sábado, 4 de janeiro de 2025

CONTO: AS LUZES DO CARROSSEL - (FRAGMENTO) - CAPITÃES DA AREIA - JORGE AMADO - COM GABARITO

 Conto: As luzes do carrossel – Fragmento

        [...]

        -- E' uma beleza, — disse Pedro Bala olhando o velho carrossel armado. E João Grande abria os olhos para ver melhor. Penduradas estavam as lâmpadas azuis, verdes, amarelas, vermelhas.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiR0VyOINb2Zywi782-UeNuujrp12BTkxXhTm0-eZcQ-nu_41a5e1y9g9qIND7dZlt5xN-mao-avG38KdASQLbu02IPQlAYHLLrCqVTWBjmV2SSsfrI_ujg9ioTOUfMYskTR6ZCnLHN4BWCl0eIJ0CV9hbJVZYVGechzZWb7WwK2wxxVpIAb8qlrGnueAg/s1600/PISCA.jpg


        É velho e desbotado o carrossel de Nhozinho França. Mas tem a sua beleza. Talvez esteja nas lâmpadas, ou na música da pianola (velhas valsas de perdido tempo) ou talvez nos ginetes de pau. Entre eles tem um pato que é para sentar dentro os mais pequenos. Tem a sua beleza, sim, porque a opinião unanime dos Capitães da Areia é que ele é maravilhoso. Que importa que seja velho, roto e de cores apagadas se agrada ás crianças?

        Foi uma surpresa quase incrível quando naquela noite o Sem-Pernas chegou no trapiche dizendo que ele e Volta Seca iam trabalhar uns dias num carrossel. Muitos não acreditaram, pensaram que fosse mais uma pilhéria do Sem-Pernas. Então iam perguntar a Volta Seca que, como sempre, estava metido no seu canto sem falar, examinando um revólver que furtara numa casa de armas. Volta Seca fazia que sim com a cabeça e por vezes dizia:

        — Lampeão já rodou nele. Lampeão é meu padrim...

        O Sem-Pernas convidou a todos para irem ver o carrossel na outra noite quando o acabariam de armar. E saiu para encontrar Nhozinho França. Naquele momento todos os pequenos corações que pulsavam no trapiche invejaram a suprema felicidade do Sem-Pernas. Até mesmo Pirulito que tinha quadros de santos na sua parede, até mesmo João Grande que nesta noite iria com o Querido de Deus ao candomblé de Procópio, no Matatú, até mesmo o Professor que lia livros, e quem sabe se também Pedro Bala. que nunca inveja nenhum porque era o chefe de todos? Todos o invejaram, sim. Como invejaram a Volta Seca que no seu canto, o cabelo mestiço e ralo despenteado, os olhos apertados e a boca rasgada naquele ríctus de raiva apontava o revolver ora para um dos meninos, ora para um rato que passava, ora para as estrelas que eram muitas no céu.

        Na outra noite foram todos com o Sem-Pernas e Volta Seca (estes tinham passado o dia fora, ajudando Nhozinho a armar o carrossel) ver o carrossel armado. E estavam parados diante dele extasiados de beleza, as bocas abertas de admiração. O Sem-Pernas mostrava tudo. Volta Seca levava um por um para mostrar o cavalo que tinha sido cavalgado por seu padrinho Virgulino Ferreira Lampião. Eram quase cem crianças olhando o velho carrossel de Nhozinho França que a estas horas estava encornado num pifão tremendo na "Porta do Mar".

        O Sem-Pernas mostrou a máquina (um pequeno motor que falhava muito) com um orgulho de proprietário. Volta Seca não se desprendia do cavalo onde rodara Lampião. O Sem-Pernas estava muito cuidadoso do carrossel e não deixava que eles o tocassem, que bulissem em nada.

        Foi quando o Professor perguntou:

        — Tu já sabe mover com as maquinas?

        — Amanhã é que vou saber..., — disse o Sem-Pernas com um certo desgosto. — Amanhã seu Nhozinho vai me ensinar.

        — Então amanhã quando acabar a função tu pode botar ele pra rodar só com a gente. Tu bota as coisas pra andar, a gente se aboleta.

        Pedro Bala apoiou a ideia com entusiasmo. Os outros esperavam a resposta do Sem-Pernas ansiosos. O Sem Pernas disse que sim e então muitos bateram palmas, outros gritaram. Foi quando Volta Seca deixou o cavalo onde montara Lampião e veio para eles:

        — Quer ver uma coisa bonita?

        Todos queriam. O sertanejo trepou no carrossel, deu corda na pianola e começou a música de uma valsa antiga. O rosto sombrio de Volta Seca se abria num sorriso. Espiava a pianola, espiava os meninos envoltos em alegria. Escutavam religiosamente aquela música que saia do bojo do carrossel na magia da noite da cidade da Bahia só para os ouvidos aventureiros e pobres dos Capitães da Areia. Todos estavam silenciosos. Um operário que vinha pela rua vendo a aglomeração de meninos na praça veio para o lado deles. E ficou também parado escutando a velha música. Então a luz da lua se estendeu sobre todos, as estrelas brilharam ainda mais no céu, o mar ficou de todo manso (talvez que Iemanjá tivesse vindo também ouvir a música) e a cidade era como que um grande carrossel onde giravam em invisíveis cavalos os Capitães da Areia. Neste momento de música eles sentiram-se donos da cidade. E amaram-se uns aos outros, se sentiram irmãos porque eram todos eles sem carinho e sem conforto e agora tinham o carinho e conforto da música. Volta Seca não pensava com certeza em Lampião neste momento. Pedro Bala não pensava em ser um dia o chefe de todos os malandros da cidade. O Sem-Pernas em se jogar no mar onde os sonhos são todos belos. Porque a música saia do bojo do velho carrossel só para eles e para o operário que parará. E era uma valsa velha e triste, já esquecida por todos os homens da cidade. [...].

Capitães da areia. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. p. 66-68.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 3 / William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 11. Ed. – Ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 167-170.

Entendendo o conto:

01 – Qual o significado do carrossel para os Capitães da Areia?

      O carrossel representa um escape da dura realidade das ruas para os Capitães da Areia. É um símbolo de alegria, de infância, de um mundo mágico e distante da miséria em que vivem. A beleza das luzes, a música da pianola e a sensação de liberdade proporcionada pelo movimento do carrossel criam um momento de pura felicidade para essas crianças.

02 – Qual o papel de Volta Seca na história e qual sua relação com o carrossel?

      Volta Seca é um personagem complexo e enigmático. Ele representa a figura do bandido, mas também demonstra um lado mais humano ao se conectar com a música e com a alegria das crianças. Sua relação com o carrossel, especialmente com o cavalo que Lampião teria montado, simboliza sua busca por identidade e pertencimento a um grupo.

03 – Como a música da pianola influencia os Capitães da Areia?

      A música da pianola exerce um poder transformador sobre os Capitães da Areia. Ela cria uma atmosfera mágica e une as crianças em um momento de profunda emoção. A música as transporta para um outro mundo, onde os problemas e as dificuldades da vida nas ruas são momentaneamente esquecidos.

04 – Qual o papel do Professor na história?

      O Professor representa a figura do intelectual e do líder entre os Capitães da Areia. Ele busca conhecimento e cultura, e sua presença demonstra a importância da educação mesmo em condições adversas. O Professor também demonstra uma capacidade de organização e liderança ao propor que o Sem-Pernas coloque o carrossel em movimento para todos.

05 – Qual a importância do espaço da cidade na narrativa?

      A cidade é um personagem fundamental na história. A Bahia, com suas ruas, praças e o mar, serve como pano de fundo para a vida dos Capitães da Areia. O contraste entre a beleza da cidade e a miséria das crianças cria uma atmosfera de tensão e intensifica o impacto da história.

06 – Qual a mensagem principal do fragmento?

      O fragmento transmite uma mensagem de esperança e resiliência. Apesar das dificuldades, as crianças encontram momentos de alegria e solidariedade. A beleza do carrossel e a força da música demonstram que mesmo em meio à adversidade, é possível encontrar momentos de felicidade e construir laços de amizade.

07 – Como a obra de Jorge Amado contribui para a compreensão da realidade social brasileira?

      Jorge Amado, através de suas obras, como "Capitães da Areia", retrata a realidade social brasileira de forma realista e crítica. Ele denuncia as desigualdades sociais, a pobreza e a exploração, ao mesmo tempo em que celebra a força do povo brasileiro e sua capacidade de resistir e superar as adversidades. A obra de Amado contribui para a construção de uma memória coletiva e para a reflexão sobre os desafios da sociedade brasileira.

 

CARTA: UMA RECLAMAÇÃO E UMA SOLICITAÇÃO - COM GABARITO

 Carta: Uma reclamação e uma solicitação

        Prezados senhores,

        Comprei um tênis em uma das lojas da famosa rede BomTênis e, depois de cinco vezes que o usei, ele rasgou. Como já tinha mais de três meses da compra, fui informado na birosca onde fiz a compra de que deveria entrar em contato com a central. Quase que diariamente eu ligo para esses canalhas para pedir a resolução do meu problema e sempre os atendentes respondem de forma “robótica”, dizendo: Senhor, não temos previsão de receber novamente esse modelo de tênis; Senhor, não podemos fazer a troca por outro modelo.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhb5lMWTHspem4XUczqPxcjcdIhHHs04coQev5prboc69jKXulYAwctG1I_QRcx8J_XOwruM3r8ZtGemrGeeu_N8vLqHKEKww7vR70O7MpaTwxGafmsFwef_-mVF8p-cZMh4HbaJ6wrpuz1vtQRCflaBguskLlPcUZNsKgPfcO9zQsJWXtIBh-sw_HRsPs/s320/carta-de-reclamacao.jpg


        Quer dizer, estou há semanas sem um tênis para praticar minhas atividades físicas e eles não podem fazer nada? Paguei um preço monstruoso no tênis e agora eles não querem arcar com a garantia?

        Hoje, para minha surpresa, recebi uma ligação de mais um robô, funcionária da BomTênis, que me informou que o modelo do meu tênis saiu de linha e que não adianta, que eles não podem fazer nada. Só depois de eu quitar todas as 12 parcelas eles poderão pensar sobre o meu caso. Quer dizer então que a BomTênis está preocupada apenas com o dinheiro????? E a satisfação dos clientes?? E o bem-estar das pessoas???

        Gostaria de receber uma resposta concreta, com data para ir até a loja e fazer a troca desse produto horrível que eles vendem nessa espelunca.

