quarta-feira, 25 de junho de 2025

TEXTO: BROMIDROFOBIA - PAULA CARVALHO - COM GABARITO

 Texto: Bromidrofobia

          Paula Carvalho

        Medo de quê: Odores do corpo

        Ok, ninguém em sã consciência gosta de ter cecê ou chulé, cuidando da higiene pessoal para não exalar esses odores pelo corpo. Só que é quase impossível não rolar um bodunzinho ou outro de vez em quando, né? Pois é esse é o pavor de quem sofre de bromidrofobia.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh16frD3S8cdQtIN4peytWKOb9mkknkOl2QV-yOhdMnL9enWxyRLI3hsAM9IHrUkBOUqXZQcF5p879joChVTwCm9tEgWfrkS634tTpJc3i2ixNSOoNkBDrqakWozl94XV5csI4v1D1qXyBQ-EdZ96mqvhyR5QEnnudJGiDqs4TtjadG3pw1tY6_BlXy5sI/s320/mau-cheiro_1749688430116-1024x576.jpg

        Os “Zé-limpinhos” tomam vários banhos por dia e, de tanta esfregação, chegam a ficar com a pele machucada. O medo de cheirar mal pode ser tão grande que muitos evitam qualquer atividade que gere transpiração.

CARVALHO, Paula. Mundo Estranho. São Paulo, ed. 89, p. 14, jul. 2009.

        Bromidrofobia ou Bromidrosifobia: Receio exagerado de que o corpo esteja cheirando mal, principalmente quando o desodorante já não faz mais efeito. Também inclui a aversão a pessoas que exalam um cheiro desagradável. O mesmo que Osmofobia ou Osfresiofobia.

Tatiana Tanaka. Desmistificando a síndrome do pânico, depressão e principais fobias. São Paulo: Universo dos Livros, 2006. p. 32.

Fonte: Língua Portuguesa: Singular & Plural. Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar e Shirley Goulart – 6º ano – Moderna. 2ª edição, São Paulo, 2015. p. 223.

Entendendo o texto:

01 – O que é a bromidrofobia?

      A bromidrofobia é o receio exagerado de que o corpo esteja cheirando mal, principalmente quando o desodorante já não faz mais efeito. Ela também inclui a aversão a pessoas que exalam um cheiro desagradável.

02 – Qual é a principal característica das pessoas que sofrem de bromidrofobia, segundo o texto?

      As pessoas que sofrem de bromidrofobia, chamadas de "Zé-limpinhos" no texto, tomam vários banhos por dia, chegando a machucar a pele de tanta esfregação.

03 – Além da higiene excessiva, que outra atitude os bromidrofóbicos podem ter para evitar o mau cheiro?

      O medo de cheirar mal pode ser tão grande que muitos bromidrofóbicos evitam qualquer atividade que gere transpiração.

04 – Quais são os outros termos mencionados no texto que significam a mesma coisa que bromidrofobia?

      Os outros termos que significam o mesmo que bromidrofobia são Osmofobia ou Osfresiofobia.

05 – Como o texto diferencia a bromidrofobia de uma preocupação comum com a higiene pessoal?

      O texto diferencia a bromidrofobia de uma preocupação comum ao afirmar que, enquanto "ninguém em sã consciência gosta de ter cecê ou chulé", o medo do bromidrofóbico é um "pavor" exagerado que leva a atitudes extremas, como tomar vários banhos ao dia e evitar suar.

 

 

CRÔNICA: NEM TUDO COMEÇA COM UM BEIJO - FRAGMENTO - JORGE ARAÚJO - COM GABARITO

 Crônica: Nem tudo começa com um beijo – Fragmento

              Jorge Araújo

XI

      O apartamento tem vista para a solidão. As pessoas cruzam-se nos elevadores, é “bom-dia”, “boa-tarde”, são vizinhos, mas não se conhecem, cada um fechado no seu mundo. As crianças, quando não estão na escola, vivem trancadas na rua. Os jovens, nos intervalos da rebeldia, matam o tédio nas esquinas. Os velhos, esquecidos em quartos atrofiados, contam os dias que faltam para a casa de repouso. O desempregado mora em muitas famílias, os biscates são o pão nosso de cada dia. É um mundo triste, tão triste que até dói.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcIiChWKy3pqpNaJnkRUt6PfG2cUWlC5xVyVgO3HIEEyI5fKTeOWawI8NIfZ2OubWP1WAk6NGKQYTMQFOkgS6uM66rdk3rk75NgjZlk5QVCBb77W7sWmlJTujswF6AMRN9TlwU3Hbtq7wMhtcKEvfVceqxQ-owrksT2eRQZytjWGlQnR5c-s6xnHp5Jqo/s320/hq720.jpg


        Nestes prédios, o mundo do 2° andar direito pouco ou nada difere do 10° andar esquerdo. É o mesmo cheiro de refogado à hora do jantar, são os mesmos trajes de treino – lilás para eles, cor-de-rosa para elas – adormecidos no varal à espera do fim de semana, as mesmas lombadas de enciclopédias britânicas novinhas em folha estacionadas nas estantes.

        [...]

