quinta-feira, 14 de abril de 2022

POEMA: À MODA CAIPIRA - ELIAS JOSÉ - VARIEDADE LINGUÍSTICA - COM GABARITO

 Poema: À moda caipira

             Elias José

Para a Sonia Junqueira, pela parceria e amizade.


U musquitu ca mutuca
num cumbina.
U musquitu pula
i a mutuca impina.

U patu ca pata
num afina.
U patu comi grama
i a pata qué coisa fina.

U gatu cum u ratu
vivi numa eterna luita.
U ratu vai cumê queiju,
vem um gatu i insurta.

U galu ca galinha
num pareci casadu.
A galinha vai atrais deli
i u galu sarta di ladu.

U pavão ca pavoa
mais pareci muléqui.
A pavoa passa réiva
e eli só abri u léqui.

U macacu ca macaca
num pareci qui si ama:
ela pedi um abraçu,
ele dá uma banana…

Eu mais ocê cumbina
qui dá gostu di vê:
eu iscrevu essas poesia
i ocê cuida di lê…

Cantos de encantamento. Belo Horizonte: Formato, 1996. p. 22.

Fonte: Livro – PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 5ª Série – 2ª edição - Atual Editora – 2002 – p. 51-2.

Entendendo o poema:

01 – Ao escrever esse poema, o autor não obedeceu às regras ortográficas da língua portuguesa.

a)   Leia o nome do poema e tire uma conclusão: Por que, na sua opinião, o autor escreveu o texto desse modo?

Porque ele procurou imitar o jeito de falar de um caipira.

b)   Qual é o dialeto que o autor usou para escrever o poema?

O dialeto caipira.

02 – Compare as palavras abaixo. As da coluna da esquerda estão escritas de acordo com as regras ortográficas, e as da coluna da direita estão escritas conforme aparecem no poema.

Mosquito           musquitu

Pato                  patu

Rato                  ratu

a)   Quais dessas palavras lembram mais o nosso jeito de falar?

As palavras do lado direito.

b)   Conclua: Nosso jeito de falar sempre corresponde ao modo como as palavras são escritas?

Não, a correspondência não é exata.

03 – Compare em cada par de palavras abaixo as da esquerda com as da direita e tire conclusões sobre as diferenças entre oralidade e escrita.
Mosquito—musquitu           Parece—pareci           Insulta—insurta


Combina—cumbina             Come—comi              Salta—sarta


Comer—cumê                      Dele— deli

a)   O que acontece com a vogal o de sílabas átonas (fracas), como em mosquito, quando a palavra é falada?

Transforma-se em u.

b)   O que acontece com a vogal e da sílaba final das palavras, como em parece, quando ela é falada?

Transforma-se em i.

c)   O que acontece com a letra l anterior à última sílaba, como em insulta, quando ela é falada?

Transforma-se em r.

d)   Dessas mudanças, quais são as típicas do dialeto caipira?

Insurta, sarta.

e)   Por que existem essas diferenças entre oralidade e escrita, na sua opinião?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: A grafia da língua portuguesa no Brasil está ligada às origens históricas da língua e da influência de imigrantes mis recentes: japoneses, italianos, libaneses, etc.

04 – Observe este trecho do poema:

“Eu iscrevu essas poesia”

a)   Além da grafia da palavra iscrevu, esse trecho apresenta outra variação em relação à norma-padrão. Qual é ela?

A falta de concordância.

b)   Apesar dessa variação, podemos entender que o trecho se refere a uma única poesia ou a mais de uma? Como é possível saber isso?

A noção de plural é dada por essas; logo, o plural de poesia seria só um reforço. Como as variedades populares buscam a economia, poesia fica no singular.

05 – Na última estrofe do poema, o eu lírico se dirige a outra pessoa e compara seu relacionamento com ela ao relacionamento de vários animais.

a)   Quem é essa pessoa?

A namorada ou a mulher amada do eu lírico.

b)   O que o eu lírico pretende provar com essas comparações?  

Que eles podem se dar bem, melhor do que os animais.                                                                                                  

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