Poema: À moda caipira
Elias José
Para a Sonia Junqueira, pela parceria e amizade.
U musquitu ca mutuca
num cumbina.
U musquitu pula
i a mutuca impina.
U patu ca pata
num afina.
U patu comi grama
i a pata qué coisa fina.
U gatu cum u ratu
vivi numa eterna luita.
U ratu vai cumê queiju,
vem um gatu i insurta.
U galu ca galinha
num pareci casadu.
A galinha vai atrais deli
i u galu sarta di ladu.
U pavão ca pavoa
mais pareci muléqui.
A pavoa passa réiva
e eli só abri u léqui.
U macacu ca macaca
num pareci qui si ama:
ela pedi um abraçu,
ele dá uma banana…
Eu mais ocê cumbina
qui dá gostu di vê:
eu iscrevu essas poesia
i ocê cuida di lê…
Cantos de
encantamento. Belo Horizonte: Formato, 1996. p. 22.
Fonte: Livro –
PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 5ª Série – 2ª
edição - Atual Editora – 2002 – p. 51-2.
Entendendo o poema:
01 – Ao escrever esse poema,
o autor não obedeceu às regras ortográficas da língua portuguesa.
a) Leia o nome do poema e tire uma conclusão: Por que, na sua opinião, o autor escreveu o texto desse modo?
Porque ele procurou imitar o jeito de falar de um caipira.
b) Qual é o dialeto que o autor usou para escrever o poema?
O dialeto caipira.
02 – Compare as palavras
abaixo. As da coluna da esquerda estão escritas de acordo com as regras
ortográficas, e as da coluna da direita estão escritas conforme aparecem no
poema.
Mosquito
– musquitu
Pato
– patu
Rato
– ratu
a) Quais dessas palavras lembram mais o nosso jeito de falar?
As palavras do lado direito.
b) Conclua: Nosso jeito de falar sempre corresponde ao modo como as palavras são escritas?
Não, a correspondência não é exata.
03 – Compare em cada par de
palavras abaixo as da esquerda com as da direita e tire conclusões sobre as
diferenças entre oralidade e escrita.
Mosquito—musquitu Parece—pareci Insulta—insurta
Combina—cumbina Come—comi Salta—sarta
Comer—cumê Dele—
deli
a) O que acontece com a vogal o de sílabas átonas (fracas), como em mosquito, quando a palavra é falada?
Transforma-se em u.
b) O que acontece com a vogal e da sílaba final das palavras, como em parece, quando ela é falada?
Transforma-se em i.
c) O que acontece com a letra l anterior à última sílaba, como em insulta, quando ela é falada?
Transforma-se em r.
d) Dessas mudanças, quais são as típicas do dialeto caipira?
Insurta, sarta.
e) Por que existem essas diferenças entre oralidade e escrita, na sua opinião?
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: A grafia da língua portuguesa
no Brasil está ligada às origens históricas da língua e da influência de
imigrantes mis recentes: japoneses, italianos, libaneses, etc.
04 – Observe este trecho do
poema:
“Eu iscrevu essas poesia”
a) Além da grafia da palavra iscrevu, esse trecho apresenta outra variação em relação à norma-padrão. Qual é ela?
A falta de concordância.
b) Apesar dessa variação, podemos entender que o trecho se refere a uma única poesia ou a mais de uma? Como é possível saber isso?
A noção de plural é dada por essas;
logo, o plural de poesia seria só um reforço. Como as variedades populares
buscam a economia, poesia fica no singular.
05 – Na última estrofe do
poema, o eu lírico se dirige a outra pessoa e compara seu relacionamento com
ela ao relacionamento de vários animais.
a) Quem é essa pessoa?
A namorada ou a mulher amada do eu lírico.
b) O que o eu lírico pretende provar com essas comparações?
Que eles podem se dar bem, melhor do que os animais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário