segunda-feira, 25 de março de 2019

POEMA: MEU PROFESSOR DE ANÁLISE SINTÁTICA - PAULO LEMINSKI - COM GABARITO

Poema: Meu Professor de Análise Sintática
               
                                                  Paulo Leminski

“Meu professor de análise sintática era o tipo do
                     sujeito inexistente.
Um pleonasmo, o principal predicado da sua vida,
   regular com um paradigma da 1ª conjugação.
Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial,
      ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito
         assindético de nos torturar com um aposto.
                Casou com uma regência.
                          Foi infeliz.
         Era possessivo como um pronome.
                E ela era bitransitiva.
              Tentou ir para os EUA.
                         Não deu.
    Acharam um artigo indefinido em sua bagagem.
A interjeição do bigode declinava partículas expletivas,
     conetivos e agentes da passiva, o tempo todo.
   Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça.”

                Paulo Leminski. Melhores poemas. São Paulo: Global, 1997.
Entendendo o poema:
01 – Por que o professor tinha um pleonasmo como principal predicado da sua vida?
      Porque ele repetia bastante a matéria.   
    
02 – O que é um pleonasmo?
      É a repetição de uma ideia.

03 – O que significa ter um “jeito assindético”?
      O professor não conseguia “se ligar” ao que era importante ou se comunicar com seus alunos.

04 – Explique por que o casamento do professor com uma “regência” não deu certo.
      A regência verbal, assim como a nominal, estabelece critérios difíceis de serem dominados; por isso ele teve dificuldade de assimilar o jeito de ser de sua mulher – “a regência”.

05 – O que representa o “artigo indefinido” achado na bagagem?
      Significa um objeto qualquer, sem nenhuma especificação exata.

06 – Sobre o texto de Paulo Leminski todas as alternativas estão corretas, EXCETO:
a) a terminologia sintática e morfológica, que em um primeiro momento é motivo de estranhamento, concede o efeito de humor ao poema.
b) o eu lírico demonstra por meio da composição de texto pessoal e confessional o seu desconhecimento gramatical.
c) nos primeiros sete versos o eu-lírico apresenta seu professor, que, por meio de suas ações e funções, é caracterizado como um torturador.
d) entre os versos 8 e 16 o leitor toma consciência de todos os fracassos que compuseram a vida do professor.
e) o texto é estruturado em forma de narrativa policial, mas em função de sua organização gráfica, métrica e rítmica é considerado um poema.

07 – Pelos versos, percebe-se que a poesia de Leminski:
a) mantém relação com a geometrização das formas e volumes cubistas.
b) tem como base os dilemas financeiros do ser humano.
c) valoriza a concisão e é transgressora.
d) é composta por uma observação rigorosa do mundo material.
e) é composta por personagens positivamente idealizados.

08 – Paulo Leminski foi um dos poetas mais expressivos de sua geração. Sua obra é marcada pela irreverência e pela descontração poética, elementos que fizeram dele um dos escritores mais populares do Brasil. Sobre Leminski, estão corretas as seguintes proposições, exceto:
a) Subverteu a forma, brincou com a poesia visual, resgatou o haikai (poemas pequenos, com métrica e moldes orientais) e incorporou elementos da publicidade, da música, do cartum e do humor na construção de uma prosa e poesia marcadas por seu incontestável poder de síntese.
b) Embora a linguagem enxuta, cada palavra na obra de Leminski é repleta de significação e capaz de provocar reflexão e conquistar o leitor.
c) A gíria, o palavrão e a dicção urbana também são frequentes em sua obra.
d) Sua poesia é anti-lírica, presa ao real e direcionada ao intelecto, não às emoções.
e) A prosa de ficção de Leminski inclui os romances Catatau (1976), Agora É que São Elas (1984), Metamorfose (1994) e o livro de contos O Gozo Fabuloso (2004).

09 – A obra de Paulo Leminski costuma ser associada ao seguinte movimento literário:
a) Poesia Marginal.
b) Tropicalismo.
c) Modernismo.
d) Tendências contemporâneas.
e) Neoconcretismo.



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