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quarta-feira, 25 de junho de 2025

CRÔNICA: EI! TEM ALGUÉM AÍ? - FRAGMENTO - JOSTEIN GAARDER - COM GABARITO

 Crônica: Ei! Tem alguém aí? – Fragmento

             Jostein Gaarder

        Ele se inclinou bem para frente, fazendo uma reverência. […] Perguntei:

        “Por que você está se inclinando?”

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhTmUVyKXzn1yT1V-N88BCQgfxICDUPw-vkdsSLm1PQeXFw40NCtxDsOJ5rfYrAhL0RIyKRJyNAwhvuayoDws7BrRlX3__Ig7czURnhMxJQ53h6M2zeQhJ_kFtFR52B9Oacq9arw7WdgDyn08LEwU0tYgRjmZJMupQu7AQPr-SFf6u9QSUWl6mINIf-iE/s1600/716DPF2mk+L._AC_UC200,200_CACC,200,200_QL85_.jpg


        “Lá de onde eu venho”, explicou ele, “nós sempre fazemos alguma reverência, quando alguém faz uma pergunta fascinante. E quanto mais profunda for a pergunta, mais profundamente a gente se inclina.”

        […] a resposta me impressionou tanto que fiz uma profunda reverência, me inclinando ao máximo.

        “Por que você me fez uma reverência?”, perguntou ele, num tom quase ofendido.

        “Porque você deu uma resposta superinteligente para minha pergunta”, respondi.

        Daí, numa voz bem alta e clara, ele disse algo que eu haveria de lembrar para o resto da vida:

        “Uma resposta nunca merece uma reverência. Mesmo que for inteligente e correta, nem assim você deve se curvar para ela. […] Quando você se inclina, dá passagem. […] E a gente nunca deve dar passagem para uma resposta. […] A resposta é sempre um trecho do caminho que está atrás de você. Só a pergunta pode apontar o caminho para frente”.

        Achei que havia tanta sabedoria nas suas palavras, que precisei segurar bem firme meu queixo para não fazer outra reverência.

Extraído de: Ei! Tem alguém aí? São Paulo, Companhia das Letrinhas, 1997, p. 27-29.

Entendendo a crônica:

01 – Qual é a primeira ação que o personagem misterioso realiza ao se apresentar?

      A primeira ação que o personagem misterioso realiza é inclinar-se bem para frente, fazendo uma reverência.

02 – Por que o personagem misterioso se inclina quando alguém faz uma pergunta?

      Ele se inclina porque, de onde ele vem, é um costume fazer uma reverência quando alguém faz uma pergunta fascinante. Quanto mais profunda a pergunta, mais profunda a reverência.

03 – Como o narrador reage à explicação do personagem sobre as reverências?

      O narrador fica tão impressionado com a resposta que faz uma profunda reverência, inclinando-se ao máximo.

04 – Por que o personagem misterioso fica "quase ofendido" quando o narrador faz uma reverência?

      Ele fica "quase ofendido" porque, em sua perspectiva, uma resposta nunca merece uma reverência, mesmo que seja inteligente e correta.

05 – O que significa "dar passagem" no contexto da explicação do personagem misterioso?

      No contexto da explicação, "dar passagem" significa ceder ou curvar-se diante de algo. Ele argumenta que nunca se deve "dar passagem" para uma resposta.

06 – Qual é a principal diferença que o personagem misterioso estabelece entre uma pergunta e uma resposta?

      O personagem estabelece que a resposta é sempre um trecho do caminho que está atrás de você, ou seja, ela é algo já dado ou conhecido. Já a pergunta é o que pode apontar o caminho para frente, indicando a busca por algo novo e desconhecido.

07 – O que o narrador precisa fazer no final para não fazer outra reverência?

      No final, o narrador precisa segurar bem firme o queixo para não fazer outra reverência, pois achou que havia muita sabedoria nas palavras do personagem misterioso.

 

CONTO: MARCELO, MARMELO, MARTELO - FRAGMENTO - RUTH ROCHA - COM GABARITO

 Conto: Marcelo, marmelo, martelo – Fragmento

           Ruth Rocha

        [...]

        Uma vez, Marcelo cismou com o nome das coisas:

        — Mamãe, por que é que eu me chamo Marcelo?

        — Ora, Marcelo foi o nome que eu e seu pai escolhemos.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2oUgoLwixBNCjwmILswhOuDRB0jqoLFVSdFQPPsVihwpddMIuO6og2QsKNRZ0XN7NWkdtmeKGc6_3Jr6JaYBT8A-pWQixz5eOoK24RZNYucyKIYQG6SrV0AMMBht2hyd4S7nyDps9mRuA3siGkI1DUdS07Plgo39aI9r4TOPhtQ4b5vpiE0l4yrF6ayw/s320/Marcelo_Marmelo_Martelo.jpg


        — E por que é que não escolheram martelo?

        — Ah, meu filho, martelo não é nome de gente! É nome de ferramenta...

        — Por que é que não escolheram marmelo?

        — Porque marmelo é nome de fruta, menino!

        — E a fruta não podia chamar Marcelo, e eu chamar marmelo?

        No dia seguinte, lá vinha ele outra vez:

        — Papai, por que é que mesa chama mesa?

        — Ah, Marcelo, vem do latim.

        — Puxa, papai, do latim? E latim é língua de cachorro?