ARAÚJO, Jorge; PEREIRA, Pedro Sousa. Nem tudo começa com um beijo. São Paulo: Agir, 2005. p. 87. (Fragmento).

Fonte: Língua Portuguesa: Singular & Plural. Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar e Shirley Goulart – 6º ano – Moderna. 2ª edição, São Paulo, 2015. p. 241.

Entendendo a crônica:

01 – Qual é o tema principal abordado pelo autor neste fragmento?

      O autor aborda principalmente a solidão e o isolamento presentes na vida urbana contemporânea, onde as pessoas, mesmo vivendo próximas, não se conectam verdadeiramente.

02 – Como o autor descreve a interação entre os vizinhos no prédio?

      A interação entre os vizinhos é descrita como superficial e impessoal. Eles se cruzam nos elevadores, trocam "bom-dia" e "boa-tarde", mas "não se conhecem, cada um fechado no seu mundo."

03 – Que destino é sugerido para as crianças, jovens e idosos neste ambiente?

      Para as crianças, o destino é viver "trancadas na rua" (provavelmente uma metáfora para ficarem restritas a espaços limitados dentro de casa). Os jovens "matam o tédio nas esquinas" nos intervalos da rebeldia. Já os velhos são "esquecidos em quartos atrofiados" e "contam os dias que faltam para a casa de repouso", indicando abandono e espera pelo fim.

04 – O que o autor quer dizer com a frase "O desempregado mora em muitas famílias, os biscates são o pão nosso de cada dia"?

      Essa frase destaca a realidade econômica difícil e a precariedade do trabalho. Sugere que o desemprego é uma condição comum e que muitas famílias dependem de trabalhos informais e temporários ("biscates") para sobreviver, refletindo a dura realidade de muitas pessoas.

05 – De que forma o autor enfatiza a uniformidade e a falta de individualidade nos prédios descritos?

      O autor enfatiza a uniformidade ao afirmar que "o mundo do 2° andar direito pouco ou nada difere do 10° andar esquerdo". Ele aponta elementos comuns como o "mesmo cheiro de refogado à hora do jantar", os "mesmos trajes de treino" adormecidos no varal, e as "mesmas lombadas de enciclopédias britânicas novinhas em folha estacionadas nas estantes", mostrando uma rotina e um estilo de vida padronizados e sem distinções significativas entre os moradores.

 

CRÔNICA: ATRAVÉS DO ESPELHO E O QUE ALICE ENCONTROU POR LÁ - FRAGMENTO - RADUAN NASSAR - COM GABARITO

 Crônica: Através do espelho e o que Alice encontrou por lá – Fragmento

               Raduan Nassar

        [...]

        -- O senhor parece ter muita habilidade para explicar o sentido das palavras – disse Alice – Podia me fazer a gentileza de explicar o sentido do poema “Jaguadarte”?

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfnr7tZqBgO-P2GSRwNjBhnyVqSujPx5mjqIxGLaT3G3w7O6cO4G5rxX5kHlH6_OwB4oQx90UqxzD7acY7H7NZreVRURQPGyBrsxgMk4GkIekKj-jZrxAZOOPdIakLQQtH9x75SKOWUJmD0LPrE6CBtKxhGpO8MR5HCcO_32-NNoNsgc6KZmGNrOkAgjY/s320/alice-atraves-do-espelho-e-o-que-ela-encontrou-do-outro-lado.jpg


        -- Vamos ver isso – disse Humpty Dumpty. – Posso explicar todos os poemas que foram inventados... e boa parte dos que ainda não foram inventados.

        Isso parecia bastante promissor. Assim, Alice repetiu os primeiros versos do “Jaguadarte”:

        Era briluz. As lesmolisas touvas

        Roldavam e relviam nos gramilvos

        Estavam mimsicais as pintalouvas

        E os momirratos davam grilvos

        -- Basta, pra começar – interrompeu Humpty Dumpty – Há uma porção de palavras intrincadas aqui. “Briluz” significa o brilho da luz às quatro horas da tarde, quando se passa a cena descrita nos versos.

        -- gora ficou claro – disse Alice. – E “lesmolisas”?

        -- Ora, significa “lisas como lesmas”. Veja bem, é uma palavra-valise: dois significados embrulhados numa palavra só.

        -- Ah, estou entendendo – comentou Alice pensativamente. – E o que são “touvas”?

        -- Bom, as “touvas” tem algo de toupeiras, algo de lagartos e algo de saca-rolhas, e têm pelos espetados como escovas.

        -- Devem ser bichos muito esquisitos.

        -- E são – disse Humpty Dumpty.

        -- Fazem ninhos nos relógios de sol e se alimentam de queijo.

        -- E o que é “roldavam” e “relviam”?

        -- “Roldavam” significa que os bichos rodavam em roldão e “relviam” que eles se revolviam na relva. “Roldar” também pode ser girar como uma roldana.

        -- E “gramilvos”, aposto, devem ser os tufos de grama plantados em torno dos relógios de sol, onde se ouvem os silvos das serpentes – disse Alice, espantada com a sua própria sagacidade.