        Gostaria de saber também se os atendentes dessa rede conseguem dormir normalmente, pois, sinceramente, se eu tivesse que trabalhar em um pardieiro que vive de embromações como esse lugar, não conseguiria dormir em paz.

        Com certeza, a partir de hoje, farei o possível e o impossível para mostrar ao mercado como essa “grande rede” de uma figa trata seus clientes.

Furiosamente,

Claudionor Hermógenes Pinto

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 3 / William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 11. Ed. – Ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 176-177.

Entendendo a carta:

01 – Qual o principal problema relatado por Claudionor na carta?

      O principal problema relatado por Claudionor é o desgaste prematuro do tênis que ele comprou na loja BomTênis. Apesar de ter pago um preço elevado, o produto apresentou defeito após poucas utilizações.

02 – Como a empresa BomTênis tem respondido às reclamações de Claudionor?

      A empresa BomTênis tem respondido de forma evasiva e pouco satisfatória às reclamações de Claudionor. Os atendentes têm utilizado respostas padronizadas e negado a possibilidade de troca ou reparo do produto, alegando que o modelo está fora de linha.

03 – Qual a principal queixa de Claudionor em relação ao atendimento da empresa?

      Claudionor se queixa da falta de empatia e da postura pouco profissional dos atendentes da BomTênis. Ele considera as respostas recebidas como "robóticas" e "embromações", demonstrando uma grande insatisfação com o atendimento ao cliente da empresa.

04 – Qual a intenção de Claudionor ao escrever a carta?

      A intenção de Claudionor ao escrever a carta é expressar sua indignação com a situação, solicitar uma solução efetiva para o problema e alertar outras pessoas sobre a qualidade dos produtos e serviços oferecidos pela BomTênis. Ele busca uma resolução rápida e eficaz, além de uma compensação pelo transtorno causado.

05 – Quais as possíveis consequências da atitude da empresa BomTênis?

      A atitude da empresa BomTênis pode gerar diversas consequências negativas, como:

      Perda de clientes: A insatisfação de Claudionor pode levar outros clientes a deixarem de comprar na loja.

      Dano à reputação da marca: A divulgação da experiência negativa de Claudionor pode prejudicar a imagem da BomTênis no mercado.

      Problemas legais: A recusa da empresa em resolver o problema pode levar Claudionor a buscar seus direitos na justiça.

      Aumento dos custos: A empresa pode ter que investir em ações para recuperar sua imagem e atender às demandas dos clientes insatisfeitos.

 

 

 

POEMA: INFERNO - ARNALDO ANTUNES - COM GABARITO

 Poema: Inferno

            Arnaldo Antunes.

Aqui a asa não sai do casulo, o azul

não sai da treva, a terra

não semeia, o sêmen

não sai do escroto, o esgoto

não corre, não jorra

a fonte, a ponte

devolve ao mesmo lado, 

o galo cala, não canta a sereia, 

a ave não gorjeia, 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfbfj8zo2w-E_cxjZwabaKrbwnx65xP7Khd_POHOg9hXwQyNKrMZpWWkkic-QMg6pe1mSGrNmWWOnunHpEqY_ufllfxIfRi_XlNzPt6CMsKjTsaIDuuJHVMcxqwfHryRcpDAzo063RKb3HcccdX7iEc0cP3K_3yhDxMK70_XbGr4ydTzXpBOZeBASrE6M/s1600/JOIO.jpg


o joio devora o trigo, o verbo envenena

o mito, o vento

não acena o lenço, o tempo

não passa mais, adia,

a paz entedia, pára

o mar, sem maremoto,

como uma foto, a vida

sem saída, aqui,

se apaga a lua, acaba

e continua.

Arnaldo Antunes. In: 2 ou mais corpos no mesmo espaço. São Paulo: Perspectiva, 1997. p. 58-59.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 3 / William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 11. Ed. – Ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 185.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal sensação evocada pelo poema?

      O poema evoca uma sensação de aprisionamento, de imobilidade e de estagnação. As repetições de negativas e a ausência de movimento criam uma atmosfera opressiva e claustrofóbica.

02 – Quais os elementos da natureza que são negados no poema e o que isso representa?

      Os elementos da natureza como a asa, a terra, o sêmen, a fonte, o galo, a ave e o vento são negados em suas funções naturais. Essa negação simboliza a interrupção dos ciclos naturais, a falta de vida e a impossibilidade de transformação.

03 – Qual o significado da repetição da palavra "não" no poema?

      A repetição da palavra "não" enfatiza a negação constante, a ausência de movimento e a impossibilidade de mudança. Ela cria um ritmo monótono e reforça a sensação de aprisionamento.

04 – Qual a relação entre o tempo e o espaço no poema?

      No poema, o tempo parece parado. A expressão "o tempo não passa mais" reforça essa ideia de estagnação. O espaço também é limitado e claustrofóbico, representado pela imagem do mar sem maremoto e da vida sem saída.

05 – Qual a possível interpretação do último verso "e continua"?

      O último verso "e continua" pode ser interpretado de diferentes formas:

      Repetição infinita: A situação descrita no poema se repete infinitamente, sem possibilidade de mudança.

      Negação da esperança: A vida continua, mas sem sentido, sem propósito e sem futuro.