        — Não, Marcelo, latim é uma língua muito antiga.

        — E por que é que esse tal de latim não botou na mesa nome de cadeira, na cadeira nome de parede, e na parede nome de bacalhau?

        — Ai, meu Deus, este menino me deixa louco!

        Daí a alguns dias, Marcelo estava jogando futebol com o pai:

        — Sabe, papai, eu acho que o tal de latim botou nome errado nas coisas. Por exemplo: por que é que bola chama bola?

        — Não sei, Marcelo, acho que bola lembra uma coisa redonda, não lembra?

        — Lembra, sim, mas... e bolo?

        — Bolo também é redondo, não é?

        — Ah, essa não! Mamãe vive fazendo bolo quadrado...

        O pai de Marcelo ficou atrapalhado.

        E Marcelo continuou pensando:

        "Pois é, está tudo errado! Bola é bola, porque é redonda. Mas bolo nem sempre é redondo. E por que será que a bola não é a mulher do bolo? E bule? E belo? E bala? Eu acho que as coisas deviam ter nome mais apropriado. Cadeira, por exemplo. Devia chamar sentador, não cadeira, que não quer dizer nada. E travesseiro? Devia chamar cabeceiro, lógico! Também, agora, eu só vou falar assim".

        [...]

ROCHA, Ruth. Marcelo, marmelo, martelo e outras histórias. 27. ed. São Paulo: Salamandra, s.d. p. 9-13. (Fragmento).

Fonte: Língua Portuguesa: Singular & Plural. Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar e Shirley Goulart – 6º ano – Moderna. 2ª edição, São Paulo, 2015. p. 202-203.

Entendendo o conto:

01 – Qual é a principal "cisma" de Marcelo que inicia o conto?

      A principal cismada de Marcelo é com o nome das coisas. Ele questiona por que cada objeto e pessoa tem um nome específico e não outro.

02 – Que exemplos Marcelo usa para questionar o nome dele próprio e de outras coisas?

      Marcelo questiona por que se chama Marcelo e não "martelo" ou "marmelo". Depois, ele pergunta por que mesa se chama mesa, e não "cadeira", "parede" ou "bacalhau". Por fim, ele indaga sobre o nome de bola e bolo.

03 – Como a mãe de Marcelo tenta explicar o nome dele?

      A mãe de Marcelo tenta explicar que "Marcelo" foi o nome que ela e o pai escolheram. Para justificar a não escolha de "martelo" ou "marmelo", ela diz que "martelo não é nome de gente" e "marmelo é nome de fruta".

04 – Qual é a explicação do pai de Marcelo para o nome "mesa" e como Marcelo reage a ela?

      O pai de Marcelo explica que a palavra "mesa" vem do latim. Marcelo reage de forma curiosa, perguntando se "latim é língua de cachorro", e depois questiona por que o latim não "botou na mesa nome de cadeira, na cadeira nome de parede, e na parede nome de bacalhau".

05 – Por que o pai de Marcelo fica "atrapalhado" ao discutir o nome "bola" e "bolo" com o filho?

      O pai de Marcelo fica atrapalhado porque, ao tentar explicar que "bola" lembra uma coisa redonda, Marcelo contrapõe que "bolo nem sempre é redondo", já que a mãe faz bolo quadrado. Isso desestabiliza a lógica simples que o pai tentava apresentar.

06 – Quais são as propostas de Marcelo para novos nomes para "cadeira" e "travesseiro"?

      Marcelo propõe que "cadeira" devia chamar "sentador" e "travesseiro" devia chamar "cabeceiro", argumentando que esses nomes seriam mais "apropriados" e lógicos em relação à função dos objetos.

07 – O que a insistência de Marcelo em questionar os nomes das coisas revela sobre sua forma de pensar?

      A insistência de Marcelo em questionar os nomes das coisas revela que ele tem um pensamento crítico e uma lógica própria e criativa. Ele não aceita as convenções sem questionamento, buscando uma coerência e um sentido mais direto na linguagem. Isso demonstra uma mente curiosa e original, característica da fase infantil de descoberta do mundo.

 

 

PIADA: NA LOJA DE TECIDOS - ZYLBERSZTAJN - COM GABARITO

 Piada: Na loja de tecidos

          ZYLBERSZTAJN.

        — Quanto custa o metro deste algodão? — pergunta Jacó.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdbxABra6_PZLjsJpK1icM9EfbXht_ZpUChjf6-ANu0qrteoP0EVtowISQyzIdhN5kjevCyFmcuPzkOfD6EIRYY-9EYWn2aPY2NzmnVz2OjgvsBn_-KzyGKcTEJqN_4T8tHe6zn84Zk8rRuWhoGB8X_LbgmERTkfuo-hDFgEOglZ7lvrWdeI2YsCJD3DA/s1600/download.jpg


        — Estamos em promoção — diz o vendedor, pegando a bobina do tecido —, quanto mais o senhor levar, mais barato fica.

        — Então, vai desenrolando até ficar de graça.

ZYLBERSZTAJN. Abram. As melhores piadas do humor judaico.
Rio de Janeiro: Garamond, 2003. p. 16. v. 2.

Fonte: Língua Portuguesa: Singular & Plural. Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar e Shirley Goulart – 6º ano – Moderna. 2ª edição, São Paulo, 2015. p. 209.