        -- Exatamente, é isso. Quanto a “mimsicais” significa “mimosas e musicais” (e aí você tem outra palavra-valise). E “pinta-louvas” são aves canonas meio pintassilgos e meio louva-a-deus.

        -- E “momirratos”, que é? – perguntou Alice. – Espero que não lhe esteja dando muito trabalho.

        -- Bom, “ratos” não precisa explicar. Mas “momi” não sei bem o que é. Talvez venha de “momices”, isto é, caretas e trejeitos. E lembra também as festas de momo, o carnaval. Assim, “momirratos” talvez sejam ratos careteiros ou carnavalescos, o que vem a dar no mesmo.

        -- E o que quer dizer “grilvos”?

        -- Penso que deve ser uma mistura de gritos com silvos bem agudos, com algo pelo meio parecido com o chilro dos grilos. Aliás, você ouvirá esse som em breve, talvez lá na floresta. E ao ouvi-lo, ficará muito satisfeita, creio.

        [...]

CARROLL, Lewis. Através do espelho e o que Alice encontrou lá. Tradução geral e organização de Sebastião Uchoa Leite. 3. ed. São Paulo: Summus, 1980. p. 197-198. (Fragmento).

Fonte: Língua Portuguesa: Singular & Plural. Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar e Shirley Goulart – 6º ano – Moderna. 2ª edição, São Paulo, 2015. p. 227-228.

Entendendo a crônica:

01 – Qual é o principal desafio que Alice apresenta a Humpty Dumpty neste trecho?

      O principal desafio é que Alice pede a Humpty Dumpty para explicar o significado das palavras incomuns e inventadas presentes no poema "Jaguadarte".

02 – Que habilidade especial Humpty Dumpty afirma possuir em relação aos poemas?

      Humpty Dumpty afirma ter a habilidade de "explicar todos os poemas que foram inventados... e boa parte dos que ainda não foram inventados", demonstrando uma autoconfiança notável e um domínio sobre a linguagem.

03 – Qual é a definição de "briluz" dada por Humpty Dumpty?

      Segundo Humpty Dumpty, "briluz" significa "o brilho da luz às quatro horas da tarde, quando se passa a cena descrita nos versos".

04 – O que são "palavras-valise" e quais exemplos são dados no texto?

      "Palavras-valise" são palavras que combinam dois significados em uma só. Os exemplos dados no texto são "lesmolisas" (lisas como lesmas) e "mimsicais" (mimosas e musicais).

05 – Descreva as características das "touvas" de acordo com Humpty Dumpty.

      As "touvas" são bichos esquisitos que "tem algo de toupeiras, algo de lagartos e algo de saca-rolhas, e têm pelos espetados como escovas". Além disso, eles "fazem ninhos nos relógios de sol e se alimentam de queijo."

06 – Como Humpty Dumpty explica os verbos "roldavam" e "relviam"?

      "Roldavam" significa que os bichos "rodavam em roldão" ou "giravam como uma roldana". "Relviam" significa que eles "se revolviam na relva".

07 – Qual é a interpretação que Alice dá para "gramilvos", e como Humpty Dumpty reage a ela?

      Alice interpreta "gramilvos" como "os tufos de grama plantados em torno dos relógios de sol, onde se ouvem os silvos das serpentes". Humpty Dumpty reage positivamente, confirmando que a interpretação de Alice está "exatamente" correta, reconhecendo sua sagacidade.

 

MÚSICA(ATIVIDADES): O MUNDO É UM MOINHO - CARTOLA - COM GABARITO

 Música (Atividade): O Mundo É Um Moinho

             Cartola

Ainda é cedo, amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjF-o1245JlwriikozJh-JhUm_JRhuJDrX_Zfm2Sp3cWO6n8Dh_EEL1shx099BVR7ohaLT61vlArfILz-AL8fRPvcF2agv3mjtkO3CKS_iiJPv35xdEv-tKoLKYTR5d8cu95fMApFqp0NRGpx9NI7LJIe2SEljLDsJM-l_nkLWN2eXGZb2g_TcattZrcWE/s320/maxresdefault.jpg

Preste atenção, querida
Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és

Ouça-me bem, amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões a pó

Preste atenção, querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares, estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com os teus pés

Ainda é cedo, amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar

Preste atenção, querida
Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és

Ouça-me bem, amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões a pó

Preste atenção, querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares, estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com os teus pés.

 

Composição: Cartola. Selo: Discus Marcus Pereira, 1976.

Entendendo a música:

01 – Qual é o principal conselho que o eu-lírico dá à pessoa amada no início da música?

      O principal conselho é para que a pessoa amada preste atenção e reflita sobre suas decisões, pois ela está "anunciando a hora de partida" sem realmente saber o rumo que irá tomar, o que o eu-lírico vê como um erro por ser "ainda cedo".

02 – Qual a metáfora central usada para descrever o mundo e o que ela representa?

      A metáfora central é "o mundo é um moinho". Ela representa a força destrutiva e implacável da vida, que pode esmagar os sonhos, reduzir as ilusões a pó e transformar a inocência em cinismo, caso a pessoa não esteja preparada ou atenta.