      Ironia: O "continuar" pode ser visto como uma ironia, já que tudo parece estar parado e sem vida.

NOTÍCIA: E SE EU NÃO FOSSE - JAIRO MARQUES - COM GABARITO

 Notícia: E se eu não fosse

             Jairo Marques

        Projetar aquilo que a gente não é pode ajudar a valorizar, a dar carinho, àquilo que a gente de fato é

        É certo que toda pessoa que habita este mundo e que tenha a carcaça avariada como eu já pensou algumas vezes ao longo da existência em como seria a vida “se não fosse” a condição de paralisia, de cegueira, de surdez, de inabilidades gerais do esqueleto ou da cachola.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiZJUbGGbW2jZhx18jYE5L72Y7ZSMaahdjgv9a31jr3dqBqjn_QdKRlI10sNZk6BS8mGIdPvHRX3cG0lyZi2NHgBUQBYTkRGWvpOvsVNZtBzCJjZtRUJy3YofXfH52-ud5xPVtKiDqfpV6Ed5DW4qXMlIXrOrPvvoq4S1sl0ewRZ47yz_E9Y6zSAU5jq4/s320/AutoRetrato-770x460.png


        Essa reflexão se diferencia, a meu ver, daquela “e se eu não fosse” tradicional, usada pelos mortais comuns.

        Essa dá e passa logo porque, afinal, para ser milionário tem a loteria, para ser loira tem a água oxigenada, para ser magro tem o picote no estômago, para ser bonito tem o Pitanguy, para esvaziar o saco cheio tem o passeio no parque.

        Mas, para voltar a bater perna livremente, para ouvir os gracejos da novela, para ver o raiar do sol, é preciso esperança em um tal ratinho que encheram de eletrodos no Japão, em outro que tomou chá de células-tronco na China e em diversos voluntários que tomam agulhadas da ciência ao redor do planeta.

        Logo, o “se eu não fosse” para esse povo é calcado em uma esperança de algo que ainda não existe. E vai tempo, e vai estudo, e vai teste para que surja algo que abra caminho para uma mudança de realidade. Tem também o lance do “milagre”, da força da fé, mas isso é motivo de outra prosa.

        De minha parte, “se eu não fosse” cadeirante, acho que seria mais leve tanto por não ter de tocar os dez quilos da minha charrete como por não ter de me programar exageradamente para conseguir atuar em sociedade.

        É um tal de pensar se vou caber no banheiro da casa da sogra, se a mesa da reunião será muito alta e vou ficar escondido atrás dela, se vai haver rampa na entrada do pé-sujo onde vai acontecer um happy hour com os amigos, se as calçadas da cidade do futuro veraneio vão ser boazinhas para meu ir, vir e tomar uma brisa.

        Botar na roda o questionamento “e se eu não fosse assim”, porém, não é de todo ruim. Projetar aquilo que a gente não é pode ajudar a valorizar, a dar carinho, àquilo que a gente de fato é.

        Não enxergar muito bem pode ser compensado com mais poder às papilas gustativas que vão decifrar fácil os segredos do bolo de cenoura daquela tia de Sorocaba. Usar aparelho no ouvido é ter prerrogativa “maraviwonderful” de se desligar do mundo na final do campeonato em que o vizinho grita desesperado pela janela.

        Ter incapacidades sérias de interagir com outros seres viventes é oportunidade de examiná-los em detalhes, de ter uma perspectiva de escafandrista enquanto todos os outros se imaginam borboletas lindas e perfeitas que se esquecem de que foram lagartas, que se esquecem de suas efemeridades.

        Ok. Admito que é gostoso e diverte a alma imaginar possibilidades, brincar de desenhar para o cotidiano da gente certas sensações inéditas e aparentemente inatingíveis. Sem falar que, no campo imaginativo, nas “viagens na maionese”, nós podemos ser verdadeiramente iguais uns aos outros.

        Porém, quando o galo canta e o homem se levanta, ele será exatamente aquilo que as circunstâncias da existência o fiz eram, com a chance de moldar “apenas” seu caráter, sua maneira de interagir e de aproveitar as 24 horas do dia.

Folha de S. Paulo, 19/6/2012.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 3 / William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 11. Ed. – Ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 257.

Entendendo a notícia:

01 – Qual a principal reflexão proposta pelo autor?

      O autor nos convida a refletir sobre como as pessoas com deficiência lidam com a questão da alteridade, ou seja, como elas imaginam como seria a vida sem suas limitações. A reflexão vai além, questionando o valor que damos às nossas experiências e à nossa singularidade.

02 – Qual a diferença entre a reflexão "e se eu não fosse" para pessoas com e sem deficiência?

      Para pessoas sem deficiência, a reflexão "e se eu não fosse" é mais ligada a desejos e aspirações, como ser rico, bonito ou famoso. Já para pessoas com deficiência, essa reflexão está mais relacionada à esperança de uma vida mais independente e com menos limitações físicas.

03 – Qual a importância da esperança para as pessoas com deficiência?

      A esperança é fundamental para as pessoas com deficiência, pois ela as impulsiona a buscar novas tecnologias, tratamentos e soluções para melhorar sua qualidade de vida. A esperança em um futuro com mais possibilidades as motiva a superar os desafios do dia a dia.

04 – Como o autor vê a relação entre as limitações físicas e a percepção da vida?