Entendendo a piada:

01 – Qual é o nome do cliente que pergunta o preço do algodão?

      O cliente se chama Jacó.

02 – Qual é a condição especial que o vendedor oferece sobre o preço do tecido?

      O vendedor informa que estão em promoção e que "quanto mais o senhor levar, mais barato fica".

03 – Como o vendedor demonstra a condição especial para o cliente?

      O vendedor pega a bobina do tecido para ilustrar a promoção.

04 – O que Jacó pede ao vendedor, com base na promoção?

      Jacó pede para o vendedor "desenrolar" o tecido até que ele fique "de graça".

05 – Qual é o humor da piada?

      O humor da piada reside no fato de Jacó levar a lógica da promoção ("quanto mais leva, mais barato fica") ao extremo, imaginando que se ele levar uma quantidade infinita de tecido, o preço chegaria a zero.

 

MÚSICA(ATIVIDADES): AÍ! SE SÊSSE! - ZÉ DA LUZ - COM GABARITO

 Música (Atividade): Ai! Se sêsse!

            Zé da Luz

Se um dia nois se gostasse
Se um dia nois se queresse
Se nois dois se empareasse
Se juntim nois dois vivesse
Se juntim nois dois morasse
Se juntim nois dois drumisse
Se juntim nois dois morresse
Se pro céu nois assubisse

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNgUjFziglWpU0ue0HnpSsuA0Fc40B0ihBDqSKzASafI_ZPBOvJeaZ4o9Ht4ehkvxy8Gh0hSSsnxDw0Ow4-9ZWZYlSKpimMvA4xxk4iUcKMCxjeChkHUAts2yOTXSbrPqzQQWxykdDGFGmIyzp7ygO_II2yLcFwqk45Xu9hIt6YuEn_pCiY7FnqMcH3_w/s320/maxresdefault.jpg


Mas porém acontecesse de São Pedro não abrisse
A porta do céu e fosse te dizer qualquer tulice
E se eu me arriminasse
E tu cum eu insistisse pra que eu me arresolvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Tarvês que nois dois ficasse
Tarvês que nois dois caísse
E o céu furado arriasse e as virgi toda fugisse.

Composição: Zé Da Luz. Disponível em: http://letras.terra.com.br/cordel-do-fogo-encantado/78514/. Acesso em: 4 nov. 2014.

Fonte: Língua Portuguesa: Singular & Plural. Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar e Shirley Goulart – 6º ano – Moderna. 2ª edição, São Paulo, 2015. p. 215.

Entendendo a música:

01 – Qual é o sentimento principal que o eu-lírico expressa no início da canção?

      O sentimento principal expresso no início da canção é o de um desejo profundo e condicional de união com a pessoa amada. O eu-lírico usa a repetição de "se" para imaginar uma vida inteira de cumplicidade e proximidade.

02 – O que o eu-lírico imagina que aconteceria se ele e a pessoa amada morressem e tentassem entrar no céu?

      Ele imagina que, ao chegarem no céu, São Pedro não abriria a porta e diria "qualquer tulice" (besteira, tolice), impedindo a entrada dos dois.

03 – Diante da recusa de São Pedro, qual é a reação extrema e bem-humorada que o eu-lírico pensa em ter?

      O eu-lírico pensa em "se arriminar" (se armar) e, com a insistência da amada, puxar sua faca e "furar o bucho do céu".

04 – Quais seriam as consequências da ação radical do eu-lírico, caso ele "furasse o bucho do céu"?

      As consequências seriam: "Tarvês que nois dois ficasse / Tarvês que nois dois caísse / E o céu furado arriasse e as virgi toda fugisse." Ou seja, talvez eles permanecessem, talvez caíssem, o céu se desmoronaria e todas as virgens (anjos) fugiriam.

05 – Qual é o efeito do uso repetitivo da conjunção "se" ao longo da letra?

      O uso repetitivo da conjunção "se" cria uma atmosfera de hipótese e imaginação, construindo um cenário de possibilidades e fantasias. Ele enfatiza o caráter condicional de todos os eventos narrados, do amor à rebelião celestial.

 

 

TEXTO: BROMIDROFOBIA - PAULA CARVALHO - COM GABARITO

 Texto: Bromidrofobia

          Paula Carvalho

        Medo de quê: Odores do corpo

        Ok, ninguém em sã consciência gosta de ter cecê ou chulé, cuidando da higiene pessoal para não exalar esses odores pelo corpo. Só que é quase impossível não rolar um bodunzinho ou outro de vez em quando, né? Pois é esse é o pavor de quem sofre de bromidrofobia.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh16frD3S8cdQtIN4peytWKOb9mkknkOl2QV-yOhdMnL9enWxyRLI3hsAM9IHrUkBOUqXZQcF5p879joChVTwCm9tEgWfrkS634tTpJc3i2ixNSOoNkBDrqakWozl94XV5csI4v1D1qXyBQ-EdZ96mqvhyR5QEnnudJGiDqs4TtjadG3pw1tY6_BlXy5sI/s320/mau-cheiro_1749688430116-1024x576.jpg

        Os “Zé-limpinhos” tomam vários banhos por dia e, de tanta esfregação, chegam a ficar com a pele machucada. O medo de cheirar mal pode ser tão grande que muitos evitam qualquer atividade que gere transpiração.