03 – Que advertência o eu-lírico faz sobre os amores e suas consequências?

      O eu-lírico adverte que, de cada amor, a pessoa amada "herdarás só o cinismo". Isso sugere que as experiências amorosas podem levar à desilusão e à perda da inocência, tornando a pessoa cínica.

04 – A frase "Em cada esquina cai um pouco tua vida" expressa qual ideia?

      Essa frase expressa a ideia de que a vida se desgasta e se transforma com o tempo e as experiências. Cada "esquina" pode representar um novo caminho, uma nova decisão ou um novo relacionamento que, gradualmente, molda e altera a essência da pessoa, às vezes de forma negativa.

05 – Qual é o "abismo" mencionado na letra e como ele é "cavado"?

      O "abismo" representa uma situação de desgraça, ruína ou profunda tristeza na qual a pessoa pode se encontrar. Ele é "cavado com os teus pés", o que significa que essa situação é resultado das próprias escolhas e atitudes da pessoa ao longo da vida, reforçando a ideia de responsabilidade individual.

 

POESIA: UM FIO - ARNALDO ANTUNES - COM GABARITO

 Poesia: Um fio

             Arnaldo Antunes

Um fio do seu cabelo está na minha cabeça

e não há nada que faça

com que isso

desaconteça.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnbAOmAsQ70Yo3-2zaJCriFYIZAFk9zDLUkYBUtKAu-UNYPtvYpCUh-KPAFppLptxcB_y5C-rekGmsjMSJEyTn5B0pO2OJSN1KBigOFwZAKtCxj-f6ZTA-7oQ9shkAYtnAeodHw0w-7yJpmSNQEkBkIr7f_nYAsSAam67eaKvzAwPPRtKhw4Gtyi-h5ak/s320/maxresdefault.jpg


Um fio do meu cabelo está na sua

e não há nada

que o substitua.

Nem o sol,

nem a lua.

Nem a luz do pensamento mais intenso

que você pense

que eu penso.

ANTUNES, Arnaldo. Nada de DNA. In: Como é que chama o nome disso. Antologia. São Paulo: Publifolha, 2006.

Fonte: Língua Portuguesa: Singular & Plural. Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar e Shirley Goulart – 6º ano – Moderna. 2ª edição, São Paulo, 2015. p. 181.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é o objeto central que simboliza a conexão entre as duas pessoas no poema?

      O objeto central que simboliza a conexão é um fio de cabelo. O poema descreve um fio do cabelo da pessoa amada na cabeça do eu lírico, e um fio do cabelo do eu lírico na pessoa amada.

02 – O que o refrão "e não há nada que faça com que isso desaconteça" e "e não há nada que o substitua" sugere sobre a natureza dessa conexão?

      O refrão "e não há nada que faça com que isso desaconteça" e "e não há nada que o substitua" sugere que a conexão entre as duas pessoas é indelével e insubstituível. É uma ligação que, uma vez estabelecida, não pode ser desfeita ou trocada por nada. Isso reforça a ideia de uma união profunda e permanente.

03 – O poema menciona elementos cósmicos como "o sol" e "a lua". Qual o papel desses elementos na mensagem do poema?

      "O sol" e "a lua" são elementos cósmicos que representam grandezas universais e, em muitas culturas, simbolizam poder e permanência. Ao afirmar que "Nem o sol, / nem a lua" podem substituir o fio de cabelo, o poema eleva a importância da conexão amorosa acima de forças cósmicas, mostrando que a ligação entre os amantes é de um valor inestimável e incomparável.

04 – O que a última estrofe, "Nem a luz do pensamento mais intenso / que você pense / que eu penso", revela sobre a profundidade da ligação?

      A última estrofe revela que a profundidade da ligação transcende até mesmo o nível do pensamento e da cognição. Significa que a conexão não se baseia apenas em ideias ou intenções, por mais intensas que sejam. É uma união que existe em um nível mais profundo e intrínseco, independente do que um ou outro possa pensar ou conceber.

05 – De que forma o poema utiliza a simplicidade da imagem do "fio de cabelo" para transmitir uma ideia de grande complexidade emocional e afetiva?

      O poema utiliza a aparente simplicidade de um "fio de cabelo" como uma metáfora poderosa para a interconexão e a inseparabilidade em um relacionamento. Um simples fio de cabelo, que poderia ser considerado trivial, torna-se um símbolo da união profunda e inabalável entre duas pessoas. Através dessa imagem cotidiana, Antunes consegue expressar a ideia de que o amor e a conexão podem ser tão sutis quanto um fio, mas ao mesmo tempo tão fortes que desafiam o tempo, o universo e até mesmo os pensamentos mais profundos.