      O autor sugere que as limitações físicas podem levar a uma percepção mais profunda da vida. Pessoas com deficiência podem desenvolver habilidades e qualidades únicas, como a capacidade de apreciar os pequenos detalhes e de encontrar beleza em situações cotidianas.

05 – Qual a importância da imaginação para as pessoas com deficiência?

      A imaginação é uma ferramenta poderosa para as pessoas com deficiência. Através da imaginação, elas podem explorar um mundo de possibilidades e encontrar novas formas de viver. A imaginação também ajuda a lidar com as frustrações e a encontrar significado na vida.

06 – Qual a mensagem principal do texto?

      A mensagem principal do texto é que, apesar das limitações, é possível encontrar felicidade e significado na vida. A valorização das nossas experiências e a capacidade de adaptação são fundamentais para construir uma vida plena e satisfatória.

07 – Como o texto contribui para a construção de uma sociedade mais inclusiva?

      O texto contribui para a construção de uma sociedade mais inclusiva ao humanizar a experiência das pessoas com deficiência. Ao mostrar que elas também têm sonhos, desejos e aspirações, o autor ajuda a desmistificar a ideia de que a felicidade está ligada exclusivamente à perfeição física. Além disso, o texto incentiva a empatia e a compreensão em relação às pessoas com diferentes habilidades.

 

 

POEMA: SEGREDOS - (FRAGMENTO) - CASIMIRO DE ABREU - COM GABARITO

 Poema: Segredos – Fragmento

             Casimiro de Abreu

Eu tenho uns amores – quem é que os não tinha
Nos tempos antigos? – Amar não faz mal;
As almas que sentem paixão como a minha
Que digam, que falem em regra geral.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjU0gf9Qsdao8CGf0Nn2MlqG4_fm3K7qb3Xx2DCEf1YdOdg6WCrWoA2XjPtfMuYDo5G5tY7QMvuLnJDAIlH4YJ4GCHqZwprl8ZYxXdo9EX_jJzr5LF4JPn96EyzofFtXb1HgnNApFFXuR0HpgGMjtdFnpFuCqbbe1ezC_4HQhWqWdd2ONeBzeH4z6NGKh8/s320/ALMA.jpg



– A flor dos meus sonhos é moça e bonita
Qual flor entreaberta do dia ao raiar,
Mas onde ela mora, que casa ela habita,
Não quero, não posso, não devo contar!

[...]

Oh! ontem no baile com ela valsando
Senti as delícias dos anjos do céu!
Na dança ligeira qual silfo voando
Caiu-lhe do rosto seu cândido véu!

– Que noite e que baile! – Seu hálito virgem
Queimava-me as faces no louco valsar,
As falas sentidas que os olhos falavam
Não posso, não quero, não devo contar!


Depois indolente firmou-se em meu braço,
Fugimos das salas, do mundo talvez!
Inda era mais bela rendida ao cansaço
Morrendo de amores em tal languidez!


– Que noite e que festa! e que lânguido rosto
Banhado ao reflexo do branco luar!
A neve do colo e as ondas dos seios
Não quero, não posso, não devo contar!

[...]

– Agora eu vos juro… Palavra! – não minto
Ouvi-a formosa também suspirar;
Os doces suspiros que os ecos ouviram
Não quero, não posso, não devo contar!


Então nesse instante nas águas do rio
Passava uma barca, e o bom remador
Cantava na flauta: – “Nas noites d’estio
O céu tem estrelas, o mar tem amor!” –


– E a voz maviosa do bom gondoleiro
Repete cantando: – “viver é amar!” –
Se os peitos respondem à voz do barqueiro…
Não quero, não posso, não devo contar!


Trememos de medo… a boca emudece
Mas sentem-se os pulos do meu coração!
Seu seio nevado de amor se intumesce…
E os lábios se tocam no ardor da paixão!


– Depois… mas já vejo que vós, meus senhores,
Com fina malícia quereis me enganar.
Aqui faço ponto; – segredos de amores
Não quero, não posso, não devo contar!

Poesias completas de Casimiro de Abreu. Rio de Janeiro: Ediouro, s.d. p. 61-63.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 2 / William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 11. Ed. Ensino médio – São Paulo: Saraiva, 2016. p. 74.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal emoção expressa pelo eu lírico nesse fragmento?

      A principal emoção expressa pelo eu lírico é o amor apaixonado e secreto. Ele demonstra um desejo intenso de compartilhar seus sentimentos, mas ao mesmo tempo, sente a necessidade de manter o amor em segredo.

02 – Qual a importância do elemento da natureza no poema?

      A natureza desempenha um papel fundamental no poema, servindo como cenário para os encontros amorosos e como metáfora para os sentimentos do eu lírico. A noite, o luar, o rio e a canção do gondoleiro criam um ambiente propício à expressão da paixão.

03 – Qual a relação entre o eu lírico e a amada?

      A relação entre o eu lírico e a amada é marcada pela intensidade e pela clandestinidade. Eles vivem um amor proibido ou secreto, o que intensifica a paixão e a angústia do eu lírico.

04 – Qual a contradição presente no desejo do eu lírico?

      O eu lírico demonstra um desejo contraditório: por um lado, ele quer compartilhar seus sentimentos e a intensidade do amor que vive; por outro lado, ele se sente obrigado a manter o segredo, talvez por imposição social ou por medo de julgamentos.