CARVALHO, Paula. Mundo Estranho. São Paulo, ed. 89, p. 14, jul. 2009.

        Bromidrofobia ou Bromidrosifobia: Receio exagerado de que o corpo esteja cheirando mal, principalmente quando o desodorante já não faz mais efeito. Também inclui a aversão a pessoas que exalam um cheiro desagradável. O mesmo que Osmofobia ou Osfresiofobia.

Tatiana Tanaka. Desmistificando a síndrome do pânico, depressão e principais fobias. São Paulo: Universo dos Livros, 2006. p. 32.

Fonte: Língua Portuguesa: Singular & Plural. Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar e Shirley Goulart – 6º ano – Moderna. 2ª edição, São Paulo, 2015. p. 223.

Entendendo o texto:

01 – O que é a bromidrofobia?

      A bromidrofobia é o receio exagerado de que o corpo esteja cheirando mal, principalmente quando o desodorante já não faz mais efeito. Ela também inclui a aversão a pessoas que exalam um cheiro desagradável.

02 – Qual é a principal característica das pessoas que sofrem de bromidrofobia, segundo o texto?

      As pessoas que sofrem de bromidrofobia, chamadas de "Zé-limpinhos" no texto, tomam vários banhos por dia, chegando a machucar a pele de tanta esfregação.

03 – Além da higiene excessiva, que outra atitude os bromidrofóbicos podem ter para evitar o mau cheiro?

      O medo de cheirar mal pode ser tão grande que muitos bromidrofóbicos evitam qualquer atividade que gere transpiração.

04 – Quais são os outros termos mencionados no texto que significam a mesma coisa que bromidrofobia?

      Os outros termos que significam o mesmo que bromidrofobia são Osmofobia ou Osfresiofobia.

05 – Como o texto diferencia a bromidrofobia de uma preocupação comum com a higiene pessoal?

      O texto diferencia a bromidrofobia de uma preocupação comum ao afirmar que, enquanto "ninguém em sã consciência gosta de ter cecê ou chulé", o medo do bromidrofóbico é um "pavor" exagerado que leva a atitudes extremas, como tomar vários banhos ao dia e evitar suar.

 

 

CRÔNICA: NEM TUDO COMEÇA COM UM BEIJO - FRAGMENTO - JORGE ARAÚJO - COM GABARITO

 Crônica: Nem tudo começa com um beijo – Fragmento

              Jorge Araújo

XI

      O apartamento tem vista para a solidão. As pessoas cruzam-se nos elevadores, é “bom-dia”, “boa-tarde”, são vizinhos, mas não se conhecem, cada um fechado no seu mundo. As crianças, quando não estão na escola, vivem trancadas na rua. Os jovens, nos intervalos da rebeldia, matam o tédio nas esquinas. Os velhos, esquecidos em quartos atrofiados, contam os dias que faltam para a casa de repouso. O desempregado mora em muitas famílias, os biscates são o pão nosso de cada dia. É um mundo triste, tão triste que até dói.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcIiChWKy3pqpNaJnkRUt6PfG2cUWlC5xVyVgO3HIEEyI5fKTeOWawI8NIfZ2OubWP1WAk6NGKQYTMQFOkgS6uM66rdk3rk75NgjZlk5QVCBb77W7sWmlJTujswF6AMRN9TlwU3Hbtq7wMhtcKEvfVceqxQ-owrksT2eRQZytjWGlQnR5c-s6xnHp5Jqo/s320/hq720.jpg


        Nestes prédios, o mundo do 2° andar direito pouco ou nada difere do 10° andar esquerdo. É o mesmo cheiro de refogado à hora do jantar, são os mesmos trajes de treino – lilás para eles, cor-de-rosa para elas – adormecidos no varal à espera do fim de semana, as mesmas lombadas de enciclopédias britânicas novinhas em folha estacionadas nas estantes.

        [...]

ARAÚJO, Jorge; PEREIRA, Pedro Sousa. Nem tudo começa com um beijo. São Paulo: Agir, 2005. p. 87. (Fragmento).

Fonte: Língua Portuguesa: Singular & Plural. Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar e Shirley Goulart – 6º ano – Moderna. 2ª edição, São Paulo, 2015. p. 241.

Entendendo a crônica:

01 – Qual é o tema principal abordado pelo autor neste fragmento?

      O autor aborda principalmente a solidão e o isolamento presentes na vida urbana contemporânea, onde as pessoas, mesmo vivendo próximas, não se conectam verdadeiramente.

02 – Como o autor descreve a interação entre os vizinhos no prédio?

      A interação entre os vizinhos é descrita como superficial e impessoal. Eles se cruzam nos elevadores, trocam "bom-dia" e "boa-tarde", mas "não se conhecem, cada um fechado no seu mundo."

03 – Que destino é sugerido para as crianças, jovens e idosos neste ambiente?

      Para as crianças, o destino é viver "trancadas na rua" (provavelmente uma metáfora para ficarem restritas a espaços limitados dentro de casa). Os jovens "matam o tédio nas esquinas" nos intervalos da rebeldia. Já os velhos são "esquecidos em quartos atrofiados" e "contam os dias que faltam para a casa de repouso", indicando abandono e espera pelo fim.

04 – O que o autor quer dizer com a frase "O desempregado mora em muitas famílias, os biscates são o pão nosso de cada dia"?