 

 

DEBATE: ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - FRAGMENTO - LUIZ CARLOS AZEDO - COM GABARITO

 Debate: Estatuto da Criança e do Adolescente – Fragmento

             Luiz Carlos Azedo – apresentador

        Olá. Está no ar o 3 a 1, aqui na TV Brasil. Eu sou Luiz Carlos Azedo e hoje nós vamos debater a importância do Estatuto da Criança e do Adolescente, que completa vinte anos. Participam dessa nossa conversa Yvonne Bezerra de Mello, coordenadora pedagógica do Projeto Uerê; Luís Fernando de França Romão, membro do Conselho de Adolescentes e Jovens da Associação Brasileira de Magistrados, Promotores de Justiça e Defensores Públicos; e Luciana Phebo, coordenadora do Unicef no Rio de Janeiro.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVUjSLZxCvT9YtYLIMUBdRQ3_B3KzTzj5sTrQIPf1XiJXNzt-_lIF-7RAuLcPPI6fKjjX4LYZZ0swuF1rYRjNHBsJJqd9IC6bQ8RGoPd0bEnB61_33dzwkqFtxvDnbIjeoiGzlPe9mVgJ-SaQdFXdyb9Q5qzdxZV54n-5tm_2NhM2AFb62ZslNG_4xd2Q/s320/estatuto-da-crian-a-e-do-adolescente.jpg


        Narradora

        O estatuto voltado para a proteção integral da criança e do adolescente, o ECA, comemorou vinte anos no último dia 13. Resultado de uma ampla mobilização popular, a lei é considerada uma revolução no sistema de garantias individuais. Pela primeira vez, deixava-se bem claro: meninos e meninas são sujeito, e não objeto. Entre os principais avanços grados pela implantação do estatuto estão: a redução de mais de 50% do trabalho infantil, a diminuição de 30% da gravidez na adolescência e a queda de 50% nos casos de mortalidade infantil. Mesmo com essas conquistas, ainda existe uma distância muito grande entre a lei e a realidade. Hoje, enquanto alguns questionam e querem mudar a lei, outros afirmam que o que é preciso mesmo é mudar a realidade.

        Luiz Carlos Azedo

        E aí, dona Yvonne, a senhora que trabalha com esse tema já há mais de vinte anos, que acompanhou todo esse processo de implantação do Estatuto da Criança e do Adolescente, qual é o balanço que você faz desse...?

      Yvonne Bezerra de Mello – Coordenadora pedagógica do projeto Uerê

        Eu acho o balanço muito positivo. É um instrumento onde o Brasil é pioneiro na proteção de crianças e adolescentes, é um exemplo para o mundo todo. Eu acho que, a partir daí, nós conseguimos avançar e diminuir estatísticas como trabalho infantil e outros no país. Agora, ele tem que ser implementado de fato, e esse é o grande problema, porque isso depende dos políticos. Mas eu acho que a lei é quase perfeita. Eu acho que ela não tem que ser mudada, eu acho que ela tem que ser implementada, e graças a Deus que ela existe.

        Luiz

        É, mas isso é muito curioso, né? Por exemplo, a Rita Camata se queixa de que, toda campanha eleitoral, ela sofre ataques dos adversários e enfrenta dificuldades nas eleições por causa do Estatuto da Criança e do Adolescente, porque ela foi relatora do estatuto. Porque aí responsabilizam ela pelo aumento da criminalidade dos adolescentes, porque os adolescentes não podem ser presos, têm regalias, etc. é... como é que... essa relação entre...

        Yvonne

        Eu acho que isso...

      Luiz

        ... a política e esses problemas ocorrem na prática?

        Yvonne

        Não ocorrem. É porque normalmente quando se pensa em adolescente, se pensa em um adolescente infrator pobre, não é? Mas no Brasil, a lei é para todos: pobres e ricos e médios, não importa, entendeu? Então eu acho o que o pessoal reclama da Rita é que o menor infrator pobre tem que ser mais punido que o menor infrator rico. Então eu acho que isso é irrelevante. O que é relevante é que a lei existe, é uma lei de proteção muito benfeita, e graças que o Brasil a tem, porque assim nós podemos avançar nas políticas públicas no segmento da criança e do adolescente.

      Luiz

        Do ponto de vista das organizações internacionais – o Unicef é um organismo ligado às nações Unidas – qual é a, vamos dizer assim, a expectativa que se tem com relação ao que se faz aqui no Brasil?

      Luciana Phebo – coordenadora do Unicef – RJ

        Com relação a esse cenário internacional, o Brasil vi muito bem. Nós temos aí como referência as metas do milênio, né? O mundo inteiro avançando para que em 2015 as metas sejam alcançadas, e o Brasil vai alcançar a maioria das metas do milênio. E isso muito por conta das políticas públicas, muito por conta do Estatuto da Criança e do Adolescente, mas ainda muito precisa ser feito no país. O estatuto é implementado, esses avanços acontecem, mas não de forma igual. Existem disparidades, diferenças incríveis dentro do Brasil.

        Luiz

        Vocês têm estatísticas, assim, atualizadas com relação a isso aqui no Brasil?

      Luciana

        Com certeza. O Brasil tem estatística atualizada. Isso também é um ponto forte no contexto brasileiro: a informação, o acesso a essa informação, muitas vezes até mesmo para a população. Um dado exemplar do que eu trago aqui em relação às disparidades: a redução da mortalidade infantil, né? Houve um avanço importante no Brasil com relação à taxa de mortalidade infantil (as crianças de menos de 1 ano de idade). Em 1997, a taxa de mortalidade infantil era por volta de 32, ou seja, a cada mil crianças que nasciam, 32 morriam ante de completar 1 ano de idade. Dez anos depois, em 2007, essa taxa de mortalidade cai para 19 (Brasil). ou seja, a cada mil crianças que nascem no Brasil, 19 morrem, mas há uma diferença...