05 – Qual o papel do "não quero, não posso, não devo contar" na construção do poema?

      A repetição dessa frase cria um ritmo e um suspense no poema, intensificando o desejo do leitor em saber mais sobre a história de amor. Além disso, ela reforça a ideia do segredo e da impossibilidade de revelar os sentimentos.

06 – Como a linguagem do poema contribui para a expressão dos sentimentos?

      A linguagem utilizada por Casimiro de Abreu é rica em figuras de linguagem, como metáforas e comparações, que ajudam a intensificar a expressão dos sentimentos. As palavras escolhidas evocam sensações e criam um clima de romantismo e paixão.

07 – Qual a relação entre o poema e o contexto histórico da época?

      O poema "Segredos" reflete os valores e costumes da época em que foi escrito, o Romantismo. A valorização dos sentimentos, a idealização do amor e a busca pela liberdade individual são características marcantes desse período literário.

 

 

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

TEXTO: O ENEM E OS CINCOS EIXOS COGNITIVOS - O QUE É O ENEM?

 Texto: O Enem e os cincos eixos cognitivos

        O que é o Enem?

        O Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, foi criado em 1998 com a finalidade de avaliar o desempenho do estudante que concluiu ou está concluindo o ensino médio.

        Como era facultativo, o exame teve nos primeiros anos um número relativamente baixo de participantes. Restringia-se a alunos que, voluntariamente, desejavam fazer uma autoavaliação e conhecer sua real condição para ingressar na universidade ou na vida profissional. Contou, em sua primeira versão, com a participação de 157 mil inscritos; hoje, cerca de 6 milhões de estudantes participam do exame anualmente.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMd0LP0K_PWOG52D6s1q3TMPrjqTZDbs9BQAybkv1cr-qG53xBpF5YB0mPpMaypeTx7frW3JdCFyLmxskPvSt0DFHNoaDe366fxjtORNihfAgWn_13hBICQo8nyij1LpsZACtZL0ucokGNDWiQGtSPG7zZxZJTbUr8fYHzKyOCTj5Cp9UaToxo4irSZlQ/s320/enem-1024x1024.jpg


        
Assim, aos poucos, o Enem foi perdendo o caráter facultativo e ganhando uma importância cada vez maior. Em alguns vestibulares que dão acesso a universidades públicas, por exemplo, a nota obtida no Enem passou a compor a nota final do vestibulando, podendo beneficiá-lo com o acréscimo de alguns pontos. Além disso, certas instituições de ensino superior privadas, por não terem um vestibular próprio, adotaram o Enem como porta de entrada.

        Em 2009, o Ministério da Educação e Cultura surpreendeu o meio escolar com a seguinte novidade: a prova do Enem passaria a ser referência obrigatória para o ingresso de estudantes nas universidades federais de todo o país. Para isso, entre outras providências, publicou um documento importante, a Matriz de Referências para o Enem 2009, no qual divulga competências, habilidades e conteúdos a serem avaliados em todas as grandes áreas, e flexibilizou o modo como a nota do Enem pode ser aproveitada. Essa nova fase do Enem tem sido chamada de “o novo Enem”.

        A Avaliação no Enem

        As provas do Enem não têm em vista avaliar se o estudante é capaz ou não de memorizar informações. Além do conteúdo específico de cada disciplina, o exame tem por objetivo avaliar se o estudante tem estruturas mentais desenvolvidas o suficiente para lhe possibilitar interpretar dados, pensar, tomar decisões adequadas, aplicar conhecimentos em situações concretas. E também se tem, na vida social, uma postura ética, cidadã.

        Para aferir essas competências, o Enem avalia os cinco eixos cognitivos comuns às quatro áreas do conhecimento — Linguagens, códigos e suas tecnologias; matemática e suas tecnologias; Ciências da natureza e suas tecnologias; e Ciências humanas e suas tecnologias —, além de competências e habilidades específicas nas quatro grandes áreas.

        Os documentos do Enem anteriores a 2009 referiam-se a cinco competências e a 21 habilidades, que, nas provas do exame, eram avaliadas em todas as áreas. Em 2009, entretanto, essas cinco competências gerais ganharam outra denominação, eixos cognitivos, uma vez que cada área passou a avaliar competências e habilidades específicas. Assim, apesar da mudança de nome, os eixos cognitivos ou as antigas competências gerais continuaram os mesmos. Veja: Dominar linguagens (DL); Compreender fenômenos (CF); Enfrentar situações-problema (SP); Construir argumentação (CA) e Elaborar propostas (EP).

        Vejamos o que significa cada um desses eixos.

        Dominar linguagens:

        O eixo cognitivo I refere-se tanto ao domínio da língua portuguesa e de inglês e espanhol quanto ao domínio de outras linguagens mais específicas, como a linguagem da matemática, a linguagem da historiografia, a linguagem artística, a científica, etc.

        Dominar a língua portuguesa é mais do que conhecer as regras da norma-padrão. É também reconhecer a existência de variedades linguísticas, que podem estar em desacordo com a norma-padrão, mas, em alguns casos, ser adequadas à situação e ao gênero, como é o caso, por exemplo, do uso da gíria em algumas histórias em quadrinhos. É ainda reconhecer a adequação ou inadequação da linguagem à situação, tanto na modalidade oral quanto na escrita, seja pelo excesso de formalidade, seja pelo de informalidade.