      Essa frase destaca a realidade econômica difícil e a precariedade do trabalho. Sugere que o desemprego é uma condição comum e que muitas famílias dependem de trabalhos informais e temporários ("biscates") para sobreviver, refletindo a dura realidade de muitas pessoas.

05 – De que forma o autor enfatiza a uniformidade e a falta de individualidade nos prédios descritos?

      O autor enfatiza a uniformidade ao afirmar que "o mundo do 2° andar direito pouco ou nada difere do 10° andar esquerdo". Ele aponta elementos comuns como o "mesmo cheiro de refogado à hora do jantar", os "mesmos trajes de treino" adormecidos no varal, e as "mesmas lombadas de enciclopédias britânicas novinhas em folha estacionadas nas estantes", mostrando uma rotina e um estilo de vida padronizados e sem distinções significativas entre os moradores.

 

CRÔNICA: ATRAVÉS DO ESPELHO E O QUE ALICE ENCONTROU POR LÁ - FRAGMENTO - RADUAN NASSAR - COM GABARITO

 Crônica: Através do espelho e o que Alice encontrou por lá – Fragmento

               Raduan Nassar

        [...]

        -- O senhor parece ter muita habilidade para explicar o sentido das palavras – disse Alice – Podia me fazer a gentileza de explicar o sentido do poema “Jaguadarte”?

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfnr7tZqBgO-P2GSRwNjBhnyVqSujPx5mjqIxGLaT3G3w7O6cO4G5rxX5kHlH6_OwB4oQx90UqxzD7acY7H7NZreVRURQPGyBrsxgMk4GkIekKj-jZrxAZOOPdIakLQQtH9x75SKOWUJmD0LPrE6CBtKxhGpO8MR5HCcO_32-NNoNsgc6KZmGNrOkAgjY/s320/alice-atraves-do-espelho-e-o-que-ela-encontrou-do-outro-lado.jpg


        -- Vamos ver isso – disse Humpty Dumpty. – Posso explicar todos os poemas que foram inventados... e boa parte dos que ainda não foram inventados.

        Isso parecia bastante promissor. Assim, Alice repetiu os primeiros versos do “Jaguadarte”:

        Era briluz. As lesmolisas touvas

        Roldavam e relviam nos gramilvos

        Estavam mimsicais as pintalouvas

        E os momirratos davam grilvos

        -- Basta, pra começar – interrompeu Humpty Dumpty – Há uma porção de palavras intrincadas aqui. “Briluz” significa o brilho da luz às quatro horas da tarde, quando se passa a cena descrita nos versos.

        -- gora ficou claro – disse Alice. – E “lesmolisas”?

        -- Ora, significa “lisas como lesmas”. Veja bem, é uma palavra-valise: dois significados embrulhados numa palavra só.

        -- Ah, estou entendendo – comentou Alice pensativamente. – E o que são “touvas”?

        -- Bom, as “touvas” tem algo de toupeiras, algo de lagartos e algo de saca-rolhas, e têm pelos espetados como escovas.

        -- Devem ser bichos muito esquisitos.

        -- E são – disse Humpty Dumpty.

        -- Fazem ninhos nos relógios de sol e se alimentam de queijo.

        -- E o que é “roldavam” e “relviam”?

        -- “Roldavam” significa que os bichos rodavam em roldão e “relviam” que eles se revolviam na relva. “Roldar” também pode ser girar como uma roldana.

        -- E “gramilvos”, aposto, devem ser os tufos de grama plantados em torno dos relógios de sol, onde se ouvem os silvos das serpentes – disse Alice, espantada com a sua própria sagacidade.

        -- Exatamente, é isso. Quanto a “mimsicais” significa “mimosas e musicais” (e aí você tem outra palavra-valise). E “pinta-louvas” são aves canonas meio pintassilgos e meio louva-a-deus.

        -- E “momirratos”, que é? – perguntou Alice. – Espero que não lhe esteja dando muito trabalho.

        -- Bom, “ratos” não precisa explicar. Mas “momi” não sei bem o que é. Talvez venha de “momices”, isto é, caretas e trejeitos. E lembra também as festas de momo, o carnaval. Assim, “momirratos” talvez sejam ratos careteiros ou carnavalescos, o que vem a dar no mesmo.

        -- E o que quer dizer “grilvos”?

        -- Penso que deve ser uma mistura de gritos com silvos bem agudos, com algo pelo meio parecido com o chilro dos grilos. Aliás, você ouvirá esse som em breve, talvez lá na floresta. E ao ouvi-lo, ficará muito satisfeita, creio.

        [...]

CARROLL, Lewis. Através do espelho e o que Alice encontrou lá. Tradução geral e organização de Sebastião Uchoa Leite. 3. ed. São Paulo: Summus, 1980. p. 197-198. (Fragmento).

Fonte: Língua Portuguesa: Singular & Plural. Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar e Shirley Goulart – 6º ano – Moderna. 2ª edição, São Paulo, 2015. p. 227-228.

Entendendo a crônica:

01 – Qual é o principal desafio que Alice apresenta a Humpty Dumpty neste trecho?

      O principal desafio é que Alice pede a Humpty Dumpty para explicar o significado das palavras incomuns e inventadas presentes no poema "Jaguadarte".

02 – Que habilidade especial Humpty Dumpty afirma possuir em relação aos poemas?