      Luiz

        Isso em termos, assim, comparativos, qual... por exemplo, nos países considerados desenvolvidos, normalmente essa taxa de mortalidade qual é, hein?

      Luciana

        Por volta de dez, abaixo, e fica pelo menos no primeiro dígito, sem... não acima de dois dígitos.

        Luiz

        Então a gente pode dizer que nós estamos quase chegando lá?

        Luciana

        Nós estamos chegando lá, nós atendemos à redução que se coloca aí para as metas do milênio, mas, se nós formos comparar regiões do Brasil, o Nordeste ainda tem uma taxa de mortalidade muito alta (a taxa de mortalidade infantil).

        Luiz

        Tá em quanto?

        Luciana

        Vinte e sete. Enquanto no Sul, na região Sul do país, está abaixo de 13, ou seja, mais do que o dobro. Essas disparidades que nós ainda precisamos enfrentar. Não só as disparidades regionais, mas também as disparidades...

        Luiz

        Agora, isso tá ligado muito ao dinamismo econômico também das regiões, né? As regiões que têm uma economia mais rica, mais forte, têm uma taxa de mortalidade infantil menor, né? Não é só...

      Luciana

        Com certeza o desenvolvimento econômico e o desenvolvimento social, né? E é importante que os nossos governantes, que a nossa sociedade saiba que o desenvolvimento infantil (cuidar bem das crianças pequenas) é um condicionante essencial para o desenvolvimento não só social, como também o desenvolvimento econômico. Não só a economia influencia nessa... na proteção das crianças, dos adolescentes, como também uma região, um país que cuida bem das suas crianças, que aplica o Estatuto da Criança e do Adolescente, também é um condicionante para o desenvolvimento não só social, como também econômico do país.

Luiz Carlos Azedo. TV Brasil, Programa 3 a 1. (Fragmento).

Fonte: Língua Portuguesa: Singular & Plural. Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar e Shirley Goulart – 6º ano – Moderna. 2ª edição, São Paulo, 2015. p. 86-89.

Entendendo o debate:

01 – Qual o principal foco do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o que ele representou para a garantia dos direitos de crianças e adolescentes no Brasil?

      O principal foco do ECA é a proteção integral da criança e do adolescente. Ele representou uma revolução no sistema de garantias individuais, pois, pela primeira vez, deixou claro que meninos e meninas são sujeitos de direitos, e não objetos.

02 – Quais foram os principais avanços destacados pela implantação do ECA, segundo a narradora?

      A narradora destaca três avanços principais: a redução de mais de 50% do trabalho infantil, a diminuição de 30% da gravidez na adolescência e a queda de 50% nos casos de mortalidade infantil.

03 – Qual a avaliação de Yvonne Bezerra de Mello sobre o balanço dos 20 anos do ECA?

      Yvonne Bezerra de Mello faz um balanço muito positivo. Ela considera o ECA um instrumento onde o Brasil é pioneiro na proteção de crianças e adolescentes, sendo um exemplo para o mundo todo. Para ela, a lei é "quase perfeita" e não precisa ser mudada, mas sim implementada de fato.

04 – Como Yvonne Bezerra de Mello rebate a crítica de que o ECA seria responsável pelo aumento da criminalidade entre adolescentes?

      Yvonne Bezerra de Mello refuta essa crítica afirmando que a lei é para todos (pobres, ricos e médios) e que a reclamação se baseia na ideia de que o menor infrator pobre deveria ser mais punido que o rico. Ela considera essa discussão irrelevante, pois o importante é que a lei existe e é uma lei de proteção muito bem-feita.

05 – De que forma o Brasil se posiciona em relação às metas do milênio no cenário internacional, segundo Luciana Phebo do Unicef?

      Segundo Luciana Phebo, o Brasil se posiciona muito bem em relação às metas do milênio. O país deve alcançar a maioria dessas metas, muito por conta das políticas públicas e do Estatuto da Criança e do Adolescente.

06 – Qual foi a evolução da taxa de mortalidade infantil no Brasil entre 1997 e 2007, e qual é a taxa de mortalidade infantil em países desenvolvidos?

      Em 1997, a taxa de mortalidade infantil no Brasil era de 32 por mil nascidos vivos. Em 2007, essa taxa caiu para 19. Em países desenvolvidos, essa taxa geralmente fica abaixo de dez, no primeiro dígito.

07 – Quais são as disparidades que Luciana Phebo ainda observa na implementação do ECA e no desenvolvimento infantil no Brasil?

      Luciana Phebo observa disparidades significativas na implementação do ECA e no desenvolvimento infantil, principalmente entre as regiões do Brasil. Por exemplo, o Nordeste ainda tem uma taxa de mortalidade infantil muito alta (27), enquanto a região Sul está abaixo de 13. Ela ressalta que essas disparidades estão ligadas ao dinamismo econômico e social das regiões.

