domingo, 31 de março de 2019

POEMA: A SAUDADE DO SER AMADO - LUIZ VAZ DE CAMÕES - COM GABARITO

Poema: A saudade do ser amado
           Luiz Vaz de Camões

"Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.


Se lá no assento etéreo, onde subiste
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.


E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te.


Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.
                                              
                                                  Luís Vaz de Camões 
Entendendo o poema:

01 – Na primeira estrofe, há dois advérbios que reforçam a ideia da distância que há entre o poeta e sua amada.
a)   Quais são eles?
Lá e cá.

b)   A que se refere cada um deles?
refere-se ao céu, para onde partiu a sua amada.
refere-se à terra, ao nosso mundo, onde ficou o poeta.

02 – Que eufemismos foram usados na primeira estrofe para falar da morte?
      O eu lírico diz que ela partiu desta vida e agora “repousa lá no Céu, eternamente”.

03 – Que expressão, na segunda estrofe, retoma a ideia de Céu da primeira estrofe?
      Assento etéreo.

04 – Nas últimas três estrofes, o eu lírico faz dois pedidos à sua amada. Quais são eles?
      Ele pede que ela não se esqueça “daquele amor ardente” e pede que rogue a Deus que o leve o quanto antes para que possa voltar a vê-la.

05 – Esses dois pedidos estão subordinados a duas hipóteses. Quais?
      O primeiro pedido está subordinado à condição de que, lá no Céu, haja memória desta vida terrena. O outro pedido está relacionado a uma questão de mérito: se ela acha que a profunda mágoa que ele sente por perde-la o torna merecedor de alguma coisa, que ela rogue a Deus para leva-lo também.

06 – Considere este comentário crítico: “O platonismo, nesse poema, consiste em ver a mulher amada como ser que passou a pertencer, com a morte, a um universo mais puro e mais verdadeiro (...), não mais rebaixado pelos sentidos e pela memória deste mundo. (...) Mas é importante lembrar que essa visão espiritualizada da mulher em Camões combina-se com fortes sugestões eróticas, com intenso desejo de acesso às formas femininas, ainda que isto se diga discretamente (...)”.
                             Rodrigues, A. Medina. Sonetos de Camões, São Paulo: Ática, 1993.

        Transcreva passagens do poema que justifiquem os trechos em destaque.
      Quanto ao primeiro trecho, podemos citar os versos “Repousa lá no Céu, eternamente” e “Se lá no assento etéreo, onde subiste”. Quanto ao outro trecho, podemos citar os versos “Não te esqueças daquele amor ardente”, que, logo em seguida, é atenuado pela ideia de pureza: “Que já nos olhos meus tão puro viste”.


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