      Humpty Dumpty afirma ter a habilidade de "explicar todos os poemas que foram inventados... e boa parte dos que ainda não foram inventados", demonstrando uma autoconfiança notável e um domínio sobre a linguagem.

03 – Qual é a definição de "briluz" dada por Humpty Dumpty?

      Segundo Humpty Dumpty, "briluz" significa "o brilho da luz às quatro horas da tarde, quando se passa a cena descrita nos versos".

04 – O que são "palavras-valise" e quais exemplos são dados no texto?

      "Palavras-valise" são palavras que combinam dois significados em uma só. Os exemplos dados no texto são "lesmolisas" (lisas como lesmas) e "mimsicais" (mimosas e musicais).

05 – Descreva as características das "touvas" de acordo com Humpty Dumpty.

      As "touvas" são bichos esquisitos que "tem algo de toupeiras, algo de lagartos e algo de saca-rolhas, e têm pelos espetados como escovas". Além disso, eles "fazem ninhos nos relógios de sol e se alimentam de queijo."

06 – Como Humpty Dumpty explica os verbos "roldavam" e "relviam"?

      "Roldavam" significa que os bichos "rodavam em roldão" ou "giravam como uma roldana". "Relviam" significa que eles "se revolviam na relva".

07 – Qual é a interpretação que Alice dá para "gramilvos", e como Humpty Dumpty reage a ela?

      Alice interpreta "gramilvos" como "os tufos de grama plantados em torno dos relógios de sol, onde se ouvem os silvos das serpentes". Humpty Dumpty reage positivamente, confirmando que a interpretação de Alice está "exatamente" correta, reconhecendo sua sagacidade.

 

POESIA: UM FIO - ARNALDO ANTUNES - COM GABARITO

 Poesia: Um fio

             Arnaldo Antunes

Um fio do seu cabelo está na minha cabeça

e não há nada que faça

com que isso

desaconteça.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnbAOmAsQ70Yo3-2zaJCriFYIZAFk9zDLUkYBUtKAu-UNYPtvYpCUh-KPAFppLptxcB_y5C-rekGmsjMSJEyTn5B0pO2OJSN1KBigOFwZAKtCxj-f6ZTA-7oQ9shkAYtnAeodHw0w-7yJpmSNQEkBkIr7f_nYAsSAam67eaKvzAwPPRtKhw4Gtyi-h5ak/s320/maxresdefault.jpg


Um fio do meu cabelo está na sua

e não há nada

que o substitua.

Nem o sol,

nem a lua.

Nem a luz do pensamento mais intenso

que você pense

que eu penso.

ANTUNES, Arnaldo. Nada de DNA. In: Como é que chama o nome disso. Antologia. São Paulo: Publifolha, 2006.

Fonte: Língua Portuguesa: Singular & Plural. Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar e Shirley Goulart – 6º ano – Moderna. 2ª edição, São Paulo, 2015. p. 181.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é o objeto central que simboliza a conexão entre as duas pessoas no poema?

      O objeto central que simboliza a conexão é um fio de cabelo. O poema descreve um fio do cabelo da pessoa amada na cabeça do eu lírico, e um fio do cabelo do eu lírico na pessoa amada.

02 – O que o refrão "e não há nada que faça com que isso desaconteça" e "e não há nada que o substitua" sugere sobre a natureza dessa conexão?

      O refrão "e não há nada que faça com que isso desaconteça" e "e não há nada que o substitua" sugere que a conexão entre as duas pessoas é indelével e insubstituível. É uma ligação que, uma vez estabelecida, não pode ser desfeita ou trocada por nada. Isso reforça a ideia de uma união profunda e permanente.

03 – O poema menciona elementos cósmicos como "o sol" e "a lua". Qual o papel desses elementos na mensagem do poema?

      "O sol" e "a lua" são elementos cósmicos que representam grandezas universais e, em muitas culturas, simbolizam poder e permanência. Ao afirmar que "Nem o sol, / nem a lua" podem substituir o fio de cabelo, o poema eleva a importância da conexão amorosa acima de forças cósmicas, mostrando que a ligação entre os amantes é de um valor inestimável e incomparável.

04 – O que a última estrofe, "Nem a luz do pensamento mais intenso / que você pense / que eu penso", revela sobre a profundidade da ligação?

      A última estrofe revela que a profundidade da ligação transcende até mesmo o nível do pensamento e da cognição. Significa que a conexão não se baseia apenas em ideias ou intenções, por mais intensas que sejam. É uma união que existe em um nível mais profundo e intrínseco, independente do que um ou outro possa pensar ou conceber.

05 – De que forma o poema utiliza a simplicidade da imagem do "fio de cabelo" para transmitir uma ideia de grande complexidade emocional e afetiva?

      O poema utiliza a aparente simplicidade de um "fio de cabelo" como uma metáfora poderosa para a interconexão e a inseparabilidade em um relacionamento. Um simples fio de cabelo, que poderia ser considerado trivial, torna-se um símbolo da união profunda e inabalável entre duas pessoas. Através dessa imagem cotidiana, Antunes consegue expressar a ideia de que o amor e a conexão podem ser tão sutis quanto um fio, mas ao mesmo tempo tão fortes que desafiam o tempo, o universo e até mesmo os pensamentos mais profundos.