        Dominar linguagens significa também ser capaz de transitar de uma linguagem para outra, ou seja, ler, por exemplo, um texto literário e uma tabela ou um mapa com temas afins e ser capaz de fazer cruzamentos e extrair deles informações, dados e conclusões.

        Compreender fenômenos

        O eixo cognitivo II tem por objetivo avaliar se o estudante é capaz de construir e aplicar conceitos de diferentes áreas do conhecimento para compreender, explicar ou indicar as causas e consequências de “fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção tecnológica e das manifestações artísticas”.

        Na prática, isso quer dizer que, para resolver determinada questão de História, por exemplo, pode ser necessário fazer alguns cálculos matemáticos que envolvam porcentagens ou localizar informações em um mapa. Ou, em uma prova de Geografia, partindo de uma tabela ou de um gráfico (linguagens da Matemática) com dados sobre desemprego ou subnutrição, por exemplo, fazer cálculos e, em seguida, inferências sobre políticas governamentais de trabalho e assistência social.

        Determinadas operações, como analisar, levantar hipóteses, comparar, inferir, concluir, entre outras, são ferramentas essenciais para o estudante chegar à melhor resposta ou solução para o problema proposto na questão.

        Enfrentar situações-problema

        As situações-problema das provas do Enem aparecem em questões complexas, que geralmente envolvem mais de uma linguagem ou mais de uma área de conhecimento e diferentes operações mentais.

        O objetivo desse eixo é avaliar se o estudante sabe selecionar, relacionar e interpretar dados para tomar uma decisão. Para fazer isso, ele tem de priorizar algumas informações em detrimento de outras e, com base nesses dados, adotar os procedimentos adequados para alcançar o objetivo, ou seja, resolver a situação-problema.

        Resolver uma situação-problema assemelha-se a participar de um jogo. Para vencer, é necessário analisar a situação, mobilizar recursos, selecionar procedimentos e ações e interpretar todos os dados disponíveis para tomar a melhor decisão.

        Assim, ter êxito numa situação-problema proposta em uma questão do Enem pressupõe enfrentá-la, aceitar os desafios e superá-los, contando com a mobilização de conhecimentos e habilidades em diferentes áreas.

        Construir argumentação

        O objetivo do eixo cognitivo IV é avaliar se o candidato é capaz de relacionar informações — principalmente as fornecidas pelo próprio exame — para construir argumentação consistente. Isso quer dizer que, diante de um tema complexo, o estudante deve primeiramente examiná-lo por diferentes perspectivas, fazendo uso de operações como analisar, comparar, levantar hipóteses, estabelecer relações de causa e efeito, etc., e, depois, posicionar-se diante do tema, isto é, tomar uma posição ou adotar um ponto de vista, e defendê-lo.

        Na prova de redação, esse eixo aparece de forma clara. A proposta de produção de texto normalmente constitui-se de duas partes: um painel de textos que, com diferentes pontos de vista, abordam um assunto comum; e um tema argumentativo explícito, que exige do estudante um posicionamento e a defesa de um ponto de vista. O painel de textos serve para o participante selecionar e relacionar informações que lhe serão úteis para construir a argumentação.

        A prova de redação, contudo, não é a única situação em que a argumentação está presente. Em alguns tipos de questão de múltipla escolha, de diferentes áreas, as alternativas são argumentos que fundamentam uma afirmação ou um princípio apresentado no corpo da questão. A tarefa do estudante, nesse caso, não é propriamente construir argumentos, mas escolher o argumento que melhor justifica uma ideia apresentada.

        Elaborar propostas

        O eixo cognitivo V avalia a possibilidade de o estudante, fazendo uso de conhecimentos formais e adotando uma perspectiva cidadã, propor medidas de “intervenção solidária na realidade”. Isso quer dizer que toda solução pensada para um problema apresentado na prova deve levar em conta não interesses individuais, mas o interesse coletivo, o respeito aos direitos do cidadão e à diversidade sociocultural, a preservação do meio ambiente, a busca de uma sociedade melhor e mais justa.

        Tal qual no eixo IV, esse eixo também aparece muito claramente na prova de redação. Contudo, em questões de múltipla escolha de qualquer área do conhecimento, é com a mesma postura cidadã que o estudante deve examinar as alternativas e escolher as que sejam compatíveis com essa postura. Isso em relação aos mais variados temas que concorrem nesse exame, tais como direitos políticos do cidadão, a devastação da natureza no Brasil, efeitos da globalização, o impacto das redes sociais nas relações humanas, o aquecimento global, etc.

        Você deve ter observado que nem sempre é fácil dissociar um eixo cognitivo de outro. Por isso, é comum que em uma mesma questão esteja implicado mais de um eixo.

        Para o estudante se sair bem no Enem, não há necessidade de conhecer de cor os eixos cognitivos ou de reconhecê-los. Apesar disso, propomos a seguir alguns exercícios de reconhecimento dos eixos, apenas para proporcionar maior familiaridade com eles e a possibilidade de serem mais bem compreendidos.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 3 / William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 11. Ed. – Ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 115-118.

Entendendo o texto:

01 – Qual é o objetivo principal do ENEM?

