Fábula: UM TOMATE FAZENDO DE CONTA QUE ERA BOLA
Karina Kasper
Enquanto acontecia a feira naquela
pequena cidade, existia um tomate muito infeliz.
Ele sabia que logo adiante, em uma linda
pracinha, muitos meninos jogavam futebol entusiasmados. Só que o pobre tomate
tinha uma imensa vontade de também ter alguém que brincasse com ele, sorrisse
para ele, vivesse com ele. Talvez já soubesse que tomates não tem amigos, a não
ser, é claro, os outros tomates. Tudo isso ia o deixando muito triste.
Certa noite, quando todas as frutas e
verduras já haviam sido recolhidas de suas tendas, o pequeno tomate resolveu
dar um jeito na sua situação e saiu em busca de novos amigos. Passou por uma
florzinha vermelha como sua cor e lhe disse:
– Olá linda flor! Quer ser minha amiga?
E a flor muito tímida vendo aquele tomate a
seu lado, quase não sabia o que dizer naquele momento. Suas pétalas tremiam e
achou melhor fazer de conta que não sabia falar. Muito desapontado o tomate
seguiu seu caminho. Numa curva encontrou duas figuras muito estranhas
conversando e decidiu entrar no papo.
– Olá. Gostariam de ser meus amigos?
O sapo que vestia uma roupa esquisita,
analisou aquele pequeno e frágil tomate e disse:
– Não lhe conhecemos e você é apenas
um horrível tomate! Acha que seríamos amigos de um tomate?
– Desculpe, eu pensei… E antes do tomate
poder se explicar o besouro com um chapelão enorme interrompeu:
– Desde quando tomates pensam? E além do
mais aqui não tem lugar para você! Tchau. E foram-se embora, em um lugar bem
longe, onde jamais o tomate os encontrariam.
Pobre tomate!
Sentia-se cada vez mais só. Mas não desistiu de encontrar alguém que pudesse
ser seu amigo de verdade. Porém, ao parar em baixo de uma árvore, ouviu vozes.
Olhou para o seu lado direito e viu duas crianças rindo. De quê, ele não sabia.
– Já sei! Vou perguntar por que riem
tanto e assim pode ser que gostem de mim.
–
Olá. Posso saber do que estão rindo?
As crianças agora não acharam nenhuma graça,
estavam assustadas com o que estava acontecendo.
– Uma bola que fala? Perguntou a menina que
se chamava Lia.
– É.
Parece que ela falou alguma coisa. Respondeu Manuel.
–
Sim, eu falo. Mas… não sou uma bola.
As crianças se olharam e continuaram a rir
sem parar. O tomate se incomodou com isso e tentou somente mais uma vez:
– Está bem! Podem continuar rindo se quiserem,
mas saibam que eu só queria ser amigo de vocês. Eu queria muito. Mas vi que
vocês não gostaram nada de mim e por isso vou embora.
Ao ouvir isso, Lia o chamou:
– Ei, espere! Nós rimos porque você disse que
não era bola.
– Sim, e eu não sou bola. Sou um tomate.
As gargalhadas voltaram a se repetir. O tomate
foi se retirando devagar, sem que fosse percebido. Naquele momento, só pensava
nos meninos que jogavam bola naquela pracinha perto da feira e na maneira
gostosa que brincavam com a bola no gramado. Chegou a pensar que se aqueles
meninos quisessem que ele fosse bola, aceitaria sim. Aos poucos ia se dando
conta de que todos fugiam só porque era um tomate. Na certa, achavam que não
valia a pena ser amigo de alguém tão vermelho, pequeno e que ainda por cima se
chamava tomate. E só pensava agora em ser bola. A bola
daqueles meninos. E daí então teria amigos. Passou na frente da pracinha, onde
doze meninos jogavam bola alegremente. Ficou horas parado observando o jogo. De
repente, a bola que era uma bola pequena, meio alaranjada, foi parar no meio da
rua. Neste instante veio um carro em alta velocidade e passou por cima da bola.
Artur, o dono da bola, ficou desconsolado com o acidente e sentiu até vontade
de chorar. Então o jogo terminou. Sem bola, seria impossível continuar um jogo
de futebol. O tomate que queria ser bola para assim ter amigos, mudou de ideia
na mesma hora. Não queria ser esmagado por um carro, ou chutado com força por
um menino. Ele se deu conta de que não poderia ser amigo de alguém que o
chutasse. Assim, pensou que o melhor a fazer era voltar para a feira. Lá teria
amigos como ele: vermelhos, redondos e o que é melhor, com seu mesmo nome.
Autora: Karina Kasper
Entendendo a fábula:
01 – Qual é o título do
texto?
O título do texto
é “Um tomate fazendo de conta que era bola”.
02 – Quem é o autor do
texto?
A autora do texto
é Karina Kasper.
03 – Quem é o personagem
principal do texto?
O personagem
principal do texto é o tomate.
04 – Quantos e quais são os
personagens que se apresentam no texto?
Os personagens do
texto são 7, o tomate, a florzinha, o sapo, o besouro, Lia, Manuel, Artur.
05 – Onde se passa a
história?
Esta história se
passa em um bairro que tem uma feira.
06 – O que mais desejava o
tomate?
O que ele mais
queria era ter um amigo.
07 – Ele conseguiu o que
queria quando saiu da feira? Justifique sua resposta.
Ele não conseguiu,
ele voltou para a feira para seus amigos tomates.
08 – O que pensou o tomate
quando o carro passou por cima da bola?
Ele pensou que gostaria de ser amigos das
pessoas, mas ele pensou melhor e decidiu que não queria ser amigo de pessoas
que o chutassem ou que ele pudesse ser atropelado.
09 – Por que o tomate
decidiu voltar para casa?
Ele decidiu
voltar para casa pois percebeu que lá estavam seus amigos de verdade.
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