Texto: A
CIDADE
“A cidade é um montão de gente tentando fugir dos automóveis. A gente que
consegue entra nas lojas, nos cinemas e nos cafés, tudo muito depressa como se
fosse o último dia de tudo. Quando a gente vai entrando na cidade vai perdendo
a educação e quando vai saindo vai virando educado de novo. Nas ruas tem sempre
uma porção de gente querendo vender uma porção de coisas que a gente não quer
de modo nenhum, mas nas lojas é difícil encontrar o caixeiro pra vender o que a
gente quer. Agora a ocasião em que a cidade fica mais bonita é de noite, quando
todas as lojas acendem as luzes de náilon.
Minha cidade é tão grande que nem do alto no morro a gente vê ela toda. Faz
calor no verão e, às vezes, um pouquinho de frio no inverno. A gente brinca
muito na praia, que tem uma areia que dá muito apetite depois que a gente
brinca nela, de modo que a gente come tanto que parece às vezes que a comida é
maior do que a gente. Agora de automóvel a cidade acaba logo e papai diz que um
dia nós vamos no Rio de Janeiro. Mas o melhor mesmo da minha cidade são as
férias, que é quando a gente vai passar uns tempos noutro lugar.”
TP4
– Leitura e Processos de Escrita I – Parte I.
01 – Que hipóteses você pode fazer sobre
seu autor, ou autora?
A resposta é pessoal. Você pode pensar
que é uma criança, do sexo feminino ou masculino. Pode pensar que é criação de
um adulto. Todas as possibilidades, por enquanto, são viáveis.
02
– Poderia ser parte de um livro, ou outro material? De que tipo? Que objetivo
teria?
Poderia ser parte de um livro que
tratasse da escrita da criança. Poderia ser um texto de criança que alguém vai
explorar de alguma forma. Pode ser parte de um livro de um adulto que queria
imitar a escrita de uma criança. Todas as possibilidades, por enquanto, são
aceitáveis.
03
– Esse texto poderia ser útil a você? A que atividade se prestaria?
Hipótese pessoal. Em todo caso, você
poderia pensar na reescrita do texto, conforme objetivos que você tenha.
04
– Por que podemos classificar o texto como humorístico?
A lógica da criança, implacável, mesmo
que ingênua, na apresentação das contradições da cidade, os comentários sobre
sua própria cidade, os “enganos” no emprego das palavras, tudo ajuda na criação
de uma visão humorística do assunto.
05
– Você acha que um texto humorístico pode ser preferencial quando o objetivo de
leitura é obter informação? Por que?
Não é o melhor, por motivo até simples:
só rimos de uma situação apresentada de uma forma inusitada, imprevista.
Portanto, só rimas porque temos conhecimento, já temos as informações mais
importantes sobre o assunto fonte de humor.
06 – O texto
da criança apresenta dois parágrafos apenas. Na abordagem do tema “cidade”, que
ideia comanda a criação de cada um deles?
No primeiro parágrafo, a criança
apresenta a cidades em geral; no segundo parágrafo, apresenta a sua cidade, em
particular.
07
– O texto apresenta uma linguagem escrita muito próxima da oral. Indique pelo
menos dois exemplos que comprovem essa afirmativa.
A criança usa expressões da linguagem
oral, como “montão”; “uma porção”. Tem uma sintaxe marcadamente oral: usa o
“ter” por “haver”, e o pronome “ela” como objeto. O uso do “a gente” como
sujeito também é característica dessa oralidade.
08 – Observe especialmente os dois usos da palavra gente.
a)
Que elemento acompanha a palavra, em cada um dos usos?
Temos “de gente” e “a gente”.
b)
Qual é a diferença de significado desses dois usos?
No primeiro caso, a expressão significa
“pessoas”; no segundo, significa “nós”.
c)
No final do primeiro parágrafo, a criança faz uso de uma palavra
completamente fora do contexto. Qual é, e como poderíamos explicar a troca de
palavras?
Ela usa “náilon”, em vez de “neon”. A
criança ouviu a palavra adequada ao contexto, mas não a assimilou ainda,
confundindo com outra que ela também já ouviu mais vezes, sem dominar tampouco
seu significado.
09
– Comparemos alguns aspectos deste texto com o Nossas cidades.
a)
Podemos encontrar uma ideia comum aos dois. Qual é?
A ideia comum, é a de que “ir para outro
lugar” é o melhor da cidade.
b)
Apesar de os dois textos apresentarem problemas das grandes
cidades, qual deles é o mais otimista? Justifique.
O texto da criança é mais otimista, uma vez
que apresenta pontos positivos e negativos das cidades. O outro só apresenta
pontos negativos, até porque precisa dar o recado de que é preciso sair da
cidade.
10
– O fato de o texto ter determinadas características não nos obriga a gostar
dele. Você gostou do texto? Saberia dizer por que gostou ou não dele?
A opinião é completamente pessoal. O que
sugerimos é que tente sempre buscar as razões de suas posições.
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