      O objetivo principal do ENEM é avaliar a capacidade do aluno de pensar criticamente e aplicar conhecimento, não apenas memorizar informações. Ele busca avaliar a capacidade do estudante de compreender, analisar, interpretar e resolver problemas, além de desenvolver habilidades essenciais para a vida acadêmica e profissional.

02 – Como o ENEM evoluiu ao longo do tempo?

      O ENEM evoluiu significativamente ao longo do tempo. Inicialmente facultativo, tornou-se obrigatório para o ingresso em universidades federais, ganhando grande importância no processo seletivo. Além disso, seu foco passou a ser mais voltado para a avaliação de habilidades cognitivas e socioemocionais, como o pensamento crítico, a resolução de problemas e a compreensão de diferentes linguagens.

03 – Quais são os cinco eixos cognitivos avaliados no ENEM?

      Dominar linguagens: Compreender e utilizar diferentes linguagens, como a língua portuguesa, a matemática, a linguagem artística e outras.

      Compreender fenômenos: Analisar e interpretar informações para compreender fenômenos naturais, históricos, sociais e culturais.

      Enfrentar situações-problema: Resolver problemas complexos, selecionar e interpretar dados, tomar decisões adequadas.

      Construir argumentação: Formar opiniões, defender pontos de vista e construir argumentos coerentes e fundamentados.

      Elaborar propostas: Propor soluções para problemas sociais, ambientais e outros, considerando aspectos éticos, sociais e ambientais.

04 – Como o ENEM avalia a capacidade do aluno de "Dominar linguagens"?

      O ENEM avalia o domínio de linguagens por meio de questões que envolvem:

      Compreensão e interpretação de textos: Analisar diferentes gêneros textuais, como notícias, artigos, poemas, charges, etc.

      Análise de gráficos, tabelas e imagens: Interpretar e relacionar informações apresentadas em diferentes formatos.

      Produção textual: Elaborar textos argumentativos, dissertativos e outros, demonstrando domínio da língua escrita.

      Exemplo de questão: "Leia o trecho do poema e identifique a figura de linguagem predominante."

05 – O que significa "Compreender fenômenos" no contexto do ENEM?

      "Compreender fenômenos" significa que o aluno é capaz de analisar e interpretar informações para entender como funcionam diferentes aspectos do mundo, como:

      Fenômenos naturais: Mudanças climáticas, terremotos, ecossistemas.

      Processos históricos e geográficos: Evolução social, colonização, migrações.

      Produção tecnológica: Desenvolvimento científico, inovações tecnológicas.

      Manifestações artísticas: Música, pintura, literatura, cinema.

      Exemplo de questão: "Analise o gráfico que mostra a evolução da população brasileira nas últimas décadas e explique as possíveis causas das mudanças observadas."

06 – Como o ENEM avalia a capacidade do aluno de "Enfrentar situações-problema"?

      O ENEM avalia essa habilidade por meio de questões que apresentam situações reais e desafiadoras, exigindo que o aluno:

      Analise a situação: Identifique os problemas, as informações relevantes e as possíveis soluções.

      Selecione e interprete dados: Utilize informações fornecidas no enunciado ou em gráficos, tabelas, etc.

      Tome decisões: Escolher a melhor estratégia para resolver o problema.

      Exemplo de questão: "Um grupo de estudantes deseja realizar uma campanha de reciclagem na escola. Analise as opções apresentadas e escolha a estratégia mais eficiente para atingir o objetivo."

07 – Qual é a importância de "Construir argumentação" no ENEM?

      "Construir argumentação" é fundamental no ENEM, pois avalia a capacidade do aluno de:

      Formular opiniões: Expressar seus pontos de vista sobre diferentes temas.

      Defender ideias: Sustentar suas opiniões com argumentos lógicos e coerentes.

      Analisar diferentes perspectivas: Considerar diferentes pontos de vista sobre um mesmo tema.

      Exemplo de questão: "Leia os textos apresentados sobre as mudanças climáticas e elabore um parágrafo argumentativo defendendo sua opinião sobre o tema."

08 – Qual é o papel de "Elaborar propostas" no ENEM?

      "Elaborar propostas" avalia a capacidade do aluno de:

      Identificar problemas sociais e ambientais.

      Propor soluções criativas e inovadoras.

      Considerar aspectos éticos, sociais e ambientais.

      Exemplo de questão: "Proponha medidas para reduzir o consumo de plástico em sua comunidade, considerando os impactos ambientais e sociais."

09 – Você pode explicar a relação entre os diferentes eixos cognitivos?

      Os eixos cognitivos não são independentes, mas sim interconectados. Por exemplo, para "Compreender fenômenos" pode ser necessário "Dominar linguagens" para interpretar textos e dados. Da mesma forma, "Enfrentar situações-problema" pode exigir a "Construção de argumentação" para avaliar diferentes soluções.

10 – Por que é importante entender esses eixos cognitivos para os alunos que se preparam para o ENEM?

      Compreender os eixos cognitivos é fundamental para os alunos que se preparam para o ENEM, pois permite que eles:

      Direcionem seus estudos: Focarem no desenvolvimento das habilidades avaliadas pelo exame.

      Melhorem suas estratégias de estudo: Desenvolverem técnicas de leitura, análise, interpretação e resolução de problemas.

      Aumentem suas chances de sucesso: Atingirem melhores resultados no ENEM e no processo seletivo.