 

 

DEBATE: ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - FRAGMENTO - LUIZ CARLOS AZEDO - COM GABARITO

 Debate: Estatuto da Criança e do Adolescente – Fragmento

             Luiz Carlos Azedo – apresentador

        Olá. Está no ar o 3 a 1, aqui na TV Brasil. Eu sou Luiz Carlos Azedo e hoje nós vamos debater a importância do Estatuto da Criança e do Adolescente, que completa vinte anos. Participam dessa nossa conversa Yvonne Bezerra de Mello, coordenadora pedagógica do Projeto Uerê; Luís Fernando de França Romão, membro do Conselho de Adolescentes e Jovens da Associação Brasileira de Magistrados, Promotores de Justiça e Defensores Públicos; e Luciana Phebo, coordenadora do Unicef no Rio de Janeiro.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVUjSLZxCvT9YtYLIMUBdRQ3_B3KzTzj5sTrQIPf1XiJXNzt-_lIF-7RAuLcPPI6fKjjX4LYZZ0swuF1rYRjNHBsJJqd9IC6bQ8RGoPd0bEnB61_33dzwkqFtxvDnbIjeoiGzlPe9mVgJ-SaQdFXdyb9Q5qzdxZV54n-5tm_2NhM2AFb62ZslNG_4xd2Q/s320/estatuto-da-crian-a-e-do-adolescente.jpg


        Narradora

        O estatuto voltado para a proteção integral da criança e do adolescente, o ECA, comemorou vinte anos no último dia 13. Resultado de uma ampla mobilização popular, a lei é considerada uma revolução no sistema de garantias individuais. Pela primeira vez, deixava-se bem claro: meninos e meninas são sujeito, e não objeto. Entre os principais avanços grados pela implantação do estatuto estão: a redução de mais de 50% do trabalho infantil, a diminuição de 30% da gravidez na adolescência e a queda de 50% nos casos de mortalidade infantil. Mesmo com essas conquistas, ainda existe uma distância muito grande entre a lei e a realidade. Hoje, enquanto alguns questionam e querem mudar a lei, outros afirmam que o que é preciso mesmo é mudar a realidade.

        Luiz Carlos Azedo

        E aí, dona Yvonne, a senhora que trabalha com esse tema já há mais de vinte anos, que acompanhou todo esse processo de implantação do Estatuto da Criança e do Adolescente, qual é o balanço que você faz desse...?

      Yvonne Bezerra de Mello – Coordenadora pedagógica do projeto Uerê

        Eu acho o balanço muito positivo. É um instrumento onde o Brasil é pioneiro na proteção de crianças e adolescentes, é um exemplo para o mundo todo. Eu acho que, a partir daí, nós conseguimos avançar e diminuir estatísticas como trabalho infantil e outros no país. Agora, ele tem que ser implementado de fato, e esse é o grande problema, porque isso depende dos políticos. Mas eu acho que a lei é quase perfeita. Eu acho que ela não tem que ser mudada, eu acho que ela tem que ser implementada, e graças a Deus que ela existe.

        Luiz

        É, mas isso é muito curioso, né? Por exemplo, a Rita Camata se queixa de que, toda campanha eleitoral, ela sofre ataques dos adversários e enfrenta dificuldades nas eleições por causa do Estatuto da Criança e do Adolescente, porque ela foi relatora do estatuto. Porque aí responsabilizam ela pelo aumento da criminalidade dos adolescentes, porque os adolescentes não podem ser presos, têm regalias, etc. é... como é que... essa relação entre...

        Yvonne

        Eu acho que isso...

      Luiz

        ... a política e esses problemas ocorrem na prática?

        Yvonne

        Não ocorrem. É porque normalmente quando se pensa em adolescente, se pensa em um adolescente infrator pobre, não é? Mas no Brasil, a lei é para todos: pobres e ricos e médios, não importa, entendeu? Então eu acho o que o pessoal reclama da Rita é que o menor infrator pobre tem que ser mais punido que o menor infrator rico. Então eu acho que isso é irrelevante. O que é relevante é que a lei existe, é uma lei de proteção muito benfeita, e graças que o Brasil a tem, porque assim nós podemos avançar nas políticas públicas no segmento da criança e do adolescente.

      Luiz

        Do ponto de vista das organizações internacionais – o Unicef é um organismo ligado às nações Unidas – qual é a, vamos dizer assim, a expectativa que se tem com relação ao que se faz aqui no Brasil?

      Luciana Phebo – coordenadora do Unicef – RJ

        Com relação a esse cenário internacional, o Brasil vi muito bem. Nós temos aí como referência as metas do milênio, né? O mundo inteiro avançando para que em 2015 as metas sejam alcançadas, e o Brasil vai alcançar a maioria das metas do milênio. E isso muito por conta das políticas públicas, muito por conta do Estatuto da Criança e do Adolescente, mas ainda muito precisa ser feito no país. O estatuto é implementado, esses avanços acontecem, mas não de forma igual. Existem disparidades, diferenças incríveis dentro do Brasil.

        Luiz

        Vocês têm estatísticas, assim, atualizadas com relação a isso aqui no Brasil?

