazanando a vida da gente. Tem outra coisa: O malandrinho aprecia fumar
cachimbo e consegue soltar fumaça pelos olhos! quando está de bom humor,
pode ajudar as pessoas a encontrar objetos perdidos. Em compensação, adora
pregar as piores peças nos outros: faz os viajantes errarem seu caminho,
esconde dinheiro e coisas de estimação, faz vasos, pratos e copos
caírem sem motivo e quebrarem, gosta de judiar dos bichos e é
especialista em fazer comida gostosa dar dor de barriga. De vez em quando,
o Saci sai girando em volta de si mesmo, feito um pião maluco, e gira
tanto, tanto, tanto que até levanta as folhas secas e a poeira do chão. Aliás,
muitos afirmam que é só por isso que existem os rodamoinhos.
O
Saci tem vários nomes, dependendo da região onde aparece: pode ser Saci Cererê,
Saci Taperê, Saci Pererê, Saci Saçura, Saci Siriri, Saci Trique. Às
vezes é chamado de Matitaperê, Matintaperera ou Sem – Fim, que na verdade,
são nomes de pássaros. É que em certos lugares, dizem, o danado, quando
perseguido, dá risada, vira passarinho e desaparece deixando todo mundo de
queixo caído.
O
Saci pode ser perigoso. Às vezes chama as criancinhas, canta, dança, inventa
lindas histórias e acaba fazendo as infelizes se perderem na floresta. Pode
também fazer um caçador entrar no mato e nunca mais voltar.
Para
dominar o Saci só tem um jeito: primeiro, pegar uma peneira. Segundo, esperar
um rodamoinho dos fortes. Terceiro, atirar a peneira bem em cima do pé de
vento. Quarto, agarrar o Saci que aparecer preso na peneira. Quinto,
arrancar seu capuz e, sexto prender o espertinho dentro de uma garrafa. Sem
aquele gorro vermelho o Saci fica apavorado, ameaça, geme, choraminga, fala
palavrão, implora e acaba fazendo tudo que a gente
quer.
Pode
até ser bom morar na cidade, mas como seria gostoso, um dia, assim, de
repente, encontrar um Saci de verdade fazendo bagunça, fumando cachimbo,
soltando fumaça pelos olhos, virando passarinho e sumindo no espaço!
Ricardo Azevedo.
Armazém do folclore.
São Paulo, Ática,
2000. p. 18 a 20.
Entendendo a lenda:
01 – O que o texto trouxe de
novidade sobre o Saci que você ainda não sabia?
Resposta pessoal
do aluno.
02 – Quem é o autor do
texto?
Ricardo Azevedo.
03 – De onde o texto foi
tirado?
Armazém do
Folclore. São Paulo. Ática, 2000. p. 18 a 20.
04 – Segundo o texto, gente
da cidade grande não entende nada de Saci. Você concorda com isso? Por quê?
Resposta pessoal
do aluno.
05 – O autor diz que o Saci
é uma coisa que ninguém explica, que é mais fácil explicar uma casa ou um
cachorro. Por quê?
Porque o Saci é
uma lenda. Enquanto uma casa ou cachorro são palpáveis.
06 – A quem o autor se
refere quando fala em caboclo?
Ao povo que mora
no campo.
07 – Indique no texto a
parte referente às características físicas do Saci.
O Saci é um ser
misterioso habitante do mato. Sua aparência é de um negrinho pequeno
e risonho, de uma perna só, com um capuz vermelho enterrado na cabeça, sem
pelos no corpo, nem órgãos para fazer xixi e cocô. Costuma ter três
dedos nas mãos, que são furadas, e, quando quer, solta um assobio
misterioso e fica invisível.
08 – Quais são os nome que o
Saci recebe conforme a região onde aparece?
O Saci tem vários
nomes, dependendo da região onde aparece: pode ser Saci Cererê, Saci Taperê,
Saci Pererê, Saci Saçura, Saci Siriri, Saci Trique.
09 – Na região onde você
mora, como o Saci é conhecido?
Resposta pessoal
do aluno.
10 – Por que em alguns
lugares, ele recebe nome de pássaros?
É que em certos
lugares, dizem, o danado, quando perseguido, dá risada, vira passarinho e
desaparece deixando todo mundo de queixo caído.
11 – Indique as frases que
mostram o jeito de ser e de agir do Saci.
(X) Tem mania de
esconder as coisas.
( ) Gosta
de ver as pessoas fazendo papel de bobas.
( ) É mal –
humorado.
(X) É brincalhão.
(X) Fuma cachimbo.
( ) Protege
os bichos.
( ) Auxilia
os caçadores a se localizarem nas florestas.
(X) Gosta de
judiar dos bichos.
( ) Tem bom
humor.
(X) Esconde
dinheiro e as coisas de estimação.
(X) Faz um caçador
entrar na mata e nunca mais voltar.
12 – Em sua opinião, qual
foi a intenção do autor ao escrever este texto?
Resposta pessoal
do aluno.
13 – Quantos parágrafos
possui este texto?
O texto possui 13
parágrafos.
14 – Releia o penúltimo
parágrafo e desenhe, no caderno, as etapas de como pegar um Saci.
Resposta pessoal do aluno.
15 – Você sabia que o Saci
ganhou um dia só para ele no nosso calendário? Pesquise que dia é esse e
porque foi escolhido para homenageá-lo.
Resposta pessoal
do aluno.
Excelente material!
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