 

POESIA: O CONSTANTE DIÁLOGO - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

 Poesia: O CONSTANTE DIÁLOGO


            Carlos Drummond de Andrade

Há tantos diálogos

Diálogo com o ser amante

                     o semelhante

                     o diferente

                     o indiferente

                     o oposto

                     o adversário

                     o surdo-mudo

                     o possesso

                     o irracional

                     o vegetal

                     o mineral

                     o inominado.

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhu_9JxFlHfDzxNhdenGZl7zhrcUt437ibE41JWu9E77ZV5DpnYOn2VuB5EV0wDgRDzWy4tJIAcKZgtG1rX3mjiUPuKlJw2YN-H4cXDSAcAZ0FrrD2FCrFFVl7qA7W4zKF_t-BE4JxYOg6wpF6B69jGT_a5lYTnnSuE6T4C6bbPcbBrAFCfSjKXRGb3LfM/s320/29896047-pessoa-conversa-sobre-dentro-desenho-animado-estilo-dialogo-bate-papo-discurso-bolha-falando-pessoas-estoque-ilustracao-vetor.jpg

Diálogo consigo mesmo

                     com a noite

                     os astros

                     os mortos

                     as ideias

                     o sonho

                     o passado

                     o mais que futuro.

 

Escolhe teu diálogo

                     e

Tua melhor palavra

                      ou

Teu melhor silêncio

Mesmo no silêncio e com o silêncio

dialogamos.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia completa. 8. ed. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002. p. 854-855.

Fonte: Língua Portuguesa: Singular & Plural. Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar e Shirley Goulart – 6º ano – Moderna. 2ª edição, São Paulo, 2015. p. 146.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é o tema central abordado no poema "O Constante Diálogo"?

      O tema central do poema é a amplitude e a ubiquidade do diálogo na existência humana. Drummond explora as diversas formas e objetos com os quais o indivíduo dialoga, evidenciando que essa interação vai muito além da comunicação verbal entre pessoas.

02 – O poema lista diferentes tipos de "ser amante" com os quais se pode dialogar. Quais são alguns exemplos e o que essa variedade sugere?

      O poema menciona o "ser amante", o "semelhante", o "diferente", o "indiferente", o "oposto", o "adversário", o "surdo-mudo", o "possesso", o "irracional", o "vegetal", o "mineral" e o "inominado". Essa variedade sugere que o diálogo não se restringe apenas a seres humanos ou a interações positivas, mas se estende a todas as formas de existência, incluindo a natureza e aquilo que não pode ser nomeado ou compreendido de imediato.

03 – Além do diálogo com outros seres, com o que mais o eu lírico afirma que se pode dialogar?

      O eu lírico afirma que se pode dialogar consigo mesmo, com a noite, os astros, os mortos, as ideias, o sonho, o passado e o "mais que futuro". Isso mostra que o diálogo também ocorre em um plano interno e transcendental, envolvendo reflexões, memórias e projeções.

04 – Qual é a escolha que o poema apresenta ao leitor na parte final?

      Na parte final, o poema apresenta a escolha entre "Tua melhor palavra" ou "Teu melhor silêncio". Isso sugere que o diálogo pode ser tanto verbal quanto não verbal, e que a sabedoria reside em saber quando usar a palavra e quando optar pelo silêncio, pois "Mesmo no silêncio e com o silêncio / dialogamos."

05 – Como o poema de Drummond amplia a compreensão tradicional de "diálogo"?

      O poema de Drummond amplia a compreensão tradicional de "diálogo" ao mostrar que ele não é apenas uma troca de palavras entre duas ou mais pessoas. Para o poeta, o diálogo é uma condição existencial constante, que abrange interações com o mundo físico, o universo abstrato, o eu interior, e até mesmo com o que parece inanimado ou incompreensível. A essência do diálogo, então, está na conexão e na percepção do mundo e de si mesmo.

 

 

NOTÍCIA: SEGREDOS DA ÁFRICA - FRAGMENTO - SOTIGUI KOUYATÉ - COM GABARITO

 Notícia: Segredos da África – Fragmento

            Sotigui Kouyaté

        O ator e diretor de teatro africano, nascido em Mali, Sotigui Kouyaté conta algumas histórias de seu povo e fala das tradições de seu continente