      Luciana

        Com certeza. O Brasil tem estatística atualizada. Isso também é um ponto forte no contexto brasileiro: a informação, o acesso a essa informação, muitas vezes até mesmo para a população. Um dado exemplar do que eu trago aqui em relação às disparidades: a redução da mortalidade infantil, né? Houve um avanço importante no Brasil com relação à taxa de mortalidade infantil (as crianças de menos de 1 ano de idade). Em 1997, a taxa de mortalidade infantil era por volta de 32, ou seja, a cada mil crianças que nasciam, 32 morriam ante de completar 1 ano de idade. Dez anos depois, em 2007, essa taxa de mortalidade cai para 19 (Brasil). ou seja, a cada mil crianças que nascem no Brasil, 19 morrem, mas há uma diferença...

      Luiz

        Isso em termos, assim, comparativos, qual... por exemplo, nos países considerados desenvolvidos, normalmente essa taxa de mortalidade qual é, hein?

      Luciana

        Por volta de dez, abaixo, e fica pelo menos no primeiro dígito, sem... não acima de dois dígitos.

        Luiz

        Então a gente pode dizer que nós estamos quase chegando lá?

        Luciana

        Nós estamos chegando lá, nós atendemos à redução que se coloca aí para as metas do milênio, mas, se nós formos comparar regiões do Brasil, o Nordeste ainda tem uma taxa de mortalidade muito alta (a taxa de mortalidade infantil).

        Luiz

        Tá em quanto?

        Luciana

        Vinte e sete. Enquanto no Sul, na região Sul do país, está abaixo de 13, ou seja, mais do que o dobro. Essas disparidades que nós ainda precisamos enfrentar. Não só as disparidades regionais, mas também as disparidades...

        Luiz

        Agora, isso tá ligado muito ao dinamismo econômico também das regiões, né? As regiões que têm uma economia mais rica, mais forte, têm uma taxa de mortalidade infantil menor, né? Não é só...

      Luciana

        Com certeza o desenvolvimento econômico e o desenvolvimento social, né? E é importante que os nossos governantes, que a nossa sociedade saiba que o desenvolvimento infantil (cuidar bem das crianças pequenas) é um condicionante essencial para o desenvolvimento não só social, como também o desenvolvimento econômico. Não só a economia influencia nessa... na proteção das crianças, dos adolescentes, como também uma região, um país que cuida bem das suas crianças, que aplica o Estatuto da Criança e do Adolescente, também é um condicionante para o desenvolvimento não só social, como também econômico do país.

Luiz Carlos Azedo. TV Brasil, Programa 3 a 1. (Fragmento).

Fonte: Língua Portuguesa: Singular & Plural. Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar e Shirley Goulart – 6º ano – Moderna. 2ª edição, São Paulo, 2015. p. 86-89.

Entendendo o debate:

01 – Qual o principal foco do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o que ele representou para a garantia dos direitos de crianças e adolescentes no Brasil?

      O principal foco do ECA é a proteção integral da criança e do adolescente. Ele representou uma revolução no sistema de garantias individuais, pois, pela primeira vez, deixou claro que meninos e meninas são sujeitos de direitos, e não objetos.

02 – Quais foram os principais avanços destacados pela implantação do ECA, segundo a narradora?

      A narradora destaca três avanços principais: a redução de mais de 50% do trabalho infantil, a diminuição de 30% da gravidez na adolescência e a queda de 50% nos casos de mortalidade infantil.

03 – Qual a avaliação de Yvonne Bezerra de Mello sobre o balanço dos 20 anos do ECA?

      Yvonne Bezerra de Mello faz um balanço muito positivo. Ela considera o ECA um instrumento onde o Brasil é pioneiro na proteção de crianças e adolescentes, sendo um exemplo para o mundo todo. Para ela, a lei é "quase perfeita" e não precisa ser mudada, mas sim implementada de fato.

04 – Como Yvonne Bezerra de Mello rebate a crítica de que o ECA seria responsável pelo aumento da criminalidade entre adolescentes?

      Yvonne Bezerra de Mello refuta essa crítica afirmando que a lei é para todos (pobres, ricos e médios) e que a reclamação se baseia na ideia de que o menor infrator pobre deveria ser mais punido que o rico. Ela considera essa discussão irrelevante, pois o importante é que a lei existe e é uma lei de proteção muito bem-feita.

05 – De que forma o Brasil se posiciona em relação às metas do milênio no cenário internacional, segundo Luciana Phebo do Unicef?

      Segundo Luciana Phebo, o Brasil se posiciona muito bem em relação às metas do milênio. O país deve alcançar a maioria dessas metas, muito por conta das políticas públicas e do Estatuto da Criança e do Adolescente.

06 – Qual foi a evolução da taxa de mortalidade infantil no Brasil entre 1997 e 2007, e qual é a taxa de mortalidade infantil em países desenvolvidos?

      Em 1997, a taxa de mortalidade infantil no Brasil era de 32 por mil nascidos vivos. Em 2007, essa taxa caiu para 19. Em países desenvolvidos, essa taxa geralmente fica abaixo de dez, no primeiro dígito.

07 – Quais são as disparidades que Luciana Phebo ainda observa na implementação do ECA e no desenvolvimento infantil no Brasil?

      Luciana Phebo observa disparidades significativas na implementação do ECA e no desenvolvimento infantil, principalmente entre as regiões do Brasil. Por exemplo, o Nordeste ainda tem uma taxa de mortalidade infantil muito alta (27), enquanto a região Sul está abaixo de 13. Ela ressalta que essas disparidades estão ligadas ao dinamismo econômico e social das regiões.