        O ator e diretor teatral Sotigui Kouyaté tem no currículo experiência de sobra para assegurar a empatia do público e elogios da crítica ocidental. Exemplos disso não faltam, como as diversas peças do dramaturgo inglês Peter Brook de que participou – contato que extrapolou os palcos para ganhar a esfera da amizade. Apesar de ter muitas histórias de oportunidades profissionais para contar, não parece ser esse lado da própria trajetória que mais inspira Kouyaté a falar. Convidado do Sesc Consolação para uma palestra e workshop sobre teatro, preferiu prender a atenção dos presentes com histórias e relatos dos costumes da “pequena parte da África” da qual faz parte, como costuma dizer. Nascido em Bamako, no Mali, é de origem guineana e descendente direto do povo que pertencia ao Império Mandengue – dinastia que, com o Império de Gana, dividia a África em um desenho completamente ignorado pelos europeus durante a colonização. Talvez justamente pelo fato de que boa parte do mundo ainda desconheça o continente africano, Kouyaté aproveitou a ocasião para falar de seu povo, do que lhe é sagrado até hoje – e isso inclui os estrangeiros, “ricos porque trazem aquilo que não conhecemos”, afirma -, contar sobre a relação que tem com os mistérios e os “milagres” da vida e para agradecer a oportunidade de mais um encontro, algo que, segundo ele, está no âmago da civilização africana. A seguir, trechos.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiL_8yGVB0g7sRR8zgRw1-vtk-zf6kzN4uyYPkJiPBIbteCY1dhs4rie7hiS9Nhgt11iSZShATJJdW8Wt-VwmgK-gvsLSN_mifseL_8wq4b4glpMYM4ojqCW0BZ09dCW7k1rGAMocO-YjYGJm3nfN4K24LKkMVkZJP28v-f00_LHFho1J9hheAH3FtaFzw/s320/empire_mansa_musa.jpg

        MEMÓRIA COLETIVA

        A África é imensa, grande e profunda. Muito vasta. Logo, querer falar pela África seria uma grande pretensão. Por isso, escolhi falar sobre a pequena parte da África à qual pertenço, a África do oeste. Na porção oriental do continente, antes da colonização, houve grandes impérios. No século 11, houve o Império de Gana e, no século 13, o Império Mali (Mandengue, na verdade, já que Mali é um nome ocidental). E eu faço parte do que era o Império Mandengue, que abrigava o que hoje é o Senegal, a Gâmbia, a Guiné-Bissau, a Libéria, a Mauritânia, a Guiné, o Mali, Burkina Fasso, o norte da Costa do Marfim e o leste do Níger. Meu sobrenome, Kouyaté, tem origem nesse império e está ligado a sua história. Ele quer dizer “há um segredo entre você e mim”. Sou o que chamamos griot. Os griots são como a memória do continente africano – dessa parte da África da qual falei. São a biblioteca, os guardiões da tradição e da cultura africana, encarregados de organizar todas as cerimônias. A função mais importante de um griot é a de mediador entre o povo, os reis e as famílias – e isso ainda continua. A presença deles é indispensável para o equilíbrio da sociedade africana. A gente não se torna griot, nasce. É algo que se passa de pai para filho. E não somente os homens são griots, existem mulheres também, e elas são muito poderosas. Foi essa minha função de griot que me levou ao teatro. Porque um griot não representa somente as palavras, tem a ver com estar a serviço de todo mundo. Minha mulher diz que eu não sei dizer não. Mas um griot não pode dizer não a uma pessoa que lhe faz uma pergunta, a menos que não possa responder.

        [...]

Revista E, Sesc – SP, nº 117, fev. 2007.

Fonte: Arte em Interação – Hugo B. Bozzano; Perla Frenda; Tatiane Cristina Gusmão – volume único – Ensino médio – IBEP – 1ª edição – São Paulo, 2013. p. 69-70.

Entendendo a notícia:  

01 – De qual país africano Sotigui Kouyaté é nascido e a qual império antigo ele é descendente direto?

A. Mali e Império Mandengue.

B. Guiné e Império Mali.

C. Senegal e Império de Gana.

D. Mali e Império de Gana.

02 – Qual é a principal função de um griot, conforme descrito por Sotigui Kouyaté?

A. Compor músicas e danças para entretenimento.

B. Representar seu povo em negociações com estrangeiros.

C. Ser o guardião da memória coletiva, tradição, cultura e mediador.

D. Liderar cerimônias religiosas e políticas.

03 – Além de ter participado de diversas peças do dramaturgo inglês Peter Brook, que outra esfera de relacionamento Kouyaté desenvolveu com ele?

A. Uma relação de mentor-discípulo.

B. Uma rivalidade profissional.

C. Uma parceria de negócios.

D. Uma forte amizade.

04 – De acordo com Sotigui Kouyaté, por que os estrangeiros são considerados "ricos"?

A. Por possuírem grandes fortunas materiais.

B. Por facilitarem o comércio internacional.

C. Por trazerem conhecimentos e experiências desconhecidos.

D. Por ajudarem no desenvolvimento econômico da África.

05 – Antes da colonização europeia, quais dois grandes impérios dividiam a África, segundo o texto?

A. Império Mandengue e Império de Gana.

B. Império Songhai e Império Ashanti.

C. Império Mali e Império dos Reinos Hausa.

D. Império Axum e Império Egípcio.

06 – Como a função de griot é transmitida na sociedade africana?

A. Escolha pessoal após anos de estudo e dedicação.

B. É algo que se nasce, passado de pai para filho.

C. Por meio de um treinamento rigoroso e certificação.

D. Através de um processo de eleição pela comunidade.

07 – O que Sotigui Kouyaté destaca como estando "no âmago da civilização africana"?

A. A constante luta contra a colonização e seus legados.

B. A valorização do encontro e da troca entre as pessoas.

C. A capacidade de dizer "não" para preservar a própria cultura.

D. A busca pela riqueza material e expansão territorial.